Oitava Noite

Capitulo Único


Na primeira noite após voltarmos para casa, ela tinha me acordado.

Não foi um sono muito longo. Não havia conseguido pregar os olhos durante toda a noite e, quando finalmente consegui, tinha visto que o sol já estava nascendo. Quando acordei, pouco tempo depois, a ouvi chorando e descendo as escadas, tentando fazer o menor barulho possível. Talvez eu a conhecesse bem demais.

Fiquei na dúvida sobre a encontrar no andar de baixo da Toca, ou simplesmente fingir que não escutei nada. Afinal, ela era sempre durona demais e desde o momento do fim da guerra, ela estava fazendo esforço pra não chorar na minha frente, tentando ser forte para ajudar a mim e a minha família com a perda de Fred, por mais que ela também tenha perdido amigos e que os pais dela não estivessem aqui.

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Por fim, escolhi descer e fazer companhia a ela. Tudo que eu queria é que ela não me expulsasse de alguma maneira. A encontrei sentada no último degrau da escada, com uma xícara de café em mãos e olhando para um ponto fixo. Tudo que fiz foi me sentar ao lado dela, sem dizer nenhuma palavra e fingindo olhar pro mesmo ponto que ela. Ela me olhou assustada por um momento, e logo depois se virou outra vez pra continuar encarando o ponto do outro lado da sala.

Na segunda noite após voltarmos pra casa, fiquei esperando que ela descesse.

E quando isso aconteceu, o sol nem ao menos tinha nascido. E tudo foi exatamente igual. Ela foi até a cozinha, fez o café como todos os dias, pegou uma xícara para ela e se sentou no último degrau da escada, olhando para o mesmo ponto da noite anterior. A única diferença daquela noite, é que quando me sentei ao seu lado, ela nem sequer me encarou. Apenas continuou na mesma posição e me deixou lá, fazendo companhia.

Na terceira, quarta, quinta, sexta e sétima noite após voltarmos para casa, tudo continuou igual.

Não nos falávamos, não nos olhávamos e Hermione continuava olhando para o maldito ponto do outro lado da sala, enquanto eu, novamente, me sentava ao seu lado sem dizer nenhuma palavra sequer.

Na oitava noite após voltarmos pra casa, eu desci primeiro e fiz o café.

Quando ela finalmente desceu, um pouco mais tarde do que nas noites anteriores, eu apenas a entreguei a xícara, e sai para o jardim da Toca, com uma xícara pra mim também. Era a primeira vez que eu pegava o café.

Achei que ela se sentaria no último degrau da escada, como tinha feito nas sete noites anteriores. Mas não foi o que aconteceu. O que houve foi que ela me seguiu até o jardim e então me abraçou.

− Vai ficar tudo bem.

− Eu sei... Eu sei. Desculpe-me, Ron.

− Não precisa se desculpar, Hermione.

− Eu deveria ser forte e ficar do seu lado, mas não consegui. Aconteceu o contrario. Perdão.

Ela já estava soluçando e molhando toda a minha camisa. E de todas as coisas que vi na vida, a que mais odiava era vê-la chorando. Eu não sabia o que fazer e nem como agir. Tudo que fiz, por reflexo, fora apertá-la mais forte contra o meu peito e esperar que ela se acalmasse.

− Eu não me importo. Só quero que saiba que estarei aqui por você. E, além disso... Eu gosto dos nossos encontros no primeiro degrau da escada.

E então, ela sorriu. Foi o primeiro sorriso dela depois da guerra, e parecia como o sol de todas as manhãs.

Foi quando percebi que, poderíamos passar por qualquer coisa, mas tudo que eu precisava era tê-la do meu lado e fazê-la sorrir, quantas vezes fosse necessário. Porque eu a amava e era isso que me importava.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.