Tempos modernos

Joy - Clubes




Ela nunca foi uma Lannister tradicional, mas não havia problema, seu pai também nunca o tinha sido.

Ela estudava na mesma escola que todos os primos. Inclusive dividia a sala com Joffrey – filho mais velho da sua prima mais velha – e Tyrek. Os dois não eram seus Lannister prediletos. Joffrey por simplesmente ser Joffrey e Tyrek porque tinha aprontado com ela em seu ultimo aniversario – Joy não esquecia fácil.

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Ela sempre foi quieta e solitária, não tinha amigos e preferia a companhia dos livros a das pessoas. Joy estava feliz em não ter que participar de nenhum clube idiota como todos os outros Lannister.

Um dia sua sorte mudou e tornou-e obrigatório à participação em clubes.

No dia seguinte ao comunicado, ela andou calmamente até o quadro onde ficavam as informações de todos os clubes. Ela precisou esperar a pequena multidão se dissipar para poder finalmente analisar suas opções.

Seus olhos pousaram primeiros nos panfletos que haviam sido melhor produzidos – o que significava, mais verba do colégio. Esses comumente pertenciam aos clubes mais disputados pelos alunos, aqueles que não precisavam pedir por participantes, a maioria dos estudantes os procurava por contra própria implorando uma chance de fazer parte. O primeiro que ela analisou foi o clube das lideres de torcida, elas tinham aberto inscrições e o nome de varias garotas e alguns garotos já enchiam a folha em branco colada bem ao lado da foto da sua prima Cerenna sorrindo.

Joy nunca teve talento para líder de torcida e ela decididamente não queria ter que aguentar a prima falando durante a tarde.

Também havia o clube de basquete – do qual ela tinha certeza que nunca entraria. Joffrey estava lá junto com Tyrek e Lancel.

Desistiu dos grupos disputados, em todos eles havia um Lannister. Joy primeiro pensou no clube de jardinagem, mas parou ao descobrir que Myrcella também estava nele – assim como estava no clube do livro e também no clube de Cyvasse. O pequeno Tommen participava do clube dos astronautas – ela não fazia a mínima ideia do que podia ser feito neste clube – e também estava na Aliança de Proteção aos Animais.

Outros não tinham nenhum Lannister à vista, mas eram estranhos demais para sua pessoa. Bem, ela precisava escolher um. Estava quase ficando com o Clube de culinária estrangeira quando notou um pequeno panfleto – se é que se podia chamar assim – colado escondido entre o clube de dança e de matemática. Era um papel com um desenho feito e os dizeres em uma letra garrafal CLUBE DOS HOMENS SEM ROSTO. Joy se surpreendeu por alguém saber aquela referência. Aparentemente alguém leu o mesmo livro que eu.

Ela então foi ler as informações escritas em caneta verde limão – terrível de se enxergar.

Interessados devem ir até a arquibancada Sul.



Ela chegou lá minutos depois e tudo o que encontrou foi uma menina estranha sentada debaixo da arquibancada. Enquanto Joy vestia uma saia preta que ia até o seu joelho e uma impecável blusa cor de rosa, a garota parecia um furacão em seus jeans rasgados e blusa com o desenho de um lobo gigante. Ela passou a mão nervosamente pelos seus cabelos dourados presos em uma fita preta.

– Com licença, você seria...?

– Arya Stark. – Oh, ela se lembrava de Sansa Stark, também uma líder de torcida e de Robb Stark que era o sonho de praticamente todas as garotas. Arya Stark, no entanto, não lhe veio à mente. – Você é?

– Joy Lannister.

– Uma Lannister respondendo ao meu chamado? Devo confessar que estou um tantinho surpresa.

Talvez vir tenha sido um erro.

– Que tipo de clube é esse? – Perguntou paciente.

– Elementar minha cara, você descobrirá assim que ingressar.

– Eu acho que as pessoas querem saber no que estão se metendo antes de fazer qualquer coisa.

– Eu sei, isso tira a graça das coisas, não acha?

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Ela e Arya estavam no topo da escada, cada uma segurando uma garrafa na mão. Joy tinha descoberto que o clube criado por Arya tinha como objetivo planejar e executar pequenas aventuras pela a cidade, aventuras essas que a Stark gostava de chamar de missões. A Lannister tinha estado com um pé atrás para participar dessas “missões”, mas Arya foi bem insistente e a ameaça de lhe expulsar do clube foi o suficiente para lhe convencer de ir.

(Todos os clubes normais já estavam cheios e os que sobraram eram tão esquisitos que ela preferia continuar com Arya.).

Na quinta missão das duas ela precisou invadir uma festa dada por Margaery Tyrell e beber o máximo que conseguisse. Joy tinha acabado com cinco garrafas de cerveja enquanto Arya estava na sua sexta. Agora, no topo da escada, observando um grupo de adolescente cheio de hormônios se esfregarem no andar de baixo, Joy perguntou:

– O que fazemos agora? – Ela tinha um sorriso estúpido, resultado do alto teor de álcool em seu sangue.

– Agora você tem que beijar a pessoa mais bonita dessa festa.

– Robb Stark já está beijando Jeyne Westerling.

– Meu irmão é a pessoa mais bonita da festa?

– Uma das.

– Então vá beijá-lo.

– Que parte de ele já está beijando alguém você não ouviu?

– Quem nós somos? – Arya perguntou orgulhosa e Joy revirou os olhos antes de responder.

– O Clube dos Homens sem Rosto.

– E o que nós fazemos?

– Tudo.

– Quem nós tememos?

– Nada.

– Então vá beijar o meu irmão agora.

– Você é tão ridícula às vezes.

As duas desceram cambaleantes a escada e Joy atravessou a pequena multidão dançando ao som de uma musica eletrônica. Ela avistou Robb com Jeyne e algumas amigas dela ao lado da porta que dava acesso a piscina. É agora. Em um ato de coragem – ou provavelmente de estupidez de bêbado – Joy se aproximou de Robb agarrou o seu cabelo e o beijou. Não foi algo longo ou profundo, mas o bastante para trazer a irá da garota Westerling.

Ela soube que tinha que correr naquele exato momento.

Fugiu pela a porta ao lado e encontrou Arya rindo do lado da piscina.

– Tem umas garotas psicopatas atrás de você. – Ela disse.

– Eu sei, corre!

E as duas correram contornando a casa e indo para a rua. Ela imaginou que as meninas desistiriam assim que atravessaram o quarteirão, mas esse não foi o caso, elas só ficaram mais insistentes. Jeyne gritava obscenidades enquanto levantava um sapado de salto alto ameaçando jogar em sua cabeça.

– Como elas conseguem correr tão rápido naquilo? – Arya parecia chocada.

– Jeyne é capitã do time de corrida do colégio.

– Que merda.

Elas conseguiram despistar as meninas assassinas ao entrarem em uma loja de conveniência vinte e quatro horas. Lá dentro Arya correu para a sessão de roupas esquisitas e pegou um chapéu de cowboy.

– O que achou?

– Ridículo.

– Ótimo, vou levar. Por que não comprar algo para você?

– Acho que não.

– Um Homem sem rosto sempre se disfarça.

– Vou fingir que não ouvi isso. – Respondeu, mas acabou pegando um chapéu de mágico.

As duas saíram minutos depois, Arya insistiu em vasculhar o perímetro – mesmo que fosse óbvio que as meninas não estivessem mais ali – e depois foram em direção da rua.

– O que fazemos agora? – Joy perguntou, mas ela se arrependeu assim que viu o sorriso maligno brotar no rosto da outra. – Eu vou me arrepender, não vou?

– Você está bêbada demais para isso.



Ela se orgulhava de nunca ter transgredido uma lei, hoje tudo isso acabava.

Arya disse que queria ter a melhor vista da cidade e todos sabiam que a melhor vista pertencia aos Hightower e sua mansão no alto da colina de Aegon. Eles estavam viajando, a Stark lhe falou, e por isso não haveria perigo nenhum dar uma entradinha. Eu não quero receber aquele olhar assustador do tio Tywin, ela tinha recebido aquele olhar quando era apenas uma criança pelo o crime de existir, mas sua tia Joanna dobrou o marido e agora ela era uma das poucas Lannister que conseguia arrancar um “bom trabalho” da boca do homem.

Se ela fosse presa ele iria odiá-la para sempre e seu pai... Bem, seu pai provavelmente contaria alguma historia da juventude, ele deve ter feito coisa pior.

– Venha Joy.

Ela queria muito saber por que continuava a fazer essas coisas estúpidas por Arya.

– Venha logo, está perdendo a vista.

Finalmente ela foi até a varanda do quarto principal. Lá estava Porto Real toda iluminada por pequenos pontinhos de luz. A lua cheia iluminava o mar que brilhava como se tivessem dezena de milhares de diamantes boiando.

A visão a deixou sem fala por alguns instantes.

– Eu disse que era bonito.

– Eu... Ok, você ganhou alguns pontos por isso.

– Quando eu for muito rica vou comprar essa casa e passar o dia inteiro olhando para isso.

– Você sonha bem alto. Parece com o meu pai.

– Isso é ruim?

– Não exatamente.

Ela não desviou o olhar até que sentiu a mão de Arya no seu ombro. Joy virou o rosto e notou que a Stark estava estranhamente séria.

– Algo errado?

– É que você foi corajosa o bastante para beijar a pessoa mais bonita da festa, mas eu não.

– Bem, ele era seu irmão, posso compreender.

– Meu irmão não era a pessoa mais bonita lá.

– Jura? E quem era? Joffrey?

Arya fez uma careta de nojo que arrancou risadas suas.

– Definitivamente não.

– Então quem era? Gendry? Edric? Talvez Harry...

A resposta a pegou de surpresa.

Arya simplesmente a beijou.

Joy a beijou de volta.

Provavelmente culpa da bebida.