Ajude-me

Capítulo 4 - Ferida


Ele devia ter previsto! Devia ter notado todos os sinais que ela lhe dera! Por que foi capaz de ignorar que ela estava nesse estado? Por que fora incapaz de notar o que faria?


Naruto estava na porta do quarto de Hinata, chocado. Ele havia aberto a porta e notado a poça de sangue no chão, havia notado os lençóis ensopados do liquido vermelho. Ele viu a pele translucida de Hinata. Deus! O que ela tentara fazer?


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-Hinata! – Ele correu a seu encontro. – O que você fez?


-Naruto-kun! – Sorriu a menina. – É bom que você esteja aqui.


Deus, ele nunca havia passado por uma situação de tamanha provação. O que faria? Apararia a mulher em estado delirante ou chamaria uma enfermeira para lhe ajudar?


-Por que fez isso? – Ele pressionava os pulsos de Hinata com força, tentando parar o fluxo de sangue.


-Eles tentaram me levar... – Ela riu baixo. – Mas acho que já os afastei, não teremos mais problemas agora.


Ela havia perdido muito sangue, precisava urgente de uma transfusão.


-Qual seu tipo sanguíneo? – Perguntou enquanto apertava o botão das enfermeiras com força.


-O há com o meu tipo sanguíneo? – Perguntou ela.


Que grande bobagem havia feito, ele podia muito bem estender a mão e pegar a prancheta com todos os dados. Mas isso significava deixá-la por alguns segundos, e isso não estava em seus planos.


-Será que não tem nenhuma enfermeira nesse hospital. – Naruto estava quase quebrando o botão de chamada.


Sem pensar mais ele arrancou seu jaleco e colocou com força nos fermentos de seus pulsos.


-ALGUEM? – Gritou ele enquanto fazia um nó. – TEMOS UMA EMERGÊNCIA AQUI!


O que havia de errado nesse hospital? Não havia sequer um enfermeiro no corredor!


Naruto continuava gritando como louco, mas ninguém apareceu.


-Naruto-kun, por que você está gritando? – Hinata sussurrou com leveza. – Não precisa disso, eu estou me sentindo bem.


Que bom médico se tornara! Mal conseguia lidar com um caso simples de corte. Por que essa mulher lhe mexia os sentidos? Por que lhe fazia ficar se fôlego?


-Hinata, por favor, temos que curar esse ferimento, precisamos de uma transfusão com urgência. – Seus olhos preocupados fitaram Hinata, a mulher estava tão linda, tão serena e pálida. Por Deus! Pensou ele, o que tinha em mente?


-Acho que seria melhor deixar tudo com está. – Ela sorriu para o médico. – Não vai fazer diferença.


Hinata estava perdendo os sentidos, cada vez falava mais coisas desconexas, cada vez mais ela resmungava.


-Pare com isso Hinata! – Ele olhou a mulher com raiva. – Por Deus! Nunca tente isso! Nunca mais tente se matar!


Ela sorriu para ele, do que Naruto estava falando?, tinha em mente que não queria viver, tinha em mente que morrer era o seu destino, por que se interferia?, por que queria tanto interferir?


-ALGUEM! – O botão de chamada estava praticamente enterrado dentro do aparelho, e por mais que ele soasse o apito, ninguém aparecia para socorrer.


O jaleco de Naruto não estava mais funcionando, já estava completamente encharcado e não estancava o sangue com a precisão necessária.


-PRECISO DE AJUDA AQUI! –Ele gritou o mais alto que seus pulmões já cansados poderiam agüentar. – POR FAVOR!


Naruto achou que o efeito seria o mesmo, ninguém apareceria para lhe ajudar, mas dessa vez fora diferente, Sasuke estava com uma consulta marcada no quarto ao lado do de Hinata e conseguiu ouvir o apelo desesperado do amigo.


-O que houve aqui? – Perguntou ele enquanto abria a porta com força.


-Assuma meu lugar! – Falou Naruto enquanto Sasuke se aproximava dele. – Preciso de sangue.


Naruto correu para a porta e pegou o currículo médico de Hinata. Ela era O positivo.


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-Mais que merda! – Falou ele.


-O que houve? – Sasuke pressionava com mais eficácia o ferimento de Hinata.


-Não temos nenhum receptor de O no estoque. – Ele falou, colocando novamente a prancheta no lugar. – Esse hospital está precisando de melhoras urgentes.


Naruto se dirigiu para o corredor.


-A onde você vai?


-Arranjar o sangue. – Ele sorriu para Sasuke. – E não se preocupe logo terá uma enfermeira para lhe ajudar.


E então ele foi embora, deixando Sasuke com um enorme dor de cabeça.






Claro que o “prodígio” cuidaria muito melhor de Hinata do que ele – nesse exato momento Naruto estava sentado na sala de doações, com os braços cruzados e uma cara aborrecida – ele conseguiria suturar os machucados de Hinata com os olhos vendados e uma mão nas costas, mas ele, ele não conseguiu, ele nem ao menos havia tentado fazer nada para ajudar Hinata, apenas tinha ficado histérico, gritando por ajuda.


Mas, apesar de tudo, tinha uma sorte tremenda de ter um sangue compatível com o dela, ficava feliz de pelo menos ter ajudado em algo para salva-la.


-Dia movimentando não? – Sasuke se sentou ao seu lado com um sorriso no rosto. – Ela esta sedada agora, dorme como um anjo. – Sasuke riu baixo.


Naruto estava péssimo, percebeu Sasuke, ele estava com a cara característica de aborrecimento, a mesma cara que ficava quando perdia algo para ele.


-Você fez um ótimo trabalho. – Ele falou sorrindo. – Se você não tivesse gritado por ajuda Hinata estaria em maus lençóis agora, e veja pelo lado bom, os lençóis dela estão totalmente limpos!


Naruto não riu da piada, ele estava deprimido de mais para rir dos joguinhos do amigo. Na verdade estava deprimido de mais até para olhar Sasuke nos olhos.


-Não entendo por que passei em primeiro. – Naruto sorriu para sua derrota. – Sou um fracassado em tudo que começo.


Sasuke sorriu, colocando a as mãos sobre a cabeça.


-Você tem razão, você é um completo fracassado. – Sasuke fechou os olhos e sorriu com divertimento. – Mas, um fracassado fascinante.


Naruto ficou confuso.


-Como disse?


-Você não percebe? – Sasuke entreabriu os olhos. – Desde que Hinata ficou com você não houve mais tentativas, essa é a primeira em semanas.


Naruto ainda continuava confuso.


-De duas tentativas de suicídio por dia, passamos para uma em duas semanas. – Sasuke pareceu satisfeito.


-Por que não chamaram uma merda de psicólogo? – Naruto olhou para cima, não percebendo o elogio. – Que maldito hospital é esse?


Sasuke revirou os olhos com um sorriso. Naruto não enxergava da maneira como ele, não enxergava no quão bem estava fazendo para Hinata e no quanto a bela moça havia feito Naruto crescer como homem e como profissional.


-Bom, eu terei que ir, apesar de você aparentar não ter nada para fazer eu tenho. – Sasuke se levantou batendo levemente na cabeça do amigo. – Tente cumprir com suas obrigações e deixe a visita para depois, agora ela está dormindo.


E então ele saiu sorrindo, deixando Naruto confuso e feliz.


Apesar de não admitir seu melhor amigo lhe entendia, muito mais que ele próprio, e isso soava estranho para Naruto, tão estranho que lhe pareceu engraçado.






O dia se desenrolou devagar para Naruto. Nada fazia o relógio mover seus ponteiros com mais rapidez.


-Naruto-sensei. – Yumi chegou a ele com um enorme sorriso. – Eu trouxe o que você me pediu há alguns dias...


Confuso ele sorriu.


-E o que eu pedi?


-Não se lembra? – Yumi se chateou. – Você disse que era importante.


-Vou saber se é importante quando você me falar o que é! – Sorriu.


-A lista dos 100 primeiros pacientes do hospital! – Ela sorriu entregando alguns papéis. – Está organizado com data, nome, e endereço atual. – Ela sorriu, fechando os olhos um pouco. – Apesar de a maioria já ter morrido.


Ele não pode conter uma gargalhada. Deus, Yumi era muito aplicada nos trabalhos ao qual era incumbida, e isso a deixava feliz.


-Bom, eu lhe agradeço. – Ele pegou os papeis da mão dela. – Fico feliz que tenha se dedicado ao trabalho com tamanha dedicação. – ele alargou seu sorriso. – Isso será de tamanha utilidade!


Yumi sorriu com afeto. Ela tinha que esconder sua paixão por ele, afinal, ele era um residente e praticamente seu chefe, seria errado se tentasse algo.


-Bom, acho que tenho que ir. – Yumi olhou para a janela ao seu lado. – Minha família não goste que eu chegue tarde.


A noite lembrou o loiro de seu dever, o lembrou de que precisava urgentemente ver a face serena e gentil da sua pacientem mais especial.


-Eu tenho algo a fazer, talvez até não vá para casa hoje. – Falou ele, sorrindo. – Até amanha Yumi.


Sem esperar resposta, ele correu pelos corredores brancos do hospital chegando em poucos segundos na frente do quarto de Hinata.


A porta não estava decorada como a dos outros, tinha apenas seu nome escrito com uma caneta preta, feito, talvez, por uma das enfermeiras. Naruto abriu a porta com cuidado e entrou no quarto, iluminado apenas pela luz da lua.


A garota estava deitada, virada para a janela aberta. Naruto chegou perto, não esperando que a menina estivesse acordada.


Ledo engano, Hinata estava, sim, acordada, só que não na mesma freqüência que o resto do mundo. Hinata estava acordada em seu próprio desespero. Fizera um papel deplorável e perdera a pessoa que estava tão fielmente a cuidando. Idiota! Gritou para seu interior.


-Vejo que está acordada.


A voz do loiro fez Hinata pular. Deus, era ele. Em toda a sua perfeição, com seus olhos azuis, seu sorriso largo, seu corpo perfeito até mesmo com o jaleco largo. Ela ruborizou com o pensamento.


-Você está bem? – Ele perguntou semicerrando os olhos.


Hinata era um achado, se pudesse descrever a perfeição em uma palavra seria o nome dela. Poderia estar com todos os problemas que tinha, mas era alem da imaginação de qualquer pessoa, alem do próprio, que olhava sedento para as formas bem definidas da paciente.


-S-s-sim. – Ela falou gaguejando.


-Fico feliz. – Naruto olhou sem querer as curvas que a camisola proporcionava para Hinata, e se pegou imaginado poder vê-la completamente nua.


-Por... Por que voltou? – Sua pergunta fez com que ele sorrisse.


-E por que não voltaria?


Hinata olhou para Naruto com admiração.


-As pessoas somem depois dos meus ataques. – Ela tentou sorrir, mas não conseguiu.


Naruto olhou agora para as mãos de Hinata, que apoiavam o copo dela. Ele tentou não admitir, mas queria suas mãos percorrendo seu corpo, queria poder segurar e apertar a mão dela.


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-Não se sinta mal em falar comigo! Por favor, quando sentir-se mal, fale para mim, diga o que está sentindo. – Naruto olhou para baixo. – Não posso mais ver-te assim.


Hinata se ruborizou ao ouvir o que ele acabara de falar. Fora impressão dela, ou Naruto havia falado que se preocupava com ela?


-Eu... Eu tenho sido ridícula. – Hinata olhou para alem da janela. – Acho que estou me tornado maluca.


Naruto chegou perto o suficiente para sentir o calor do corpo da paciente.


-Você não ira tentar mais isso, eu irei lhe ajudar a se curar. – Ele sorriu.


-Temo que não tenho cura. – Hinata se virou lentamente para fitar o rosto de Naruto.


Os dois estavam respirando pesadamente. Naruto, talvez, por estar tremendamente perto do corpo da dela, já Hinata, por ter tão perto aquele quem ela tanto admirava.


-Eu vou lhe recomendar um psicólogo ou algo do tipo... Não podemos que isso se repita. – Naruto puxou a cadeira e se sentou ao lado da cama. – Queria lhe perguntar algo.


Hinata acenou a cabeça.


-Qual foi o motivo?


-Mo-Motivo?


Naruto acenou a cabeça concordando.


-Sim, por que tudo estava tão bem, até que... Não foi aquele idiota, foi? – Ele fechou as mãos em punho. – Deve ter sido aquele... Ahr... Imbecil!


Hinata olhou atentamente o médico e sentiu uma sensação que lhe era estranha, mas não desconhecida.


-Você... Está... – O médico sorriu de um canto a outro. – Rindo?


A gargalhada da moça era melhor do que qualquer musica clássica, ultrapassava o sabor de um doce e era extremamente melhor do que a sensação de tomar água depois de dias vagando em um deserto.


-Não... – Conseguiu dizer depois de alguns espasmos de risada. – Não, Kiba não tem nada a ver com isso.


Lentamente o rosto de Hinata foi morrendo, dando lugar a sua já característica cara desolada.


-A médica errou meu nome... – Ela suspirou, dando de ombros. – Pelo nome da minha irmã.


Naruto olhou a menina pronunciar as palavras, sem se chocar com o que ela havia falado.


-Eu... Senti a necessidade de acabar com isso. – Ela colocou seus cabelos nos olhos. - Eu não posso suportar mais. – Então grossas lagrimas verteram de seus olhos.


Hinata estava farta de ser fraca, ela não queria mais chorar na frente de ninguém, não queria abrir suas fraquezas.


-Não é vergonhoso chorar. – Falou o médico, adivinhando o pensamento da garota. – Chorar muitas vezes cura nossas feridas mais rápido do que pensamos.


Naruto sorriu para o rosto manchado por lagrimas, sem pensar muito ele se aproxima do corpo esguio e perfeito, estendendo seus braços pela sua cintura, repousando sua cabeça no ombro de Hinata, envolvendo-a em um abraço caloroso.


-Pode chorar. – Ele inalou o cheiro de rosas de seu cabelo e sorriu levemente.


Hinata ficou paralisada com a ação do homem, seus braços que repousavam calmamente ao lado de seu corpo tentavam, desesperadamente, lutar contra sua barreira, estavam lutando para retribuir o aperto caloroso. Mas, como podia? Ela não tinha forças nem mesmo para sorrir, como teria forças para retribuir o aperto amoroso e quente dele? Sua armadura nunca permitira tal ato.


-N-Narutp-kun. – Hinata finalmente conseguiu vencer a barreira da vergonha e se lançou de corpo e alma para os braços do homem.


Ela sentia o coração palpitante de Naruto, sentia o seu calor. Queria permanecer naquele abraço pela a eternidade, queria ficar quente e protegida no colo do homem do qual ela tanto admirava.


Lentamente as lagrimas cessaram, mas o abraço continuou sem que nenhum dos dois tivesse a chance de notar.


-Se sente melhor? – Quebrou o silencio Naruto.


Hinata estava envergonhada de mais para falar, então apenas a acenou a cabeça em afirmativo.


-Fico feliz. – Naruto sorriu.


O médico podia sentir com clareza os peitos fartos da mulher em seu tórax, podia sentir o calor do corpo quente dela, mas por quê? Por que não estava tentando nada? Talvez seu lado profissional estivesse assumindo o lugar do Naruto de antigamente, mas ele sabia que não era apenas isso, ele sabia que essa mulher em seus braços era mais do que uma simples paciente, ou uma de suas fúteis amantes.


Por deus, ele nunca ousaria avançar em suas caricias se ela não permitisse. Pelo menos havia se tornado um bom médico!, mas, e se não fosse um médico?, se não fosse responsável pela saúde dela?, teria ele coragem de avançar?, Seria ele corajoso o suficiente para beijá-la a força?


Sua consciência berrou um “não” em alto e claro som.


-Me perdoe Naruto-kun... – Hinata se afastou do corpo de Naruto e olhou o médico nos olhos. – Muito obrigada!


O médico sorriu fitando sem jeito os grandes olhos perolados, sim, sua consciência estava correta, nunca ousaria avançar sem permissão. Ele tinha consciência de que queria a mulher, mas queria ela por inteiro, e sua intenção passava longe do roubo.


-Não foi nada. – Hinata olhou, admirada, o sorriso singelo do homem.


Nenhum dos dois percebeu o quanto essa relação estava crescendo. Algo comparado a um lírio, se desabrochando com a primavera.