Sweet Song

Fevereiro, inverno. Flocos de neve caíam por toda parte.

Pra ser exato, dia dos namorados. Shinji não tinha o mínimo de interesse nisso, nem nos chocolates, nem nas garotas. Nenhuma despertava o "algo a mais" que ele esperava encontrar, principalmente as de sua classe.

Ele pensava no quanto não se importava com tudo isso enquanto andava de volta para a escola, já que esquecera seu livro de matemática na sala e teria um teste em dois dias.

O corredor estava escuro e vazio. Após recuperar o livro, dirigiu-se a saída. No caminho ele escutou um leve som. Decidiu segui-lo, chegando até a sala de música. Alguém certamente tinha bom gosto, pois a música era uma muito conhecida por Shinji, fã de música erudita, Canon in D de Pachelbel.

Não queria interromper a pessoa que estava a tocar essa maravilhosa peça, então deslizou a porta silenciosamente e adentrou a sala.

Era um garoto de cabelos brancos cujas mãos se moviam delicadamente pelas teclas do piano. Estava totalmente imerso em sua música para notar a presença de Shinji.

Foi o que ele pensou.

Ao final, Shinji aplaudiu e o garoto virou seu olhar para ele.

- Foi uma bela performance.

- Obrigado. – respondeu sorrindo, fazendo Shinji corar.

- Essa é uma das minhas peças preferidas. – disse ele se aproximando. – Você toca há muito tempo?

- Não muito. E quanto a você?

- Ah, mas eu não toco piano. – disse com a voz tremula devido ao olhar do desconhecido direcionado a ele.

- Sente-se. Qual o seu nome?

- Shinji, Ikari Shinji.

- Ikari-kun. – sorriu. – Sente-se.

E assim ele o fez.

- Meu nome é Nagisa Kaworu, mas pode me chamar de Kaworu.

Shinji parecia meio confuso, mas por alguma razão gostou da presença de Kaworu.

- Deixe-me ver suas mãos. – ele as examinou e olhou novamente para o rosto de Shinji. – Macias.

Isso deixou Shinji mais corado e constrangido. Tentando achar algo para falar ele perguntou:

- Ah... Eu nunca te vi antes, sou do primeiro ano, classe C e você?

- Segundo ano, classe A. Uma pena não termos nos encontrado antes. Talvez isso tenha sido predestinado.

- T-talvez. – gaguejou – Você deve ter ganhado muitos chocolates hoje, não é mesmo?

Kaworu olhou para Shinji, botou as mãos em cima das dele e então nas teclas que desejava, ajudando-o a tocar.

- Não preciso de chocolates para fazer do meu dia doce. – disse com a intenção de fazer Shinji corar. – Sabe Ikari-kun, eu nunca tinha te visto antes, mas parece que o conheço há muito tempo.

- Eu... Sinto o mesmo.

O som do piano parou. O sol da tarde havia se posto. Kaworu se aproximou do rosto de Shinji e sussurrou em seu ouvido:

- Ikari-kun, você tem um cheiro doce. – então fez uma pausa. - Eu te amo.

E tão delicado quanto uma música, os dois se beijaram.

Talvez fosse mesmo o destino ou talvez só uma coincidência.

Aquele beijo foi tão doce quanto uma caixa de chocolates.