Unforeseen

Primeiro evento


Acho que não vi o Daryl o resto do dia. Por que será que ele está se afastando? Mas essa nem é minha maior preocupação. Puxo o papel de boas vindas da minha porta e amasso, arremessando-o para trás.

Que coisa ridícula, não acredito que vou nisso. Estou merecendo um pônei por ser tão educada.

Subo as escadas cansada e vou tomar um banho. Fico lá embaixo muito, muito tempo.

Assim que saio eu vou até o maldito guarda roupa e me proponho a procurar alguma coisa que não seja completamente horrível.

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Vou passando os cabides entediada.

–--- Feia.. feia.. feia.. ---- digo enquanto passo peça por peça ---- ridícula, estranha, brega, horrível, pessíma, owh ---- exclamo quando vejo um vestido não tão feio ---- até que é bonitinho

Puxo o cabide e encaro o vestido preto de alças, acho que posso usar só por hoje.
Jogo ele na cama e vou até o banheiro novamente secar o cabelo. Não estou nem um pouco animada para isso.

...

Parece que anoiteceu em segundos. Dou longos passos entendiados até a casa do evento. nem é evento, é uma porcaria apenas. Nossa, estou irritada hoje. É culpa do Daryl, aposto.

Nem bato na maldita porta, entro logo com um olhar de " chegueeei ". Vejo as pessoas civilizadamente conversarem e rirem. Dou as costas e coloco a mão na maçaneta para ir embora enquanto ninguém me viu.

–--- Amy, você veio ---- ouço Deanna dizer atrás de mim

Pressiono os olhos antes de me virar.

–--- Oi ---- digo fingindo um sorriso ---- que festa legal, muito animada e, incrível ---- digo sem parar

–--- Ah não precisa fingir que gostou ---- ela diz sorrindo ---- quer alguma coisa?

–--- Na verdade, eu queria ir agora porque... ---- digo pontando para trás, ela parece atenta ao que eu vou dizer ---- preciso... encontrar... o... Daryl

–--- Sei, eu o vi entrando na casa do Aaron ---- ela responde cruzando os braços

–--- Ótimo, vou indo então ---- digo me despedindo

Não sei se foi uma despedida, mas serve. Foi minha deixa para abrir a porta e sair.
Sinto o vento frio e me sinto na vontade de correr pra casa, independente do resto.

Assim que chego na varanda, abro a porta e entro. Perdi meu tempo, fato.

Me assusto e coloco a mão no peito ao ver Daryl em pé ali no escuro, gente.

–--- Quer me matar? ---- pergunto abaixando o braço ---- o que está fazendo aqui?

–--- Vestido bonito ---- ele diz calmamente

–--- Vai ficar, quando eu cortar um pouquinho aqui, tirar um pouquinho ali ---- digo andando ---- mas não me respondeu

–--- Só quero conversar ---- ele responde se jogando no sofá

–--- Pois então ---- digo me sentando também ---- desabafe

–--- Você quer ficar aqui? ---- ele pergunta tirando uma mecha do rosto

–--- Tudo bem que essas festinhas familiares são uma bosta, mas não vejo porque não ---- digo, sinceramente é verdade.

–--- Então acha que podemos viver aqui? ---- ele pergunta

–--- Não precisa de permissão, Dixon ---- digo ---- não precisa recorrer a mim sempre que for tomar uma decisão ---- digo me levantando

Ele se levanta e também me encara.

–--- Então, como vamos fazer? ---- ele pergunta

–--- Fazer o que? ---- provoco, quero ouvir ele dizer todas as palavras

Ele me olha impaciente. Eu seguro a vontade de rir.

–--- Diga que me ama que eu deixo você ficar ---- digo cruzando os braços

–--- Não começa ---- ele diz dando as costas

Ambos sabemos que isso nunca vai dar certo, mas amo um problema.

–--- Deixa de ser chato Daryl, não faz bem a saúde ---- digo me virando

–--- Sabe o que não faz bem a saúde? ---- ele responde

Eu me viro e cruzo os braços de novo.

–--- Quem sabe se você me desse um pouco mais de atenção não seria assim ---- começo meu drama

–--- Você está pedindo atenção? ---- ele quase grita

–--- É, eu acho que estou ---- retribuo ---- você ao menos se lembra que eu existo? Cacete Daryl não sei o que eu ainda estou fazendo aqui, sinceramente. Não fala mais comigo, não chega perto de mim ---- digo me aproximando ---- e não me toque mais. Eu estou oficialmente te liberando do fardo que é viver perto de mim, por que você não pega essa besta e..

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Ele me interrompe, mas não foi com palavras.

Os lábios dele apertaram os meus, parando o meu protesto.

Sinto meu coração acelerar e me cai a ficha do que está acontecendo. Reconheço exatamente essa sensação, é a melhor do mundo. Eu não podia conter a alegria de beijá-lo, mas não podia ser idiota de dizer alguma coisa.

Eu deixei as minhas mãos caírem dos meus lados, e fiquei quieta.

Ele se afastou e se colocou para me olhar. Eu neguei com a cabeça e fui a beijá-lo desta vez.

Os meus dedos apertaram os cabelos dele, mas agora eu estava o trazendo mais pra perto. Acho que todas as emoções mais fortes que possam existir estavam concentradas em nós. Um beijo tão completo e transcendente, é uma coisa única na vida.

E quando ele se afasta novamente e olha para meus olhos, eu fecho os meus de novo e o trago de volta para mim. Alguém o avisa que o quero exatamente aqui? E tenho certeza que é onde ele quer estar.

Eu tive um momento de reflexão entre o passado e o futuro. Eu posso simplesmente empurra-lo e dizer que nunca mais quero vê-lo, ou eu posso jogá-lo no meu quarto. Acho que prefiro a segunda opção.

Sorrio quando penso a sorte que tenho por estar aqui. E só aqui.

...

–--- Isso é certo? ---- pergunto sabendo a resposta

–--- Não ---- ele responde

–--- Você precisa desistir de alguns dos seus medos ---- digo baixo

–--- Não ---- ele diz negando com a cabeça ---- tenho medo de perder você

Meus olhos se enchem. Acho que não estou apenas apaixonada, isso é possível?

–--- Daryl eu..

–--- Vai dormir, não estraga o momento ---- ele me interrompe

–--- Nossa, vou é te sufocar com o travesseiro ---- respondo ---- eu te empurro daqui que você vai ver

Ele ignora minhas palavras de amor. Melhor dormir mesmo, não vai sair anda que preste.

Mas Daryl Dixon, ainda mato você.