Projeto Eligio.

Capítulo 22.


Trondheim – 00h28min 19/04/2631

– Amor. – A voz delicada de sua esposa lhe chamou. – Deixa isso para lá, vem deitar. Amanhã você termina.

Da mesa com computador Augusto se virou com um sorriso para sua esposa. Ele era um homem velho de cabelos brancos e sobrancelhas enormes, em espessura e largura.

– Guerra sim fim, – Reclamou no percurso rumo a cama que nem era tão longo, mas com o lento arrastar de pés de Augusto, se tornava um caminho maior do que o necessário. – Quando que os filhos poderão andar nas ruas sem ver um guarda em cada esquina?

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Augusto era o perfeito exemplo da fala “por trás de todo grande homem existe uma grande mulher”. Sabia disso, e não se importava, amava sua esposa, sua amante, sua companheira, sua amiga, sua conselheira, sua vida.

– O que está resmungando? – Ela perguntou, já estava deitada, Augusto abaixava-se sentando na cama.

– Estou pensando. – Disse ele, se virando e deitando, deu um beijo úmido na testa da esposa e puxou o lençol para cima. – Se foi ele.

– Não seria bem uma surpresa. – Sua mulher retorquiu. – Seu irmão nunca foi um sujeito fácil.

– Deveria ter acabado na montanha, agora isso, tudo de novo? Eu não tenho mais idade para isso, não mesmo.

– Não foi por isso que fizeram aquele Projeto?

– Você sabe, isso deu errado. – Augusto emendou rapidamente na fala dela.

Os dois trocaram olhares, ela parecia estar planejando algo, criando uma teoria, sempre fazia isso.

– E se, enquanto vocês quatro estão tão ocupados caçando os Eligios e os Eligios estão ocupados de mais fugindo de vocês ele está livre para fazer o que bem entender? Já pensou que tudo está saindo do jeitinho que ele sempre desejou? Anonimato.

– Não vá tão longe mulher. – Augusto retorquiu coçando a barba por fazer salpicada de preto com o branco predominando nos fios. – Não estamos cegos, e somos quatro, teríamos visto se ele estivesse tentando fazer algo.

– Teriam mesmo? – Sua esposa perguntou em tom de dúvida. Então se virando para o outro lado terminou sua frase. – E não se esqueça querido, são três. Alguém está os caçando.

– Você acha...

– Boa noite Augusto. – Ela encerrou a conversa enchendo a cabeça do marido de dúvidas.

Augusto passou o resto da madrugada remoendo aqueles pensamentos, tentando descobrir o que estava acontecendo, e cada pensamento que tinha, cada ideia, todas levavam-no de volta para as origens, de volta para seu irmão. Era como se os Eligios realmente não fossem o problema. Mas o quinto está silenciado, morto, se Deus for bom.

E com esse único pensamento capaz de acalmar seu espírito, mesmo o fazendo sofrer, Augusto dormiu.