POV Cécily.

8 – De fato.

Minhas mãos ardiam atenuadas, e meus olhos não suportavam ficar fechados por nem mais um segundo.

- Logo vai acabar... – aquela voz sedutoramente grossa dizia como se fosse um alívio.

Meus dois braços presos com cordas entre duas árvores grossas e frondosas. Minha cabeça tombada em meu ombro e minhas forças sendo esvaídas pelos pulsos.

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- Por quê? – pedi novamente, forçando minha voz. Com muito esforço para que minha voz fosse o suficiente.

- Bem... é pelo bem maior. Não que você seja feia ou alguma coisa parecida. Minhas vítimas são sempre atraentes. – aqueles olhos cheios de penumbra e sem pupilas, agora me davam arrepios. Mas o cabelo moreno e encaracolado parecia ser tão fofo e doce, que não se imaginava o monstro que existia por dentro.

- Mas... – tentei argumentar, mas meus olhos rolaram cansados.

- Preciso cumprir o ritual... se não se importa. – ele sorriu com carisma, e pressionou suas mãos nos dois lados de meu braços e o quebrou, um urro de dor escapou por meus lábios – nada pessoal... – sorriu.

- Filho da... – comecei.

- Não polua sua doce boca. Precisará de crédito no céu... – ele jogou a cabeça para trás rindo.

Não vi de onde ele tirara uma adaga com estampas cravadas na ponta até o cabo. Ao ver as imagens de tridentes e demônios fechei os olhos e preparei-me para a dor mais cruel.

E de repente... um grunhido. Um guincho de um animal. Alto e ensurdecedor. Abri os olhos lutando contra a falta de força e vi. Vi um enorme lobo do tamanho de um urso. Suas enormes patas estavam sobre o peito do jovem Oliver. O jovem que acabara de me prender ali. Os dentes se cravaram no ombro do garoto, que sumiu em meio ao ar.

Os olhos do grande animal transpassaram-se em mim. Olhos cheios de preocupação e humanidade, olhos “humanos”. Eu não senti medo. Em nenhum momento. Ele estava ali... e me ajudou!

O lobo recuou para trás de uma árvore, e o pânico me tomou. Para onde ele fora? - Me perguntei. E segundos depois, um jovem alto, moreno, musculoso e de cabelos curtos trajando um calção apenas, veio em minha direção correndo;

- Está tudo bem? – perguntou ele com a voz rouca, e arrebentou as amarras nas cordas.

- Você... o lobo... – disse como uma completa idiota.

- Desculpe tê-la assustado... – ele engoliu seco, e me pegou no colo. – Foi necessário.

- Herói... – disse com palavras bobas e atordoadas.

- Acho que exagerei em meu desempenho... – ele riu examinando meu braço quebrado.

- Ele o quebrou... ele me cortou... – eu dizia horrorizada.

- Ele? – perguntou o homem-lobo.

- Oliver... Aquele garoto. – citei temendo revê-lo algum dia.

- Ele era seu amigo? – perguntou o jovem franzindo o cenho;

- Não... nos conhecemos hoje. Ele me convidou para uma volta na floresta... – disse envergonhada de ter sido tão estúpida – achei que ele estivesse afim de mim... – corei.

- Provavelmente ele não volte a ver você. – disse ele arfando – a propósito... Sou Jacob. – ele estendeu a mão.

- Cécily Moroe. – apertei a dele com gratidão.

- A nadadora de Forks, não é? – perguntou ele com um sorriso nervoso nos lábios.

- Certamente. – concordei.

- Está muito ferida? - perguntou analisando o corte profundo em meu pescoço e bochecha.

- O pior é meu braço e... estou fraca. – comentei piscando pesadamente.

- Acho que está sendo difícil de agüentar tanta anormalidade por tão pouco tempo... – ele comentou de forma gentil.

- Homem-lobo, maníaco-jovem-assassino... – comentei casualmente.

- Estamos bem longe da cidade, entende? – ele perguntou limpando meu machucado com uma tira de papel.

- Exato. – concordei sem entender o que ele quis dizer.

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- Posso carregá-la até lá. Mas... demorará bem mais. Posso te levar... com... o lobo. – ele comentou. Seus olhos estavam tementes e o rosto danificado.

- Tudo bem. – concordei, e vi a nítida surpresa em seu rosto lívido.

- Apenas segure-se... – ele alertou. – Mais uma coisa... – ele se lembrou levantando – Sobre... o garoto. Não dê as definições para a polícia. Diga tudo ao contrário. Que é um velho maluco e retardado. Algo assim, compreende? – pediu ele com certo “q” de dúvida na voz.

- Por quê? – perguntei boba.

- Não quero protegê-lo! Apenas quero deixar que a polícia não tente se meter com o que não é... corriqueiro, da rotina. Não vou os deixar submetidos á anormalidades. Temos pessoas que podem acabar com isso logo, sem que nenhum “humano” se fira. – contou ele me apoiando na árvore.

- Acho que sei o que quer dizer... – comentei como uma idiota perfeita.

- Promete que vai me responder o que preciso, e vai esconder das pessoas o que aconteceu com você “realmente”? – perguntou mordiscando o lábio.

- Prometo. – confirmei.

Em outro segundo, o corpo do garoto se revirava e tremia desesperadamente. Quase pedi a ele se estava tudo bem... quando o enorme lobo o substituiu. E agachou-se a minha volta.

- Quer que eu suba? – perguntei arregalando os olhos.

Ele mexeu a enorme cabeça assentindo. Minhas pernas cederam, e seus olhos se arregalaram e a cabeça me apoiou.

- Obrigada... – disse constrangida, colocando minhas pernas no enorme dorso.

Ele fungou como se perguntasse se poderíamos ir,e respondi.

- Estou pronta... – e imediatamente, ele correu. Correu contra o tempo, contra o vento, contra tudo que girava em direção contrária.

Eu estava dentro de um sonho? Ou seria pesadelo? Ou eu havia batido a cabeça durante um de meus mergulhos, e estava tendo uma alucinação? Eu não sabia... estava tremendamente emocionada com toda aquela vibração sobrenatural á minha volta. Eu senti o vento soprando contra meu rosto, e segurando-me – em o que eu acreditava ser – uma criatura mitológica, eu me sentia segura e prestes a estar em casa, mais uma vez; e de repente, ele pausou e grunhiu baixo.

- O quê? – tentei entender o que ele queria dizer. – Quer que eu desça?

Ele grunhiu positivamente, e eu desci, mancando um pouco. O lobo sumiu por trás de uma árvore e segundos depois, um jovem homem – vestindo apenas um calção – saiu detrás dela.

- Está bem? – ele perguntou com um sorriso no canto dos lábios – Normalmente um humano normal tem um ataque quando presencia alguns destes fenômenos.

- Estou me convencendo que isso é apenas um sonho. – olhei pra ele, e de alguma forma, instintivamente perguntei – Existem outros como você?

- Acho que não quer mesmo saber... – ele riu em resposta e se aproximou de mim. – Devem estar te procurando... – ele apontou para a direção que o lobo trotava.

- Sim... faz algum tempo que eu não saio por tanto tempo... – comentei sem graça.

- É melhor que eu leve você até lá. Estará em boas mãos... – ele me pegou em seu colo, num rompante. E de muitas formas eu fiquei surpresa.

- Ei... o que é isso em sei peito? – toquei uma tatuagem azul-safira em forma de duas asas cravadas no centro de seu peito.

- Eu gostaria muito de saber. – ele disse.

- Está acostumado á tudo isso? – pedi, como uma tonta.

- Você quer dizer... – ele pausou um pouco divertido – sobre o lobo?

- Sim. – esbocei um sorriso como o dele.

- Yeah. Isso está dentro de mim. Esteve sempre. Eu e ele estamos conectados. – ele caminhou um pouco mais depressa em direção á civilização. – Hey... me promete uma coisa? – ele pediu.

E eu tive certeza que prometeria qualquer coisa á esse cara...

- Claro.

- Tente não sair mais com caras demoníacos... talvez da próxima não tenha tanta sorte... – suspirou negativista.

- Talvez esteja lá, da próxima vez... – disse como uma estúpida – hipoteticamente dizendo, é claro.

Ele revirou os olhos – Vamos não tentar uma próxima, okay?

- Okay... – concordei, e vi luzes de ambulâncias e coisas neste sentido. E a ultima coisa que entendi foi Jacob sussurrando em meu ouvido...

- ... voltarei á lhe visitar... – e eu caí em dormência.