Tempest

Capítulo 28 – Você não vai se livrar de mim


Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 28 – Você não vai se livrar de mim

Kagami abriu os olhos pela manhã e tentou espreguiçar-se. Não conseguiu, algo o prendia e impedia seus movimentos. Depois de um leve princípio de pânico percebeu que era Daiki –seu namorado- que o envolvia com se fosse um bichinho de pelúcia. Wow.

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Pensou que deveria aproveitar um pouco mais daquele contato gostoso, mas logo ficou impaciente. O garoto não dava ar de que acordaria tão cedo e Kagami não aguentava ficar apenas deitado sem fazer nada.

Com algum trabalho libertou-se do abraço, finalmente, saindo da cama. E Daiki continuou dormindo feito uma pedra. Antes de sair do quarto parou e deu um olhar para ele, acabou voltando e ajeitando o edredom. Só então saiu de vez.

R&B

Quando Daiki acordou sentiu-se um pouco desorientado. Não reconheceu o teto do quarto, nem a cama grande e confortável de casal. Isso até recuperar um pouco da consciência. Aquele cheiro familiar impregnado nos travesseiros, claro. Passara a noite na casa do namorado. Pela primeira vez.

Espreguiçou-se todo, tentando espantar a letargia. Estava bom ficar ali, embolado no edredom relaxando, por isso rolou um pouco de um lado para o outro, caindo em rápidas cochiladas antes de reunir toda a coragem de sair da cama. O despertador sobre o criado-mudo indicava mais de dez horas da manhã. Estava na rotina dos finais de semana, apesar da mudança temporária de residência.

Retirou-se do quarto silencioso e passou pelo banheiro. Quando saiu de lá estava renovado e pronto para o novo dia, sem nenhum resquício de sono.

Encontrou Taiga deitado no sofá, lendo um livro de História Japonesa.

— Ohayou, Baka — deu a volta no móvel e obrigou Kagami a erguer o tronco, para que pudesse sentar-se e o ruivo deitar-se em suas pernas — Estudando? Sérião?

— Ohayou — respondeu sem desviar os olhos da página — Sérião. Se eu reprovar em alguma matéria adeus time de basquete ano que vem...

— Quem mandou ser um relaxado?

— Falou o aluno modelo — rebateu de mau humor.

Aomine sorriu torto. Então puxou o livro, tirando-o das mãos de Kagami.

— OE!

— Você tem que dar atenção para o seu namorado. Os domingos são todos meus.

O ruivo fez uma careta antes de sentar-se no sofá.

— Claro, Aomine sama. Não se esqueça que hoje é a minha revanche e suas ordens nunca mais serão obedecidas. Sua folga acabou.

— Ee? Você ta bem confiante, Bakagami. Não fica tristinho quando eu esfregar a sua cara na quadra.

Taiga riu e, tomando a iniciativa pela primeira vez desde que começaram o relacionamento, inclinou-se para beijar Daiki. Um simples roçar de lábios, que se tornou mais intenso e íntimo quando Aomine enrolou os dedos nos fios de cabelo de sua nuca e o puxou com força. Não queria mais saber de beijinhos castos.

R&B

— Sua mãe me disse que Teriyaki Burger é o seu preferido — Kagami falou colocando uma grande bandeja sobre a mesa — Então procurei a receita na Internet e tentei fazer.

Aomine pegou um deles, quentinho e apetitoso, e deu uma generosa mordida. Arregalou os olhos porque estava uma delícia.

— Bom! — disse depois de engolir, olhando guloso para os demais — Nunca vou deixar você vencer o jogo hoje. Vai ter que cozinhar pra mim pra sempre.

Taiga inflou de orgulho. Adorava cozinhar e que elogiassem a comida que preparava. Serviu-se de um copo de Bepsi e encheu outro para o namorado. Também pegou um Teriyaki Burguer e provou. Não estava tão ruim.

Era por volta de meio-dia, o fim da manhã passara entre beijos, estudo e vídeo-game. Provocações, piadinhas e certo ruivo perdendo a cabeça algumas vezes, para maior diversão de Daiki. Agora estavam na cozinha, com R.E.M. tocando na sala (e Aomine nem reclamou da ‘música de viado’) enquanto comiam o lanche que Taiga prepara.

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— Ficou bom mesmo — o ruivo concordou depois de engolir a primeira mordida — Vou incluir no cardápio mais vezes.

— E o seu preferido?

— Ee...? Você vai cozinhar pra mim, Ahomine sama?

— Nem fodendo, Bakagami — alcançou o segundo lanche — Vou pedir pra minha mãe.

Isso fez o ruivo girar os olhos. Refletiu um pouco enquanto mastigava.

— Gosto de hambúrguer, curry. Gyoza!

— Você é tão simples, Kagami.

— Não diga como se fosse uma ofensa, aho! E você é um complicado de merda! — atacou outro Teriyaki Burger, furiosamente — Pensa que é fácil te aguentar?!

— Hum... é muito difícil me aguentar? — perguntou com interesse exagerado.

Aquilo deixou Taiga desconfiado. Ele estreitou os olhos temendo que o outro cancelasse a revanche ou algo assim.

— Nem tanto — desconversou — Eu faço o sacrifício, aho.

Daiki não refutou. Se permitiu tão somente admirá-lo, com as bochechas infladas, mastigando como se pudesse derrotar todos os rivais de Seirin daquele modo. Sendo o casal tão incomum, tal silêncio confortável não podia durar muito.

— Sobremesa agora, escravo? — a pergunta veio depois que Aomine bebeu o restinho do refrigerante.

— Hn? — paralisou-se um segundo depois de dar uma generosa mordida no lanche que tinha nas mãos. Respondeu de boca cheia, pra variar — Acho que deve ter alguma coisa. Olha na geladeira.

— Ee? Na geladeira? Mas eu queria comer você na sobremesa... — insinuou exibindo um sorrisinho de lado.

Kagami se engasgou com o Teriyaki Burger.

R&B

Quem seria louco de sair de casa em um final de domingo tão gelado e perfeito para ficar no aconchego das cobertas? Dois viciados em basquete, claro. Ou melhor, dois rapazes decididos a acertar as contas em um Jogo de Honra.

E ali estavam eles, parados no meio da quadra comunitária, se aquecendo para a competição um-contra-um.

Kagami mal podia conter a empolgação. Estava feliz pela chance de provar que podia vencer Aomine e restaurar sua liberdade. Mas não reclamava: perder no passado trouxera dor de cabeça a princípio. E um prêmio que não esperava, certo moreno delícia sedução que alongava o corpo ao seu lado.

O ruivo se estapeou mentalmente. “Delícia sedução”? Que porra de pensamento ridículo!

— Pronto, escravo? — Daiki se posicionou a frente do garrafão, preparado para defender a cesta a qualquer custo.

Taiga sorriu. Começou a quicar a bola com a mão direita e a caminhar. A vitória seria sua. Carregava todos os trunfos. Moveu o corpo para a direita, Daiki reconheceu a finta e a cortou. Isso não o desanimou, pelo contrario. Insistiu em investir pela direita, fake. Daiki podia ler aquilo e o impediu fácil, o sorriso convencido debochando de Kagami.

O ruivo andou para trás, sem desviar os olhos de Daiki, que compreendeu o que o namorado pretendia fazer. O provocou com um erguer de sobrancelhas, duvidando que conseguisse marcar a cesta. Tal provocação era tudo que Taiga precisava. Ele avançou rápido, sem hesitar. Saltou alto, um de seus saltos monstro, passando a bola por baixo da perna e enterrando-a com uma mão. Ponto convertido.

Caiu meio inclinado para frente, mas recuperou-se rápido e encarou Daiki com aquele sorriso enorme, que deixava em evidência o canino saliente. Ergueu o dedo indicador.

— Um de três, Aho — a satisfação por dominar o arremesso transbordava por todos os seus poros. Nem precisara que Daiki o ensinasse!

Aomine balançou a cabeça. Era um competitivo de merda mesmo, seu namorado. Não é que conseguira dominar a enterrada tão difícil? Competitivo, teimoso, dedicado, perseverante... como não amar?

— Ee...? — ele avançou até parar muito perto de Kagami — Mesmo que vença hoje não vai se livrar de mim tão fácil, Bakagami.

O ruivo inclinou-se um pouco e sussurrou ao ouvido de Daiki:

— Já ouviu falar de vingança, Ahomine? Não quero me livrar de você. Vou vencer e te desafiar. Então você será meu escravo e terá que fazer as minhas vontades.

Afastou-se quicando a bola e tomando espaço. Daiki sorriu balançando a cabeça, os olhos presos em cada movimento do outro. Então, como não amar?

— Você sonha alto, Kagami.

O ruivo avançou de novo. Conseguiu passar por Aomine apenas para ter sua cintura envolvida por dois braços fortes que o trouxeram para mais perto, de encontro a um corpo acolhedor. A bola escapou, rolando para longe. Mas não importou. Kagami girou no abraço e no segundo seguinte estavam se beijando, no meio da quadra fria e deserta, momentaneamente esquecidos do mundo em derredor, como os dois idiotas que eram.

Quem os visse em tal estado de abandono, perdidos no beijo de cinema, jamais adivinharia como o começo do relacionamento fora exotico e inusitado.

Mas, é como dizem por aí. Depois da tempestade o que vem é a bonança.

Fim

Kagami comprou a quantidade de sempre de hambúrgueres e foi para a sua mesa preferida no Maji Burger. Deu uma mordida no primeiro e mastigou sem vontade alguma, desanimado.

— Perdeu o jogo, Kagami kun?

A pergunta fez Taiga engasgar com o lanche. Olhou para Kuroko.

— Tem que parar com isso! Ainda vai matar um.

— Não faço de propósito. Você não respondeu, Kagami kun. Passou a manhã toda desanimado...

O ruivo fez um gesto de mão.

— Não. Eu ganhei, sou um escravo alforriado agora. Livre. Mas...

— Mas...?

— Desafiei Daiki para outro jogo de honra... e perdi, merda.

Kuroko deu um gole no Milk Shake.

— Quantos jogos tem que vencer?

— Vinte e três — respondeu com a expressão de quem sabe que é um idiota ferrado.

Tetsu quase engasgou. Quase. Ao invés disso uma nova dúvida apareceu em sua mente.

— E o que Kagami kun perdeu?

Um vermelhão subiu rápido pelo pescoço de Taiga, deixando toda sua face mais vermelha que os cabelos. As orelhas pareciam em chamas. Ele não respondeu à pergunta e Kuroko achou melhor não insistir. Certas coisas era melhor nem saber!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.