Tempest

Capítulo 02 - Sem saída


Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 02 – Sem saída

O sorriso de Daiki apenas aumentou, arrepiando o outro rapaz de um jeito bem desagradável.

A partir de hoje, Kagami, você será meu escravo.

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— O quê?!! — Taiga repetiu ficando em pé com um salto.

— A derrota te deixou surdo, baka? Eu disse que você é meu escravo. A partir de hoje tem que fazer tudo o que eu mandar.

— Ficou louco? Eu não aceito isso! Escolha outra coisa.

Aomine ficou sério.

— Não — estava adorando a expressão de desespero do garoto. Se pressionasse um pouco ele começaria a implorar? — Escravo.

— Pára com isso! — Taiga avançou e segurou na frente da blusa do rival, empurrando-o até que batesse as costas contra a grade de arame.

Daiki não pareceu surpreso. Esperava uma reação assim a qualquer momento. E não seria tão divertido se fosse diferente. A graça estava em ter aquele cara na palma da mão e quebrar sua pose. Esmagá-lo até que não sobrasse nada.

— Me refresque a memória. Quem sugeriu a aposta?

Kagami trincou os dentes e respondeu de mau modo.

— Eu.

— Aa... e quem decidiu qual seria o prêmio? — Daiki estava adorando provocar.

— Tsc. Eu — desviou os olhos avermelhados.

— Quem perdeu no um contra um?

— Eu! — Taiga acabou soltando-o com um empurrão violento — Mas pensei que você ia querer meu tênis ou algo assim, cacete!

O outro enfiou o dedinho na orelha e começou a coçá-la, numa pose displicente.

— Se queria perder o tênis devia ter deixado claro nas regras, baka. Eu ganhei e escolhi meu prêmio. Não seja um bebê chorão.

— AOMINE...

O referido cortou a reclamação erguendo a mão e dando dois tapinhas de leve no rosto de Kagami.

— Aomine sama. Trate seu dono com respeito.

O rapaz ficou lívido, como se todo o sangue de sua face tivesse desaparecido para, em seguida, voltar com força total, deixando-o vermelho de raiva. Afastou aquela mão ousada com um gesto brusco.

— Filho de uma puta. Quero revanche! Vou vencer você e...

— Tem que me vencer três vezes. É um jogo de honra, lembra?

— Vou vencer!

— Tudo bem. Terá a revanche, mas não hoje. Estou cansado e quero me divertir com sua cara por um tempo — foi em direção a mochila e a pegou, colocando em um ombro — Ah, me dá o seu número.

— O quê?

A pergunta fez Daiki franzir as sobrancelhas.

— Você é surdo ou retardado? Me dá o numero do seu telefone.

— Por quê?!

— Um escravo não pode questionar seu dono, baka. Quando vai aprender?

Kagami cerrou os punhos com força, tentando conter a vontade de encaixar um soco naquele nariz e acabar com a história de “dono” e “escravo”, talvez tirar um pouco de sangue. Se quebrasse um ou dois dentes na sorte consideraria um abono extra.

— Você divertiu-se bastante. A brincadeira acaba aqui.

— A brincadeira acaba quando eu disser, escravo. Você deu sua palavra, seja homem e honre a promessa.

Aquilo esfriou a raiva de Kagami. Ele geralmente cumpria suas promessas. Sabia que o outro usava seu caráter correto para manipulá-lo. Mas podia quebrar o acordo? Ele fizera a proposta do desafio, ele decidira que o vencedor tinha direito de exigir qualquer coisa. Ele perdera o jogo. Respirou fundo, resignando-se.

Aomine cruzou as mãos atrás da cabeça, vendo que o ruivo se dava por vencido. Sorriu largo, fora muito mais fácil do que esperara!

— Pega a porra do número — Taiga resmungou com um bico.

— Olha esses modos, escravo. Fale direito comigo.

— Fale direito o cace... — começou a reclamação, mas parou diante do olhar que recebeu — Pega o número.

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Daiki balançou o dedo na frente de Kagami, repreendendo-o como se fosse uma criança.

— “Pega o número, Aomine sama”, é como você tem que falar — terminou a frase sorrindo largo, cheio de si.

O ruivo engoliu em seco, aborrecido.

— Não vou falar assim! Nunca! Nem nos seus sonhos, aho!!

Ao responder, Daiki abriu um sorriso tão cheio de dentes que atrairia propostas para estrelar um comercial de creme dental no horário nobre.

— Em primeiro lugar, meus sonhos não têm você, ou seriam pesadelos. Em segundo lugar, você sabe que eu to me divertindo muito com isso, não sabe? E enquanto não for um bom escravo não vou te dar uma revanche. Vai ser meu escravo pela vida inteira desse jeito...

Kagami pareceu entender o ponto. Quanto mais relutasse, mais Daiki o provocaria e esticaria a brincadeira. Talvez se perdesse a graça logo, ele o liberasse e o deixasse em paz. Abaixou a cabeça encobrindo o rosto com a franja. Apesar de tudo era uma brincadeira humilhante.

— PegaonúmeroAominesama... — sussurrou.

O outro ficou sério.

— Não entendi — e ele não estava debochando. Não compreendera mesmo aquele resmungo mau humorado.

Taiga rosnou alguma coisa antes de erguer a cabeça, com chamas avermelhadas no olhar e repetir em tom bem firme.

— Anote o número, Aomine sama — afinal de contas era um homem de palavra. Se tinha que pagar por seus erros, então faria de cabeça erguida. Por mais degradante que fosse. Colhia o que plantara, no fim das contas. Até que o outro lhe desse a revanche não fugiria do castigo.

A atitude pegou Daiki de surpresa. Foi impossível não ficar com um pouco de raiva, já que queria judiar mais. Enfim, pensaria em mil e uma formas de humilhar aquele ruivo e fazê-lo pagar. A festa estava longe de acabar.

— Muito bem, escravo — analisou atentamente o ruivo, graças a isso viu como a face ficava tensa. Mesmo que tentasse não se irritar, Kagami não conseguia. No fundo estava odiando a situação. Ótimo. Quebraria aquela máscara rapidamente — Agora que tenho o número do seu celular aguarde a próxima ordem. Entro em contato em breve. Seja um bom menino até lá.

Taiga sentiu um impulso quase irresistível de pegar a bola do chão e arremessar contra a nuca do garoto que se afastava com passos confiantes, ambas as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Maldito!

Ao invés disso apenas chutou a bola com toda a sua força, contra a grade de arame. Não serviu para extravasar a raiva. Pelo contrário. Vida de merda.

oOo

Daiki caminhou tranquilamente pela rua. Desde que conhecera aquele ruivo a vida nunca mais fora a mesma. Jamais imaginara que pudesse se divertir tanto em uma vingança. As caras que Kagami fazia eram impagáveis! Tinha o ruivo na palma da mão, com o argumento de que homens de verdade precisam honrar a palavra dada.

Sim, o tinha bem preso na palma da mão, mas seu objetivo era esmagá-lo como esmagaria um verme com a sola do tênis. Sem piedade.

Agora tinha um pequeno probleminha. Agarrara a oportunidade de humilhar o rival, meio que no impulso do calor do momento. O plano surgira em sua mente praticamente do nada. Teria que pensar calmamente no que fazer. O que iria exigir para seu escravo? Os trabalhos da escola? Um bom começo.

Inocente demais.

Kagami merecia algum castigo muito pior! Dificultoso, ofensivo, degradante e... divertido para si, claro. Nada impossível ou que o fizesse mudar de idéia sobre cumprir a promessa. Pretendia piorar conforme o ruivo se acostumasse com a situação.

A resposta saltou diante de seus olhos, clara com a luz do dia. Um sorriso predatório iluminou sua face e atraiu olhares de alguns transeuntes, pois o rapaz irradiou uma aura de pura satisfação.

Sabia exatamente o que ia exigir.

Como era bom estar vivo!

continua...