Oportunidades

▸Missing.


O sol alto riscava o céu por entre as nuvens que iam se achegando para, futuramente, precipitarem-se em chuva. O tempo estava ameaçador, mas a convicção de que demoraria mais um pouco até a primeira gota cair era mais forte.

Uma mulher caminhava pela rua. Dona de chamativos cabelos loiros presos num penteado singular e também de um andar tão determinado quanto os olhos verdes vivos, parecia estar com um pouco de pressa. Pegara um trem e desembarcou ali perto, já estava a alguns metros da estação. E andava imponente, com ar de importante, mas sem parecer esnobe. A tarefa que iria fazer era simples.

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As aulas do seu filho haviam começado há menos de uma semana, e ela e o marido revezavam sobre levá-lo e buscá-lo. Shikamaru pegara a tarefa da manhã. Agora, na saída, era a vez de Temari.

Já podia ver a sombra do antigo colégio ao longe, precisaria atravessar a rua. E enquanto caminhava em direção à faixa de pedestres, a primeira lágrima do céu atingiu a ponta do seu nariz. E logo chovia como nunca. Ainda bem que tinha levado seu guarda-chuva, por precaução.

Esperou alguns minutos, o suficiente para o semáforo indicar que poderia passar. A rua não estava tão movimentada, mas mantinha um fluxo constante de pessoas e veículos. Estavam se aproximando da tão conhecida hora do rush. Temari não teria paciência para enfrentar o trânsito, não mesmo. Já não era muito familiarizada com aquela cidade, toda complicada de se viver. De onde viera, as coisas eram mais simples. Isso a lembrou dos seus irmãos, já fazia tempo que não os visitava. Administrar família era uma tarefa exigente. Ainda mais seu marido sendo quem era, certos hábitos nunca mudariam.

A confirmação de que poderia atravessar veio, e pôs o primeiro pé no asfalto molhado. Os carros diante de si, com motoristas visivelmente estressados e com as palhetas entrando em ação, espantando as gotas que embaçavam suas vistas.

E chegou ao meio da larga pista, pensando no que o menino preguiçoso estaria fazendo enquanto a esperava. Era impressionante o quanto Shikadai se parecia com o pai, embora ela acreditasse também ter lhe dado alguns traços. Afinal, seu sangue também corria nas veias do filho.

A loira passou pelo último carro por qual faltava passar, quando ouviu uma voz grave gritar:

— Adianta!

Mas não deu tempo de sequer virar-se. Numa hora estava de pé, noutra sentia seu corpo encharcado, de água e de vermelho. Perdeu os sentidos e sua cabeça voltou-se para os limites da imaginação.

Estava num quarto branco, e via uma garrafa de vodka, talvez, à sua frente.