Love Remains

Explicações


MEGAN

Meu sequestro foi abafado pela SHIELD. Era melhor assim, não queria que meus pais e familiares se preocupassem por algo que já havia ocorrido, pelo menos não até que eu descobrisse a verdade.

Depois de meu resgate e da morte de Scott, a SHIELD tomou a frente das investigações. Relatei tudo o que havia acontecido naquela sala mais de dez vezes até que minha cabeça voltasse a latejar.

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A mulher que comandava Scott não deixara rastros e os frascos contendo meu sangue também foram levados.

A pedido do Diretor Fury, Julie e Steve me levaram até a sede da SHIELD em Washington onde eu me encontrava nesse momento.

— Isso é mesmo necessário? – Perguntei pela milésima vez à Dra. Castillo, especialista no que se refere à “Casos Especiais” na SHIELD. Depois de ter o braço espetado tantas vezes em menos de 24 horas, a visão da agulha em meu braço não me causava mais nada além de tédio.

— Precisamos analisar seu sangue, Srta. Hoffman – ela sorriu em desculpa, ajeitando seus óculos.

— Deve haver algo de muito especial nele para que a levassem só por isso – Julie comentou de onde estava, encostada no batente da porta.

— Nem me fale. Tenho que ter uma conversa séria com meus pais – desenrolei a manga do suéter que me deram para usar já que meu vestido estava um trapo. – Obrigada, Dra. Castillo.

— A análise deve estar pronta em no máximo 2 horas. Avisarei quando houver um resultado – ela respondeu amistosamente.

— Onde está o Steve? – perguntei assim que chegamos no corredor. Ele não havia saído do meu lado desde que me encontrara, mas só com uma chamada de Fury, ele desapareceu.

— Fury o designou para uma missão – Julie disse, enquanto me guiava até uma sala de descanso. – Provavelmente tem a ver com a mulher que ordenou o seu sequestro.

A sala era espaçosa e moderna como todo o resto do prédio. As grandes janelas de vidro mostravam a linda vista do Potomac, o rio que banhava Washington.

— Ela e o tal Barão que ela mencionou. – A mulher havia dito outro nome, Megan tinha certeza, mas a palavra continuava a fugir de sua mente. – E o Brad, ele não está aqui?

— Não, ele está se preparando para acompanhar o Sr. Secretário da SHIELD para uma conferência ou algo assim – ela respondeu, se atirando na poltrona. – É melhor desse jeito mesmo.

— Como assim? – Julie me deixava realmente confusa às vezes. – Depois de anos afastados, você finalmente o reencontra e agora quer que ele fique longe?

— Eu sei que é estranho, mas não quero que ele me veja assim – Julie apontou para si mesma como se isso fosse alguma indicação de que havia algo errado.

— Assim como, Julie?

— É sobre “Ele” – Julie explicou. Loki? — Não. Não fala o nome dele em voz alta. Não quero que ele preste atenção e escute o que eu estou dizendo.

— Como assim escutar? A conexão evoluiu?

— Esse é um modo de explicar – ela riu para si mesma. – Não sei como, mas para encontrar você, estávamos em um beco sem saída pois não havia forma de te rastrear então eu me tranquei no quarto e pedi ajuda a ele – Julie falava tão rápido que tive dificuldade em acompanhar seu raciocínio. Aquilo realmente não era fácil para ela. – Nos comunicamos mentalmente, ele até conjurou a sua localização para aparecer em forma de papel na minha mão. Então sim, não quero que Brad esteja comigo porque ele está sempre na minha cabeça, nos meus pensamentos e ele me passa sentimentos intensos demais. É como se eu estivesse traindo o Brad com um fantasma.

— Ok... Respire fundo – Julie fez como pedi, mas logo a calma cessou.

— Ahh, não. Só pode estar brincando – ela falou em voz alta, olhando para o teto. Virou-se para mim e seu rosto parecia estar pegando fogo. – Loki escutou tudo. Minha privacidade é inexistente.

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— Tem que haver um modo de quebrar essa conexão.

— Acho que o único modo é a morte e não estou disposta a tentar. E nem ele – Julie suspirou, pesadamente. De repente, ela parecia apenas uma jovem adulta extremamente cansada. – O que eu faço, Megs?

Como eu posso saber?, foi a frase que veio à minha mente. Toda essa história de Julie com Loki parecia pessoal e íntima demais. Havia sentimentos conflituosos demais em uma só pessoa.

— Você ama o Brad?

— Claro. Ele é meu melhor amigo – Julie hesitou. – Depois de você, é claro.

— Claro – concordei, mais para deixá-la relaxada. – Como o Brad faz você se sentir?

Julie parou e consegui sentir a hesitação em sua expressão.

— Você quer mesmo os detalhes? – sua expressão voltou a ser divertida, mas por um segundo pude ver suas dúvidas por baixo daquela máscara de deboche. – Bem, o sexo é ótimo. Incrível, na verdade.

— Detalhes sentimentais, Julie – corrigi antes que ela detalhasse toda sua vida sexual.

— Ahh, sei lá – seu olhar vasculhava a sala como se fosse encontrar as respostas que precisava na mobília. – Eu o conheço há tanto tempo e o amei por tanto tempo que é difícil explicar. Quando o reencontrei, achei que meu coração fosse explodir e depois houve tudo aquilo e quando me dei conta, estávamos namorando e pareceu tão certo.

— Não parece certo agora? – Perguntei, sem pontuar o fato dela usar o verbo amar no passado.

— Aí é que está – Julie olhou para mim, atormentada. - Há outra consciência compartilhando meus pensamentos. E se o que eu sinto não for eu, mas ele? E se estou fadada a viver assim para sempre, como posso ficar com Brad?

— Como ele a faz sentir? – Evitei falar Loki em voz alta, não queria que Julie se fechasse novamente.

— Ele? É como uma correnteza – Julie tentou explicar. – Tudo nele é tão intenso que tenho medo de me deixar levar e me perder no caminho. São sentimentos fortes demais para mortais entenderem e tenho medo de me aproximar demais.

— Por quê?

— E se meus sentimentos mudarem? E se eu mudar? – Julie passou a mão pelos cabelos, cansada. – O que pode acontecer se eu me deixar levar? Já não consigo mais vê-lo como um monstro, mesmo depois de tudo que ele fez. Não consigo.

— Você devia contar ao Brad. Tenho certeza que ele entenderia.

— Desde que nos conhecemos, nunca escondemos nada um do outro e agora estou mentindo para ele todos os dias – Julie disse. – Não tenho certeza de mais nada.

Algumas horas mais tarde, a Dra. Castillo trouxe o resultado das análises feitas em meu sangue. Fury nos convocou até sua sala para ter mais uma peça do quebra cabeça que meu sequestro se mostrava ser.

— Então, Doutora. O que tem para nós? – Fury perguntou, prontamente.

— A Srta. Já teve alguma doença ou teve que tirar um dia de folga por doença, alguma vez?

— De cabeça, não consigo lembrar – respondi. – Você lembra de algo, Julie?

— Na verdade, não, mas você deve ter pego um resfriado alguma vez na vida – Julie argumentou, mas eu realmente não conseguia lembrar.

Meu cérebro parecia uma caixa vazia onde meu histórico de doenças devia constar.

— Não acho que a Srta. Hoffman tenha a capacidade de pegar um resfriado ou qualquer doença – A Dra. Castillo explicou.

— O que quer dizer com isso? – Fury perguntou antes que eu pensasse em argumentar.

— Analisamos o sangue da Srta. Hoffman e checamos com o banco de dados da SHIELD – ela começou. – Não encontramos nada até que analisei a estrutura do DNA e foi onde fiz minha descoberta.

A dra. Castillo entregou a Fury uma pasta que parecia antiga que o Diretor abriu na hora.

Esperamos que ele falasse alguma coisa, mas Fury continuava quieto como uma estátua.

— Pode falar de uma vez o que eu tenho? – exclamei.

—O que foi feito a você – corrigiu a Doutora. – Você recebeu o soro do Super Soldado na infância, mas por ser uma versão fracionada vinda do sangue de Steve Rogers, você apenas reteve o poder de cura da fórmula original do Dr. Erskine. O que significa que você nunca fica doente.

— Isso não faz o menor sentido – afirmei, depois de um longo tempo em silêncio. – Não pode ser. Meus pais não esconderiam algo tão grande assim.

— Esconderiam se fosse para protegê-la – Fury falou, ainda olhando os documentos na pasta. – Sua avó, Elisabeth, era irmã da fundadora e primeira diretora da SHIELD, Margareth Carter. É sabido que a Diretora Carter veio a possuir um frasco do sangue de Steve Rogers logo depois do fim da 2ª Guerra, mas nos arquivos consta que ela havia destruído o frasco para não cair em mãos erradas.

— E destruiu.

Uma voz vinda da saída se fez presente. Ela passou pela porta, seus cabelos louros brilhando à luz artificial. Seus olhos castanhos logo encontraram os meus.

— Agente 13. Obrigado por ter vindo – Fury disse.

Sharon assentiu e se aproximou. Suas mãos estavam ocupadas com pastas que Megan suspeitava se relacionar a ela.

— Como vai, Megan? – Sharon perguntou. – Vim assim que soube o que aconteceu com você.

— Agora estou bem, obrigada. – Respondi, educadamente. Sharon e eu podíamos não ser próximas e já tivemos nosso número de brigas, mas éramos família.

— Julie – Sharon cumprimentou e Julie apenas respondeu com um aceno.

— Você sabe de algo sobre o que aconteceu comigo?

— Sim, por isso estou aqui – Sharon despejou as pastas na mesa de Fury. – Isso é tudo que encontrei sobre seu caso nos arquivos pessoais da tia Peggy. Aqui há tudo detalhado sobre o procedimento do sangue que foi injetado em você.

— Então é verdade? Megan tem uma versão do soro correndo pelas veias? – Julie perguntou.

— Sim. De acordo com os documentos, você teve leucemia quando tinha 3 anos de idade – Sharon começou. – A doença já estava em um estado avançado e seus pais já estavam desacreditados. Foi quando a tia Peggy encontrou o último frasco com o sangue do Capitão América que havia estado em posse de Howard Stark. Quando Stark e a esposa morreram em decorrência do acidente de carro, a tia Peggy ficou com a última amostra para não cair em mãos erradas.

Minha cabeça estava latejando. Meus pais realmente me deviam explicações.

— Você estava à beira da morte e, em uma última tentativa, a tia Peggy e um grupo de cientistas de confiança dela, realizaram o procedimento. – Sharon me entregou um arquivo que relatava o procedimento. Havia nomes de cientistas que eu não reconhecia: Henry Pym, Bill Foster, Andrea Janson, Callie Yager e Marla Madison.

— Por medo de tentarem algo contra você para obter seu sangue, todos os registros foram pagados, exceto esses que ela guardou. – Sharon completou.

— Mas agora, alguém sabe – Fury falou. – E o pior, eles já possuem o seu sangue.

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— O que podemos fazer? – Julie perguntou o que eu não conseguia. Minha garganta parecia fechada.

— Esperamos o próximo passo deles – Fury respondeu e nunca o vi tão preocupado. – Quem quer que sejam.