Love Remains

Feita de Lembranças e Dor


MEGAN

A semana havia passado voando. Em meio a provas, trabalhos e estresse de começo de ano até que estava indo tudo bem.

Bom, exceto Scott.

Desde que voltei de minha pequena viagem com Steve, Scott raramente falava comigo. Se falava, apenas comentava sobre a minha falta de organização ou para avisar que iria chagar tarde, o que ele fazia quase toda noite.

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Olhei para o relógio na parede. Eram quase oito horas e Steve provavelmente estaria chegando. Não sei porque havia aceitado o convite ou porque fiquei tão feliz quando o fiz. Eu sabia que ele e tia Peggy se envolveram no passado não tão distante para ele, o que me fazia questionar se ele só havia se interessado em mim porque eu posso lembrá-la de algum modo.

Calma Megan. Agora não e hora de ficar paranóica.

Alinhei o vestido calmamente, passando minhas mãos pelo suave tecido branco bordado de flores azuis. Era um dos meus preferidos. Verifiquei a presilha no lado esquerdo do meu cabelo me certificando de que estava bem preso.

Uma batida na porta foi o suficiente para eu me mexer. Sorri uma última vez para meu reflexo e caminhei até a porta. Encontrei o olhar de Steve do outro lado, vestindo calça jeans e blazer escuros.

— Você está… - ele de repente ficou muito vermelho.

— Bonita, maravilhosa ou surpreendente? – falei, tentando quebrar o gelo.

— Os três – ele respondeu timidamente – O seu colega não está?

— Na verdade, ele saiu há algumas horas – falei, lembrando de Scott indo embora de cara fechada – Provavelmente, não vai voltar hoje. Por que a pergunta?

— Nada. Só tenho a sensação de que ele não gosta muito de mim.

Não falei nada por mais que eu soubesse que ele estava certo.

— Bem, vamos? – perguntei – A Julie vai me matar se eu me atrasar.

JULIE

— Julie vamos logo – Brad me chamou, do outro lado da porta – Você está há mais de uma hora aí dentro.

Homens realmente não entendem. Não que eu fosse muito do tipo de pessoa que se maquia para tudo, mas hoje era uma ocasião especial. Terminei de amarrar meu cabelo e coloquei meus longos brincos dourados.

— Já estou indo – falei, resmungando.

Fui até meu espelho e com uma angustia velada notei minha aparência.

O tecido verde esmeralda era macio ao toque. Nem sei porque o comprei. Apenas senti o empulso de comprá-lo para usar nesta noite.

Verde e dourado. As cores de Loki.

Respirei fundo, tentando esquecer essa ligação restante entre nós. Fui até a porta e a abri torcendo para que Brad não notasse minha escolha de vestuário.

— Você está linda – ele disse, pegando minha mão.

— Como sempre, mas obrigado – falei, deixando com que ele me guiasse escada abaixo.

A mansão já estava lotada de pessoas que, em maioria, eu nem conhecia. Reconheci alguns rostos na multidão, Bruce estava perto do bar evitando todo mundo, Natasha e Clint estavam juntos provavelmente comentando sobre os ricos esnobes que passavam na frente deles. Enquanto descia as escadas com Brad ao meu lado, notei Happy falando com minha mãe e Marc.

Chegamos até eles em questão de instantes. Mamãe usava um lindo vestido vermelho longo, realçando seus olhos cinzentos.

— estas tan bella mi hija – minha mãe disse e se ela diz em espanhol é porque ela está falando sério.

— Gracias, madre – respondi – Onde está o meu pai?

— Foi buscar a Srta. Potts – Happy respondeu prontamente – Ele quer que seja uma surpresa por isso ele vai mandar uma mensagem para mim para desligar tudo quando eles chegarem.

— Parece que o Tony finalmente está aprendendo a ser romântico – Louise acrescentou me fazendo revirar os olhos em resposta – Antes tarde do que nunca.

— Onde está o meu irmão? – perguntei, notando que John não estava ali.

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— Está com a babá em casa – Marc respondeu – Ele ainda estava dormindo quando saímos.

Assenti. Devido ao meu novo trabalho, eu mal parava em casa muito menos ia pra casa da mamãe. Fazia duas semanas que eu não via meu irmão e a saudade já me corroía por dentro.

— Olha só quem chegou – Brad disse, apertando minha mão.

Observei enquanto Megan e Steve entravam. Sorri para mim mesma, Steve parecia um adolescente envergonhado ao lado de Megan que, como sempre, estava fabulosa.

Deixei Brad conversando com o Happy e fui até eles.

— Olha só quem está aqui – falei, indicando Steve. Megan apenas sorriu e me deu aquele olhar de “isso é tudo culpa sua”. Eu poderia responder que não. Eu apenas ajudei no início, o que eles fizeram ou vão fazer depende deles, mas reconheço que é ótimo bancar o cupido. – Achei que não gostasse muito de festas.

— E não gosto – Steve respondeu – Estou aqui pela Megan e pela Pepper, é claro.

— É claro – concordei, sarcasticamente.

Logo depois, a mansão caiu em escuridão e todos ficaram em completo silêncio. Papai e Pepper haviam chegado.

Eles estraram devagar. Pepper usava uma venda nos olhos e papai a guiava. Ele estava se segurando para não rir.

— Já posso tirar? – Pepper perguntou, rindo com a situação.

— Pode – papai tirou a venda dos olhos de Pepper no momento em que todas as luzes acenderam e as pessoas bateram palmas e gritaram surpresa.

Pepper levou as mãos ao rosto, claramente em choque. Ela olhou para o papai que sorria feito um louco.

Depois de alguns minutos e uma fila interminável de boas vindas, me recostei no bar com uma taça de champagne em mãos. Meu pai e Pepper dançavam uma música lenta acompanhados de vários casais que nunca vi na vida, Megan e Steve conversavam animadamente e Brad havia desaparecido.

Não que eu estivesse a fim de falar com ele. Pelo contrário, era melhor ele ficar longe enquanto aquele vazio me preenchia, enquanto eu olhava para todos naquela sala e tudo o que mais desejava era ir embora.

Seriam esses meus sentimentos ou os de Loki, preenchendo o vazio que ele deixou em minha mente?

— Quer dançar? – me sobressaltei quando Brad sussurrou no meu ouvido, seu perfume preenchendo meus sentidos.

— Que susto! – dei um tapa em seu ombro mas ele apenas riu, estendendo a mão.

Aceitei o convite e começamos a dançar, uma música lenta e melodiosa. Tentei me concentrar na dança, nos passos a seguir, em Brad que estava mais bonito do que jamis havia o visto mas, por mais que tentasse, o vazio continuava lá. À espreita.

Como se nunca fosse ir embora.

— Está tudo bem? – Brad me olhava com preocupação em seus olhos azuis. Me forcei a sorrir.

— Estou. Só… estou com um pouco de dor de cabeça – as emoções agora transbordavam por mim: dor, perda e tristeza convergiam sobre minha mente, pesavam sobre meu coração.

— Julie… - Brad me olhava atentamente e percebi por quê. Lágrimas quentes desciam sobre minha pele, tentei para mas em vão. Aquelas não eram minhas lágrimas.

— Eu… vou me deitar – me afastei devagar, tentando conter o choro. – Só me deixe sozinha. Nos falamos amanhã.

Saí do salão à passos rápidos, tentando não encarar meus pais, Megan e Brad. Cheguei ás escadas e tirei os sapatos para correr até meu quarto.

Tranquei a porta e desabei, sentada no chão. O vestido verde agora parecia um cobertor, me protegendo daquela dor lancinante.

O que aconteceu com você?

Será que havia perdido alguém? Ele não estaria sentido tanta dor em seu coração se fosse por ele mesmo, mas por quem seria?

Sempre pensei que Loki não amasse nada.

— Jarvis, não deixe ninguém entrar no quarto. Nem mesmo meu pai.

— Como quiser, Srta. Stark.

Retirei o vestido e as joias e me afundei na cama. Meus soluços pareciam longe de acabar e pensei se o que ele estava sentindo estava passando direto para mim por nosso laço porque ele não podia chorar onde estava.

Esse pensamento apenas me deixou mais triste.

Me envolvi nas cobertas e chorei. Por Loki, por mim e por nosso estranho laço que nunca deixaria de nos conectar um ao outro.

MEGAN

Talvez eu realmente gostasse de Steve Rogers.

Era um grande talvez e tudo poderia dar completamente errado no dia seguinte mas eu poderia tentar.

Depois de dançarmos pelo o que pareceu horas, Steve me acompanhou até a varanda. A noite estrelada apenas deixava aquele momento melhor do que já estava.

— Não sabia que dançava tão bem – comentei sem olhar para ele.

— Bem, antes do soro eu tive muito tempo para praticar sozinho – Steve riu com lembranças passadas. – Ninguém queria dançar com o magricelo asmático.

Deveria ter sido difícil se encaixar naquela época. Querer ser um soldado e não poder fazer nada a respeito. Tia Peggy havia me contado essa história apenas nunca havia mencionado que fora Steve que havia aceitado ser uma cobaia porque ele queria fazer algo bom pelo país.

— Então considere-me sua parceira de dança ocasional – falei, por fim.

— Ocasional? – Steve se aproximou e não pela primeira vez naquela noite, notei o quão bonito ele ficava de smoking.

— É… sabe. Ocasionalmente tipo festas e jantares e lugares… assim – terminei, desajeitadamente.

— Eu gostaria disso – ele se aproximava cada vez mais. Controlei meus sentidos e todos os pensamentos opostos que colidiam em minha mente quando ele pegou minha mão que descansava sobre o parapeito.

Segundos pareceram horas enquanto Steve segurava minha mão, seus olhos azuis vidrados em mim. Estávamos tão perto um do outro que eu poderia beijá-lo se me inclinasse um pouco.

Eu queria beijá-lo. Muito.

Me inclinei devagar e Steve não recuou. Pelo contrário, seus lábios se abriram parcialmente e seus olhos fecharam. Tão perto.

A voz de Brad chamando por Julie me acordou daquele sonho. Steve e eu nos soltamos rapidamente como se tivéssemos sido queimados pelo contato.

Virei a tempo de ver Julie correr para as escadas do segundo andar, o vestido verde farfalhando. Brad correu atrás dela e eu quase corri também para avisá-lo que deveria deixá-la sozinha.

— Será que ela está bem? – Steve perguntou e eu tive de voltar a encará-lo.

Constrangimento era uma palavra leve para o que eu sentia.

— Desculpe, acho que eu… tenho que ver como ela está – menti e saí de lá a passos largos sem espera uma resposta.

Ao invés de ir atrás de Julie, corri para fora da mansão. A brisa do mar me envolveu quando atravessei os portões e fiquei lá, pensando em como eu era idiota por ter fugido.

Caminhei mais um pouco. Steve não veio atrás de mim e nem queria que ele viesse.

Sentei na grama e apenas encarei o mar. Fugi da festa e de Steve como uma covarde sem nem pensar duas vezes.

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A verdade era que relacionamentos me assustavam tanto quanto filmes de terror. Nunca fui boa nisso, se abrir para alguém e esperar que aquela pessoa não pisasse no seu coração exigia muita confiança e também nunca fui boa nisso.

Me levantei, pronta para voltar, quando ouvi passos. Só podia ser Steve que havia me achado sentada no meio do nada remoendo minhas memórias tristes. Patética. Mas quando virei não havia ninguém ali.

Comecei a andar quando algo me agarrou. Me debati contra seus braços quando ele colocou o pano sobre meu nariz, o cheiro forte invadindo minha mente. Tentei gritar mas meu corpo não mais respondia e meus olhos pesavam cada vez mais.

A última coisa que senti foram dedos gentis passeando por meu rosto.