O ruivo estava zapeando os canais da TV na sala de estar, quando percebeu Hermione se aproximar com uma bandeja.

– Eu trouxe um lanche pra você. - disse Hermione pousando a bandeja sobre a mesa de centro da sala.

Ele nada respondeu.

– Como você está? - perguntou tentando iniciar uma conversa.

– Como estou o quê? - perguntou, finalmente olhando para ela.

– Perguntei como você está? Se está melhor depois de hoje cedo?

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– O que passa pela sua cabeça ein garota? - se levantou. - Por que acha que pode chegar aqui e querer falar sobre a minha vida?

– Talvez porque fizemos isso hoje cedo? - respondeu com outra pergunta.

– Não fizemos nada hoje. Esqueça isso!

– Meu Deus, eu só perguntei se você estava bem! - disse esbravecida cruzando os braços.

– Dane-se o que perguntou!

– Por que está ficando grosso comigo de novo?

– Quer saber? Chega! - ele se encaminhou até a morena e ela temeu por um breve segundo. Mas logo percebeu que o foco dele era outro.

– O QUE VOCÊ FEZ? - alterou o tom de voz. O ruivo havia atirado um dos vasos de Bellatrix no chão. - FICOU MALUCO?.

– Ouvi um barulho de algo se estilhaçando no ch... - Bellatrix não terminou sua frase. Desceu as escadas correndo se encaminhando até os dois jovens. - O QUE VOCÊ FEZ SUA IDIOTA?

– Ela derrubou esse seu vaso ridículo. - disse Ronald.

– Eu derrubei? - perguntou Hermione incrédula.

– Sim, eu vi. Não se faça de desentendida. - respondeu o ruivo.

– Que absurdo! - ainda não acreditava no que o ruivo havia feito.

– Que absurdo digo eu! Você sabe muito bem de onde vai sair o dinheiro para repôr este vaso não é mesmo sua imunda? - disse Bellatrix, e Ronald teve vontade de sair em defesa da morena mas se conteve.

– Mas... eu não fiz nada. Dona Bella, por favor... - ela sabia que o dinheiro sairia da única parte de seu salário que recebia diretamente em suas mãos. E ficaria sem recebê-lo por muito tempo, levando em conta o alto preço do objeto.

– Não me chame de Bella sua inútil, nunca lhe dei esta intimidade. Acho bom tomar cuidado, ou pode dar adeus a sua estadia aqui. E limpe estes estilhaços agora! - dizendo isso ela saiu.

Ronald voltou o olhar para a morena e percebeu que seus olhos estavam marejados. Ela se retirou e quando voltou se pôs a recolher os cacos de vidro, ele percebeu que ela chorava silenciosamente.

– Precisa mesmo ficar me olhando enquanto limpo a bagunça que você fez? Já não basta eu ser punida por sua culpa? - ela levantou o olhar para ele, ao perceber que era fitada - Ou é prazeroso demais assistir tudo isso de camarote? - se levantou - Fique sabendo Weasley que eu nunca desejei o seu mal, só queria saber como estava, você parecia muito aborrecido hoje cedo. Mas parece que nem a minha compaixão você merece. - a morena saiu deixando-o sozinho.

Ele sentiu um aperto no peito. Odiou tê-la feito chorar. Mas não podia ceder, não podia defendê-la ou assumir a culpa. Ele jurou a si mesmo que não levaria a paixão pela morena a sério, e não levaria mesmo... ou pelo menos, iria tentar.

(...)

– Mas que droga, Hermione! – disse Comarc no telefone – Você não sabe a vontade que tenho de tirar você daí e jogar uma bomba nesta casa!

– Comarc! – disse assustada – Nem todos são maus aqui. – defendeu os moradores de residência Weasley.

– Ok, tudo bem. Acertar um míssil na cabeça da megera e outro na cabeça do bolo de cenoura já é o suficiente. – ele tentou descontrair, mas suas palavras não surtiram muito efeito. – Eu pago aquela porcaria, entendeu?

– Não, eu faço questão de pagar. Não vou dar o gosto da vitória para aquele idiota.

– Não seja orgulhosa.

– Pelo que me lembre você dizia para que eu não me menosprezasse.

– E o que isso tem a ver? - perguntou irritado.

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– É assim que vou me sentir se deixar você fazer isso, uma incapaz. – ela ouviu o barulho de um carro sendo estacionado. – Acho melhor desligar... tem alguém chegando.

– Ok, continuamos essa conversa depois. Só vou deixar você desligar porque algum intrometido nos atrapalhou. – ele estava imitando a voz dela – Entendeu, francesinha? – a pronuncia do apelido a fez rir – Consegui um sorriso? – perguntou animado.

– Conseguiu. – respondeu.

– Ótimo, assim é melhor.

– Tchau. – desligou o telefone e suspirou profundamente.

Haviam feito um grande progresso, uma conversa inteira no telefone com o namorado sem ele reclamar de ciúme ou qualquer coisa do tipo. Foi desperta de seus pensamentos por Harry, que adentrara na cozinha.

– Oi Mione! – disse sorridente.

– Oi Harry. – tentou esboçar um sorriso. – Queria mesmo falar com você.

– Êpa, podemos falar sobre isso depois. Você estava chorando? – se aproximou dela.

– É claro que não! Está maluco? – tentou disfarçar indo pegar um copo de água, mas foi interrompida por Harry que segurou seu braço.

– Eu não, mas você parece que sim. Acha que não te conheço o suficiente pra saber se está bem ou não?

– Acho que com o tempo as pessoas esquecem como as outras são. – desvencilhou-se.

– Não as que são importantes para elas. Muito menos suas melhores amigas.

Hermione sorriu. Ter o amigo de volta era maravilhoso, e saber que ele continuava o mesmo garotinho de anos atrás que se preocupava com ela, era ainda melhor. Então ela se dirigiu ao moreno e o abraçou, sentia falta dele, muita falta.

– Desculpe.

– Não precisa se desculpar... só me prometa que não vai mais pensar uma bobagem dessas! Onde já se viu, esquecer da minha única irmãzinha que encontrei por aí no mundo? – ela riu.

– Eu prometo.

– Ok – saiu do abraço – já que não vai me contar por que estava chorando. Me diga o que iria pedir hoje cedo? – o sorriso dela ficou maior ainda.

(...)

– Harry disse que já chegou e até agora não subiu. – disse Ronald.

– Ah, ele deve estar esperando seu adversário chegar. Ou, ele foi falar com a Mione e já já sobe. – respondeu Gina.

Os dois irmãos esperavam Harry no quarto de Rony. Aguardavam o moreno chegar com um jogador de xadrez melhor que Rony. Os dois irmãos acreditavam ser uma brincadeira de Harry, afinal quem seria melhor que o ruivo no xadrez? A ideia da brincadeira se confirmou na cabeça dos irmãos quando Harry entrou no quarto com Hermione.

– Cheguei! – disse puxando Hermione para dentro.

– Por que trouxe ela aqui? – perguntou o ruivo com raiva.

– Oras, Harry me disse que precisava de uma jogadora de xadrez melhor que você. E já que estou devendo uma a ele, eu vim. – Hermione respondeu, e os ruivos caíram na gargalhada.

– É sério isso? – perguntou Gina. – Você sabe jogar xadrez, Mione?

– Saber jogar não significa que vai ganhar de mim. – disse Rony. – Nunca perdi uma partida.

– Bom, - Hermione cruzou os braços - parece que logo abaixo de nos odiarmos, o próximo item da lista das coisas que temos em comum é este. Pois eu também nunca perdi uma partida. – o desafiou.

Sentiu seu sangue ferver. Então ele teve certeza, não devia e nem estava apaixonado por aquela baixinha abusada que o desafiava na frente de sua irmã e seu cunhado.

– Eu não vou jogar com você. – declarou.

– Está com medo de perder pra uma garota? Ou melhor, está com medo de perder pra mim, Roniquinho? – ironizou.

– Não. Só não quero humilhar você... – “mais uma vez.” A frase morreu em seus lábios.

– Parece que essa disputa merece apostas, não é? – disse Gina animada.

– Todo o dinheiro da carteira? – perguntou Harry.

– Todo o dinheiro da carteira! – concordou a ruiva.

Os dois foram esvaziando suas carteiras e Hermione ficou assustada ao ver todo o dinheiro que os dois levavam em sua carteiras. “Que perigo!” pensou. Colocaram o dinheiro ao lado do tabuleiro que estava em cima da enorme cama do ruivo.

Todos se sentaram, Hermione frente à frente a Ronald, Gina e Harry cada um em uma das laterais do tabuleiro.

– Esperem! – disse Gina repentinamente assustando Hermione – Antes de começarem, temos que decidir o que faremos com o dinheiro.

– Bom, primeiro temos que escolher um dos dois, não é? – sugeriu Harry.

– Eu aposto no meu irmão é claro. – os ruivos trocaram sorrisos.

– Que ótimo, assim não terei que brigar pela Mione. – foi a vez da morena sorrir.

– Ok. Agora que escolhemos nossos representantes, vamos escolher o que fazer. Se Rony ganhar, vamos comprar dois ingressos para um desfile de moda!

– E se Mione ganhar, iremos assistir á um jogo de Beisebol!

– Mas eu odeio Beisebol!

– E eu não quero assistir desfile!

– Se eu ganhar, não vou receber nada? – disse o ruivo indignado.

– Comprarei os ingressos e o resto do dinheiro ficará com você. – Gina respondeu – E você Mione, o que vai querer?

– Nada.

– Não seja idiota! – disse Rony.

– Não estou sendo idiota. Harry já me fará um favor, a minha parte do dinheiro ficará com ele! – declarou.

– Prometo que te pago um sorvete! – ele segurou o queixo de Hermione com certa força e depositou um beijo em sua bochecha, o que fez a morena rir.

– Vamos ao jogo então. – disse Rony com um tom irritado na voz.

Ele ficou impressionado com a rapidez que Hermione posicionava as peças em seus devidos lugares. Sua irmã nunca sabia os lugares corretos para cada uma, e todas as suas “ficantes” nem jogar sabiam.

A partida finalmente havia começado, e para Gina parecia que nunca terminaria. Os dois estavam extremamente concentrados, deviam admitir que seus adversários eram realmente ótimos jogadores. Harry acompanhava a disputa de perto, bem atento para não perder nenhum movimento sequer. Ao contrário de Gina, que aquela altura já tinha tirado totalmente a atenção do jogo. Já tinha respondidos mensagens no celular, trançado o cabelo e agora terminava de fazer as unhas das mãos, já que durante o jogo já tinha feito as de seu pé.

Gina apenas limpava as beiradas das unhas em que insistia não estarem perfeitas, quando ouviu um “Xeque-mate” e ficou realmente surpresa ao perceber que a voz que havia dito aquilo, não era a de seu irmão.