The Marriage Proposal

Capítulo 7


Pov Sakura

— Ainda não acredito que Itachi tenha deixado você trazer Seiji ao escritório! — Konan exclamou.

Sakura balançava o berço com os pés. Seu filho dormia profundamente debaixo da escrivaninha.

— Seiji já pesa cinco quilos, vou matriculá-lo na creche.

— Será melhor para ele continuar perto de você. Aproveite enquanto pode.

— E você, quando vai sossegar, casar-se e ter filhos? Por falar nisso, como vai o piloto?

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Konan passou a mão pelos cabelos loiros.

— Terminamos. — Ela fez uma careta. — Deve ter alguma coisa errada comigo. Quando o sujeito começa a se mostrar interessado, desisto. Ele me convidou para conhecer os pais dele. Fiquei apavorada!

— Quando o homem certo aparecer, não pensará duas vezes — Sakura falou, rindo ante a expressão de dúvida da amiga.

— Tomara!

Sakura pensou nos próprios problemas. Itachi ganhara a causa para seu cliente, após um julgamento tenso e árduo. Agora, comparecia ao escritório todos os dias. Eles mal se falavam. Na maioria das vezes, ele usava o intercomunicador, em vez de falar diretamente com ela, e mantinha a porta entre as salas fechada.

Com certeza, era uma atitude sábia. Daria a ambos tempo para refletir sobre aquela loucura. É claro que havia a possibilidade de não superarem o fato, então, o que aconteceria?

— Tenho de ir. — Konan ficou em pé e espreguiçou-se.

Sakura sentiu-se tentada a contar para a amiga que Itachi a visitara no apartamento, porém lhe pareceu um assunto muito íntimo para compartilhar com alguém. Além do mais, não queria ouvir a risada de Konan, quando confessasse o que acontecera.

Após a colega ter saído, Sakura relembrou aqueles momentos pela centésima vez. Passou de leve os dedos sobre os lábios, lembrando-se de como se sentira ao ser beijada por Itachi. Não podia apaixonar-se pelo seu chefe, não seria correto...

A campainha do telefone tirou-a de seus devaneios. Voltou a balançar o berço com o pé, a fim de que o bebê não acordasse.

— Bom dia, Uchiha e hoshigaki.

— Alô, Sakura? — Era a mãe de Itachi.

— Sim, como vai sra. Uchiha?

— Estou péssima. Sabia que eu torci o tornozelo? Imagine, bem agora que estou organizando um leilão para sábado.

— Oh, que azar! — murmurou Sakura, em solidariedade.

— É um desastre. — Na verdade, a voz da senhora soava bastante animada. — É por isso que estou ligando. Gostaria de saber se você poderia me ajudar nesse fim de semana. Eu não pediria se não estivesse tão desesperada! Não tenho outra pessoa a quem recorrer.

— Nesse final de semana? — repetiu Sakura, enquanto procurava uma desculpa.

— O dinheiro do leilão irá para o programa de literatura infantil do bairro. Teremos coisas muito boas. Um amigo de Itachi doou até um automóvel antigo. Não é excitante?

— E, sim.

— Então, concorda em passar o fim de semana aqui em casa? Sei que não deveria estar solicitando sua ajuda, mas meu filho contou que é muito eficiente... Por favor, diga que virá.

— Bem, eu... — Sakura não sabia o que responder.

— Itachi está aí? — a mãe dele perguntou. — Quero falar com ele. Seria ótimo se você pudesse vir amanhã.

O dia seguinte seria sexta-feira, e Sakura vinha esperando por aquele fim de semana ansiosamente. Ela, com certeza, não tinha intenção de passá-lo na casa da mãe de Itachi.

— Sinto muito sra. Uchiha, mas eu tenho um bebê para cuidar.

— Sim, eu sei. E é claro que esperamos que ele venha também. Agora, diga-me, meu filho está aí? Deixe-me falar com ele — a senhora ordenou, sem esperar por uma resposta.

— Vou passar a ligação. — Sakura, sentindo-se presa numa armadilha, chamou o chefe pelo intercomunicador.

Cinco minutos mais tarde, ele entrou em sua sala.

— Que tal passar um longo final de semana no campo? — indagou. — Vamos amanhã e voltamos na segunda-feira.

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— Não sei. — Ela tentou identificar a expressão nos olhos dele.

Até que, pensando bem, Sakura gostaria de ver o lugar onde ele crescera. Entretanto, durante essas duas últimas semanas, haviam conseguido recuperar o equilíbrio interior necessário para continuar a trabalhar juntos. Talvez fosse melhor não arriscar.

— Não precisa temer. Controlarei meus instintos selvagens.

— Não estou com medo. É só que... com o bebê...

— Se ele fica bem aqui no escritório, também ficará na chácara. — Ele hesitou. — Mamãe necessita mesmo de ajuda.

Sakura considerou os prós e os contras e decidiu que não havia nada a temer, com os pais dele e o bebê na mesma casa.

— Está bem. Se acha que poderei ser útil.

— Certamente. Mamãe a fará trabalhar bastante. Aconselho-a a levar sapatos e roupas confortáveis. Além disso, nossos convidados se sentirão mais à vontade se as anfitriãs usarem roupas menos formais.

Ela se sentiu tentada a lembrá-lo de que não era uma anfitriã, e sim uma empregada. Mas, às vezes, até ela ficava confusa quanto ao papel que começava a desempenhar na vida dele.

Itachi observou Sakura de soslaio, enquanto guardava as malas dela no porta-malas do carro. Ele fixara a cadeirinha do bebê no banco detrás. Sakura colocara o cinto de segurança em Seiji e agora procurava não parecer uma supermãe preocupada.

Logo se juntavam ao tráfego intenso de carros que tentavam deixar Tokyo.

— Levaremos umas duas horas para chegar lá — informou Itachi. — Geralmente, levo a metade do tempo.

— O congestionamento está maior do que eu esperava. — Ela não conseguiu pensar em nenhum outro assunto, então permaneceu em silêncio, observando os carros que tentavam escapar para o campo.

Cinco quilômetros adiante, conseguiram desenvolver uma velocidade maior.

Algumas casas podiam ser vistas através das cercas. Sakura pôs-se a imaginar como seria a casa dos pais de Itachi. Seria mesmo uma chácara ou a idéia que um casal rico tinha de uma propriedade no campo? Vinte acres de terra, com uma piscina e alguns cavalos?

A tensão entre eles crescia, ou seria apenas sua imaginação? Estava ali como empregada, não como convidada, amiga ou algo mais. Não havia motivo para ficar animada com a viagem.

Quando Itachi contornou a entrada circular, que dava em frente à residência da família Uchiha, Sakura ficou atônita. Aquilo que eles chamavam de chácara era praticamente uma fazenda, dominada por uma mansão de tijolos aparentes, com dois andares.

— Esta casa é... deslumbrante!

— Tem cento e cinqüenta anos. Meus avós a compraram e passaram a maior parte da vida restaurando-a. Minha avó até hoje manda alguns objetos que compra em viagens, e mamãe fica louca sem ter onde guardá-los. Acho que é por isso que todo ano ela faz um leilão, só para se livrar de algumas peças.

Sakura não disse uma palavra. Pegou Seiji no colo, enquanto Itachi retirava a bagagem do porta-malas. Um homem magro e alto, vestido de preto, desceu os degraus da frente da casa.

— Sr. Itachi, bem-vindo! Deixe-me ajudá-lo com isso — falou, pegando as malas.

— Sakura, este é Jacob. Ele providenciará qualquer coisa que precise. — Itachi se voltou para o homem mais velho. — A sra.Suzuki veio ajudar mamãe com o leilão. Será que sua sobrinha poderia cuidar de Seiji para nós?

— Kim vai adorar. Na verdade, a sra. Uchiha já conversou com ela.

Quer dizer que eles haviam arrumado uma babá sem consultá-la? Sakura não estava de acordo. Seiji ficaria a seu lado!

— A sra. Suzuki certamente dará a última palavra. Peça para Kim vir vê-la mais tarde.

— Sim, senhor.

— Ela tem experiência com bebês pequenos, não é?

— Claro, a irmã mais velha tem três crianças, e Kim ajudou a criá-los. Além disso, está estudando psicologia infantil na faculdade.

— E está indo bem? Parece que teve problemas com um professor no ano passado — indagou Itachi.

— Ela só tira notas altas! — o tio exclamou, orgulhoso.

— Ótimo. — Itachi voltou-se para Sakura. — Vamos?

Ela assentiu com um movimento de cabeça e seguiu-o em direção a casa. O interior da mansão era como imaginara. Havia mármores, bronzes, lustres de cristal... Os sofás eram antigos, as cadeiras possuíam o encosto trabalhado com formato de lira e algumas mesas de época completavam a decoração. Uma empregada de uniforme preto mantinha-se parada junto ao corredor lateral.

— Sua mãe supôs que a sra. Suzuki ficaria mais bem instalada nas dependências infantis. — Jacob inclinou a cabeça em direção ao largo corredor, indicando que Sakura deveria seguir na frente.

— Vou procurar mamãe — Itachi disse. — Voltarei a me encontrar com você dentro de meia hora.

— Está bem. — Ela se apressou em direção aos aposentos.

— É a última porta à direita — Jacob informou.

Ela abriu a porta do quarto e entrou. As paredes eram pintadas num tom verde-claro, enfeitadas com frisos de madeira, pintados de branco. Os móveis também eram brancos, e as cortinas e as almofadas confeccionadas com tecido de estampa floral rosa e verde faziam o quarto parecer um jardim.

Perto da janela, havia uma área com piso de lajotas, repleta de plantas ornamentais e flores. Margaridas brancas e amarelas, arrumadas com destreza em vasos de cerâmica natural, decoravam as três mesinhas do quarto. A volta da cama com dossel, pendia um mosquiteiro de gaze branca, adornado com um drapeado do mesmo tecido da colcha. Do lado oposto, havia uma porta aberta, que dava para o quarto do bebê. O berço de madeira pintado de branco e o trocador ficavam junto à parede. A cadeira de balanço e uma mesa estavam colocadas junto à janela, que dava vista para o gramado e a piscina. A distância podia-se ver um estábulo e alguns cavalos pastando. Um grande trator estava estacionado ao lado, e, mais além, avistava-se uma extensa plantação de milho. Era uma fazenda produtiva, e isso a fazia sentir-se mais à vontade.

— Mandarei Akira trazer sua bagagem — afirmou Jacob, com um sorriso, e afastou-se.

Sakura colocou a bolsa sobre uma das mesas, então levou Seiji até o quarto de bebê e trocou-lhe a fralda. Ele dormira o caminho todo, portanto estava bem desperto. Ela se sentou na cadeira de balanço e ficou brincando com o filho.

Instantes depois, a empregada de uniforme preto, que Sakura vira na sala, bateu à porta e entrou.

— Meu nome é Akira, vim arrumar suas coisas. Se disser o que gostaria de vestir para o jantar, providenciarei para que seja passado a ferro. A família geralmente se reúne na biblioteca entre seis e sete horas da noite.

Como aquele seria um fim de semana de trabalho, Sakura trouxera roupas formais.

— Usarei o conjunto preto — respondeu.

Akira guardou as roupas com extrema eficiência. Após separar o conjunto pedido por Sakura, ela selecionou uma blusa de seda branca.

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— Não há necessidade de vestir o casaco, a biblioteca é bem aquecida — a empregada a avisou. — A senhora trouxe alguma jóia? Ficaria muito bem com a saia e a blusa. A sra. Uchiha disse que pode lhe emprestar qualquer coisa de que precise.

Sakura encarou-a de queixo erguido.

— Trouxe minhas próprias coisas, obrigada. — Não tinha a menor intenção de pegar seja lá o que fosse emprestado,

Como uma parente pobre em visita.

Após tomar um banho rápido e trocar de roupa, Sakura se maquiou com um pouco mais de capricho que o habitual. Esperava que ninguém notasse que suas mãos estavam trêmulas. Sorriu ao ver o próprio reflexo no espelho.

Não estava lá para impressionar os futuros sogros, e sim para trabalhar. Não deveria se esquecer disso.

Quando Itachi bateu à porta, exatamente às seis horas da tarde, o estômago de Sakura se contraiu. Ela pegou o filho no colo e segurou-o fortemente, como um escudo.

— Entre.

Itachi abriu a porta. Ele vestia calça preta e camisa azul, que fazia seus olhos pareceram pedacinhos do céu de verão.

— Gostaria de juntar-se a nós? — ele a convidou de maneira formal.

Ela concordou, com um movimento de cabeça.

Seiji sorriu para Itachi e esticou as mãozinhas, surpreendendo a ambos. Sakura observou, com a respiração suspensa, enquanto Itachi deixava o bebê pegar seu dedo indicador e levá-lo à boca.

Após experimentá-lo, Seiji largou o dedo e balançou os braços alegremente. Queria que ele o pegasse no colo. Felizmente, Itachi pareceu não entender o gesto da criança.

— Mamãe está louca para conhecer Seiji — disse, voltando-se para Sakura e pousando, imediatamente, o olhar sobre os-lábios convidativos. — Ela acha que a estou privando, deliberadamente, do direito natural de ser avó.

Sakura umedeceu os lábios, lembrando-se da sensação da boca de Itachi sobre a sua. Às vezes, parecia-lhe mais um sonho do que realidade.

— A maioria das mães se sente assim.

— Você também? — Ele sorriu, sarcástico, como sempre fazia quando a conversa tomava rumos pessoais.

— Provavelmente, quando Seiji crescer.

— Mamãe também tentará bancar o cupido. Não se deixe impressionar. — E, com essas palavras, ele fez um sinal para que ela o acompanhasse.

Concentrando o olhar nos ombros largos, espantada demais para comentar qualquer coisa, Sakura sentia o peito apertado. Por um breve momento, desejou que Itachi fosse o pai de Seiji. E, se ele fosse o pai de seu filho, seria também seu marido...

Os pais de Itachi aguardavam-nos na biblioteca. Itachi fez as apresentações.

— Esta senhora, com o tornozelo machucado e convenientemente pálida, é minha mãe. O cavalheiro de smoking é meu pai. É o único homem que conheço, fora os atores de cinema, que pode vestir um smoking sem ser confundido com um garçom.

Sakura examinou o casal de idade, curiosa para ver como reagiriam à brincadeira do filho. Eles sorriram.

— Estamos satisfeitíssimos por ter aceitado nosso convite — afirmou a sra. Uchiha.

O marido, por sua vez, adiantou-se e, após apertar a mão da convidada, indicou-lhe uma cadeira ao lado da esposa, que permanecia reclinada como uma musa de cinema. Sakura tinha a impressão de que a qualquer momento ouviria um diretor gritar: "luzes, câmera, ação!".

— Oh! Olhe só para esse bebê. Que lindinho! — A sra. Uchiha passou o dedo pelo rosto de Seiji. Ele, como de costume, agarrou-lhe o dedo e se pôs a chupá-lo. — Parece você quando era criança — falou rindo, dirigindo-se ao filho.

Itachi ficou surpreso, então começou a rir.

— Tenho a impressão de que a maioria dos bebês se parece nos primeiros meses de vida.

— Nada disso — insistiu a mãe. — Sasuke, por exemplo, sempre teve aquele ar teimoso, desde que nasceu. Nossa filho se casou com uma viúva e mora na costa oeste. Têm duas meninas.

— Que ótimo! — exclamou Sakura, com sinceridade, ouvindo atentamente enquanto a anfitriã lhe contava a história da família.

— Como minha a nora não quer mais filhos, nossa esperança de ter um neto repousa em Itachi.

— E o que diz sasuke disso tudo? — Itachi interveio.

— Por ele, já teriam uma dúzia de crianças. — A sra. Uchiha riu alto e bateu palmas.

O barulho assustou o bebê, que prendeu a respiração e começou a chorar.

— Oh, eu assustei o pequenino... Deixe-me segurá-lo. — A sra. Uchiha tomou Seiji dos braços de Sakura e segurou-o junto ao peito com carinho.

Sakura ficou preocupada, pois o filho poderia babar no elegante vestido de seda da mãe de Itachi.

— Deixe-me pôr esta fralda em Seiji. — Então, Sakura prendeu o tecido de algodão sob o queixo do bebê.

O rumo da conversa mudou para assuntos gerais. Falaram sobre o tempo e o efeito que tinha sobre os animais e as plantações.

— No jantar, teremos verduras de nossa própria horta — prometeu a dona da casa.

Sakura aproveitou para lhe perguntar sobre suas obrigações naquele fim de semana.

— Preciso que você coloque um número em cada peça e depois anote o preço de venda ao lado do número na lista do caderno.

O jantar foi anunciado. Sakura pegou o filho de volta, que, a essa altura, brincava com o colar de pérolas da sra. Uchiha.

— Tomei a liberdade de pedir que trouxessem o velho carrinho de bebê do porão — a anfitriã disse, enquanto se sentava na cadeira de rodas, ajudada pelo marido. — Pensei que, assim, eu poderia ajudar tomando conta de Seiji, enquanto vocês jovens terminam os preparativos para o leilão.

Ao entrarem na sala de jantar, Sakura deparou com um carrinho limpo e bem-arrumado, forrado com lençóis de algodão e um cobertor azul, com cavalinhos bordados.

— Que lindo! — exclamou, encantada com a consideração da anfitriã.

— Foi de meus filhos. É tão prático! Você vê, ele se encaixa sobre rodas, portanto podemos usá-lo como cesto ou como carrinho.

— É muito bonito — foi tudo que Sakura conseguiu dizer.

— Quanto ao leilão — a senhora prosseguiu, enquanto se sentavam ao redor da mesa oval de madeira polida —, você ficará no comando. Itachi e os empregados farão o que você mandar.

Sakura deu uma olhada para o chefe para ver como ele reagia. Um sorriso preguiçoso surgiu nos cantos dos lábios sensuais. Quando ele falou, sua voz soou divertida:

— Mamãe acha que os homens foram criados apenas para seguir ordens.

— Claro que sim!

— Quem recolherá o pagamento das peças? — Sakura indagou.

— Jacob ou Akira. Eles entregarão para você, que irá conferir o valor e guardar. A maior parte dos pagamentos será feita em cheque. Itachi porá tudo no cofre.

— E papai, não vai ajudar?

A mãe dirigiu-lhe um olhar altivo.

— É claro que sim. Ele cuidará de mim. — Então, voltando-se para Sakura, continuou: — Mais tarde, haverá um bufê. Só preciso que você verifique se os convidados estão sendo bem servidos. — Ela fez uma pausa. — Bem, acho que é tudo. Se surgir alguma dúvida faça como achar melhor. Tenho certeza de que não haverá problemas.

Sakura desejava sentir-se tão confiante quanto a anfitriã. A sra. Uchiha parecia crer que ela costumava organizar leilões de caridade em seu tempo livre. Fez questão de esclarecer que aquela era a primeira vez.

— Estarei por perto para aconselhá-la no que for preciso — a mãe de Itachi tranqüilizou-a.

O sr. Uchiha sorriu para Sakura. Ela retribuiu o gesto, instintivamente gostando do homem mais velho. Ele aceitava a personalidade dominante da esposa como uma deferência que de maneira alguma o diminuía como homem. Parecia compartilhar a mesma inteligência e a sabedoria do filho, sem, no entanto, utilizá-las como barreira para seus sentimentos. A noite foi bastante agradável, e, por volta das dez horas, Sakura sentiu-se cansada e ansiosa para ficar sozinha em seu quarto. Akira já havia levado Seiji e o colocado no berço.

Acho que Sakura quer descansar — Itachi falou, num intervalo da conversa. — Ela já respondeu perguntas demais por uma noite.

— Estou tão encantada por ter novamente um bebê nesta casa! Amanhã, gostaria de tomar conta dele, posso?

— É claro que sim.

— Esta casa ficou tão alegre no Natal, com nossas netas... Se ao menos Itachi compreendesse como eu e o pai ficaríamos felizes se ele tivesse filhos...

Sakura não pode evitar o rubor que tomou conta de suas faces ante o olhar que a senhora lhe dirigia. Itachi caiu na risada, claramente divertido com a situação.

Bem que ele a alertara, mas, com certeza, a dona da casa não estava realmente pensando que ela seria um bom partido para o filho. Sakura procurou os olhos escuros, porém Itachi já havia se virado para a janela, a fim de admirar o céu estrelado.

— Bem, se me dão licença, vou me retirar. Boa noite a todos

— Sakura disse e começou a deixar a sala.

Itachi fez o mesmo e a alcançou no final do corredor. Caminharam em silêncio pelo piso de carvalho até chegar às dependências reservadas à visitante.

— Não deixe mamãe se intrometer em sua vida. Se necessário, seja dura com ela.

Sakura duvidava que a sra. Uchiha pudesse ser impedida de dar sua opinião acerca de qualquer assunto. A mulher parecia fazer as próprias leis e normas de educação, embora fosse muito agradável e gentil.

— Ela é uma pessoa adorável. Meio autoritária, mas, mesmo assim, adorável.

— Sim... Ela gosta das pessoas, porém tem uma certa tendência-a envolvê-las em seus projetos, e aí fica tão difícil nos livrarmos quanto escapar de um furacão. Meu irmão se mudou para o oeste, e eu fugi para a cidade.

Sakura ficou encabulada ao ouvi-lo comentar um assunto tão íntimo. Ele riu e pôs a mão debaixo dos fartos cabelos rosados, massageando-lhe a nuca.

— Não se preocupe, estarei por perto para salvá-la, se necessário.

Ela sorriu, mais segura com aquelas palavras, e entrou no quarto. Ao fechar a porta, imaginou quem a salvaria de Itachi. Rapidamente, tirou a roupa e vestiu uma camisola de algodão, abotoada na frente. Sentou-se na cadeira de balanço e amamentou o filho, com a mente concentrada no homem que deixara no corredor.

Havia perguntas demais sem respostas. Se conseguisse ficar sozinha por alguns momentos com a mãe dele, será que ousaria perguntar sobre o passado? E, caso o fizesse, será que a sra. Uchiha lhe contaria algo? Itachi era tão fechado que ela duvidava que algum dia ele houvesse confessado a alguém estar apaixonado. Mas, com certeza, já estivera. Aquela casa nas montanhas fora construída para uma família. Sim, se tivesse oportunidade, ela faria algumas perguntas à mãe de Itachi.

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Após alimentar o filho, trocou-lhe a fralda e colocou-o de volta ao berço. Seiji agarrou o cobertor com uma das mãos e pôs o dedo na boca, fechando os olhinhos em seguida. Para Sakura, aquele era o bebê mais lindo do mundo.

Retornando a seu próprio quarto, ela se deitou e deixou os pensamentos voarem livremente, enquanto esperava o sono chegar.

Imagens de como seria a vida ao lado de Itachi povoavam seu cérebro. Por um momento, deixou-se levar pela fantasia, porém a realidade intrometeu-se, antes de chegar à parte em que era beijada e abraçada até ficar sem fôlego. Balançando a cabeça a fim de afastar os pensamentos inconvenientes, ela fechou os olhos e tentou dormir.

O sábado amanheceu ensolarado. Sakura vestiu uma calça comprida e uma blusa rosa e, após colocar sandálias confortáveis, saiu do quarto. Akira indicou-lhe o caminho para o pátio, onde a mesa estava posta para o desjejum.

A sra. Uchiha já se encontrava acomodada em sua cadeira de rodas, com a perna esticada para cima, a fim de diminuir o desconforto devido ao tornozelo torcido.

— Dormiu bem? — a senhora indagou.

— Sim, obrigada — mentiu Sakura, que acordara diversas vezes durante a noite, sem motivo aparente, a não ser os sonhos ardentes em que Itachi a acariciava com paixão.

— Os homens estão jogando tênis. Daqui a pouco, virão juntar-se a nós.

Sakura já reparara na figura atraente e forte que se encontrava na quadra junto com o pai. O que faltava em juventude ao mais idoso, sobrava em estratégia, obrigando o filho a correr de um lado para o outro.

— Eles jogam muito bem — Sakura elogiou-os, afastando o olhar com dificuldade do corpo másculo de Itachi.

— E verdade. — A sra. Uchiha observou-a, enquanto Sakura servia-se de um copo de suco de laranja e café, no aparador.

O rubor subiu às faces de Sakura, e ela temeu que a mãe de Itachi tivesse notado sua reação, ao vê-lo de short na quadra. Pegando o copo e a xícara nas mãos, foi sentar-se na frente da anfitriã.

— Acho que você seria a mulher perfeita para meu filho.

— Desculpe-me!? — Sakura não tinha certeza de ter ouvido corretamente.

— Eu a deixei chocada. — A sra. Uchiha riu, divertida. — Todas as mães gostam de bancar o cupido. Espere só até Seiji crescer. Você terá uma opinião veemente sobre qual é a garota certa para ele.

Sakura procurou deixar o assunto bem claro.

— Itachi é meu chefe. Posso afirmar-lhe que não há, quer dizer, que nós não...

— Oh, tenho certeza de que nada aconteceu. — A expressão da dona da casa era afetuosa. — Meu filho é tão circunspecto que às vezes desejo que seja capaz de fazer algo ilegal ou indecente.

— Ontem, ele ultrapassou o limite de velocidade na estrada — ela o defendeu.

— E mesmo? — Os olhos da sra. Uchiha brilharam. — Poderia servir-me outra xícara de café, querida?

— Claro. — Sakura encheu a xícara e voltou a se sentar.

O vento afastava as mechas de cabelos rosados de suas faces e refrescavam o calor provocado pelos olhares astutos da anfitriã. Ele também carregava as palavras dos homens que se cumprimentavam ante uma jogada particularmente bem executada.

— No Natal passado, completou três anos que a noiva de Itachi morreu — a mãe dele disse, como se falasse consigo mesma.

Sakura olhou-a, surpresa.

— Ele ficou desesperado. Faltava apenas uma semana para o casamento, e ela estava esperando um bebê, o que fora uma surpresa, já que Keiko pensava que não podia ter filhos. Naturalmente, estávamos todos imensamente feliz. Naquela época, eu ainda não tinha netos.

— Como ela morreu?

— Acidente de carro. O outro motorista dirigia bêbado.

— Que horrível! — Sakura pressionou a mão contra o ventre, sentindo uma pontada de agonia.

Então, era esse o motivo da solidão de Itachi. A noiva grávida e seu filho haviam morrido, e ele nunca conseguira superar. Seu coração se condoía por ele.

— Foi terrível, mesmo. Itachi tornou-se um solitário. Eu já começava a pensar que nenhuma mulher conseguiria romper a barreira que ele ergueu, então você apareceu. — Ela sorriu alegremente.

— Sra. Uchiha, acho que está imaginando coisas — Sakura falou, tão gentilmente quanto possível.

— Não. Vi como ele a olhou na noite passada. Ele a vê como mulher, e não como simples amiga ou funcionária.

— A senhora não entende. Ele me ajudou com o nascimento de Seiji, e isso fez com que nos sentíssemos mais próximos, mas foi apenas uma loucura temporária.

— A primeira desde que Keiko morreu.

— Mas ele já saiu com outras mulheres, eu o ouvi ao telefone.

— Sim... concordo. Ele é um homem sadio. Só que com você existe algo mais. Há também carinho..— Riu, deleitada. — Eu não teria planejado nada melhor do que você ter dado à luz praticamente nos braços dele.

A conversa estava ficando fora de controle.

— Ouça, realmente a senhora está enganada. — A voz de Sakura falhou. Itachi dissera que a desejava, e os beijos que haviam trocado...

— Case-se com meu filho. Ele precisa de você e de Seiji. Precisa confiar de novo na vida, mas tem medo.

Itachi com medo? Não podia acreditar nisso.

— Estou parecendo uma velha intrometida. — A sra. Uchiha suspirou. — Provavelmente, é o que sou, mas prometa que o aceitará se ele a pedir em casamento... Meu filho é um homem honrado e tomará conta de vocês, se permitir. Estou lhe pedindo como mãe.

— Não sei o que dizer.

— Diga que sim. — A mãe de Itachi olhou-a fixamente. — É a única pessoa que pode salvá-lo da solidão que o devora dia a dia. Faça-o sorrir novamente, Sakura, por favor.

— Eu... tentarei. — Sakura não via mal algum em prometer que o faria sorrir outra vez. Não era como se estivesse prometendo seduzi-lo ou algo assim.

No momento em que os homens se juntaram a elas, a sra. Uchiha era toda charme e sorrisos. Tudo parecia tão irreal que Sakura teve dúvidas se a conversa anterior havia mesmo acontecido. Talvez fizesse parte das fantasias que seu subconsciente estava produzindo nas últimas semanas.

— Que tal uma partida de tênis? — Itachi perguntou a Sakura, ao terminar o desjejum.

— Há anos que não faço isso. Você ficaria entediado com o jogo.

— Vá, querida — a mãe dele a encorajou. — Akira trará o bebê para cá, logo que ele acordar.

Sem mais argumentos, Sakura foi trocar de roupa e seguiu para a quadra de tênis, onde procurou lembrar-se do que aprendera.

— Você joga bem — ele a cumprimentou, após um ponto particularmente disputado.

Ela se sentiu orgulhosa por ao menos manter o jogo interessante.

— Mas você é muito melhor que eu.

— Concordo — ele respondeu, ganhando o jogo por uma margem não muito grande de pontos.

Ao caminharem de volta a casa, Sakura notou como cada célula de seu corpo parecia revigorada. Quando levantou os olhos para Itachi, ele a observava, com uma expressão sexy e misteriosa nas profundezas dos olhos escuros. Ela tentou disfarçar que ficou perturbada com o interesse dele.

— É sempre tímida assim ou só comigo?

— Só com você.

Nesse momento, Akira surgiu com Seiji nos braços. Sakura correu para pegar o filho, contente por ter uma distração enquanto procurava voltar à realidade novamente. A conversa com a sra. Uchiha levara seus pensamentos a direções proibidas.

— Fique aqui conosco — a anfitriã convidou Sakura, notando que ela iria se retirar para amamentar o bebê. — A amamentação é um ato natural e, atualmente, é aceito nos melhores círculos sociais com espontaneidade. Posso depois fazê-lo arrotar?

— E melhor fazer o que ela diz, ou não a deixará em paz — advertiu Itachi.

— Bem, se não se incomodam.

A fim de deixá-la mais à vontade, pai e filho se levantaram e se afastaram da mesa, passando a conversar sobre o milho que amadurecia nos campos. Sakura ouvia a conversa, enquanto o bebê mamava avidamente. Lembrou-se de como seu pai e o avô discutiam os detalhes do rancho onde viviam da mesma maneira.

Uma propriedade no campo era o melhor lugar para se criar uma criança. Itachi tivera uma infância feliz, com certeza, cercado de cavalos e muitos amigos. Seus pais podiam ser um pouco excêntricos, mas o amavam. Ele também amara uma mulher, e ela havia morrido.

Sakura admirou o perfil másculo, enquanto ele conversava com o pai e lembrou-se do ar desolado que tomava conta do rosto atraente quando Itachi baixava a guarda. A vida podia ser triste, quando a dor era a única companheira. Ela sabia; já passara por isso.

Era bobagem pensar que um dia poderia preencher o lugar vazio que havia no coração de Itachi. Era o que ela desejava, mas apenas ele poderia abrir a porta de seu coração e deixá-la entrar. Entretanto, prometera que o faria rir novamente, talvez essa fosse a chave de tudo. Abaixando os olhos, ela observou o filho, com doçura. Com certeza, haveria uma maneira de conquistar o coração de um homem teimoso.