Letters to Myself

Capítulo 16- Na dúvida diga Batman


— Eu amo você...

Essa seria uma ótima frase para abrir um 31 de dezembro.

Mas, enquanto Sabo piscava os olhos para as primeiras cores do dia, sabia que viria um complemento.

–-...E é por isso que estou fazendo isso.

E logo em seguida ele pode sentir o contato com a água gelada.

–-DE NOVO A PORCARIA DO BALDE KOALA? QUE SACO!- Ele puxou a coberta por cima da cabeça como uma criancinha dando piti- ERA SÓ TER CHAMADO!!!!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A garota deu risada, baixando o recipiente de plástico.

–-Bom, primeiramente bom dia. Segundo, isso é um pote, não um balde. Terceiro, Dadan está te chamando a meia hora.

–-Hunf. -Bufada. Braços cruzados. Aquela incrível cara azeda de quem comeu e não gostou. Claros sinais de mau humor.- Até mesmo na minha própria casa você tem que me acordar? Porque não Ace ou Luffy?

–-Ace disse que por eu ser uma garota... Bonita, pra não ter que repetir o que ele disse porque é constrangedor, você não ficaria tão bravo por ter sido acordado.

Plano número um do dia: Socar o irmão mais velho.

–- Luffy me deu o pote com agua gelada.

Plano número dois do dia: colocar os biscoitos sabor bacon favoritos de certo irmão caçula em cima da geladeira onde ele não poderia alcançar.

–- E eu vim te avisar que fiz Waffles.

Plano número três do dia: Cancelar todos os planos anteriores e lutar pela sobrevivência do mais forte na briga dos waffles.

Sabo fez menção de pular da cama quando foi impedido por uma mão pressionando seu peito de volta.

–-MAAAAS, antes de levantar, me diz que está usando calças por baixo da coberta.

Típico. Era só ele se esquecer CINCO VEZES de vestir a calça do pijama que a garota já ficava traumatizada. Coisa mais sem nexo. Ele nem sabia o porque, sempre esquecia de tirar a cueca mesmo.

–-Hã.... Sim!- E ele saiu correndo porta afora em meio aos gritos de “MENTIROSO!”

___________________________________________________________________________--

–-Grunf.

–-O que o Bakabo fez agora Koala?- Luffy perguntava entre uma mordida e outra do waffle que parecia ter mais creme e calda do que waffle em si.

–-Ei!-Sabo (já de calças) reclamava de boca cheia- Feuu fão gosfo dessfe afefido!

–-Que bom! Porque vou passar a te chamar assim agora, Bakabo.

–-Hunf.- Era a vez dele de bufar- O que que eu fiz?

–-Me fez querer furar meus olhos, bate-los numa batedeira, tacar fogo, salpicar pimenta por cima e servir como iguaria indiana.

–-Ah, qual é! Qualquer garota que se prese...- Ele se levantou, fazendo uma pose a lá Johnny Bravo- ...Gostaria de ver tudo isso aqui!

Koala corou com força, batendo a cabeça no tampo da mesa. A cena era ridícula demais para qualquer um. Mas pelo menos não podia piorar.

–- Abaixa daí franguinho.- Ace, que não se manifestara até o momento, se levantava da cabeceira- Todo mundo sabe que EU sou bem mais melhor que você.

–-Eu pelo menos sei que não posso falar “mais melhor”.

–-Dane-se, eu ainda sou mais bonito.

–-Não é!

–-Sou sim!

–-Eu sou mais forte!

–-Não é!

–-Ah é assim é?

–-É!

–-Queda de braço! Agora!

–-Você vai perder!

–-Não é!

–-O que aconteceu com o fera em gramática?

–-Foi força do hábito. Anda, senta aí e perde logo de uma vez.

–-PODEM IR PARANDO OS DOIS!- Koala usou as duas mãos para puxar uma bochecha de cada um, com força.- A Dadan saiu e EU estou no comando aqui. Agora sentem bonitinho aí e COMAM. Até o Luffy está mais comportado que vocês!

–-Não é justo!- Sabo protestava- Porque você que manda? Você nem mora aqui!

–- E EU sou o mais velho! Eu deveria estar no comando!

–-Porque eu sou mulher.

E esse argumento somado ao olhar número 77 (calem-a-boca-logo-e-comam-a-comida-que-eu-fiz-com-amor-e-carinho-senão-eu-mato-todos-vocês) encerrava a segunda parte da discussão.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mas não a primeira.

–-Eu ainda sou mais bonito.

–-Não é não! Eu sou loiro, mulheres gostam mais dos loiros!

–-Mentira, morenos dominam!

–-Eu prefiro panqueca.

–-Cala a boca Luffy, você não está na conversa.

–-CALEM A BOCA VOCÊS.

–-Então fala quem é melhor.- Sabo voltava a enfiar o café da manhã na boca- Eu ou o Sandman ali?

–-Ãhn...-Koala desviou o olhar- Quer mais waffle Luffy?

–-SIM!

–-Não desconversa. Desembucha.

E esse era o momento do pânico. Ela simplesmente não sabia o que responder sem ficar ainda mais constrangida ou acabar socando algo (ou melhor, alguém) para aliviar a tensão.

A melhor saída era a resposta genérica. É, a resposta genérica era perfeita.

–-Batman.

A resposta genérica funcionava em 56% dos casos. Nos 44% restantes o cérebro não tão desenvolvido simplesmente desistia de raciocinar sobre a logicidade (se é que essa palavra existe) da resposta e simplesmente ordenava ao corpo para continuar comendo.

E, basicamente, Sabo e Ace pertenciam a segunda classificação.

Koala soltou um suspiro, aliviada. Sucesso.

___________________________________________________________________________--

Quaro horas da tarde, dia 31 de dezembro.

DING-DONG.

Sabo desviou a atenção do jogo por um segundo. Alguém tocara a campainha.

Mas isso não era importante.

DING-DONG

Sabo pausou o jogo por uns dois segundos. Alguém tocara a campainha pela segunda vez.

–-KOAAAAAALLAAAAA!!!!ATENDE A PORTA!

Ele nem teve tempo de despausar o jogo.

–-ATENDE VOCÊ! EU NÃO MORO AQUI, LEMBRA?

Ele detestava quando usavam SEUS argumentos contra ele mesmo. Não restava nenhuma alternativa a não ser se levantar da posição em que estivera pelas últimas... Uma, duas, três.... Muitas horas e ir atender a insistente pessoa que tocava a campainha pela terceira vez.

DING-DONG

–-EU JÁ TO INDO DESGRAÇA! PARA DE APERTAR A *&%@# DA CAPAINHA!

Em resposta, ele recebeu mais infinitos toques na campainha.

DINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONG DINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDINGDONGDIN...

Sabo abriu a porta com força.

–-OI GAROTO! EU VOLTEI!

Sabo fechou a porta com força e na cara do treinador.

–-Quem era?- Koala descia as escadas já questionando o amigo.

–-Um cara perdido vendendo maçãs.

–-E eu devia dar uma envenenada pra você!- Hack forçava porta trancada

–-Aquele é o Hack?

–-Não. É um cara perdido vendendo maçãs.

–-KOALA!? NÃO TEM ENSINADO BONS MODOS AO SEU NAMORADO NÃO?

A universitária rolou os olhos, desviando do amigo que tentava desesperadamente impedi-la de chegar a porta.

–-É o Hack.

–-Mas que tipo de aluno de artes marciais é você Sabo-Kun?- Hack segurava o nariz vermelho pela batida (ainda mais visível pelo contraste com a barba branca)- De que valeram esses dois anos de ensinamentos sobre respeito ao sensei e...

–-E a sempai!

–-...E a sempai?

–-Pra eu aprender a bater nas pessoas com respeito?

–-Hunf.- Bufada em dupla.

–-Mas e aí, o que você está fazendo aqui? É ano novo! Seus amigos...?

–-Vocês são meus únicos amigos...-

–-Cara, isso é deprimente.

–-Sabo! Mais respeito!

–-HAI!

–-E a sua família Hack?

–-Eles me odeiam.

–-Jura? Nem sei porque.

–-Sabo!

–-Já sei, “cala a boca”.

–-Então... Eu posso ficara aqui pro ano novo?

–-Hãn...

Sabo se virou para Koala. O olha número 36 dizia “não-se-atreva-a-dizer-não”.

–-Báh, porque não? Já adotamos o Luffy mesmo.