Stop!

Parte - 05


Daniella observou ao redor, atenta. O pátio estava quieto, a não ser por alguns professores que caminhavam preocupados de mais com seus afazeres. Ela prendeu o ar e se perguntou onde diabos estaria Otavia. Não havia o notado, aliás, havia sim, quando entrara na sala do diretor, mas não esperava que o mesmo ainda estivesse ali. Jorge o havia pedido para que esperasse lá fora. Ela virou-se em sua direção e ele a encarou curioso, preocupado. Riu. Seu irmão era um imbecil quando se tratava de Lizz.

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— George. — o chamou, e ele ergueu-se do banco, afoito. — Você viu a Otavia? —

George piscou os olhos, demorando alguns segundos para compreender de certo aquela pergunta. Sua cabeça estava cheia de coisas que não se referiam a Otavia.

— Acho que a vi correr para fora da sala, mas não me disse nada. Acho que não me notou. —

Daniella lhe pareceu pensativa e George começara a ficar realmente curioso. ‘’Teria algo haver com a Lizz?’’ indagou a si mesmo.

— O que aconteceu? A Lizz está bem? —

— Claro que está bem — Daniella riu. — Viu em que direção ela foi? —

— Ela poderia ter ido ao banheiro feminino. — Respondeu pensativo.

— Valeu irmão — Daniella correu ignorando os chamados de George. Eles se entenderiam depois.

Otavia chutou uma das latas de lixo. Rosnou, assustando duas garotas que encaravam o espelho do banheiro. Ela caminhou ate ele e socou seus dedos contra a pia. Olhou as duas meninas, que se afastaram dali as pressas. Suspirou. Por que diabos aquilo estava acontecendo consigo. Seus dedos doíam, mas mesmo assim não iria reclamar por eles. Bateu novamente. Era Lizz ali, abaixo deles. Gemeu a contra gosto.

O que faria agora? Com toda a certeza seria expulsa da escola. Conseguia ate mesmo imaginar a face risonha de Lizz. Isso a deixava verdadeiramente irritada. Tão irritada quanto saber da existência de Daniella. Respirou fundo, procurando por sua calma perdida. Afastou-se do espelho e andou em círculos, mesmo sem perceber. Estava nervosa de mais.

‘’Queria socar alguém’’ riu em desgosto.

— Otavia! — Daniella chamou a assustando de inicio. Otavia a encarou, dando um passo para trás. Queria mata-la. — Te encontrei. —

— O que quer? — Daniella parecia-lhe cansada. Ofegava quando adentrou o banheiro, ficando a sua frente. Ela nada dissera. Apenas lhe observou por um tempo. Respirou fundo e...

Deu-lhe uma tapa em cheio. Naquela bochecha gorda que era de Otavia. Agarrou-lhe o pescoço do uniforme. Otavia pendeu para o lado, Daniella sabia bater quando queria. Fechou os olhos com a agressão repentina, e antes de abri-los por completo, outro tapa veio em seguida. Daniella segurou-lhe pela camisa, impedindo que Otavia caísse para o lado.

Puxou-a para frente, trazendo seu rosto para bem próximo do seu. Daniella era um pouco mais alta, nada realmente notável. Sugou o ar e encarou os olhos da outra garota.

— Tava se divertindo não é Otavia? — cuspiu as palavras. Otavia franziu as sobrancelhas. Trincando os dentes. — Sua mãezinha pra te encobrir. O medo de Lizz. Ia da tudo certo! — aumentou o tom de voz. Otavia tremeu diante as palavras. — Pena que eu tava lá — riu.

Que situação deprimente.

— Por que está protegendo aquela inútil? — indagou com rancor.

— Inútil? — Repetiu ofendida. — Inútil aqui é você. Fala, fala pra mim o quanto você é inútil! — obrigou, empurrando-a ate a parede. Seus bustos se tocando. — Sua vadiazinha de merda. Manipulou-me direitinho. —

— Vai pro inferno, Daniella! — Otavia a empurrou com força. Distanciando o bastante para que ela pudesse caminhar ate a saída.

— Aonde você vai! — A morena agarrou os cabelos de Otavia e a derrubou no chão. Otavia gemeu em desgosto, sentindo a mesma sentar-se sobre sua barriga. O peso era proposital, fazendo-a a gemer sem ar. — Eu acreditei em você, sua maldita. — gritou chorosa, batendo suas mãos repetidas vezes contra a face rosada da outra. Otavia gemeu pela dor, escondendo-a da maneira que era possível.

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— Você dizia que gostava de mim, mas queria fuder com o meu irmão. Cadela! —

— Do que diabos vocês ta falando? — indagou em meio às agressões. Daniella respirou fundo, cansada. Parou por um momento e quieta ficou sobre Otavia. Seus olhos vermelhos pelo choro silencioso.

— Por que você tava atrás da Lizz? — perguntou de repente, causando confusão para a outra.

— Você sabe. —

— Diga! — gritou em ódio, agarrando seus fios negros.

— Argh. — abafou — Por que eu não gostava dela, Daniella. Todo aquele mi mi mi, me irritava. A morte de sua mãe, aquele cabelo. Eu odiava quando ela ficava chamando atenção, implorando para que os outros sentissem pena dela. ‘’Ah, a minha mãe morreu, me adorem’’ ‘’Ah, meu cabelo é lindo, amem ele e a mim’’ — Otavia afastou os dedos de Daniella, tentando inutilmente sentar-se.

Daniella levou as mãos ate sua boca, tampando-a para esconder o barulho de seu choro. Estava indignada com Otavia. Suas mentiras. Fungou, limpando as lágrimas de sua face.

— E aquele papo de que ela tava dando em cima de você? — indagou rancorosa.

— Era mentira. — Otavia a encarou sem remorso. — Lizz nunca tentou algo comigo. —

— Sua cretina... — sussurrou. — Eu acreditei em você. Você mentiu pra mim. —

— Eu nunca disse que gostava de você, Daniella. Não do tipo que você está pensando —

— Mentira! — rosnou, aproximando seu rosto, para encarar-lhe os olhos. — Você até me beijou —

— Você que me beijou. — respondeu.

— Mas você me correspondeu, Otavia. — soltou o ar, sujando com suas lágrimas, a face vermelha de Otavia. — Não me diga que foi por pena... — pediu, cessando o choro. Otavia nada disse de inicio. Encarou-a. Perto de mais. Aquela posição a incomodava e queria ir embora dali. Nada mais lhe importava. O choro de Daniella e o ódio dela não lhe importavam. Por que Daniella não era mais necessária. Ela havia descoberto tudo. Suspirou.

— Foi. — disse por fim, encarando seus olhos surpresos. — Foi por pena — sorriu — Eu só te aguentava por que você era uma idiota que acreditava em tudo. Bastava eu falar que a Lizz tava tentando me agarrar que você já queria socar a cara dela. Como é inútil. Você e ela. — fez pouco caso. — E sim, eu quero fuder com o seu irmão, e não com você. Por Deus, eu não sou uma maldita lésbica. Me erra. —

Daniella deu lhe o primeiro soco. Ficou de joelhos, e pousou a mão bem ao lado do rosto de Otavia. Encarou a mesma grunhir de dor, e então lhe deu outro soco. Com a mesma mão, no mesmo lugar. E outro. Ela sentia que poderia nunca se cansar de socar-lhe a cara. Por que ela chegou à conclusão de que aquela dor, aquele sofrimento que ela sentia, nunca iria acabar, e ela só poderia parar de socar o rosto de Otavia, quando essa dor sumisse. Rosnou, observando a boca vermelha que Otavia possuía. Ela gemeu e então encarou Daniella. Agarrou seu pulso e a jogou de lado. Fora rápida de mais, talvez pelo fato de que Daniella estivesse concentrada apenas em bater, e não com o resto.

Houve o primeiro chute em sua coxa, mas por Deus, como aquele chute doeu. Otavia não era brincadeira. Outro chute pegou em seu joelho, meio sem jeito, por que Otavia ainda segurava-lhe o pulso, e ainda estava deitada de lado. Aliás, as duas estavam. Chutando uma a outra enquanto as mãos se agarravam, a procura de uma abertura para que pudessem agarrar-se aos cabelos, ou socar suas caras.

Otavia nunca se imaginou naquela situação. Brigando com Daniella, a que ponto havia chegado Mordeu o lábio, desferindo-lhe um chute no estomago da menina. Daniella gemeu, debilitada. Esqueceu-se que precisava defender-se das mãos ágeis de Otavia e as levou ate o estomago.

Otavia riu, agarrando os cabelos da menina, puxou-a para cima e então bateu com força sua cabeça contra o piso do banheiro. Apenas uma vez para que Daniella se sentisse tonta. Ela gemeu alguma coisa qualquer e então fechou os olhos, ainda acordada.

— Aqui professor. — ouviu algo lá fora. Outra aluna — Eu as vi brigando aqui dentro. —

Um dos professores do terceiro ano estava ali. Sem pensar duas vezes adentrou o banheiro e encarou Otavia. Usava óculos e mesmo assim Otavia notou a surpresa e indignação em seus olhos.

— Ela está bem. Nem ao menos desacordada está. — disse ao ver que o mesmo correu em direção à aluna.

— Você venha comigo resolver isso com o diretor. —

Lizz estava exausta, e mesmo assim havia contado tudo para o diretor. Sorriu. Otavia não fazia mais parte daquela escola. Jorge não queria vê-la ao menos pisar em seu colégio. Suspirou, sentindo seu ombro doer quando Fabiana passou por si. Havia sido de propósito, com certeza, mas aquilo não a importa. A mulher estava puta pela situação em que estava. Riu.

Fabiana a encarou, tendo a certeza de que aquela risada era graças à desgraça dela. A mulher bufou, olhando-a de cima a baixo. Lizz sentiu-se mal, envergonhada. O diretor era o único realmente bem com o final. Ele aproximou-se de Lizz e afagou seus cabelos negros. Ela o encarou surpresa, mas não o afastou.

Os três saíram da sala do diretor. Fabiana afoita de mais, se perguntando onde sua filha estava. Lizz fora a primeira a notar a presença distante de George. Ele ainda não havia lhe percebido, estava muito concentrado em olhar os próprios dedos. Sorriu sem jeito, talvez fosse melhor não perturbá-lo.

Jorge percebeu e riu com gosto quando Lizz assustou-se com o empurrão gentil que ele deu em suas costas. O bastante para que George olhasse para cá e de súbito viesse em sua direção. As bochechas de Lizz ficaram vermelhas, esperando para que o outro lhe desse algum tipo de bronca.

Ficaram ainda pior. Ela esqueceu-se de respirar e sua face ficou roxa pela vergonha. George havia lhe puxado com força para um abraço. Quente e gentil. Fechou os olhos, um pouco mais calma e respirou o perfume do garoto. Era realmente gostoso. Ele a apertou, escondendo os olhos na curva do pescoço de Lizz, e perguntou em um sussurro.

— Tudo bem? — Ela sorriu.

— Sim. —

Não se afastaram de inicio. A não ser pelo fato de que Fabiana começou a gritar histérica. E Lizz quis realmente ignora-la, por que o abraço de George era realmente uma delicia. Mas George assustou-se com o escândalo repentino e encarou-a preguiçosamente. Notando que de longe, seu professor de Biologia, que há poucos instantes viera lhe chamar, trazia Daniella nos braços. Ele afastou Lizz, gentilmente, a contra gosto e caminhou ate o professor.

— O que houve? O que aconteceu com ela? — indagou preocupado.

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— Ela bateu com a cabeça. —

— Ela bateu a cabeça? — repetiu desacreditado.

— Não peguei as duas brigando no banheiro, mas uma das alunas a viram. Otavia diz que ela bateu a cabeça — o professor apontou para Otavia. — Precisamos leva-la para a enfermaria. Não é nada muito grave, ela está apenas um pouco tonta — avisou diante a preocupação de George.

— O que aconteceu Otavia? — Fabiana aproximou de sua filha e a tocou nas bochechas. Sua face vermelha, a sobrancelha com um leve corte. Seu lábio inferior também sangrava nada muito sério.

— Venha comigo Otavia. — o professor a chamou. Notando que Daniella começara a ficar realmente pesada. Caminhou em direção à enfermaria, ignorando os outros alunos. George o percebeu e sem pensar agarrou a mão de Lizz e a puxou para que ambos fossem em direção a o homem.

Lizz tremeu diante o toque. Nervosa de mais, deixou-se ser levada. Sorriu, estava tudo tão bem que poderia ser apenas um sonho. Otavia seria expulsa, Daniella não iria mais lhe atormentar e... George estava ali. Ela o encarou, os cabelos repicados, a respiração acelerada. ‘’Ele é tão lindo’’ pensou consigo mesma, de repente imaginando a cara apaixonada que a mesma fazia. Tossiu sem jeito, chamando a atenção do rapaz. Ele pareceu não se importar e apertou-a com seus dedos, sorrindo-lhe gentil. Lizz ficara concentrada de mais no seu sorriso, como uma boba. Ele riu e a puxou em para dentro da sala de enfermagem.

Anne estava cuidando dos ferimentos de Otavia, e George pareceu incomodado com aquilo. Ele soltou a mão de Lizz, e ela sentiu-se magoada, mesmo entendendo que ele não fizera por mal. Aliás, ela estava curiosa de mais. Por que George era tão protetor com Daniella. ‘’Eles seriam namorados?’’ indagou receosa, irritada.

— Como ela esta? — ele sentou-se a uma cadeira próxima a cama. Tocou os cabelos de Daniella e os afagou com carinho.

— Ela está bem, George. Precisa apenas de descanso. E um remedinho pra dor — Sorriu para ele.

— E quanto a Otavia? — lambeu os lábios, sem muito interesse com a pergunta.

— Alguns machucados ali, outros aqui, mas ela está bem também. —

Anne limpou o ferimento de Otavia e se afastou em direção alguns armários. Ela encarou Lizz, animada ao notar que a mesma estava ali.

— Lizz, querida. Aconteceu algo? — Lizz pulou com a pergunta repentina. Estava muito centrada em apenas encarar George, Daniella e Otavia. ‘’Por que eles parecem tão íntimos’’ suspirou, desistindo da resposta. George a encarou.

— Eu vim... Ver se Daniella ficaria bem... — riu sem jeito. — Já estou indo. — e correu em direção à porta. Estava aflita e por que diabos queria chorar? Talvez estivesse alimentando algum sentimento por George. Lizz parou de caminhar, surpresa. Não havia percebido? Franziu as sobrancelhas, confusa. Levou os dedos ate o pescoço de sua camisa e o puxou para baixo, como se aquilo a fizesse respirar sem nenhuma dificuldade. ‘’Essa dor... Seria por que... George não era seu. Nada seu. ’’

— Lizz! — Lizz virou-se em direção a voz. — Por que saiu daquele jeito? —

— A sensação de ficar presa entre quatro paredes com Otavia e Daniella, não me trás boas lembranças —

— O que? — ele pareceu confuso. — Não entendi —

Lizz pensou mais que duas vezes se contaria ou não. ‘’Sua namorada era a culpada por isso tudo’’ estaria sendo precipitada? Talvez não fossem namorados. ‘’ Sua amiga... ’ Sim, com toda certeza seriam amigos, mas e se não fossem? George lhe sorriria com aquele sorriso e diria ‘’ Ela não é minha amiga, é minha namorada’’ e então Lizz ficaria realmente... Triste. Mesmo que ela não tivesse o direito, por que George não era seu e nada seu. Suspirou.

— Você não imagina o porquê de Otavia ter sido chamada na diretoria. — indagou. George percebendo seu tom de voz.

— Não... É... Ela sabia de algo sobre... — realmente não sabia o que dizer.

— Era ela. — Ele ainda pareceu não entender. Lizz bufou. Ele era um idiota ou se negava a crer que Otavia era podre. — Ela que... Esperava-me sempre depois da aula e... — Lizz embargou a voz. George estava atento. — Era ela George. Ela e Daniella. Elas foram o meu inferno desde o inicio do ano. — George soltou o ar. Desviando o olhar para qualquer outro ponto. Estava imaginando como seria Daniella sendo um monstro. Era difícil de imaginar. Mas Lizz não mentiria. Ela não o faria, não quando estava ali, diante de si. Prendendo o choro, as lágrimas.

— Daniella? — repetiu o nome, indignado. — Me desculpe Lizz, eu não sabia. — pediu, a puxando para um abraço. Lizz o aceitou e retribuiu, puxando-o para perto. Estava tão triste e magoada. E feliz e não sabia mais o que sentia. Era uma mistura louca de sentimentos. Fungou, afastando o rapaz.

— O que a Daniella é para você? —

George franziu as sobrancelhas, confuso.

— Como assim o que ela é para mim? —

— Você a ama? — perguntou, separando-se por completo do toque.

— Sim... — George ainda estava confuso. E Lizz soluçou com o choro que voltara. Estava gostando de George e aquilo doía. — Por que está chorando. O que houve? —

Não falara nada. Limpou as bochechas molhadas, mas as mesmas voltam a se molhar com rapidez. De longe, se via Jorge que passou a caminhar com certa urgência quando percebeu que Lizz chorava. Ele tocou o ombro magro da aluna e encarou o rapaz.

— O que houve? — perguntou preocupado — Aconteceu algo com a sua irmã, George? —

— Eu não sei o que aconteceu, ela passou a chorar assim, de repetente. E Daniella está bem, diretor. — avisou.

‘’Irmã’’ Lizz cessou com o choro. Deixando ambos, diretor e aluno, confusos. Jorge deu de ombros, como se dissesse que não fizera nada para que a menina parasse com as lágrimas.

— Tá tudo bem, Lizz? — George perguntou, encarando-lhe os olhos e as bochechas vermelhas.

‘’Irmã’’ confirmou em pensamento ‘’Eles era... Irmãos’’

George estava ficando preocupado com o silencio. Ele correria ate a enfermeira Anna e a chamaria para que consultasse Lizz, por que Lizz não estava realmente bem. Pensamento esse que fora esquecido quando o mesmo vira o sorriso de dentes brilhantes que Lizz lhe ofereça. Seus olhos se formaram uma meia lua, encolhidos e animados de mais. Era tão grande que Lizz sentiu que ficaria com dor em alguma parte qualquer de seu rosto.

— Eu estou bem sim. — ele não acreditou de inicio, mas o sorriso de Lizz não sumiu e por Deus, era um sorriso tão lindo e verdadeiro. Desajeitado um pouco, talvez, por que Lizz não era acostumada a sorrir assim. Riu. Aliás, George tinha a certeza de que nem ela percebeu que sorria.

Daniella acordou algumas horas depois. Ela olhou ao redor, sem encontrar ninguém. Sua cabeça doeu quando seu corpo fizera esforço para sentar. Seu estomago veio logo em seguida. Gemeu. Voltou a vasculhar o lugar, estava tão silencio que uma depressão lhe atingiu. Suspirou, assustando-se com a entrada repentina da enfermeira.

— Oh, que ótimo. — Anna aproximou-se de Daniella — Como se sente? —

— Dor. Dor no estomago e... Esquece — sussurrou desviando seu olhar. Na verdade o estomago e a cabeça não lhe doía, apenas quando os movimentava com certa rapidez — Onde está meu irmão? E Lizz? —

— Eles foram para a Aula. Apesar de que fora um sacrifício para tirar o George daqui. — riu — veja, fique aqui ate eles voltarem. George já ligou para os seus pais e eles virão busca-la de carro. —

— Ah — Daniella pareceu-lhe não muito animada — E Otavia? —

Anna suspirou, afastando-se dos armários para lhe dar atenção.

— Ela foi embora logo após eu cuidar de seus ferimentos. —

— Ela foi expulsa? — indagou curiosa. Mesmo sabendo a resposta, esperava por um não.

— Sim. — Daniella suspirou, voltando a deitar-se na cama, ignorando Anna.

Os pais de Daniella entraram na sala do diretor e o mesmo lhes contou o que havia acontecido. Lizz estava tomando um suco de manga no refeitório. As aulas haviam terminado e ela estava livre para ficar ali por um tempinho. Na verdade queria apenas dizer um ‘’tchau’’ para George e Daniella. Sentia-se animada de mais, mesmo sabendo que estava colocando muitas esperanças na relação deles consigo mesma. Suspirou, sentindo o gosto doce passar por sua garganta. Ajeitou a mochila em suas costas e desistiu de ficar por ali. Seu pai iria lhe fazer perguntas e outras coisas mais, talvez se chegasse no horário ele não a encheria tanto o saco.

Deixou o copo na mesa e ergueu-se devagar, sentindo as alças da mochila lhe machucar os ombros. Foi um dia longo e cansativo, havia ate mesmo esquecido que hoje cedo fora vitima de bolas pesadas. Suspirou, caminhando ate o portão. Estava um tempo de chuva gostoso e Lizz adorava aquele frio. Deu um aceno amigável para Vera, que também se despedia para ir para casa.

Parou. Dando uma ultima olhada para dentro. Amanha conversariam, talvez. Mordeu o lábio, voltando a caminhar em direção ao portão de ferro.

— Lizz! — ficou animada de mais com o chamado, mas evitou deixar isto claro. Daniella apareceu um pouco atrás de si. Ela lhe sorriu e correu, mesmo que dolorosamente, em sua direção. Lizz também se aproximou para deixar o caminho mais curto para ela. — Você já estava indo? —

Lizz afirmou tímida. Daniella suspirou, desviando o olhar por alguns segundos, para então encara-la novamente.

— Eu sinto muito. Realmente, eu fui uma pessoa horrível e... Meu Deus, eu estou muito envergonhada — Lizz arregalou os olhos, surpresa. Não esperava por um pedido de desculpas. — Você pode não aceitar minhas desculpas e... Mas... Mas eu realmente sinto muito. Perdão Lizz. — Daniella lhe pareceu aflita, esperando atenta por uma resposta. Lizz sorriu meio triste, meio feliz. Não sabia os motivos de Daniella lhe pedir desculpas, ou o porquê da mesma estar se sentindo culpada. Mas Lizz esperava que fosse verdadeiro. Que ela estivesse feliz em lhe pedir desculpas e torcendo para que Lizz as aceitasse.

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— Eu aceito, Daniella. — respondeu sem jeito. Daniella riu, abraçando-a com força. Lizz prendeu o ar. — Apesar de que não estou acostumada com uma Daniella carinhosa. — riu junto à outra.

— Eu fiz tudo àquilo por que... Eu pensava que você fosse uma vaca — Lizz tremeu, e Daniella percebeu o quando ela ficara tensa. — Hey, agora eu sei a verdade. A única vaca aqui é a Otavia e..., Bem... — Sorriu para ela — Agora eu e você somos amigas — bateu de leve contra o seu ombro. Lizz riu com o ‘’Amiga’’ feliz de mais, animada de mais.

— Lizz! Daniella?! — elas desviaram o olhar para o rapaz que corria na mesma direção que as duas. Ele pareceu preocupado de inicio, mas acamou-se ao perceber o clima legal que fazia. — Você está bem Lizz? —

— Ah, sim. — desviou o olhar. Daniella sorriu maliciosa.

— Que preocupação toda é essa em maninho? —

— He. Você tinha que ver Daniella. Ela começou a chorar sem motivo algum. Ate mesmo o diretor ficou assustado. —

— Sério? O que houve? — Daniella perguntou divertida, realmente curiosa.

Lizz calou-se, sentindo suas bochechas ficarem vermelhas.

— E então depois ela alargou um sorriso no rosto. — George a encarou — Muito lindo por sinal —

Daniella gargalhou com a cor azul que as bochechas de Lizz ficaram. Se é que isso seria possível. Gemeu com a leve pontada em seu estômago. George a encarou levemente irritado.

— Espero que você tenha pedido desculpas a Lizz. —

— Ah, sim. Claro que pedi. Estou realmente arrependida por tudo que fiz. Otavia me manipulou muito bem. —

— Me explique isto quando chegar a casa. — George pediu, sentindo o toque em seu ombro. Seu pai apareceu junto com sua mãe. O mesmo apertava-lhe gentil o ombro esquerdo. George o encarou.

— Você é a Lizz? — o homem perguntou. Lizz afirmou, tentando não desviar os olhos dos dele. — Eu sinto muito Lizz, por tudo que minha filha lhe fez. —

— Sentimos muito, querida — uma mulher um pouco mais velha que si, afagou os cabelos negros de Lizz e sorriu-lhe. Lizz sorriu também.

— Vamos. Estou indo na frente — o pai de George se afastou e sua mulher fora junto, logo após um tchau.

— Er... Eu vou indo também, sabe. Pra ir acalmando as feras antes de chegar a casa, por que você sabe né. — Daniella abraçou novamente Lizz e então piscou para o irmão. Ela correu em direção à saída, ainda acompanhando os pais.

— Que bom que deu tudo certo. — George disse primeiro, desconfortável com o silencio. — Você deveria ter me dito que eram elas as culpadas. —

— Eu nem sabia que vocês eram irmãos. — admitiu, deixando-o surpreso.

— Sério? — indagou, caminhando junto a ela, devagar — Se bem que a gente não é parecido e... Não deixamos isso muito claro. — deu de ombros.

— E... O que a Otavia... O que vocês são? — Lizz envergonhou-se com a pergunta. O que diabos aquilo lhe importava. Estava curiosa de mais.

— Otavia? Nada — disse a verdade, encarando-a — Quer dizer... Minha irmã gosta dela. —

— O que?! Sério!? — Lizz acabou por gritar, deixando-o assustado com a mudança repentina. Desviou o olhar, com suas bochechas vermelhas. George sorriu, sem jeito.

— Sim, é verdade. Ela e Daniella são muito amigas, ou eram. Não sei o porquê da briga, mas Daniella gostava muito dela. As duas não se envolveram pelo que eu saiba. Era um amor apenas por parte da minha irmã. —

— E eu achando que você e Daniella eram namorados. Que boba — riu de sua própria tolice. George a encarou, parando de andar.

— Realmente. Uma boba. — ele a olhou nos olhos. Aproximando-se, e Lizz teve a certeza de que estavam próximos de mais. Respirou fundo, nervosa. Ele iria beija-la? Não, não pode ser. Era apenas coisa de sua cabeça.

— Lizz... — sussurrou, passeando seus dedos contra as bochechas quentes de Lizz. Ela mordeu o lábio, assustada com o toque. George os encarou. Lábios cheios, vermelhos. ‘’Beijáveis’’ pensou consigo mesmo. Aproximando-se mais, lentamente, torcendo para que a mesma não escapasse de si.

Lizz pulou, assustando-se de verdade, com o barulho da buzina. Ela afastou-se de George e encarou ao redor, encontrando o carro dos pais de Daniella. O homem estava na janela, sorrindo sapeca para o filho, e George soube que ele fizera aquilo de propósito.

— Er... Então... — estava sem jeito, frustrado. — Até depois — Sorriu. Lizz sorriu para ele, levemente decepcionada.

— Até — a abraçou pelos ombros, beijando gentilmente o topo de sua cabeça. Seu pai buzinou outra vez, e George a sentiu tremer. Ambos riram, ate mesmo Daniella, que passou a encara-los também.

Esse sentimento que preenchia seu peito. Ela tinha certeza que era felicidade. Poderia ate mesmo explodir. Explodir de felicidade.