Legado de Uma Paixão
Capítulo 2
Bella sonhara sair pela nave daquela mesma igreja de vila ao lado de Mike. Agora ela teria de esboçar seu melhor sorriso quando a prima desempenhasse o papel que tanto desejara para si. \"Não irei mais me torturar\", determinou com firmeza ao sentir a emoção aumentar, quase sufocando-a. Não tinha a intenção de se deixar consumir pela autopieda-de, apesar da grande dor.
Desceu do carro quando Edward abriu-lhe a porta. Não havia nem notado que ele saíra do automóvel.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Obrigada, Edward — agradeceu, ignorando a mão dele, estendida para auxiliá-la.
— Não se esqueça do chapéu.
Os olhos verdes, semicerrados, logo captaram os sinais de nervosismo no rosto de Bella. Ela disfarçava bem, mas a tensão dos lábios e a rigidez dos traços refletiam o turbilhão interior. Edward relutou em desviar a atenção dos suaves lábios rosados entreabertos.
Agitada e um tanto ressentida por desconfiar que Edward estava se divertindo com sua situação, Bella agarrou o chapéu pela aba e o afundou na cabeça, prendendo os cabelos dentro.
— Como estou?
— Ficou uma mecha para fora.
Edward ajeitou alguns fios que caíam pelo pescoço dela e os escondeu. Naquele momento, Bella pareceu muito jovem e vulnerável. \"Foi assim que agarrou a velha raposa?\", Edward se perguntou, com cinismo.
O leve toque dos dedos longos e ásperos em seu pescoço provocou nela um pequeno tremor. Surpreendeu-se com a reação de seu corpo, mas tinha de admitir que a sensação não a desagradou. De fato, era bom desviar os pensamentos da provação que teria de enfrentar em breve.
— Está charmosa, Bella. Tenho certeza de que o noivo se consumirá de arrependimento.
— Na verdade, não me importo nem um pouco — declarou, com arrogância. A crítica implícita a deixou ofegante.
—Mas que pequena mentirosa! A brincadeira fo mais evidente e,antes que Bella o colocasse em seu devido lugar, sentiu que era enlaçada pela cintura, e o rosto se juntou ao seu. Edward riu, como se Bella tivesse acabado de contar algo muito engraçado.
— O quê...
— Convidados para o casamento, às dez horas —Edward cochichou ao ouvido dela.
Para dar mais realidade à farsa, mordiscou-lhe o lóbulo. Por alguma razão, Bella fechou os olhos, e um arrepio percorreu-lhe a espinha.
Piscando, ela olhou dentro dos olhos verdes intensos. Profundos lampejos irradiavam dos cantos, e os cílios escuros e espessos contrastavam com o brilho claro. Não se tratava de olhos apenas arrebatadores, davam a impressão de inteligência e humor. Ser acompanhante não fora, com certeza, a primeira escolha profissional de Edward. Quais circunstâncias o haviam reduzido a...? \"Não é de minha conta!\", disse para si mesma, tentando desviar a atenção para uma voz familiar.
—Bella!É você, querida? Não lhe havia reconhecido.Eu e George estávamos falando a seu respeito. Tão corajosa.... Apesar de tudo, foi melhor assim.
Bella mordeu o lábio e assentiu.
—Tia Helen, tio George,este é Edward —Bella apresentou, triunfante, como um mágico quando tira o coelho da cartola.
Mas a semelhança terminava ali. Se fosse para comparar Edward a algum representante do reino animal, ele pareceria mais com um grande felino, perigoso, predador.
Edward percebeu que estava sendo examinado com minúcia pelos parentes dela. Pareceu, de súbito, investir-se de um certo ar de autoridade que os forçou a desviar o olhar.
—Enfim conheci alguns dos parentes de Bella—disse Edward, cumprimentando o tiocom um aperto de mão que o fez retrair-se.
O beijo que ele plantou na face de Helen a fez enrubescer e parecer tão agitada como qualquer adolescente.
—Igreja bonita— Edward observou, olhando para a construção de pedras quadradas.—E arquitetura normanda, não é?— Edward pegou a mão de Bella, entrelaçou os dedos nos dela e continuou:
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Estou falando com os pais da noiva, querida?
— Os próprios.
Bella estremeceu ante a menção da palavra \"noiva\". Jássica, a querida prima, esperara a oportunidade e se atirara sobre Mike sem pudores. Bella sempre soubera que ela cobiçava seu namorado. No entanto, tinha uma confiança inabalável de que ele nunca nem mesmo olharia para qualquer outra mulher. Fora aquilo o que mais a deixara arrasada. Como pudera ser tão ingénua? Assim que Mike teve a chance, fez muito mais do que apenas olhar.
\"Mas é tolice ficar remoendo o passado. Com a família que tenho, deveria ter sido mais cuidadosa. Bem, aprendi a lição.\"
Edward seguiu o pequeno grupo até a porta aberta e afastou-se para que Helen e George passassem à frente.
—Sorria,Bella—cochichou,quando eles se adiantaram, ainda segurando a mão dela.
—Você parece que está a caminho do calabousso.
Os olhos de Bella brilharam de raiva, e ela tentou livrar-se.
—Pensei que estivesse aqui para me bajular— murmurou, furiosa.
Aquele homem esquecera seu papel passivo com muita rapidez. Não tinha o direito de fazer comentários pessoais.
Edward parou, virando sobre os calcanhares e segurando-a para encará-la.
— Não imaginei que gostasse de elogios mentirosos.
— Mas não preciso suportar insultos.
— Tenho meu orgulho profissional a zelar. Gostaria de contar com um mínimo de sua colaboração. A menos que pretenda desempenhar o papel de uma mártir.
Aquele comentário a despertou. Edward tinha razão, lógico. Teria de procurar representar para compensar seu amor-próprio ferido.
— Não sou uma profissional, Edward. E estou achando isso muito difícil, pois você é um completo estranho.
— Faça tudo direitinho, Bella. Lembre-se: estamos apaixonados. — Roçou os lábios nos dela, com delicadeza, porém, demonstrando uma familiaridade surpreendente. — Pensei que todas as garotas conseguissem fingir.
Mais uma vez, Edward fez um movimento cínico com a boca.
—Tenho certeza de que as moças que conhece conseguem com facilidade. Acha possível procurar não exagerar em seu desempenho? — Ergueu a cabeça e afastou-se.
Bella esboçou um leve mas sincero sorriso para o porteiro, um rapaz que conhecia desde os tempos de escola.
—Convidados da noiva ou do noivo?—perguntou ele, e então corou, dando-se conta da gafe que cometera. — Oh, desculpe-me, Bella... Quero dizer, eu não...
Bella quase sentiu pena ante a confusão do rapaz.
—Pode deixar, Jim. Encontraremos o caminho. Obrigada.
Em tom de voz bem baixo, em respeito ao recinto sagrado de antiga construção, apontou com um gesto de cabeça para uma das convidadas, sentada em um banco:
— Aquela é minha mãe, Edward.
— A de chapéu vermelho? — Inclinou a cabeça para captar as palavras sussurradas.
Bella meneou a cabeça.
— Mamãe ficará furiosa por havermos escolhido a mesma cor. Eu deveria saber: ela é o tipo de pessoa que adora vermelho.
— Bella, o que lhe deu na cabeça para usar roupa vermelha, com seu tom de cabelo? — Renné Swan era uma mulher bonita, cuja expressão rígida fora suavizada com os anos. Como sempre, estava muito elegante.
Bella sabia que nunca conseguiria alcançá-la nesse quesito: a maneira como caía o lenço de seda, a inclinação do queixo... Para Reneé, era tão simples quanto respirar. Para Bella, significava horas de cuidado para chegar à metade do efeito que gostaria.
Bella olhou para Edward, indiferente, antes de sentar-se.
—Sra.Swan, assumo total responsabilidade pela escolha. Bella está procurando me divertir.
O olhar surpreso no rosto de Reneé quando Edward, cheio de charme e carisma, se inclinou em sua direção e estendeu a mão, despertou em Bella uma vontade imensa de rir. Aquele não era o tipo de homem que a mãe ou quem quer que fosse imaginara, um dia, encontrar ao lado dela. Pela primeira vez, desde que encontrara Edward Mansen, se deu conta de que a decisão de empregar um artifício daquele se justificara. Decidiu aproveitar o máximo possível o ar perigoso e selvagem de Edward. Bella era a única que sabia que todo aquele fascínio era falso.
— Edward é daltônico, mamãe. — Geórgia mal conseguia conter o riso.
— Quem é este belo jovem, Isabela? Não vai apresentá-lo?
— Este é Edward.
— Encantado, sra. Swan.
— Por favor, trate-me por Reneé. É amigo de Bella? Ela é muito fechada com relação às amizades.
—Um pouco mais que amigo, não é, querida?
Os olhos de Edward estavam fixos no rosto deBella, dando a impressão a seus pais de que ele e a filha eram muito íntimos. Foi tão convincente que Bella corou.
Naquele momento, ela notou, com o canto dos olhos, que alguém se levantava de uma fileira oposta. Virou a cabeça como que atraída por um ímã poderoso, e os músculos de seu ventre se contraíram.
Mike era um jovem muito atraente, alto e atlético. Seus traços, regulares, a expressão, sincera e direta. Os dentes eram alvos e perfeitos. Os cabelos loiros davam-lhe um ar ainda mais jovial.
A perda e a amargura que Bella sentia transformaram-se em uma dor física. Mike a viu, mas não demonstrou nenhuma emoção. Ela não sabia se sentia aliviada ou humilhada. O ar cosmopolita que ela se esforçara tanto em adquirir tivera seu efeito. Pena que, no fundo, ainda era a mesma garota por baixo das roupas caras e da maquiagem.
A mão que de súbito segurou-lhe o rosto a despertou de seu transe. Aos poucos, a vida retornava a seu corpo.
- Não estou acostumado a ver a mulher que acompanho encarando outro homem como uma tola apaixonada. — As palavras, ditas em tom baixo e casual, tiveram o efeito de um balde de água fria. Edward aproximara os lábios dos dela, dando ao incidente uma aparência sensual.
—Como ousa?! — A arrogância dele era inacreditável. — Enquanto estiver lhe pagando,o que faço ou deixo de fazer não é de sua conta. Não se deixe levar por seu papel.
Na verdade, Bella sentia-se humilhada por haver sido flagrada comportando-se da maneira a que jurara nunca mais permitir-se. Sua raiva foi então dirigida à única pessoa que notara aquela fraqueza momentânea e que tivera o mau gosto de mencionar o fato.
—E uma grande bobagem gastar dinheiro contratando um falso amantes e insiste em se comportar com a discrição de uma adolescente, Isabella.Porque deveria eu desperdiçar meu tempo e minha energia agindo como perfeito enamorado se você não coopera?
Bella não pôde deixar de se sentir ofendida ante a insinuação de que agir como seu amante requeria uma grande quantidade de sacrifício.
—Porque está sendo pago para isso, Edward Mansen. Então,trate de se comportar.Diga-me, o que você faz? E um ator desempregado? Se quer saber, não é, em absoluto, o tipo de homem que solicitei à agência. Pedi um acompanhante, e não um conselheiro. E não precisa se esforçar tanto, ou, a não ser que seja um excelente mentiroso, vai acabar nos colocando em uma situação difícil. As técnicas de interrogatório de minha mãe chegam ao limite da perfeição.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Edward suspirou, impaciente.
Movimentou a cabeça em direção ao noivo.
—Se aquilo é de seu gosto, acho fácil acreditar que não sou a pessoa certa. Pegue um manequim de qualquer vitrine de loja e terá uma amostra de seu companheiro ideal.—Aexpressão de Edward era de puro escárnio.
Bella quase engasgou de ira.
O hábito, havia muito entranhado, de pensar que Mike representava a beleza masculina encarnada fez os olhos de Bella soltarem faíscas.
— Como ousa?!
— Ora, meu anjo. Já reparou que fica repetindo essa frase? Dizem que a repetição é um sinal de intelecto limitado.
— Não me diga que a agência para a qual trabalha só contrata génios!
— Só para as clientes esnobes.
Por algum motivo, Bella sentiu-se apreensiva. Havia algo no contraste entre a suavidade da voz de Edward e a dureza na expressão falsamente sincera... Afastou aqueles pensamentos ridículos. Depois daquele dia, nunca mais teria de tornar a ver aquele homem. Edward não tinha influência alguma em sua vida.
Ainda assim, ele não deixava de ter razão: Bella tinha de se controlar se queria convencer os outros de que havia superado a traição de Mike e se sentia satisfeita e feliz.O que não deixava de ser verdade. Tinha uma carreira promissora como assistente em uma agência de propaganda. Franziu a testa ao pensar no homem que fora seu chefe:
Aro Cullen, a mão abençoada que conduzira a conhecida empresa ao lugar que ocupava como uma das seis principais agências do país. Bella fora sua protegida, e eram muito amigos. Aro construíra a Cullen do nada e, depois de estabelecida e famosa, morrera. Aquilo deixara incerta a posição de Bella, mas a tristeza que sentia pela perda do amigo era genuína.
Bella tinha tudo o que queria: uma carreira, um apartamento próprio, independência, bons amigos, liberdade. Mas, mesmo com alguém a seu lado, sabia que todos a veriam apenas como uma mulher desprezada. Ela detestava a convicção geral de que uma mulher precisa de um homem para se realizar. Vira sua mãe passar por inúmeros namoros temporários, cada um deixando-a um pouco mais desesperada e solitária que o anterior. A partir da própria experiência de perda, decidira nunca mais repetir o erro.
— Importa-se de tirar as mãos de cima de mim, Edward?
A mão que havia chamado sua atenção ainda segurava-lhe o rosto, as pontas dos dedos mergulhadas nos cabelos dela. Edward aproximara o seu rosto do dela o suficiente para que Bella pudesse admirá-lo muito bem, a textura da pele, o aroma al-miscarado da fragrância masculina que exalava.
Um dos dedos de Edward enrolou-se em uma mecha que escapara do chapéu. A expressão nos olhos verdes, enquanto observavam o movimento preguiçoso do dedo, demonstrava uma incrível autoconfiança. A perna de Edward, pressionada contra a dela, também a deixava perturbada.
\"De uma maneira desagradável\", tentava convencer-se.
Os acordes familiares da marcha nupcial soaram, e, com o coração aos pulos, Bella livrou-se da mão de Edward e dirigiu-lhe um olhar frio e distante, mais para convencer-se de que ele não tinha nada a ver com a descarga de adrenalina que percorreu suas veias do que outra coisa. Em uma ocasião como aquela, Bella não poderia dirigir sua atenção a nada além da atração principal.
A noiva estava adorável, suas respostas claras e decididas. Já o noivo pareceu menos firme do que sempre fora. Bella imaginou que se sentiria humilhada durante a cerimónia, mas percebeu que fora capaz de assistir a tudo como se não estivesse presente, como se não passasse de um sonho.
Lá fora, os convidados se agrupavam para tirar fotografias. Bella manteve a cabeça erguida e respondeu com alegria aos cumprimentos da família e dos amigos, que olhavam com curiosidade para o homem alto ao lado dela. Em alguns casos, havia uma ponta de inveja. \"Bem, é sem dúvida muito melhor do que piedade!\"
— Por que Mike a deixou?
— Essa é uma pergunta indelicada. — Bella sentiu um arrepio. — Se quiser mesmo saber, parti para Londres, para fazer um curso. Mike e eu não éramos noivos, apenas namorados.
— Não lutou por ele? Ou já tinha alguém mais interessante em vista?
— Nenhum homem merece que uma mulher lute por ele.
— Não está sendo um pouco radical? Pelo que sei, você só sofreu uma vez. Ou será que seu passado é ainda mais doloroso que essa experiência?
A ironia no rosto de Edward fez com que Bella sentisse vontade de esganá-lo.
— Sei que está entediado, mas, de modo algum, tenho a intenção de animar seu dia com histórias picantes. Minha mãe virá atrás de você em alguns minutos e, pode ter certeza, irá extrair cada partícula de energia de seu corpo.
— Noto que não se dá muito bem com ela. E seu pai, onde está?
— Para sua informação, nunca conheci meu pai. Ele nos abandonou antes que eu nascesse. Não conseguiu suportar o peso das correntes que o atavam a um lar. Mas mamãe nunca desiste. Sua vida é incompleta sem um homem em sua cama. Mas todos os seus amantes acabam partindo. Tal mãe, tal filha. Nós, é claro, não conseguimos segurar nossos homens.
Ofegante, Bella parou de falar e mordeu o lábio trémulo, horrorizada com o que acabara de confessar a um completo estranho.Edward ficou perturbado ao notar a angústia nos olhos sombrios dela, mas sufocou rápido qualquer instinto protetor. Não deixaria, de modo algum, que seus sentimentos interferissem no motivo de sua real presença ali.
Bella nunca imaginara que pudessem colocá-la na mesa dos noivos. Pressentiu o toque da prima Jéssica naquele arranjo, que sempre fora pouco generosa na vitória, pois acreditava que a mágoa deveria ser sempre relembrada. De qualquer modo, Bella tranqúilizou-se notando que o tamanho de Edward a protegia da visão do casal feliz. As vozes, entretanto, não eram tão fáceis de ser bloqueadas.
Ela desperdiçara seu fôlego implorando para que Edward mantivesse a boca fechada durante a recepção. Ele já estava conversando com tio George havia dez minutos. Bella não conseguia entender tudo o que diziam, mas termos financeiros pareciam estar sendo usados o tempo todo. Por melhor artista que Edward fosse, o tio era um bem-sucedido consultor financeiro e seria apenas uma questão de minutos para que descobrisse que Edward não tinha a mínima ideia do que estava falando.
Furiosa, Bella aceitou mais uma taça de vinho e a bebeu, de um gole, nem sequer degustando o produto daquela safra especial.
—Edward querido!—ela interferiu na conversa, segurando com um gesto afetuoso a mão do companheiro e, sem que ninguém visse, enterrando as unhas em sua pele.—Você prometeu que não falaria de negócios hoje. Lembra?
Os olhos de Bella soltaram faíscas de alerta.
—Está se sentindo negligenciada,meu anjo?-As sobrancelhas escuras se ergueram, e Bella percebeu que Edward julgara inútil e improcedente o comentário.—Seja mais sutil, senão a farsa cairá por terra—murmurou,comvozgrave,pousandoos lábios, com delicadeza, nas costas da mão dela.George fitou-os com ar indulgente.
—Minha culpa, Bella, querida.Você tem um namorado muito interessante. — Sorriu, satisfeito.
O elogio inesperado fez com que Bella se calasse, surpresa. O tio não era o tipo de pessoa fácil de se agradar.
—Você sempre foi ótimo em analisaras pessoas, titio.
O homem que amava estava a menos de meio metro de distância, e ali estava Bella, suscetível ao toque sensual das mãos de um desconhecido.
— Pode se comportar, Edward?!
— Como prefere que eu me comporte? — Franziu o cenho ao ouvir a risada infantil de Jéssica. — Sabe o que mais? Acho que você deveria sentir pena de seu amante ideal. Ele terá de conviver com essa risada pelo resto da vida. Se é que vai aguentar muito...
— Desejo o melhor para eles.
— Mentirosa... — Edward ergueu a taça de vinho e ficou observando o movimento da bebida enquanto a balançava. — Como todas as mulheres, você é vingativa e não pode esperar para ver seu amado arrastar-se a seus pés.
— E fácil acreditar que as mulheres que você conhece ajam desse modo — comentou com desprezo. Mas havia, tantas vezes, imaginado a cena amorosa na qual Mike apareceria para implorar seu perdão que não teve coragem de encarar Edward. — Não gosto do papel de vítima, e é por isso que você está aqui. Não tenho a mínima vontade de causar ciúme em Mike e, para dizer a verdade, não conseguiria, considerando o que a agência me mandou.-Os olhos verdes se estreitaram, e os lábios de Edward se curvaram com desdém.
— Está me comparando de maneira desfavorável... aquilo. — Fez um gesto arrogante com os ombros e olhou com altivez na direção de Mike.
— Você tem a si mesmo em alto conceito, não é?
— Minha auto-estima sempre foi elevada, concordo. Escute, sei que hoje está sendo um dia traumático para você, então por que não esquecemos esse tolo insensível que a humilhou e relaxamos? A comida está ótima, o vinho poderia ser melhor, mas é farto, e não permitirei que sua farsa seja descoberta. Alegre-se, coma, beba e dance um pouco. Aproveite o charmoso companheiro que a agência lhe enviou.
— Charmoso?! — Bella riu.
— Tenho uma reputação a manter — disse Edward, com ar solene. — Então, combinado?
O sorriso que lançou a Bella chegava ao limite do irresistível, então, ela resolveu erguer o copo e concordar com a proposta.
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