Tempestuoso

Capítulo 6: Com essa cara de psicopata


POV DARYL:

Me encosto na janela rachada do barracão, a besta em meus ombros enquanto girava distraidamente uma flecha em meus dedos. Logo Mich viria trocar de turno comigo, e eu poderia dormir um pouco.

– Oi. - Carol se escora ao meu lado.

Sorrio para ela, ainda aliviado com o fato de vê-la viva. Pensei que nunca mais a veria.

Ficamos os dois em silêncio, olhando todo aquele mato alto a nossa frente. Estava escuro, a falta de luz deixava o ambiente sombrio. Nem mesmo estrelas eram vistas no céu, o que era raro.

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– Você não deveria estar dormindo? - pergunto, me referindo ao fato de que ela e Ty sairiam logo que amanhecesse. Ela dá de ombros.

– Estava conversando com Rick até agora, acabei por perder o sono. Ele me pediu desculpas sobre ter me expulsado da prisão, não achei que era necessário, mas ele insistiu.

– Você aceitou? - pergunto, imaginando o quanto Rick se sentia culpado ultimamente e o quanto ele merecia se livrar do peso que é se sentir assim.

Rick não era o um cara ruim. Ele nunca acharia certo injustiçar ou prejudicar alguém, ia completamente contra sua idéia de ética e moral. Ele só fazia o que era necessário para manter o grupo a salvo, mesmo que isso signifique sacrificar sua imagem de policial bonzinho. Rick precisava se manter forte para liderar nosso grupo e lidar com seus problemas pessoais sem perder o que lhe restava de sanidade. Pedir perdão para todos que ele pensou injustiçar era o começo para isso.

– Claro. Ele fez o certo. Eu matei aquelas pessoas, Daryl. Para proteger aquele lugar e a minha família eu faria tudo de novo, mas hoje vejo que isso de nada adiantou. A prisão caiu do mesmo jeito e aquelas duas pessoas que eu matei, foram em vão.

Assinto, tentando entender o porquê de ela estar despejando toda aquela história sobre mim do nada.

Carol suspira, com uma expressão pesada, como se estivesse pensando no que falar, ou como falar.

– Eu te culpei por não ter ido atrás de mim após minha expulsão. Quero te pedir desculpas por isso, Daryl. Eu fui injusta, egoísta e infantil.

Franzi o cenho, sem entender bem o que estava acontecendo.

– Você não precisa se desculpar, Carol. Eu deveria ter ido, deveria ter contestado a decisão de Rick...

– Não! Você não está entendendo. Você não deveria ter contestado, Daryl. Rick estava certo. O ponto é que, até um pouco depois da prisão, eu achava que tinha uma espécie de dívida com você, por conta de Sophia e de tudo que aconteceu.

– Não estou entendendo onde você quer chegar.

– Por deus, Daryl, você quase morreu por uma menininha morta! E eu tentei te agradecer por isso me esfregando em você! Eu te pressionei, como se te devesse algo. Acabei cobrindo o buraco que a perda de Sophia deixou com fantasias absurdas envolvendo o que você parecia representar para mim. Me segurei em você com todas minhas forças para conseguir tampar as feridas que a morte de meu marido e filha haviam abrido e acabei te fazendo se sentir culpado por não aceitar minhas investidas, por não estar interessado. Fiz isso tão bem que nem você chegou a perceber. Nem eu, aliás. Só passei a ver o que estava fazendo quando me vi sozinha, sem Daryl para suprir minha carência de afeto. E aí eu me senti culpada. - ela suspira, fechando os olhos, como para se acalmar.

Pensei em falar algo, mas não consegui. Ela ainda estava com os olhos fechados, tentando pensar em como continuar, acredito.

– Eu voltei para a prisão, para pedir desculpas e tentar reconciliar as coisas com você e, principalmente, com Tyreese. Foi quando eu vi toda aquela confusão e encontrei Ty no meio de sua fuga com Micah, Lizzie e Judith. Ty me perdoou pelo que eu fiz, Daryl. Eu não pensei que o faria. Pensei que ele iria me matar... Se ele podia me perdoar, porque você não? E é por isso que estou aqui, falando um monte de coisas que parecem sem sentido. Eu não quero que você se sinta preso a mim, Daryl, de maneira nenhuma. Você não me deve nada, e eu não quero nada de você, a não ser sua amizade. Entende isso?

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Engulo em seco, me sentindo estranhamente aliviado. Carol me abraça, chorando silenciosamente.

– Se um dia você se interessar por alguém, Daryl, eu quero que você corra atrás da pessoa. Quero que você lute e também quero que você entenda que, mesmo que pareça o mais sensato no mundo de hoje, ficar sozinho é triste e doloroso. Você merece mais que o manto de culpa que Merle jogou por sua cabeça desde sua infância, merece mais que correr atrás de uma garotinha já condenada e se culpar por isso. Você é bom, Daryl. - ela sorri, apertando meu ombro com carinho. - Você é como um filho para mim, mas sem todas as responsabilidades de um filho. Eu não sou mais um peso morto, eu posso me virar e não quero que você se preocupe comigo. Se preocupe com quem realmente importa, com quem realmente precisa de sua preocupação.

– Obrigado. - respondo simplesmente. Carol não precisava de mais que isso e eu também não. Ela me sorri emocionada, e se volta em direção ao barracão, me deixando para pensar em tudo que ela havia dito.

Suspiro, tentando organizar os pensamentos de modo simples. Ainda estava tudo confuso em minha cabeça. O fato de eu não ter percebido o quanto me sentia culpado e com medo de magoá-la por não aceitar suas investidas era o que mais me deixava atônito.

Como eu fui tão cego? Como não percebi que aquela pressão toda me fazia mal? E, principalmente, como eu não dei um basta em tudo aquilo?

A realidade era que eu me sentia responsável por Sophia, e não ter afundado as investidas de Carol quando me senti subjugado pela primeira vez era meu jeito de pedir perdão por não ter salvo sua filha.

Sutilmente, a percepção de que a morte de Sophia não era minha culpa me abateu.

Não era culpa de ninguém, somente aconteceu. Ela se assustou, se perdeu do grupo e teve o mesmo fim que todos nós um dia teremos. E eu fiquei tão cego por sua perda que passei todo esse tempo sem perceber que ela não era meu martírio, ela era só uma garotinha, assustada demais para sobreviver e acabar com todas as minhas frustrações de infância.

Sophia não era o Daryl de dez anos que ficou dias perdido sozinho na floresta. Ela tinha pessoas que se preocupavam, tinha uma mãe que chorava por seu desaparecimento.

Eu carreguei todo esse peso nas costas sem perceber o quanto aquilo me fazia mal. Coloquei um grande peso nas costas de Sophia também e, no fim, tudo o que consegui com isso foi agir como se estivesse tentando recompensar o fato de não ter conseguido salvá-la.

Sophia não sobreviveu aos mortos, assim como muitas crianças, que deixaram para trás pessoas tão quebradas quanto minha família. Eu não poderia me acostumar com essas mortes, mas não precisava mais me culpar.

(...)

Carol e Tyreese já haviam ido para sua vigia quando todos nós resolvemos acordar.

No meio da noite, acabei por aceitar que deveria parar de pensar na conversa que tive com Carol e simplesmente seguir em frente. Estava tudo resolvido agora, e eu podia me preocupar com o que realmente importava: salvar os vivos. Salvar minha família.

Rumei para fora do barracão, fugindo da baixa conversa de Rick e Michonne na cozinha. Mich queria fazer a vigia com Thea, mas não achava certo deixar o acampamento sem eu ou Rick para cuidar de tudo. Rick se sentia acuado com a cobrança de Michonne, mas não podia simplesmente virar as costas e fingir que ela não estava certa.

Querendo ou não, Rick era responsável pelo grupo e nós víamos o quanto ele tentava se esquivar dessa liderança, tentando colocá-la nas mãos do conselho, que se dissolvera junto com a vida de Hershel.

Nós havíamos voltado para a estrada e, consequentemente, para a época não democrática de nossas vidas, e ele teria que se contentar com isso. Não seria mais tão difícil também. Nós não éramos mais indefesos, não podíamos nos dar ao luxo de ser. Cada um podia se responsabilizar por algo, cuidar de si. Rick só tinha que se manter são o suficiente para cuidar de todos.

Sento nas escadas da pequena varanda, me mantendo concentrado na imensidão verde a minha frente.

– Essa visão toda do mato é mesmo encantadora. - Thea fala, se sentando ao meu lado, satirizando minha concentração desnecessária.

Eu tinha que concordar com ela sobre o mundo ter se tornado nada mais que um monte de mato.

Ela me estende uma xícara velha com algo que parecia café solúvel. Aceito sem muita cerimônia, tomando um gole logo em seguida e percebendo que não era uma das piores coisas que já havia provado desde que essa porcaria de apocalipse começou. Andrea fazia cafés bem piores no acampamento da pedreira.

– O que mais me surpreendeu nesse negócio de apocalipse e gente morta comendo gente viva foi perceber o quanto as indústrias de alimentos eram falsinhas. - ela fala, bebendo um gole de seu café.

Dou de ombros, sabendo que já iria começar o falatório.

– Isso está vencido há cerca de um ano e ainda continua consumível. - toma um gole de seu café, como se estivesse experimentando a melhor coisa do mundo.

Ao julgar a situação do mundo atualmente, talvez esse café solúvel estragado seja mesmo a melhor coisa a ser provada.

– Juro que quando o mundo voltar a ser o mundo de sempre, não mais vou cair no conto do vigário, Daryl. - fala séria, como se estivéssemos discutindo um assunto muito importante. - Quantas vezes não joguei as coisas no lixo só por estarem fora do prazo de validade? Cometi o maior pecado do mundo! - balança a cabeça, com uma expressão falsamente desolada.

Thea era a rainha do drama. Reviro os olhos, ouvindo-a continuar com sua história interminável.

– Acho que foi por isso que esse apocalipse aconteceu, sabe? Para dizimar as pessoas mentirosas e deixar só nós, as pessoas sinceras. Eu nunca mentiria um prazo de validade para consumidores indefesos, cara! Eu não sou tão baixa assim...

– Você não consegue ficar quieta por um segundo? - pergunto, já impaciente. - Já acorda com um monte de coisas para falar. Parece aqueles brinquedos infantis de dar corda, que ficam falando coisas sem sentido por minutos intermináveis e deixam todo mundo louco!

Ela ri, empurrando meu ombro com aquele jeito espontâneo dela.

–As vezes eu me sinto um brinquedo de dar corda. - balança a cabeça, como se pensasse em algo.

– Talvez eu devesse descarregar suas baterias. Quem sabe assim não cala a boca um pouco?

– Só estou tentando puxar assunto com você, Daryl. Você fica aqui, olhando para todo esse mato verde e velho com uma cara tão desolada e solitária... Quis fazer uma boa ação!

– Certo. Estou bem melhor agora, depois de ouvir você falar um monte de coisas sem sentido.

– Eu faço bem o meu trabalho. - brinca, ficando em silêncio logo em seguida.

Olho para ela, tentando descobrir de onde esse silêncio saiu.

– Eu gostaria de ter ido primeiro. - solta, me fazendo franzir o cenho.

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– Do que está falando?

– Eu gostaria de ter ido na primeira vigia. Em todas, na verdade. Odeio me sentir inútil. Odeio ficar parada aqui, bebendo a porcaria de um café solúvel ruim, enquanto outras pessoas tentam consertar a merda que eu fiz.

– Qual merda, em específico?

Ela olha para mim em repreensão, como se fosse uma santa, não a maluca que realmente é.

– Ah, você sabe... Terminus, Gareth, família louca...

– Pensei que Michonne já havia mandado você parar de se culpar pelas idiotices alheias. - respondo, pensando em como isso me fazia mal.

Ela abaixa a cabeça, pensativa. Para alguém como Thea devia ser insuportável se sentir culpada ou responsável. Ela não era do tipo que sabia segurar a barra e seguir em frente. Ela não sabia lidar com todas as mortes e perigos que as pessoas corriam nesse mundo sem sentir empatia. Se ela não fizesse tudo que estava ao seu alcance para impedir, admitiria a culpa e carregaria ela consigo até a próxima furada que se metesse. Ela era intensa, sentia demais, falava demais e ouvia demais. Era tudo tão violento que eu me sentia agoniado só de pensar o tamanho do esforço que era lutar com aquela tempestuosidade de sensações e emoções sem enlouquecer de vez.

Olho para meu café, tentando conter a súbita vontade de consolá-la. Consolar as pessoas não era minha maior qualidade, muito menos pessoas com olhos tão grandes e brilhosos que podiam me engolir a qualquer momento.

Eu sentia que, se ficasse olhando por muito tempo para seus olhos, iria acabar me perdendo dentro deles de alguma forma. Era um pensamento um tanto fantasioso mas, de certa forma, a vida havia se tornado uma grande fantasia de humor negro.

– Michonne não manda em mim. - dá de ombros, me tirando de meus pensamentos. - Se eu sair de fininho para acompanhar Carol e Ty na vigia você promete não contar para ela?

Suspiro, lá vinha ela com as maluquices e os planos insensatos.

– Não vou só contar, como vou atrás de você e te trago pelos cabelos para ver se assim coloco um pouco de juízo em sua cabeça. Fique quieta um pouco, beba seu café e procure algo para se ocupar. Algo que não seja se esgueirar sozinha mata a dentro.

Ela suspira, emburrada. Bate o pé no degrau impaciente, como se tentasse não sair correndo em direção à Terminus.

– Eu menti sobre o café... Eu não acho ele um café solúvel ruim. Só queria ser dramática.

Reviro os olhos, tentando não me atentar a suas maluquices.

Eu não sabia como Carol e Ty concordavam com a ideia de Thea se arriscar sozinha atrás de pessoas desconhecidas. O mundo não era mais para se viver sozinho, nem todas as pessoas eram boas. Sem falar que Thea era maluca! Não queria nem imaginar os perigos que ela poderia passar se resolvesse realizar todos os planos mirabolantes que pensava.

Ela ri sozinha, me tirando novamente de meus devaneios.

– Me bater, botar juízo na minha cabeça, descarregar minhas baterias... Quer me dar uns beijos ou se tornar meu pai, Daryl? - fala, ainda rindo, me olhando sugestivamente.

Franzo o cenho, sem entender como havíamos chegado naquele assunto. Aquela louca falava de tantas coisas ao mesmo tempo que eu não conseguia acompanhar tudo sem me confundir.

– Eu não sei da onde você tirou essa ideia absurda de que eu iria querer te beijar, Thea. - respondo após um tempo, já me irritando.

Por que ela sempre tinha que abrir a boca para falar alguma merda? E, pior ainda: Por que ela sempre tinha que abrir a boca para falar alguma merda que me deixava constrangido?

Eu não iria negar para mim mesmo o fato de me sentir atraído por Thea, até porque, eu nunca fui do tipo que mente para si mesmo, mas eu não podia levar essa atração adiante. Eu tinha coisas muito mais importantes para me preocupar e não podia me dar o direito de me distrair com um romance adolescente.

Sem falar que Thea era delicada, fazia toda aquela pose de durona mas era sensível. E eu nunca fui do tipo romântico, nunca dei flores a nenhuma mulher, nem nunca liguei no dia seguinte. Nunca me interessei em ter um relacionamento, e muito menos em me sentir dependente de alguém a ponto de me preocupar em ser bom o suficiente. Eu já não gostava de me envolver antes, quem dirá agora, que as coisas estavam totalmente fora do controle. Se acontecesse algo entre nós, seria um completo desastre.

– Eu estou brincando, Daryl. Não era para você levar a sério! Não precisa ficar irritado. - fala, com um sorriso estranho.

Balancei a cabeça, confuso com aquela expressão. Se ela estava brincando, porque parecia frustrada?

– Você fala sério brincando e brinca falando sério. Isso confunde!

– Desculpa se deixo a donzela confusa. - provoca, levemente irritada. - Essa, com certeza, não era minha intenção.

Reprendo-a com o olhar, mas logo me perco em seus olhos verdes e brilhantes. Thea era linda, eu não podia negar.

Vejo-a franzir o cenho e fazer um bico estranho. Em súbito, uma vontade de beijá-la me atinge. Eu nunca havia sentido isso antes. Não era algo carnal, muito menos impensado. Era um sentimento quase sufocante, como uma necessidade.

– Por que as vezes você me olha com essa cara de psicopata, Daryl? - Thea me tira de meus pensamentos, com suas frases sempre constrangedoras.

– Cala a maldita boca, Thea. - falo, enquanto seus olhos verdes me engoliam aos poucos. - Só fala merda!

– Você nunca recebeu um bom tapa por causa dessa sua boca suja? - Ela fala, me imitando. Reviro os olhos.

– Quantos anos você tem? Quatro?

– Três, para falar a verdade. Faço quatro quando você parar de ser um grosso troglodita que me manda calar a boca a toda maldita hora.

– Eu paro de ser grosso quando você parar de agir feito uma pirralha mimada. Feliz? Chegamos a um consenso? Você já pode calar a boca agora?

– Pirralha mimada? Eu? Isso só pode ser brincadeira! - ela revira os olhos, fazendo um bico típico de uma pirralha mimada. - Eu sou uma lady, Daryl! Uma adulta super responsável! - joga os cabelos para trás, de modo teatral. - E você, realmente, deveria parar de ser grosso.

– Está bem, lady. - rosno, tentando manter o fio de paciência que ainda me restava. Eu não ia ficar discutindo com uma maluca logo pela manhã.

– Vou parar de ser grosso com a senhorita. Satisfeita ou deseja algo mais, como uma mamadeira quente ou um box de DVD das princesas da Disney, por exemplo.

Ela revira os olhos teatralmente.

– Você tem quantos anos, Daryl? - fala, com a voz calma, como se fosse a adulta responsável e eu o louco troglodita. Maluca manipuladora. - De qualquer modo, uma mamadeira quente e um box das princesas da Disney me parece uma boa. Você também quer algo? Talvez uma revista ou um DVD pornô... Esse mau humor só pode ser falta de sexo!

A fuzilo com o olhar, pensando em mil xingamentos para lhe dizer, mas eu sabia que isso só iria retomar a confusão.

– Vocês estão bem? - Carl aparece na porta, com a pequena Judith no colo. Ele parecia assustado, mas também divertido.

Thea sorri para ele, como se não estivesse me provocando igual uma louca segundos atrás.

– Sim, Carl. Daryl não consegue aceitar o fato de que ele quebrou meu braço, sabe? Aí discutimos um pouco sobre o assunto, mas já já ele entende que o que ele fez foi errado e me pede desculpas por sua grosseria. Aliás, eu já te contei como ele quebrou meu braço, não é? - continua com a falação, arrastando o menino para dentro do barracão consigo.

– Sim, Thea. Você já me contou sobre sua queda homérica em cima de Daryl. - ele responde, feliz pela atenção recebida.

Me viro em direção as escadas, ainda irritado, pensando em ir em direção a floresta para caçar, quando a voz de Thea chama minha atenção.

– Ei, Daryl. - fala, só com a cabeça para fora. - Só para constar, as vezes eu também te olho com cara de psicopata. - sorri, voltando para dentro.