E se...

Tourbillon d'émotions


Na semana que transcorreu após o retiro, era difícil andar pelos corredores da escola e não procurar pelo Greg. Ainda mais com a Carol falando dele o tempo todo.

– Sabe Petit, eu adicionei ele no Facebook depois do retiro. Eu não sei quanto a você, mas para mim parecia que ele estava na palma da minha mão. Foi pego pelo meu charme. Não concorda?

–É Carol, parece que fisgou mais um... – falei, por mais que pensasse totalmente o contrário.

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–Quem foi o azarado? – Pergunta Marta, se intrometendo na conversa.

– O gato do Greg, aquele da banda, sabe?- Revida Carol animadíssima.

Depois disso, Carol passou toda a manhã falando dele. E a manhã seguinte, falando da conversa que tiveram pelo Face. E a semana seguinte, sobre como ela estava apaixonada, e como ele devia estar também. Aos poucos, Greg deixou meus pensamentos, e passou a habitar somente nas conversas entusiasmadas da Marta com a Carol. Era impressionante como tudo que senti durante o fim de semana, simplesmente desapareceu ao ver a Caroline interessada nele - Me senti uma ótima amiga nesse momento.

As semanas seguintes foram bem normais. Normais demais até. Carol não mencionou Greg em momento nenhum, o que contrastava muito com a empolgação anterior dela. Mas resolvi não tocar no assunto.

Numa quinta-feira a noite, numa das habituais reuniões do grupo de jovens que eu participava, um menino novo me chamou a atenção. Era alto, de cabelos lisos, escondido o tempo todo por um boné e de pele bem clara. A primeira vista não o reconheci, mas então lembrei de onde aquele rosto me era familiar. Ele estava lá no retiro, e também estava no ônibus e parado perto da porta da minha sala todo dia. Aquele menino parecia estar me seguindo. E agora não fazia a menor questão de disfarçar, e me encarava fixamente.

A coordenadora do grupo, a Débora, o apresentou como seu filho. Seu nome era Marcelo, estava no segundo do ensino médio, e frequentávamos a mesma escola. Tenho que admitir que a primeira vista ele pareceu interessante, e decidi jogar o jogo dele, sustentando olhares e sendo gentil. Na mesma noite ele me adicionou no Facebook e começou a curtir freneticamente qualquer coisa que eu postava. Parecia que ele estava em todo lugar que eu ia, e me perseguia até na internet. E o que parecia interessante virou irritante. A partir daí, fingia que não percebia o via. Talvez ele desistisse.

E então chegou o Peter. E lá veio a segunda reviravolta.

Na minha sala, sempre tive o costume de conversar bastante com os meninos. Não sei bem o motivo, mas acho a conversa deles mais interessante do que a de muita menina por ai. E naquela semana, os lugares tinham sido alterados, e eu acabei sentando ao lado do Peter. Começamos a conversar sobre tudo. Desde problemas pessoais até a diferença entre arroz branco e amarelo. Nunca faltou assunto. E logo a conversa saiu da sala de aula. Nos falávamos praticamente 20 horas por dia.

E com a proximidade, veio um sentimento. Não aquelas paixões fortes e avassaladoras, que te enlouquecem e tomam todos os seus pensamentos, ações e suspiros. Um sentimento mais calmo, uma vontade de ficar junto, de poder dar as mãos na sala sem se preocupar com rumores, sem fazer nada errado. E então ele demonstrou sentir o mesmo.

E me pediu em namoro. Outra grande reviravolta.

Tudo ia bem. Eu e meus amigos estávamos nos dando muito bem, a Carol parecia bem amiga do Greg, a Marta tinha terminado com seu namorado virtual, e estava muito bem assim. E eu, tinha um namorado.

Mas não era um namoro comum. Conversávamos, riamos muito, falávamos coisas fofas e algumas declarações noturnas. Mas nunca nos beijamos. Para minhas amigas, isso era muito estranho.

–Mas Petit, como vocês podem estar namorando se nunca ficaram? Vocês nem se tocam!

E com o tempo, eu começava a concordar, e me perguntava se isso não era só uma amizade. Uma confusão de sentimentos. Bom, provavelmente era. Mas estava tudo bem assim. Até a tal da festa de história. Olha outra reviravolta aí gente!

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Numa bela sexta-feira chega a professora de história animada agitando alguns panfletos na sala.

–Então pessoal, esse é o primeiro ano em que vocês poderão comprar os ingressos pra festa anual de história! Os ingressos estão a venda com os alunos do terceiro ano, e a única regra é ir fantasiada como algum personagem histórico.

Isso foi o suficiente para alvoroçar a turma a semana inteira.

– Marta, Petit! Vai ser nossa primeira festa juntas!- Disse a Carol, já fazendo planos para as fantasias.

–E lá você pode finalmente ficar com o Peter!

–Não sei se ele vai... Respondi, já conhecendo o temperamento antissocial do meu namorado.

–Mas você vai né? Não pode perder a festa por causa dele!

–É Carol, vou tentar... Vou ver o que ele acha.

Saí apressada daquele bolinho de meninas animadas, conversando sobre unhas, cabelos e fantasias, e fui atrás do Peter.

– Hey, Peter!

– O que foi Petit?

– Nós vamos à festa de história, não vamos?

– Se você quer ir vá, eu não vou. Qual a graça de ficar lá, dançando a noite toda?

–Exatamente essa! E poder ficar com os amigos!

–Se tu achas, vai.

– Ai Peter, seja mais animado... Qual a graça de um namorado que não gosta de sair e nem de beijar a namorada?

– Você sempre soube que eu sou assim, se tu não gostas, arranje outro!

– Como podes dizer uma bobagem dessas! Você me trocaria tão fácil assim?

– Claro!

– Peter... Eu não imaginava algo assim...

– Vai à tua festa, vai Petit! Já aproveita e encontra alguém melhor por lá!

– Se é o que tu queres, é o que vou fazer! De que me adianta alguém que me chama de amor, mas trata como se fosse qualquer outra amiguinha?

– Concordo. Você é só mais uma amiguinha. Só não tinha percebido ainda!

– Peter!

Eu estava acabada. Num momento, tudo parecia perfeito. Agora, por um motivo fútil, uma das pessoas com que eu mais me importava, estava prestes a sair da minha vida. No meio do turbilhão de emoções, saí pisando forte e com os olhos lacrimejando do meio da multidão que se aglomerou para assistir aquela confusão. Tudo que eu precisava era de um cantinho para chorar sozinha.