Te Encontrei

O Jogo


Cada escola estava em uma arquibancada. Como fazem nos estádios de futebol, que separam os times rivais um dos outros.

Os jogadores entram no campo, divididos em duas filas. A primeira fila é o time da escola Coates e a segunda é a o time da nossa escola, Feliciano. Os dois capitães estão no começo da fila, Drake e Gustavo.

Luana se aproxima do meu ouvido.

–Olha lá seu amigo. - Ela se referia a Gustavo, que vinha sorrindo de orelha a orelha.

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– Eu já o vi. - Falei, com um tom de desinteresse. - E ele não é meu amigo. Eu mal conheço ele

– Crush? - Ela perguntou entre seu sorriso. Lancei um olhar a ela que dizia "Se você não calar a boca, você morre".

Os dois times ficam frente a frente para se cumprimentar. Drake e Gustavo são os primeiros. Drake estendeu a mão para Gustavo e disse algo na qual consigo entender por leitura labial: "Eu já venci". Gustavo o retribui com um sorriso de lado, achando aquilo engraçado.

Depois do cumprimento, os jogadores assumiram suas posições. Drake e Gustavo novamente ficam frente a frente para decidir quem começaria com a bola. Drake acaba ganhando.

E o jogo começa.

Drake toca a bola para um dos jogadores do seu time. Este domina e avança, porem é marcado por Gustavo.

– Aqui! - Grita Max, amigo de Drake que também está em seu time. E então a bola é jogada para o alto, em direção a Max. Porem, um jogador da Coates salta e toca a bola, de cabeça, em direção ao amado da Luana, Pedro. Ele domina e avança, ele consegue driblar um, dois, três jogadores. A galera da Coates foi ao delírio.

– Ele é bom. - Comento para Luana. Ela concorda com a cabeça, sem tirar os olhos do campo.

Pedro continua a avançar, ele está sozinho, e logo está de frente ao gol. Pedro chuta, o goleiro não consegue agarrar, e a bola vai parar no fundo do gol. Coates 1X0 Feliciano.

Os alunos da Coates vão a loucura do outro lado da arquibancada. Luana não se contenta, levanta, e grita.

– É ISSO AI, PEDROO! UHUU!

Pedro olha para a arquibancada, e avista Luana. Ele forma um coraçãozinho com as mãos para ela. Ela suspira apaixonadamente, e volta a se sentar na arquibancada.

Olho para trás e vejo todos na arquibancada, todos alunos da nossa escola, olhando em direção a Luana, meio perturbados pela reação dela.

– Acho que o pessoal não gostou nada dessa sua reação alegre quando o Pedro fez um gol - Disse no ouvido dela.

Ela olha para trás, disfarçadamente. E apenas da os ombros

– Deixe eles. - Ela disse a mim.

Drake parece furioso. Ele grita para o time "O jogo ainda não acabou, pessoal!", e todos concordam com a cabeça.

O jogo continua. O goleiro chuta a bola em direção ao centro do campo. Drake consegue dominar a bola com o peito, e então avança para o lado adversário. Dois jogadores do time adversário o marcam. Drake é obrigado a passar a bola para outro jogador do seu time, Luiz, o gigante - Gigante porque este é o apelido dele pois tem tem 1,95 de altura. - Gigante consegue dominar a bola e avança em direção ao gol. Logo, ele recebe uma forte marcação de quatro jogadores adversários, mas ele não recua, continua a avançar em alta velocidade passando entre os quatro.

Gustavo vai para cima de gigante em alta velocidade, junto com mais 2 jogadores de seu time. Gigante tenta driblá-los, porem acaba perdendo a bola para Gustavo, que logo avança pelo campo com a bola. Driblou dois que vinham em sua direção, e em segundos estava indo, sozinho, para o campo adversário. Ele era bom. Até eu que não entendia nada sobre futebol sabia que ele era craque.

Gustavo chutou a bola que foi parar dentro do gol. A galera da Coates vão a loucura. 2X0 Coates.

– É, pelo visto Coates vai vencer esse jogo. - Comentei a Luana.

– Nunca se sabe. O jogo ainda pode virar. - Luana diz.

Depois do gol, Gustavo volta a brilhar novamente. Avança com a bola, em seguida deu passe para Pedro, que estava mais adiante do gol. Pedro avança, porem é marcado por três. Sem saber o que fazer, ele passa a bola para um outro jogador de seu time. Este avança.

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– Aqui! Eu to sozinho! - Gustavo grita.

A bola vai em direção a ele. Gustavo domina e vai em direção ao gol. Ele já estava suado, seus cabelos estavam molhados, mas mesmo assim continuava lindo... O que eu estou falando? Delirei, quando meus pensamentos foram brutalmente cortados por uma falta absurda. Drake deu um carrinho violento em Gustavo, que cai bruscamente no chão. Na hora, eu e Luana levantamos ao mesmo tempo.

– Falta! - Luana grita.

Uma falta grave, isso sim. O carrinho não tinha ido na bola, e sim nas pernas do Gustavo, na maldade, para machucar. Mas, quem sou eu para dizer alguma coisa? Eu não entendia nada sobre esse mundo mágico chamado futebol e suas regras.

Gustavo se levanta, com classe, tirando a poeira da roupa, e mandou seguir o jogo. Em pouco tempo, estava novamente no chão, dessa vez por outro jogador do time adversário.

– Eu pensei que estivesse assistindo a um jogo, e não a um ringue vale-tudo. - Gritei para todos ouvirem.

Não demorou muito para Drake derrubar Gustavo novamente. E, na cara de pau, deu nele um chute disfarçado. Gustavo se levantou, indignado, indo em direção a Drake, que ria debochadamente. Logo, o pessoal do "Deixa disso, não vale a pena" entra no meio, e afastou os dois.

– Quero porradaria! - Gritou um garoto que estava sentado atrás de mim na arquibancada.

– E você terá se não calar a boca. - Falei, para que ele ouvisse.

– Estou morrendo de medo. - Disse ele, na ironia.

Me virei para o tal.

– Mas é para ter mesmo. - Falei. - Agora, por favor, dá para calar essa sua merda de boca? - Sem esperar por uma resposta, me endireitei na arquibancada, voltando a assistir o jogo.

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Ano passado, nossa professora de biologia decidiu nos dar aula em ar livre. Objetivo: Encontrar folhas nas quais ela pedia.

Ela juntou as duas turmas. 2001 e a 2002. O problema é que a nossa turma (2002) e a 2001 eram rivais. Sim, rivais, mas por uma coisa boba: Eram as melhores turmas de segundo ano da escola. E, por isso, elas competiam entre si.

A professora nos levou a um jardim publico da nossa cidade. O lugar já me era bastante conhecido pois meus pais me levavam sempre para andar de bicicleta nesse lugar.

Chegando lá, a professora pediu atenção:

– Quero que se dividam em grupos de 4 pessoas. Vou dar a cada grupo uma lista com as folhas que vocês devem encontrar.

– Professora! - A garota mais irritante da escola, Daniela, chama a professora.

– Fale, Daniela.

– O tempo esta muito quente, professora. Andar nesse sol a procura de plantas vai me fazer suar, e eu odeio suar. - Ela diz, e risadinhas surgem ao redor.

Daniela é o tipo de garota que é bonita, mas essa é a sua única qualidade. Todos a conhecem por ser a garota gata, que todas as garotas querem ser, e que os garotos a idolatram. Mas, na verdade, ela é irritante, nojenta, metida, que se acha a tal por ser a filha do diretor do nosso colégio. Nunca fui com a cara dela, e nem a Luana, pois sabemos o quanto essa garota é insuportável.

– Daniela, por favor, apenas faça o que eu estou mandando. A menos, é claro, que você não queira ganhar dois pontos na minha matéria.

– Aff. - Daniela solta.

– Continuando, alunos. - A professora começa. - quem achar todas as folhas das plantas na lista, ganharam 2 pontos. Lembrando que, o primeiro grupo que encontrá-las, primeiro, ganharam 3 pontos.

– To precisando mesmo. - Comentou um garoto ao redor.

– Eu também. - Comentou outra pessoa, dessa vez uma garota.

– Muito bem. Agora formem seus grupos. - A professora disse, e todos começaram a se dividirem.

Eu e Luana ficamos olhando ao redor, em busca de algum aluno que quisesse ser nosso grupo. No fim, sobrou eu, Luana, e mais 2 alunos da outra turma.

– Professora! - Luana gritou.

– Sim?

– Pode ser um grupo de alunos misturados? Tipo, alunos da 2001 e 2002? Pois só sobrou a gente. - Luana disse, apontando para cada um de nós.

– Pode ser. - A professora respondeu, meio confusa, pois sabia que as duas turmas não se davam muito bem.

Nós nos aproximamos dos 2 alunos.

– Er... Oi. Meu nome é Luana. - Luana começou, se apresentando. - Esse aqui é o Eric. - Ela disse, apontando para mim.

Eu acenei.

– Meu nome é Stefany. - Se apresentou a única garota dos 2 ali presentes. Ela tinha cabelos lisos, curtos, e negros. Seus olhos eram castanhos escuros, e sua pele era clara - Esse aqui é o...

– Podem me chamar de JP. - Ele estendeu a mão para Luana e depois para mim. Um garoto um pouco mais alto do que eu, de cabelos loiros e olhos castanhos escuros.

– Certo, pessoal. Todos com seus grupos? - A professora perguntou. Um coral de "sim" sem animação surgiu ali. E então, ela passou uma lista para cada grupo.

– Muito bem. Vamos lá pessoal - Luana disse, indo na frente.

Caminhamos em silêncio por alguns minutos, até que JP fala:

– Olha um pé de amora, gente - Ele vai em direção a ela.

– Você quis dizer amoreira. - Stefany corrige.

– Tanto faz. - Ele diz a ela. Logo em seguida, pega uma amora e a coloca na boca.

– Sou alérgica. - Stefany diz.

– Que triste. - JP diz a ele. - Não sabe o que está perdendo.

– Muito obrigada. - Ela responde a ele, emburrada.

Todos sorrimos.

– São cinco folhas, pessoal. - Luana começa. - A Rombóide, Aristada, Cordiforme, Ternifoliada e Espalmada.

– Palavrões e mais palavrões. - JP fala, comendo amora.

– Realmente. - Concordo. - A Rombóide seria aquela ali? - Aponto.

– Sim. - Luana vai em direção a planta, e arranca a folha, colocando-a dentro de um pote. - Ótimo, um de cinco.

Passamos a metade do dia no jardim. Nos conhecemos melhor, e eu e Luana percebemos que não somos os únicos, no colégio, que pensam diferentes em relação a quase tudo.

– Stannis é maior pau mandado - JP estava comentando sobre Game Of Thrones. -, e ainda tem gente que o idolatra, dizendo que ele é que tem que sentar no trono e mimimi.

– Eu gosto do stannis. - Stefany fala. - Ele continua sendo o cara mais justo a se sentar no trono.

– Ele matou o próprio irmão de uma maneira covarde, cara. - JP levanta a voz. - Como isso é ser justo?

– Covardia faz parte do jogo dos tronos. Quer uma história de heroísmo? Esse não é o lugar. Jogar sujo faz parte. - Falei.

– Dany que vai sentar no trono, minha gente. - Luana fala.

– Lá vem a Danyzeti. - Falei. Todos riram.

– Sabe, essa rivalidade toda entre as nossas turmas é bem desnecessária. - JP fala.

– Concordo. - Falei. - Vocês são bem legais.

– Achei a Ternifoliada. - Luana nos interrompe, e vai em direção a planta. - Pronto, agora só falta uma folha.

– Será que algum grupo já conseguiu achar todas as folhas da lista? - Stefany perguntou.

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– Acho que não. O jardim é bem grande. - Falei.

Depois de alguns minutos andando em para lá e para cá atrás da bendita folha, finalmente a achamos.

– Ali, pessoal. - Luana aponta, e da uma leve corridinha até a planta. Porem, é empurrada e cai de bunda no chão.

– Opa, desculpa. - Daniela fala, debochadamente, colocando a mão na boca. - Eu não vi você ai.

Luana se levanta, limpando a palma das mãos que usara para amenizar o tombo.

– Ah, claro. - Luana diz com sarcasmo.

– Vocês dois, com essa gente da outra turma. - Daniela balança a cabeça, olhando para JP e Stefany. - Estou decepcionada.

– Como se eu me ligasse por decepcionar ou não você. - JP solta, o que acaba mudando a expressão no rosto de Daniela, que parece não ter gostar nada de ouvi aquilo.

– Parece que alguém aqui não tem medo. - Daniela olha para um dos garotos do seu grupo, que entende o recado e vai em direção a JP.

– Você realmente se acha, né, garota? - Falei. - Pensa que é superior a todo mundo. "A perfeita" do colégio. - Fiz o sinal das aspas com os dedos. - Mas essa sua beleza esconde a merda que você é.

JP e Stefany me olham, boquiabertos.

– E quem é você, garoto? - Ela pergunta. - Nunca te vi no colégio. Ah, pera, Lembrei. Você é o garoto rebeldezinho que acertou um soco em um colega da sua classe, certo?

– Sim. - Confirmei a ela. - E, já que você sabe quem eu sou, deveria sair daqui. Pois, né, sou "Rebeldezinho".

– Você está ameaçando uma garota, moleque? - Diz o garoto do grupo de Daniela.

– Estou apenas dando a ela um aviso. -Falei. - Agora, se ela não sair daqui, pode ter o mesmo destino que aquele meu colega de classe. - Olhei para ela, dando-a um sorriso de lado.

O amigo de Daniela vem em minha direção, em fúria.

– Para, Rafael. - Daniela fala, e ele para imediatamente. - Não vale apena.

– Eu posso acabar com esse garoto com apenas um soco. - Rafael me olha de cima a baixo, estalando os dedos.

– Se você o machucar, vai sobrar pro nosso grupo. - Disse Daniela. - E, não quero aborrecer o meu pai. - Ela me olha de cima a baixo. - Você tem coragem, mas é melhor não abusar. Você não sabe do que eu sou capaz.

– Nem você sabe do que eu sou capaz. - Falei, olhando-a sem medo.

Ela sorri, e sai. Rafael vai logo em seguida, nos deixando.

– Você se machucou? - Perguntei a Luana. Ela apenas ralou a mão.

– Um machucadinho de leve. Está tudo bem. - Luana diz.

– Ca-ra-ca! - JP se aproximando, sorrindo e batendo palmas. - Você acabou de enfrentar a filha do diretor. - Ele me da dois tapinhas nas costas. - Sou seu fã.

– Você não viu nada. - Luana diz a ele, e me olha sorrindo.

– Daniela é conhecida por conseguir tudo o que ela quer. - Stefany fala. - Você não vai querer ela como inimiga.

– Nunca fui com a cara dela. Já estava na hora de ela ouvir umas verdade e saber que o mundo não gira ao seu redor. - Falei.

– Eu sei, mas a partir de agora ela vai ficar de olho em você. - Stefany falou. - Eu não queria estar na sua pele.

– Por mim... - Levantei os ombros.

Pegamos todas as folhas e voltamos para o lugar de encontro onde a professora estaria nos esperando. Chegando lá, já havia dois grupos que tinham chegando antes de nós. Mas, por fim, conseguimos 2 pontos cada um de nós.

Stefany se mudou e foi morar em Brasilia. JP está no turno a tarde. Mas, continuamos a nos comunicar com eles até hoje.

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O jogo finalmente terminou. Coates 3X1 Feliciano. Comemoração histérica do pessoa da Coates. Parecia final de copa do mundo. Uma multidão invade o campo

Luana desce correndo a correndo, me puxando em direção ao campo

– Vem, vamos lá.

– Espera esse pessoal todo sair de cima deles, Luana.

– Vem logo. - Ela continuou a me puxar.

Conseguimos chegar até Pedro, que sorri assim que vê a Luana.

– Jogou bem, Pe. - Disse Luana, toda boba. - Você é demais no campo.

– Valeu. - Ele a responde, sorrindo apaixonadamente.

Revirei os olhos. Aff, amor adolescente...

Avistei Gustavo ao fundo. Ele estava sorrindo de orelha a orelha, conversando com seus amigos. Até que, de repente, uma garota voa para cima dele, e lasca um beijaço em sua boca. Uma garota... Ela não me é desconhecida... Não pode ser... Daniela?