Every Breath You Take

Anjo da Guarda


Você acredita que almas estão conectadas? Posso afirmar que sim. Uma amizade de uma vida pode durar várias outras, se a ligação espiritual entre os dois indivíduos for muito forte. Mas, como uma corda que envelhece, esses laços vão enfraquecendo pouco a pouco e chega uma hora que as duas almas deixam de se cruzar; e essas duas pessoas formam outras amizades, esquecendo-se da ligação que uma vez tiveram...

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Existe uma maneira de evitar isso. Quando você morre, teríamos de voltar para o ciclo da reencarnação imediatamente, porém, quando se quer muito – muito mesmo – evitar isso, você pode escolher se tornar um anjo. Obviamente as opções surgem a sua frente, mas ser um anjo exige um grande sacrifício e por isso, nem todos podem ver essa sugestão.

O sacrifício é a sina do amor eterno. Se tornar um anjo da guarda é vigiar para sempre a alma de uma pessoa específica de sua escolha e amá-la, acuá-la, dar segurança; de longe, sem nunca mais poder se aproximar. Suas almas nunca se desconectarão, mas ele não se lembrará de você a partir de determinado ponto. É o mesmo que manter uma amizade pós-corpo, mas os anjos abrem mão de suas novas vidas para jamais se separarem do indivíduo que decidiram cuidar. E eu tomei essa decisão séculos atrás.

No começo, a sensação é mágica. Lukas me procurou durante algumas vidas, tentando me encontrar num corpo físico, com as lembranças de vidas anteriores onde estávamos juntos. Aquilo aquecia meu coração de forma inimaginável, todavia isso não chegou a durar muito; logo nossas lembranças estavam distantes para ele e eu o via interagir com outros, amar outros talvez mais do que me amou um dia, e isso dói como o inferno. Talvez seja uma dor em comum entre os anjos.

Por mais estranho que pareça, aqui não é solitário; e é até mesmo engraçado ver um amigo antigo - como aconteceu quando eu me encontrei com o Berwald, que decidiu proteger o Tino - ou fazer uma nova amizade do nada - como o Gilbert, que virou anjo pelo Lovino -. É claro que a minha prioridade é cuidar do Lukas, mas esquecer de vez em quando que eu desisti de tudo por alguém que sequer recorda minha existência acalma um pouco minha loucura. E não é só comigo, tenho certeza. De vez em quando esse sentimento estrangula e afoga toda a pureza que o sacrifício foi, e tudo que eu consigo pensar nessas horas é como eu gostaria de ir até ele, estraçalhá-lo até estar banhado de sangue por me fazer passar por tudo isso e depois chorar aos berros até não conseguir mais; e é simplesmente tão cansativo que já poderia ser considerado como rotina.

Porque, afinal de contas, ele não percebe. Ele nunca perceberá, para ser franco. Mas, isso realmente não tem importância. Desde aquele momento, eu passei a vê-lo de outra forma; pude perceber cada movimento em falso, cada expressão forçada, tudo, de outra maneira que eu não podia antes. Eu estarei aqui para guardá-lo e protegê-lo, observá-lo, enquanto ele viver e até mesmo depois.

Ele não precisa saber de mim. Mas mesmo assim, eu ainda vou continuar a seguir em frente por ele, e pelo que tivemos. Está tudo bem, ele não precisa se lembrar de mim. Eu sou o guardião dele, meu dever e minha sina é amá-lo; e eu estou preparado para seguir isso adiante. Minhas crises passam, porém minha paixão não irá.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.