Capítulo 81 - Não fecha os olhos

— Quem era? – Violetta perguntou assim que coloquei o telefone no gancho.

— A mesma mulher de antes. – respondi.

— Você vai se encontrar com ela? – perguntou incrédula.

— Vou, nós vamos fazer uma troca.

— Que troca?

— Ela devolve Sophia e eu vou ficar com ela.

— VOCÊ ESTÁ LOUCO?

— Não.

— Você não pode ficar com ela.

— Vou trazer Sophia de volta.

— O policial vai com você, né?

— Não.

— Então eu vou.

— Claro que não.

— Por que não?

— Porque ela pode levar você junto.

— E daí? Sozinho é que você não vai.

— Argh. – murmurei.

(...)

Novamente estava deitado no sofá, com Violetta chorando, quando o policial voltou.

— Encontrou ela? – Vilu perguntou, se sentando e tentando enxugar as lágrimas.

— Não, receberam notícias?

— Sim, ligaram de novo. – respondi.

— O que disseram?

— Eles vão fazer uma troca. – Violetta respondeu antes de mim.

— Eles quem? – o policial perguntou confuso.

— León e a mulher.

— O que vocês vão trocar? – se virou para mim.

— Eu pela Sophia.

— Aonde vão se encontrar?

— No parque.

— Hoje?

— Sim.

— Eu vou com você. – ele disse.

— Não vai não.

— Por que não?

— Porque ela me disse que se eu levar a polícia, vai matar Sophia e Violetta.

— Ela não vai fazer isso, vou com você sim.

— E eu vou também. – Vilu se intrometeu.

— Não vai não. – a contrariei.

— Prefere me deixar sozinha?

— Tá bom, você vai.

— Marcou que horas com ela?

— Ás 20h00min.

— Que horas são? – Vilu perguntou.

— Quase 15h00min.

— Ainda falta muito. – reclamou.

— Pois é. – concordei.

Violetta Pov’s

Já estamos há dois dias sem Sophia. Eu estou com muita saudade dela. Uma mulher ligou para León, ela está com Sophi, eu acho que é Mia, León discorda, porém quem mais faria isso? Vamos nos encontrar com ela hoje e León pretende ficar com a mesma para Sophia voltar para casa, mas eu creio que o policial não vai deixar isso acontecer. Estamos na sala, o policial está nos contando seu “plano”.

— Entenderam? – ele perguntou.

— Entendemos. – concordamos.

— Ótimo.

— Ainda são 15h30min, a hora está passando muito devagar. – reclamei.

— Calma amor. – León disse, passando a mão por minhas costas.

— Eu quero a Sophi logo. – senti meus olhos marejarem.

— Calma, já vamos ter ela de volta. – León disse e me abraçou, comecei a chorar. — Calma, calma. – acariciou meus cabelos.

— Nós vamos mesmo encontrá-la? – perguntei.

— Vamos.

— E você não vai ficar com aquela mulher?

— Não, não vou.

— Promete?

— Prometo. – beijou o topo de minha cabeça.

— Já são quase 19h00min, por que não vão se arrumar? – perguntou o policial.

— O.k., vou tomar um banho. – eu disse, me levantando.

— Eu também. – León falou.

— Ótimo. – subi e fui tomar um banho. Me troquei e desci, León já estava pronto. — Vamos no seu carro. – avisou o policial.

— Certo. – León concordou.

— Vamos só nós três? – perguntei.

— Sim, mas caso precise acionarei a delegacia.

— Ah sim.

— Então vamos. – León disse, pegando a chave do carro.

(...)

Chegamos no parque e descemos do carro, o policial ficou lá dentro. Avistamos Sophi, ela estava com duas pessoas, uma a segurava e estavam os dois com máscaras, fomos até eles.

— SOPHI! – gritei e fui até ela, mas quem a segurava me parou.

— Primeiro ele vem comigo, depois entrego a menina.

— Primeiro solta Sophia, depois eu vou com você. – León disse.

— Nem pensar, primeiro você vem.

— Não, solte ela. – León disse em tom firme. – a pessoa que segurava Sophi olhou para o seu comparsa e fez um sinal com a cabeça, ele foi até León e o agarrou.

— SOLTA ELE! – gritei.

— Não, nunca. – o policial apareceu ao meu lado.

— Solte ele. – disse firme e apontou a arma para ele.

— Abaixa a arma ou atiro na garota. – quem segurava Sophia era uma mulher de cabelos loiros, ela apontava uma arma na direção da cabeça de Sophi e a mesma chorava muito.

— Primeiro soltem ele, depois abaixo a arma.

— Mas o nosso trato era ele em troca da garota.

— Vocês ainda não soltaram a garota.

— Porque ele não quis vir com a gente.

— Então vamos fazer de forma justa. – propôs o policial.

— Como?

— Me entregue ele. – o comparsa dele soltou León e o policial segurou seu braço. — Eu vou contar até três, no três nós os soltamos.

— Certo.

— Um... Dois... Três... – ela soltou Sophia, mas o policial não soltou León, eles pegaram na mão de Sophi e correram, eu corri também. Logo apareceu outra viatura e ouvimos um tiro. Pensei que tivesse acertado em um deles, porém não, acertou Sophia e ela caiu, chorando ainda mais. Corri até ela e sentei ao seu lado, colocando sua cabeça em meu colo, suas costas sangravam muito. Os dois correram para o matagal e a polícia foi atrás.

— Meu amor, fica com a mamãe, não fecha os olhos, por favor. – eu disse, passando a mão em seus cabelos, tentando de alguma maneira estancar o sangue.

— Tá doendo muito, mamãe. – ela sussurrou com a voz fraca.

— Eu sei meu amor, mas fica com a mamãe, não fecha os olhinhos. – pedi, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Amor, me dá ela. – León finalmente havia se manifestado.

— Pega ela com cuidado, com muito cuidado. – pedi e ele a pegou, seguimos para o carro. Sentei no banco de trás e a deitei novamente em meu colo.

— Vamos para qual hospital? – León perguntou, tentando manter a calma.

— Para qualquer um, anda logo, ela não está mais acordada. – disse desesperada.

— Ah meu Deus. – ele murmurou e pude perceber que ele também havia começado a chorar.