Enquanto você dormia

Your mother, she's alive!


Não faço ideia de quanto tempo estou sentado aqui, encarando a parede do meu escritório, por mais que eu tente não consigo me concentrar em nada, os papéis que eram urgentes de repente perderam toda a importância, o escritório repentinamente se tornou sem importância e tudo a minha volta pareceu tão insignificante quanto um cachecol no deserto ou uma bermuda no Alasca.

Tudo oque eu consigo pensar é nela, em tudo que ela me disse, nas palavras de ódio e de tristeza que saíram de sua boca, ohhh aquela boca, aquela boca a qual eu já passei horas beijando, aqueles incríveis lábios rosados que nem mesmo o tempo inertes fizeram perder a cor, ela estava franzina porem, como sempre, incrivelmente linda.

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Apesar de achar certo tudo que eu fiz até hoje não consigo deixar de imaginar como teria sido se esse acidente não tivesse acontecido, se Elena nunca tivesse saído de casa, se tivéssemos vivido juntos todo esse tempo, será que ainda estaríamos juntos? Será que nem mesmo a pressão de um casamento de 5 anos teria abalado nossa relação?

Provavelmente não, com certeza ainda estaríamos juntos, felizes e animados, talvez tivéssemos tidos mais filhos além no Miguel e da Bella, talvez nós tivéssemos deixado Boston e ido para a Itália, talvez estivéssemos vivendo em Milão ou a beira dos canais de Veneza, o lugar não importaria, estaríamos juntos.

Mas tudo isso foi interrompido por um maldito bêbado, talvez o estado dela não tivesse sido tão grave se aquele desgraçado não tivesse tentado fugir e jogado o carro dela pra fora da estrada, os anos de prisão foram poucos mas tenho certeza que aquele imbecil vai pagar por tudo que fez, talvez 15 anos de prisão o ensinem alguma coisa.

A noite do acidente ainda estava vivida em minha mente, como se tivesse acontecido ontem.

Flash Back On

O Miguel finalmente pegou no sono, mas a Bella ainda chorava descontroladamente, mesmo que a Elena tivesse pegado o maior congestionamento que Boston já enfrentou ela teria demorado tanto, a casa da Miranda fica só a algumas ruas daqui e não tem nem carros a essa hora.

Brinquei mais um pouco com a bolinha em meus braços e ela finalmente dormiu, aparentemente se era dor já passou, coloquei ela no berço e desliguei as luzes do quarto, fui para a sala e peguei o telefone discando o número da mãe da Elena, o telefone chamou algumas vezes e por um momento eu pensei que ninguém iria atender mais finalmente alguém atendeu.

– Alo? – Reconheci ser a voz do Jeremy.

– Oi, é o Damon. – Ele bocejou e olhei para o relógio pendurado na parede e notei que já era 1 hora da madrugada.

Qual é Salvatore? Ligando a essa hora. – Ele reclamou e pareceu se alongar ou coisa parecida.

– Desculpa Jeremy, mas eu só preciso saber se a Elena ainda está aí. – Ele não respondeu por um tempo e cheguei a pensar que ele tivesse dormido.

– Qual é Damon? Ela saiu daqui faz quase uma hora – Ele falou com a voz sonolenta.

– Como assim? Ela ainda não chegou pensei que ela tivesse ficado ai para ajudar sua mãe ou coisa parecida. – A Preocupação em mim começava a ficar absurda.

– Ela não chegou? Ela estava tão apressada! – Ele pareceu despertar e perceber o tamanho do problema.

– Jeremy, oque aconteceu? Onde ela está?

– Damon, eu-não-sei, vamos procurar. – Ele falou pausadamente.

– Não, você vai vir aqui ou trazer sua mãe eu não sei, mas vai vir e ficar com meus filhos, eu vou procura-la, venha rápido eles não podem ficar sozinhos.

Desliguei o telefone antes que ele protestasse, peguei as chaves do carro dela já que ela saiu com o meu e sai pela porta a trancando, Jeremy sabia sobre a chave debaixo do carpete e corri para fora, pulei dentro do carro e dei partida.

Dirigi como um verdadeiro louco pelas ruas próximas de casa, vi luzes que pareciam ser da policia ou dos bombeiros em uma das ruas próximas a casa da Miranda, acelerei o carro até onde haviam faixas indicando que não poderia mais passar por ali.

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Eu não queria acreditar mas sabia exatamente oque me esperava quando passasse pelas faixas amarelas, desci do carro e levantou uma das faixas, e lá estava meu carro completamente destruído, olhei em volta em busca de algum sinal da Elena mas não... tudo que tinha ali eram policias e bombeiro andando de um lado para o outro. Corri até um deles e segurei seu ombro.

– Oque aconteceu? – Perguntei ao homem de farda que estava tirando alguns pedaços de vidro da estrada.

– Já ouviu que quando se bebe não se deve dirigir? – Ele pareceu despreocupado e voltou a pegar os vidros, assenti com a cabeça – Pois bem, aquele cara – Ele apontou para um homem sentado no meio fio – Não ouviu, bateu em uma moça, e o pior é que ele esta ai, bem, provavelmente de ressaca e a garota esta em estado grave, quero dizer e se ela tiver família cara?

Não disse mais nada, me virei e andei até o homem que estava com a mão na cabeça sentado despreocupadamente, talvez tenha sido um jeito de não sentir medo pela Elena sentindo ódio por aquele homem, assim que eu estava bem perto dele ele ergueu a cabeça.

– Já disse tudo que... tinha para... dizer – Ele estava tão bêbado que as palavras saiam atropeladas – A culpa foi dela.

Perdi todo meu controle e dei um soco no idiota, ele caiu para traz e usou as mãos para esconder o rosto, oque não me impediu de dar socos no seu corpo.

– A culpa foi dela? – Eu vociferei enquanto o golpeava – Ela foi buscar um remédio para nossos filhos – Os policias começaram a me segurar mas eu continuei o golpeando com chutes – Você... seu idiota, eu juro que se acontecer qualquer coisa com a minha mulher, eu vou arrancar cada membro, cada músculo, cada pedaço seu!

– EI! Calminho. – Um homem me levou para longe do idiota que chorava como um bebê.

– Onde ela está? – Perguntei levando as mãos a cabeça.

– No hospital do centro, acho melhor você não dirigir assim nós...

Antes que ele acabasse eu me virei e corri em direção ao carro abri a porta e dei ré antes que o policial me acompanhasse.

O caminho até o hospital foi confuso, sei que fiz ultrapassagens perigosas e passei em faróis vermelhos, ultrapassei limites de velocidade e provavelmente perderei minha carteira, mas não importa eu cheguei lá, a calmaria na frente do hospital de maneira alguma me deixou mais calmo, tudo que consegui fazer foi correr o mais rápido que pude até a recepção.

– Elena... Elena Salvatore, aonde ela está? – Minha voz saiu um pouco baixa enquanto eu tentava recuperar o ar.

– Ela está em cirurgia – A moça falou calmamente checando o computador – Sente-se ali, o médico vai vir daqui a pouco com mais informações.

Eu queria discutir... eu queria mesmo, mas não... se eu fizesse um escândalo na recepção não ajudaria Elena, então me sentei, liguei para Jeremy e falei oque havia acontecido, ele disse que estaria aqui em minutos, e foi oque aconteceu, em menos de 20 minutos Jeremy, Miranda e Grayson entravam tão desesperados quanto eu na recepção, a moça deve ter dito o mesmo que disse a mim já que apontou para a sala de espera e eles vieram correndo até mim.

– Oh, Damon, oque aconteceu? – Miranda me abraçou e eu me permite chorar, eu não chorei desde que soube de tudo, escondi a dor e o medo atrás da raiva, mas ali estava a dor e o medo sendo transbordado em forma de lagrimas.

– Eu achei que a Elena estava demorando então... – Contei toda a história para eles, cada detalhe – Ai eu bati nele, os policias me tiraram de cima dele, e eu corri pra cá.

– Não deveria ter batido nele, Damon. – Jeremy murmurou depois de um tempo.

– Porque?

– Primeiro porque você tem filhos e ele pode te denunciar – Ele falou recostado na cadeira – E segundo porque eu não tenho filhos, e te garanto que se eu ver esse maldito na minha frente, eu o mato.

– Família de Elena Salvatore? – Um senhor parou na nossa frente e todos nos levantamos.

– Somos nós. – Miranda respondeu já que nenhum de nós conseguia se mexer.

– A cirurgia foi um sucesso, mas os ferimentos dela são graves então ela está na UTI por tempo indeterminado. – Ele falou calmamente.

– Eu posso vê-la doutor? – Perguntei antes que ele se virasse.

– É claro, dois de vocês podem entrar. – Encarei eles e em uma concordância muda, combinamos que quem entraria era eu e Miranda.

Colocamos as roupas especiais e entramos na UTI, ela estava na ultima sala, seu rosto estava roxo e inchado, uma faixa cobria sua cabeça, aparelhos estavam ligados nela, Miranda foi a primeira a se aproximar ela segurou a mão esquerda da Elena e lágrimas caiam de seus olhos.

– Quem está com as crianças? – Perguntei indo do outro lado da cama da Elena.

– Bonnie, ela pediu para mandarmos noticias, eu esqueci – Ela olhou em volta em busca de um telefone – Vou lá fora por alguns minutos e já volto.

Concordei com a cabeça e aproximei minha mão do rosto de Elena, ela estava tão machucada, cortes profundo em suas bochechas, dei um beijo em sua testa sobre a faixa e me sentei na cadeira ao seu lado, apertei um pouco sua mão e aproximei meus lábios de seu ouvido.

– Você precisa lutar, meu amor – Falei calmamente – Não posso te perder, nossos filhos não podem te perder, fique conosco, por favor.

E um barulho veio de uma das maquinas, a que monitorava os batimentos cardíacos, ela estava morrendo, a mãe dos meus filhos, a mulher que eu mais amo no mundo, estava morrendo.

Um grupo de enfermeiras entrou e depois de usar um desfibrilador o coração dela voltou a bater, mas antes que as enfermeiras chamassem o médico, ela teve outra parada cardíaca, tudo a minha volta estava em câmera lenta, meu coração parou junto com o dela, mas novamente as enfermeiras fizeram com que ela voltasse.

O médico entrou logo em seguida e me mandou sair, pedi para me despedir dela e ele concordou com tanto que fosse rápido.

– Tenho que ir, mas eu vou estar quando você acordar, princesa, nosso conto de fadas ainda não acabou, e não pretendo que acabe tão cedo, estarei aqui mas você precisa lutar, lute por mim – Apertei sua mão – Lute por nós.

Logo depois fui obrigado a sair, voltei para a sala de espera e me sentei, nunca senti tanta angustia do que quando eu a vi morrer diante de meus olhos, a noite pareceu passar voando, quando o sol nasceu eu pude voltar a vê-la, mas somente através do vidro.

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– Damon? – Ouvi a voz da Miranda ecoar pelos meu ouvidos.

– Sim?

– Você precisa ir pra casa, as crianças acordaram e estão com fome. – Ela falou sutilmente.

– A Elena tem um leite especial dentro do armário da cozinha, ela usa quando não consegue dar conta dos dois, pode fazer para eles – Mantive meus olhos fixos na imagem a minha frente – Eu preciso estar aqui quando ela acordar!

Flashback Off

– Damon? – Stefan chamou na porta do meu escritório, me fazendo voltar ao mundo real.

– Oque quer? – Perguntei indiferente, me virando para que ele não visse as marcas em meu rosto.

– Cara, a Elena te bateu? – Ele começou a rir e eu me virei para ele, lhe lançando um olhar duro.

– Não, eu bati em um poste, um poste com a forma da mão da Elena e com o dobro da força que eu lembrava que ela tinha – Ele parou de rir e sentou na poltrona a minha frente – Ela quer ver as crianças amanhã, como eu vou contar a eles?

– Assim – Ele se endireitou na cadeira e fez uma cara de falsa animação – Lembra da mãe de vocês? A que estava morta – Ele fechou a cara e deixou os ombros caírem – Então, ela não esta, foi só uma mentira que eu inventei, com a ajuda do lindo e maravilho do meu irmão.

– Muito engraçado, Tefinho – O chamei pelo apelido que ele odiava – Vou pra casa, se precisar de mim, não me ligue.

Sai pela porta da empresa e peguei as chaves do meu carro com o manobrista da empresa, dirigi tão lentamente quanto uma lesma que sabe que quando chegar lá vão jogar sal nela até que elas dissolva em uma gosma verde.

Entrei pela porta da cozinha e vi Francesca fazendo alguma coisa no fogão.

– Damon, eu fiz seu... – Ela se interrompeu ao me ver – O meu Deus, você foi assaltado.

– Não, aonde estão as crianças? – Perguntei enquanto ela tocava os ferimentos em meu rosto.

– Oi pra você também – Ela deu um beijo casto em meu lábios e se afastou – Estão brincando na sala.

– Obrigado, querida. – Passei por elas e fui até a sala.

Isabella e Miguel estavam brincando na mesinha, meu maior medo, pelo menos no inicio era eles verem a Elena naquele estado deplorável, mas vi que a fisioterapia com Nathan Clark fez efeito. Meus bebês correram até mim pulando no meu pescoço, eu me abaixei para poder olhar os dois.

– Papai, sentimos saudade. – Isa falou se agarrando a mim.

– Eu também – Aquele era o momento, não poderia haver mais dúvidas olhei para traz e vi Fran encostada no batente da porta com um sorriso triste nos lábios, ela parecia saber oque aconteceria em seguida – Tenho uma novidade para vocês!

– Oque é? – Miguel perguntou animado.

– A mãe de vocês, ela esta viva!