Enquanto você dormia
New Reality
Abri meus olhos com certa dificuldade, minha cabeça ainda estava um pouco confusa e levei um tempo até conseguir focar minha visão no teto branco, senti meu estômago revirar ao perceber que novamente eu estou em um maldito hospital.
Me sentei na cama e notei alguns hematomas no meu joelho, usava minhas roupas normais, mas uma agulha presa ao meu braço injetava soro em mim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Tudo que aconteceu antes do meu colapso era um borrão, conseguia me lembrar da minha filha, seus olhos assustados me olhando, conseguia me lembrar dos corredores brancos do hospital e de falar com Paola, nada mais.
— Elena, que bom que esta acordada. — levei um pequeno susto assim que a porta foi aberta e a Dra. Fell entrou no quarto, uma garota de aparência bem jovem a seguia radiante. — Você se sente bem? Alguma dor de cabeça ou tontura?
— Não, eu estou bem. — ela assentiu.
— Essa é a Alycia, ela é estudante de medicina e veio me acompanhar por um dia, espero que não seja um incomodo para você. — neguei rapidamente encarando a menina, ela tinha profundos olhos verdes e um cabelo loiro esvoaçante, o sorriso em seu rosto não sumiu um segundo. — Certo, você se alimentou mal, dormiu mal e estava um pouco desidratada, tudo isso somado ao stress fez com que você acabasse desmaiando, mas não vai precisar ficar internada.
Ela veio até mim retirando a agulha do meu braço e me ajudando a levantar.
— Posso ver minha filha agora? — Dra. Fell sorriu e assentiu.
— Eu vou leva-la agora mesmo, você quer...
— Dra. Fell precisam de você na emergência, é urgente. — uma enfermeira falou entrando rapidamente na sala.
— Certo, traga uma cadeira de rodas para a Elena, — ela deu ordem para a enfermeira e se virou para a garota, — Alycia preciso que você leve ela até o quarto 1243, na ala pediátrica e depois vá me encontrar na emergência, e Elena você sabe que eu te adoro, mas tente não acabar aqui de novo. — ela me deu um abraço rápido e saiu correndo, assim que ela sumiu a enfermeira apareceu com a cadeira de rodas.
— Vamos? — Alycia falou me ajudando a sentar na cadeira. — A Dra. Fell nunca me mostrou onde fica a ala pediátrica então talvez eu demore um pouco para achar.
— Segundo andar, eu te ajudo a chegar lá.
— Certo. — fomos em silêncio até o elevador, assim que paramos para esperar que ele passasse pelos três andares restantes abaixo de nós notei como a menina parecia nervosa.
— Você está bem?
— Sim, é só que... você é Elena Salvatore certo? — assenti. — A garota do coma?
— Essa mesma, o que você quer saber? Sobre minha quase morte ou meu marido traidor? — falei rapidamente e só depois percebi o quão rude aquilo soou. — Desculpe é que normalmente é só isso que perguntam.
— Na verdade eu só queria dizer que eu sou uma grande fã. — franzi a testa confusa e a menina deu uma risada alta batendo na testa como se tivesse dito um absurdo. — Isso deve ter soado completamente sem nexo pra você, certo?
— Um pouco... é bastante. — fui sincera e garota deu um sorriso simpático.
— Estávamos estudando seu caso mês passado, na faculdade, nosso professor é um neurocirurgião que ficou completamente apaixonado pelo seu caso, ele nos trouxe artigos, relatórios médicos, alguns outros pacientes como comparação e o jeito que você acordou, com tão poucas sequelas é simplesmente incrível. — ela parecia completamente entusiasmada, como se lembrasse de cada minuto estudando um monte de papéis sobre mim e isso fosse a sua melhor memória da vida.
— Você vai ser uma ótima médica. — falei por fim sorrindo para garota que apenas assentiu, notei suas bochechas se tornarem mais vermelhas enquanto ela abaixava o rosto cobrindo-o com boa parte do cabelo.
Assim que o elevador chegou nós entramos e em alguns minutos estávamos no andar pediátrico, foram mais alguns minutos até Alycia encontrar o rumo do quarto, ela era uma garota engraçada, se comportava quase como uma adolescente em alguns momentos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Finalmente. — ela suspirou abrindo a porta do quarto, Paola estava sentada na poltrona mexendo no celular e nos olhou assim que entramos, ela sorriu e se levantou, Damon estava parado no canto do quarto com Miguel nos braços, Isabella dormia tranquilamente na cama.
— Mamãe. — Miguel balbuciou se se soltando dos braços de Damon e correndo em minha direção, finalmente Damon notou minha presença e me olhou sem qualquer dica do que se passava em sua cabeça nesse momento.
— Foi um prazer te conhecer Elena, — Alycia murmurou assim que notou o clima pesado que se instalou no ambiente. — acho que vou lá na emergência, só preciso descobrir onde fica.
— Eu levo você. — Paola falou rapidamente.
— Ah, Alycia essa é minha cunhada, Paola, e Paola, essa é Alycia, uma estudante de medicina que veio passar o dia com a Dra. Fell. — as apresentei rapidamente antes de me voltar a Damon novamente.
— Muito prazer. — Paola falou e elas trocaram um rápido aperto de mãos antes de saíram do quarto.
— Mamãe? — Bella abriu os olhos devagar e me observou. — Você está bem?
— Sim, meu amor. — me levantei da cadeira de rodas e fui até ela sentando em sua cama. — Desculpe pelo que aconteceu, okay? Eu prometo que não vai acontecer de novo.
— Tudo bem.
Em alguns minutos ela já dormia novamente, me levantei da cama e finalmente tomei coragem de falar com Damon.
— Podemos conversar? — ele apenas assentiu e começou a andar em direção a porta, olhei para Miguel que parecia alheio a tudo aquilo, brincando com o carrinho em sua mão — Filho, preciso que fique de olho na sua irmã está bem? Eu e seu papai vamos conversar um pouco lá fora e se qualquer coisa acontecer com ela preciso que você vá nos dizer, okay?
— Sim, mamãe. — ele me deu um beijo na bochecha e se sentou na poltrona com o brinquedo.
Respirei fundo antes de sair em direção ao corredor, assim que fiquei diante de Damon senti o peso do mundo no meu peito, a verdade é que eu não fazia ideia do que dizer a ele.
E não precisei dizer, antes que eu dissesse qualquer coisa os braços de Damon já estava ao redor de mim, ele me abraçava com força e eu não fui capaz de fazer nada além de abraça-lo também.
— Eu fiquei com tanto medo. — ele falou se afastando. — Medo de algo sério ter acontecido.
— Aconteceu, Damon, o que aconteceu ali dentro, — apontei para o quarto. — foi muito sério.
— Sim, eu digo você, sua saúde.
— Eu agi como uma maluca, eu bati em você, assustei meus filhos, eu não faço ideia do por que aconteceu, mas aquilo não podia ter acontecido.
— Nós vamos dar um jeito nisso, okay? Vamos garantir que não aconteça novamente. — ele deu um passo para frente e se inclinou na tentativa de tentar me beijar, mas eu me virei.
— Não sei como você não percebeu, mas o problema é justamente "nós". — sua expressão se tornou confusa. — Eu te amo, eu sempre vou te amar, e eu achei que tinha te perdoado, eu realmente achei, mas se um sonho me causou tudo aquilo, você consegue imaginar como vai ser ir pra minha casa e encontrar tudo que não é meu, encontrar fotos, vídeos, o cheiro de outra mulher em todo lugar, eu não vou conseguir.
— Mas nós podemos tentar, mudamos de casa, de estado, de país, onde vamos estar não importa, o que importa é estarmos juntos, você sabe disso, nós podemos...
— Isso está me deixando louca, Damon. — gritei o interrompendo.
— Então é isso? Você tem um sonho, da uma surtada e então decide desistir sem nem tentar? — ele gritou de volta.
— Nós já tentamos, Damon, eu estou tentando desde o inicio, desde que eu acordei nesse mesmo maldito hospital, desde que eu descobri que a sua vida tinha seguido em frente, eu venho tentando desde sempre, e você sabe qual é a definição de insanidade? É exatamente essa, é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes, e isso está me deixando insana! — seus olhos se abaixaram e eu me senti mal, mas ao mesmo tempo aliviada. — Eu te amo, e sempre vou te amar, mas minha filha olhou pra mim com medo, eu agi como uma louca e ela ficou com medo de mim, e eu vou morrer antes de deixar isso acontecer de novo.
— Sr. e Sra. Salvatore. — uma médica loira se aproximou de nós com um sorriso cauteloso. — Eu sei que vocês têm muito assuntos pra conversar, mas nesse momento existem vários pequenos humanos doente nesses quartos, então se puderem falar um pouco mais baixo, eu agradeceria muito.
— Tudo bem, eu acho que ela já acabou. — Damon se pronunciou encarando apenas a mulher. — Nós... nós acabamos.
A mulher fez uma expressão confusa e então se afastou, Damon continuou a me encarar.
— Eu quero ser sua amiga, eu realmente quero, eu te a...
— Para de dizer que me ama, desde que você acordou eu venho tentando também Elena, tentando olhar para você sem me sentir um desperdício de espaço, sem sentir a culpa de ter vivido, eu poderia passar o resto da minha vida implorando pelo seu perdão, mas eu nunca conseguiria, não é? — apenas abaixei a cabeça e ele suspirou levando a mão ao rosto. — Esse é nosso ponto final certo?
— Ponto final? — perguntei confusa.
— Stefan havia me dito que nós precisávamos de um, que nós vivíamos na eterna reticências do "e se...", ele estava certo, esse é o nosso ponto final, certo?
— Eu... — minha garganta se fechou por um segundo. — acho que sim.
— Só preciso que me responda uma coisa, uma única pergunta que não sai da minha cabeça de jeito nenhum. — assenti esperando sua próxima frase. — Nós já tivemos alguma chance? Por um mísero momento você esqueceu toda nossa história e nos deu uma chance?
— Sim, ali dentro, — apontei para o quarto. — por um momento enquanto a gente se beijava eu esqueci de tudo, mas infelizmente não podemos viver desses momentos apenas.
— Vocês estão bem? — Paola se aproximou de nós tocando meu ombro e eu me virei rapidamente olhando para ela que tomava um café, Alycia ainda estava do seu lado também com um copo na mão.
— Sim. — esperei que Damon respondesse o mesmo, mas ele apenas passou por mim se chocando contra meu ombro. — Você deveria ir atrás dele.
— Eu... — ela olhou para Alycia que assentiu. — vou lá e volto para te levar na emergência, certo?
— Pode ir, eu espero. — Paola saiu correndo atrás de Damon e Alycia olhava para o fim do corredor, eu me permiti finalmente chorar, as lágrimas queimavam meu rosto e tudo em mim doía. — Eles são irmãos?
— O que?
— Oh meu Deus, você está chorando. — ela se abaixou e colocou uma mão sobre meu ombro. — É sua cabeça? Esta doendo?
— Não, eu acho que acabei de terminar meu casamento.
As palavras saíram rasgando minha garganta e eu finalmente percebi que aquela era minha realidade agora.
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