Capítulo 42 - Castas Angélicas

Ainda faltava um dia para Ralph poder sair do hospital, e ele já estava acabando. Já era por volta das 19h30m, e logo as visitas do dia estariam acabadas. A última visita que ele poderia ter chegara. E era Mariah. Para a sorte de Ralph, ela estava mais calma.

– Oh, Mariah. Nesse não veio com você? – Ralph achava estranho. Os dois sempre andavam juntos, eram como irmãos um para o outro.

– Não. Só vim aqui para ficar um pouco. – Mariah fez uma pausa. – Você conhece todas as castas angélicas?

– Castas Angélicas? Acredito que não. – Ralph estranhou. – Porque quer me dizer isso?

– Estou entediada de ficar lá na sua casa. Só queria me distrair um pouco. – Mariah soava cansada.

– Ah, então tudo bem. – Ralph se ajeitara na maca, suas costelas já haviam sarado. – Pode começar.

– Certo, então. – Mariah respirou fundo. – Existem ao todo sete castas angélicas, ou seja, sete tipos de anjos com ambos poderes diferentes. Eu, você e Nesse somos um desses tipos, os Ishins. Anjos que manipulam elementos da natureza. Como todo anjo, existem coisas que não podemos recusar ou aceitar.

– Como assim?

– Ora. – Mariah pensou em um exemplo. – Ishins não podem comer nada industrial, somente coisas naturais e saudáveis, do contrário, isso pode nos matar.

– Nossa. – Ralph agora entendia algumas coisas. – Por isso minha mãe nunca me deixou comer batata frita – Ele deu uma leve risada.

– Outro tipo de anjo que você já deve conhecer são os Querubins. – Mariah continuou a explicação. Fazendo Ralph lembrar do Quarteto Sombrio.

– Kleber e Slace... – Ralph lembrou dos dois integrantes que ele enfrentara.

– Isso. Eles são anjos guerreiros. Diferente de nós, eles não possuem poderes elementais, mas uma força descomunal capaz de destruir praticamente qualquer coisa. Mas eles são uns cabeças duras, e sua conduta o impedem de fugir em combate.

– Nossa, isso parece um exagero. – Percebeu Ralph.

– E é. Mas eles são obcecados por batalhas, foram para isso que foram criados.

– Entendi.

– Os próximos são os Ophanins. Eles são os chamados Anjos da Guarda. – Explicou Mariah. – Eles possuem o dom de iluminar qualquer lugar e de conquistar pessoas pela sua humilde presença. Eles evitam sempre confronto direto, seu dever mesmo é de proteger as pessoas.

Ralph até pensou em como ser um Anjo da Guarda para cuidar de Isabelle.

– Os Hashmalins são o oposto dos Ophanins. Eles são os Anjos das Trevas.

– O quê?! Não sabia que existiam anjos malignos. – Ralph ficou espantado.

– Eles não são malignos, seu cabeção. São... Ambiciosos e obsessivos.

– E isso não é a mesma coisa?

– Eu acho que não... – Mariah pareceu confusa. – Ah, deixa eu continuar! Os Hashmalins são os anjos da punição. Eles são os que punem as almas humanas corrompidas pela malícia mundana, e são os que permitem as almas “boazinhas” de seguirem para o Descanso Eterno.

– Ah... Por isso que você disse que não são malignos...

– É claro que não! Eles são os que... Separam as almas boas das ruins e as removem.

– Senti arrepios agora.

– Ah, você nem os viu ainda para dizer isso. – Desabafou Mariah. – Bem, deixa eu voltar com a explicação.

– Beleza!

– Os mais exibidos e folgados de todos são os Serafins. Os Anjos da Mente. – Mariah estava com um tom de ignorância. – Eles se acham por serem os anjos mais inteligentes e os mais coordenados.

– E isso o fazem agir como superiores?

– Sim. Eles podem derrotar o inimigo apenas usando o poder da mente. Eles evitam combate direto. Por isso, são comandantes ideais para os Querubins.

– Não estou gostando disso. Eles apenas os comandam?

– Bem... Não exatamente. – Mariah parecia não estar a vontade de comentar aquilo. – Eles punem os Querubins por não fazerem o que eles mandam.

– Que horror! Não queria ser um Serafim!

– Bem, deixe eu explicar o resto das castas que explicarem mais detalhes.

– Tudo bem.

– Existem os Malakins, que são tão folgados quanto os Serafins. São os Anjos da Previsão.

– Anjos da Previsão?

– Sim. Eles são capazes de preverem fragmentos do futuro. São estudiosos, vivem enfiados em suas bibliotecas estudando os segredos do universo. Mas também são poderosos, em relação a mais poder, eles até nos superam, Ishins. Pois eles podem manipular o plasma.

– O plasma? É isso que eles têm de mais força?

– O plasma é a união dos quatro elementos. Por isso eles são dotados de mais conhecimentos e muito mais sábios em batalhas, podendo prever ataques do inimigo a segundos dele acontecer.

– Puxa.

– E por último, mas não menos importantes, são os Elohins. São os anjos que atuam aqui na Haled, raramente eles cruzam os Sete Céus.

– Porquê?

– Eles são dotados de serem os melhores anjos espiões. É praticamente impossível de se localizar Elohins.

– Mas não dá para detectar usando a aura?

– A aura deles é quase invisível para nós. Eles são versáteis nisso. Por isso são tão talentosos no que fazem.

– Incrível. Não sabia que existia tantas variedades de anjos.

– Claro que não. Nós mesmos não sabemos o que os outros anjos são capazes de fazer, somos únicos em todos os aspectos.

– Puxa. – Ralph se lembrou de uma coisa. – Ah, quase esqueci. O que você ia me falar?

– Ah, sim. – Mariah se recordara. – É sobre os anjos Serafins. Sei que pode odiá-los agora, mas aconteceram coisas no Paraíso dos Anjos entre os arcanjos que dividiram os céus. Metade dos anjos escolheram se aliar a Miguel, querendo destruir os humanos. E a outra metade, nós, nos aliamos a Gabriel, que quer o contrário. Somos o que chamamos ser a salvação dos humanos.

– Ah, entendi aonde você quer chegar. Quer dizer que existem Serafins como outros anjos que pensam diferentes do seu modo de ser.

– É isso ai! – Mariah ficou feliz pelo capitão ter entendido tão rápido.

– Obrigado pela longa explicação. Mal posso esperar pelos reforços que eles enviaram. – Disse Ralph empolgado.

– Só espero que estes anjos sejam bons. – Comentou Mariah. – E não peguem no meu pé.

Os dois anjos riram. Mas então uma enfermeira chegou na sala.

– Sinto muito. Mas o seu horário de visita acabou.

– Ah, certo. Vou só me despedir dele, então.

– Tudo bem, eu espero.

Mariah deu boa noite para Ralph e foi embora seguindo a enfermeira. Ralph novamente se encostou na maca sentindo aquele cheiro de anestesia que ele odiava, ele tendeu a dormir, para acordar bem disposto no dia seguinte.