Tenshi no Tamashi

Capítulo 167 - Uma Verdadeira Prisão


Ralph e Nessie visualizaram o estado do Kazan, um dos inimigos mais fortes que já enfrentaram até agora. Os dois se mantinham curvados pela exaustão, suas asas estavam estiradas e rígidas, que davam pontadas de dor a cada singelo movimento. Seus braços estavam estendidos e imóveis e, por fim, seus rostos estavam cabisbaixos e pensativos, no qual ficaram nesta posição durante alguns minutos. O loiro fitava o chão e o antigo inimigo a todo instante. Não estava esboçando nenhuma exclamação de vitória, pelo contrário, parecia que estava refletindo sobre um erro cometido. Nessie estava do mesmo jeito.

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Os outros chegaram e os visualizaram. Muitos estavam emocionados por eles terem conseguido se manterem vivos, mas não compreendiam o porquê eles estarem daquela maneira, achando que seria devido ao cansaço. Ambos levantaram os rostos quando os outros se aproximaram e, visualizaram suas expressões faciais de cada um.

Mariah olhava para o estado daqueles dois, que haviam lhe prometido que venceriam. Ela não conseguia dizer nada, somente deixava escorrer as lágrimas de seus olhos. Nessie esboçou um sorriso cansado para a ruiva, depois fitou todos os outros anjos do fogo, dos quais ele havia salvo ao lado de Ralph, que ao contrário dele, mal conseguia se levantar naquele momento. O anjo das águas usou o resto de energia que ainda lhe restava para reunir uma boa quantidade de sua água curativa no interior do Golem, que residia ao seu lado.

Gigan e Belfrior ajudaram a colocar os Legalistas desacordados, Race e Jack dentro do ser aquático gigante.

— Isso vai dar certo? – Perguntou Aziel, curiosa e ansiosa.

— Bom, vai depender da recuperação de cada um, mas eu curarei os ferimentos mais sérios de todos, com certeza. – Respondeu Nessie.

— Áries, você deveria entrar lá também... – Expressou Gigan, preocupado com o estado atual da Serafim.

— Não... eu estou bem... só...

— Por favor, senhorita Áries... – Rimeria a estava segurando, mas sentia tanto enjoo que pressionava a mão contra a boca, que discretamente expelia sangue negro. – Nós ficaremos bem... só estamos com algumas náuseas...

A Serafim se juntou aos desacordados e, fechando os olhos, dormiu profundamente. Suas pálpebras estavam com tantas olheiras que parecia que ela estava há várias noites sem dormir.

— Isso foi porque ela se esforçou demais e usou muito de sua aura mental. – Murmurou Belfrior, vendo a dúvida de muitos. – Nós Serafins apenas detemos de nosso poderio mental. Ás vezes nosso cansaço é estendido com nosso limite físico muito mais que outros anjos e isso acarreta em sequelas no corpo que podem até durar para sempre...

Rimeria sabia disso, por isso ela pedira para a Serafim descansar.

— Agora... são vocês... – Nessie fez um comando de mão para o Golem já perdendo a consciência e senso de equilíbrio para seu Golem, que expeliu gosmas azuladas transparentes de aproximadamente cinquenta centímetros. O anjo das águas se sentara no chão, atordoado. – Cada um pegue essa esfera de água e a segura... ela irá se dispersar pelo seu corpo e curará suas feridas e náuseas.

Todos os fizeram. Como ambos estavam exaustos, sentaram-se no chão e colocaram as esferas líquidas em seus colos. O formato delas se desfez em tentáculos aquosos que cercaram seus corpos. As linhas de água costuravam ferimentos e, quando ingeridos, limpavam o sangue negro. O método era lento, mas eficaz.

— I – Incrível... – Expressou o Serafim, surpreso. – A tamanha precisão da qual como essa técnica é usada é simplesmente impressionante!

— Tem razão. – Concordou Gigan. – Mesmo que possamos ser feridos no coração, graças a um poder destes, não é impossível a total recuperação...

— Eu estou impressionada... – Disse Aziel. – Mas isso não vai afetar nossos poderes angélicos?

— Um pouco, já que isso enfraquece nossa aura... mas reforça nossa própria regeneração, então não é tão ruim assim. – Explicou a ruiva, devidos as várias vezes que se ferira e tivera a assistência do parceiro.

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— E – Eu já estou até já me sentindo melhor! – Rimeria estava maravilhada. Ela tocava a pele do rosto por onde a passava, deixando-a muito saudável.

— Infelizmente... isso ainda não nos previne de sentirmos dor... – Expressou Gigan, sentindo pontadas de dor por cada ferimento que ele sofrera com o ataque fumegante de Suiren.

O maior problema aqui é que todos deveriam se alimentar depois dessa “limpeza”. Sem estoque de sangue em seus corpos, apenas ficarão mais fracos...

Foi o pensamento de Nessie, mas não havia como realizar tal coisa. Já era um feito e tanto estarem vivos diante da ameaça de Kazan. Ele fitou o loiro e rapidamente concentrou outra esfera de água em sua mão para oferece-lo.

— É a sua vez, Ralph. Você está todo detonado.

— Deveria curar a si mesmo... – Ralph o fitou com uma expressão descontraída, mesmo cansado. – Se você desmaiar, não poderá prosseguir com a cura de todos...

— Eu sei disso.

Ralph estendeu sua mão para pegar a esfera líquida, mas cambaleou para o lado. Nessie tomou um susto e o ajudou a não cair. Ao tocar no amigo, notou o quanto o loiro estava tremendo.

Antes que qualquer um ainda disposto pudesse agir para ajuda-los, Ralph berrou:

— Não se movam!

— Não... – Nessie murmurava assustado. – Não poder ser...

Mariah e os outros demoraram para entender, mas depois de uns instantes notaram que há apenas alguns centímetros de Ralph e Nessie, haviam o que parecia ser dois ferrões apontados para eles.

— Ele ainda está viva...

Em cerca de dez metros de distância deles, estava uma mulher de longos cabelos escuros encima de um destroço de prédio, ao lado dela tinha vários tentáculos com ferrões, o que Mariah identificou depois que eram tentáculos de água se movendo constantemente.

— Aquela maldita general... Suiren!

Ela se lembrava dela pelas experiências terríveis que sofrera por Kazan. Ela estava ao lado dela em todos os momentos, apreciando seu sofrimento. Só de relembrar desses acontecimentos fizeram as mãos da ruiva fumegarem. Mas ela estava sem forças para invocar uma chama qualquer.

Suiren deu uma risada cansada.

— Por pouco... por muito pouco... – Murmurou a mulher. – Resistir a uma combustão mista de quatro anjos do fogo não foi nada... fácil.

— Era para você ter morrido! – Exclamou Belfrior. – Como conseguiu resistir a tantas chamas sagradas?!

Como eu disse, Serafim. – Retrucou a mulher. – Tive que mostrar algo a altura. – Ela mudou a postura, mostrando confiança e orgulho. – Acha que nós, generais, somos meros anjos frágeis como vocês?!

Mariah queria muito dar um soco na cara dela, mas a cura de Nessie estava lhe tirando todas as forças que ainda tinha. Todos ali estavam exaustos para tentarem lutarem contra Suiren.

Ela resolveu tentar ganhar tempo.

— E o que vai fazer agora? Mesmo com o nosso estado atual, ainda podemos proteger Ralph...

— Mariah! – Retrucou o loiro.

—... E você deve estar morta de cansaço para tentar algo absurdo, não é?

Suiren engoliu a frustração.

— Você está certa em uma coisa, Ishim. – Ela a devolvia um sorriso provocante. – Eu não estou em condições de matá-los todos de uma vez com minha força atual, por isso... – Ela apontou para Nessie. – Você, crie uma dessas esferas curativas para mim, e talvez eu poupe seus amigos.

Mariah tentou usar sua melhor cara de ousadia, mas não ousou olhar para Nessie, senão não saberia o que fazer.

— Acha que isso vai mudar alguma coisa? O que vai me impedir de não incendiar a sua cara antes que possa obter essa cura?

— Você fala demais, Tocha Alada. Mas isso não vai mudar o inevitável.

— Não me chama de Tocha Alada! – O arredor de Mariah ardeu de calor, mas isso só a fez sentir que poderia desmaiar a qualquer momento.

— Calma! – Nessie chamou a atenção de Suiren. – Tudo bem! Farei o que quer, mas não machuque ninguém.

— Ande logo com isso. Estou ficando impaciente! – Retrucou a General. Nessie projetou mais uma bola de água e a entregou. Mariah tentou se levantar, mas caiu de joelhos, seus olhos ficaram ainda mais pesados, quase perdendo sua consciência.

— Não...

— Agora... – Ela apertou a bola d’água, que retesou seus tentáculos para fora, envolvendo seu corpo. – Poderei cumprir minha missão.

Ralph cerrou os dentes.

— Só para me matar? Agora eu vejo o motivo de vocês terem decaído junto com Lucífer.

Suiren o olhou de cara feia, mas o loiro não se deteve.

— Acha que vou ficar aqui parado enquanto você tenta matar meus amigos?! – Ralph emitiu uma forte pressão de ar ao seu redor e ao de Nessie, que no mesmo instante os ferrões de água se desfizeram. – Venha lutar comigo!

— Há! Você mal se mantém em pé! – O tom de Suiren era de deboche. – Você nunca foi mais que um mero humano que sofria de maiores! O que o faz pensar que pode vencer alguém como eu?!

Ralph ficou de pé.

— Ajoelhe-se! – A voz de Suiren ficou mais grave. – AJOELHE-SE E FIQUE QUIETO!

Em vez disso, a aura de Ralph ficou ainda mais áspera.

Como que ele ainda tem energia para ter tanta força assim?! Só poder ser um blefe! É, ele deve estar se fazendo de forte para seus companheiros de equipe.

O loiro cerrou os punhos.

— Eu posso pensar em vários motivos. Mas um deles é que ainda sou um anjo, diferente de você. – Seus olhos azuis a penetraram. – E vou cumprir minha verdadeira missão, que é proteger quem é importante para mim!

Todos eles? – Debochou Suiren.

Ralph arregalou os olhos. De repente, vários tentáculos de água com ferrões surgiram de todos os lados. Tinha provavelmente o dobro para todos ali reunidos, e vinham em alta velocidade e com uma precisão impressionante, mas antes que pudesse tocar em qualquer anjo dali se estilhaçaram no ar. Suas gotículas passaram quase em câmera lenta pela visão de cada um.

Porém, de repente, Suiren atacou novamente. Outra salva de tentáculos com ferrões surgiu dos mesmos lugares, na verdade, vieram com um número ainda maior. E mais uma vez foram destruídos. Mas os tentáculos aquosos continuaram vindo de novo e de novo. Depois de quase dez minutos, o chão envolto deles estava coberto de água escura.

Nessie olhou para Ralph e ficou chocado. O loiro estava suando, sem mudar sua postura, mas sua visão estava totalmente cansada. Os outros continuaram olhando para os arredores assustados, até que um a um notaram o que realmente estava acontecendo.

— Ralph...

— Esse cara... – Aziel estava estupefata, pela primeira vez na vida. – Eles estava nos protegendo por todo esse tempo?

Nessie ficou cabisbaixo.

— Não... Não foi só isso...

— Como assim?

— Olhe a nossa volta. – Nessie a indicou com o dedo os arredores.

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A Legalista fitou as poças de água e notou o quão estranho era aquele monte de água não estar se movendo, conhecendo os poderes de um anjo da água.

— Por que a água não está se movendo?

— Ralph... – A voz de Nessie estava entrecortada, como se ele estivesse quase chorando. – O Ralph esteve todo esse tempo causando uma forte pressão ao nosso redor...!

Aziel olhou para cima, e viu que ao redor deles estava uma barreira feita de vento, erguida por exatos dez minutos.

Ralph caiu de joelhos, mas não cedeu seu olhar para Suiren.

Aziel começou a tremer, de repente seus olhos começaram a lacrimejar. Ela sabia o que era aquilo. Ela sentia o que ele estava fazendo.

Eu faria a mesma coisa.

Aquele era o desejo de proteger sua equipe.

Ela podia sentir a pressão que a visão intimidadora de Ralph causava como um falcão.

Mas teve algo que Aziel também notara.

Suiren continuava com a cara de deboche.

— Devia parar de tentar fazer promessas que não pode cumprir, garoto. Chegou facilmente ao seu limite.

— Grrr... – Ralph rosnou. Estava furioso. – Cale sua...

— Francamente. Ela está certa. – Disse Aziel, num tom alto e claro para todos ouvirem. – Como pode um líder dosar tanto assim seu poder? Ficou de joelhos cedo demais!

— A – Aziel... – Ele a olhou surpreso.

— Libere a sua aura, Rebelde. – Ela o encarou com um sorriso. – Sei que está se segurando para não nos intimidar. Mas com esse seu cabelo, impossível.

Todos ficaram arregalados. Até mesmo Suiren.

— Ele está... ele está...

Ralph não deixou de sorrir. Estava tão empolgado como nunca.

— Valeu, Aziel! – Ele se reergueu, confiante. Então, ele inspirou o máximo que pode e soltou um grande berro: AAAAAHHHHHHHHH! – O chão ao seu redor rachou, pedras voaram. O vento ao seu redor e seguiu uma direção diferente, uma forma diferente, até se tornar algo mais reconhecível de ser visto.

Um pássaro gigante de vento sobrevoava a todos.

— Ralph...

Desde quando ele consegue criar uma invocação tão perfeita como essa?!

Pensava Nessie, estupefato.

Então é assim que você planeja resolver as coisas, hein?

Analisava Aziel, impressionada.

Ralph encarava Suiren com seriedade.

— Eu vou cuidar das coisas do meu jeito. Pode vir, sua mulher-polvo descabelada.

— Você me chamou do... do quê?! – Suiren emitiu sua aura, furiosa. Um turbilhão de água escura a envolveu, e milhares de tentáculos aquosos surgiram, atacando com uma velocidade acima do som e uma ferocidade ainda maior, mas o pássaro de vento criado pelo loiro a atacava com todas as suas forças.

— Nessie, tira os feridos daqui! – Ralph se preparava para lutar com a Vingadora Indomável. – Eu vou segurá-la o quanto eu puder! Vá!

— Você está louco? Enfrentá-la, sozinha?!

— Claro que estou!

— Ela é uma General! Você vai morrer!

— Eu sei! Tenha um pouco de confiança, pode ser?

O loiro olhou para trás para o que havia restado de Kazan, e focou novamente na luta à sua frente. E logo se posicionou na frente de todos.

— Pessoal! Vão para um lugar seguro!

Rimeria ajudou Aziel a se levantar, enquanto olhavam surpresas para o loiro.

— Você é diferente de outros rebeldes que conheci... – Expressou Rimeria.

— Até que você não é um capitão ruim, rebelde. – Disse Aziel.

— Muito obrigado! – Agradeceu o loiro, sem olhar para elas. – Farei de tudo para que ainda possamos lutar do mesmo lado!

— Hum. Convencido. – Murmurou Aziel, com um sorriso no rosto. As duas se apressaram, mas Mariah teve que ser levitada por Belfrior enquanto Nessie ordenava ao seu Golem quase derretido que levasse os outros para um local seguro.

— Ralph! – Berrou Nessie. – Não morra!

Ralph levantou seu dedo polegar ainda de costas.

— Vamos lá! – Murmurou o loiro, empolgado.

— NINGUÉM... VAI... SAIR DAQUI!! – O berro grave de Suiren ecoou pelo tornado de água escura, mostrando um monstro que Ralph consideraria uma antiga besta marinha. Pelas pupilas vermelhas e negras, a General usava sua Segunda Possessão. Sua parte inferior se tornou uma parte de molusco, com seus tentáculos saindo de sua cintura. Os cabelos se tornaram pura água escura. O rosto de Suiren estava enrugado, o que fez o loiro se lembrar das lendas da verdadeira face das sereias, o que ele quase teria achado igual, não fosse pelos olhos dela. Os tentáculos dela atacaram tudo a sua frente, destruindo ainda mais os destroços e pedras, atingindo diretamente o pássaro de vento. Ralph teve certa dificuldade de desviar dos ataques rápidos e sônicos.

— É... uma autentica mulher-polvo. Ou seria mulher-molusco?

— É LULA! EU SOU METADE LULA!! – Esbravejou Suiren, provavelmente centenas de vezes mais irritada.

— Ah. Foi mal. – Ralph começou a cortar seus tentáculos, criando rajadas de vento ora ou outra para se proteger. Mas, apesar da raiva da General, seus golpes eram poderosos e potentes. Ralph não teria como se defender por muito tempo.

— EU VOU TE FAZER SOFRER DO PIOR MODO QUE POSSA ACREDITAR!! – Continuava Suiren, sibilando como uma serpente do mar. Ralph não sabia se ela queria bater nele até a morte com os tentáculos, ou sufocar ele com os tentáculos até a morte, mas considerou que fosse qualquer coisa agressiva.

Ele invocou suas asas e tentou ganhar altitude, mas foi preso pelos tentáculos e jogado a alguns metros. Seu pássaro de vento foi totalmente imobilizado e despedaçado em dois. Suiren emitiu uma onda de água vindo debaixo dela que a impulsionou para a esquerda, mais precisamente na direção onde seus amigos tinham seguido.

Droga!

Ralph pegou impulso de onde estava e se atirou contra Suiren como uma bala. Tinha que deter que ela pegasse seus amigos a todo custo. Mas a parte inferior de lula era tão flexível que mal o arranhara. Ralph considerou que nunca iria gostar de frutos do mar.

— TARDE DEMAIS! ELES JÁ SÃO MEUS! – Ela estendeu seus tentáculos, onde cada um deles estava segurando um anjo. Mariah, Aziel, Rimeria, Nessie, Belfrior e Gigan. Ela olhou para Ralph, que a fitava com toda a raiva do mundo, em troca, ela apenas ria de satisfação. – AGORA VOCÊ VERÁ O MEU PODER QUANDO ESTOU NA SEGUNDA POSSESSÃO! É SIMPLESMENTE DE MATAR!

De repente, os tentáculos se tornaram membranas transparentes, prendendo a todos dentro. Aquilo era um tipo de prisão de água, pois todos estavam prendendo sua respiração. Mas o loiro sabia que não podia demorar muito, pois nem todos ali aguentariam. Mariah, por exemplo, estava prestes a desmaiar. De imediato, ele lançou várias rajadas de vento, mas ela nem arranharam os tentáculos.

— ESSES TENTÁCULOS SÃO DIFERENTES. SÃO TOTALMENTE FEITOS DE AÇO! NÃO PODEM SER DESTRUÍDOS POR VENTO!

Ralph sentiu tanta raiva que ao fechar o punho direito, ele gerou faíscas. Mas ele logo as descartou. Não poderia arriscar ferir seus amigos enquanto tentasse atacar Suiren com seu ataque elétrico.

Ele não viu saída nenhuma a tomar.

— VOCÊ AINDA PODE SALVÁ-LOS SE FICAR QUIETO, SEU DELINQUENTE IDIOTA! RECEBA O QUE ELES ESTÃO SOFRENDO, E OS DEIXAREI IR!

O loiro considerou que os outros estivessem tentando lhe dizer: “não faça isso!”, mas resolveu aceitar mesmo assim. Jogou a Vingadora Indomável para longe. Os tentáculos pegaram seus braços e o jogaram para trás, se transformando em cordas de aço. Ralph estava imobilizado.

Então, Suiren soltou os outros presos, o que Ralph não pensou que ela realmente faria. Ele a encarou com uma cara de surpresa. Todos caíram no chão com um baque surdo.

— O QUE FOI? ACHA QUE SÓ POR QUE SOU UM ANJO CAÍDO EU NÃO CUMPRA MINHAS PROMESSAS? NÃO SOU UM HUMANO NOJENTO. ALÉM DISSO, EU LHE PROMETI QUE FARIA SOFRER DA PIOR QUE PODERIA IMAGINAR, NÃO É?

Suiren sibilou tão alto que poderia ser considerado um riso.

Ralph começou a suar frio. O que ele poderia sofrer mais do que ver seus amigos sofrerem? Ele mesmo não podia pensar em algo mais cruel que isso.

Então, ele viu o quanto estava enganado.

Enquanto os outros recuperavam o fôlego da prisão de água, não viram o que Suiren havia preparado para atormentar Ralph.

Apenas perceberam isso tarde.

Alguém caminhava na direção dali. O que era algo estranho. Afinal, muitos humanos haviam fugido da cidade ou viraram comida dos Raptores. Alguns consideraram ser reforços, algum outro anjo, talvez.

Mas não era.

A pessoa caminhava a passos calmos. Quando ela entrou no campo de visão de Ralph, ele arregalou seus olhos. Suas asas sumiram. Sua força desapareceu. Suas pernas ficaram mais pesadas. A respiração ficou impossível de ser suportada.

Os olhos dele começaram a lacrimejar.

— Não... Você não pode...

Suiren continuava sibilando, ou rindo.

— ESTA É A PROVA QUE VOCÊ É O MAIS FRACO DE TODOS DAQUI!

As roupas ainda eram as mesmas de quando ele a tinha visto pela última vez. O cabelo num penteado jogado para trás. Algumas mechas dançavam pelo seu rosto enquanto caminhava. Seus olhos verdes estavam nebulosos. Sua expressão facial... vazia.

Ralph não conseguia falar. Não conseguia respirar. Não conseguia se mexer.

Aquela era a pior prisão do mundo.

Lá estava Isabelle, a garota que Ralph amava mais que tudo, à sua frente.

Ralph tentou arranjar forças para gritar:

— O – O que está fazendo aqui? Você tem que... GH?!

De repente, Isabelle o estava enforcando com uma força tremenda. Ralph não estava entendendo nada, mas a dor era real. Aquilo era real.

Suiren estalou os dedos e Isabelle saiu do seu transe.

Ela arfou como se estivesse segurando sua respiração por muito tempo, depois notou o que estava fazendo e fitou Ralph com uma expressão de horror.

— Ralph...? O que...

— Gh! – Ralph não conseguia falar direito, Isabelle apertava ainda mais seu pescoço.

— VAMOS, RESPONDA, RALPH? ESSA NÃO É A PIOR MORTE DO MUNDO?!

— Q – Quem está falando? – Isabelle tentou virar a cabeça, mas não conseguiu. Seu corpo não a respondia. – AH, meu Deus! SOCORRO! – Lágrimas começaram a escorrer de seu rosto, enquanto ela continuava a enforcá-lo com toda força. – Me desculpe! Me desculpe, Ralph! Meu corpo... Meu corpo não me responde!

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