Incondicional

Hora de voltar para casa


As algemas cederam aos esforços de Eric, elas eram feitas para aprisionar um amante, não um prisioneiro. O rapaz esfregou os pulsos doloridos praguejando em voz baixa, fora feito de besta por uma adolescente que ele considerava mais tapada do que uma porta. Esteve engando durante todo tempo, a Summer era mais perigosa do que Caroline, e isso era muita coisa. O garoto de programa arrebentou as algemas que prendia seus pés, estas estavam menos apertadas. Eric procurou por suas roupas sem sucesso, ela as tinha levado e deixado um vestido vermelho no lugar.

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– Filha da pu... – Seu xingamento morreu pela metade assim que viu seu reflexo em um espelho próximo a porta, seu rosto parecia o de um palhaço ruim de festa infantil. – Droga!

Correu para o banheiro, apesar do aviso de Summer, não podia acreditar que fosse tão impossível tirar a maquiagem de seu rosto. Esfregou os olhos com força fazendo o rímel se espalhar mais, acabou desistindo o esforço era inútil. Desesperado tentou encontrar um roupão, um hotel como aquele devia ter algum, porém dentro dos armários havia apenas um monte de nada, sua ex-namorada tinha garantido que o vestido fosse sua única salvação. Garota diabólica, Eric pensou irritado.

Contrariado Eric vestiu o vestido, era alguns números menor, mas serviu para cobrir alguma coisa. Entre a saia havia um envelope com o nome de Eric, abriu com cuidado, temia o que mais Summer teria aprontado, porém só havia notas de cem dólares de brinquedo e um bilhete escrito: um pagamento de mentira para um namorado de mentira. Sua raiva subiu mais alguns níveis.

Batidas brutas foram desferidas contra a porta, os seguranças invadiram o quarto como a SWAT invadiria o covil de um terrorista. Hilary exigiu que o homem travestido na suíte fosse levado para fora do hotel, a menina inventou que era um maluco que a seguia.

– Você vem com a gente! – O segurança moreno de cabelos curtos ordenou.

– Calma ai amigo, não precisa de violência. – O vestido vermelho estava apertando suas costelas o impedindo de respirar.

– Não sou seu amigo! – O homem retrocou ríspido.

– Cara, acabei de passar por você na portaria, você me deu até boa noite, o que mudou de lá para cá? – O rapaz tentava se esconder entre as cortinas do dossel da cama, era humilhante ser visto com aquela roupa.

– Acredite “amigo”. – Começou o outro segurança, o loiro de olhos pequenos. – Nós teríamos notado alguém como você.

Eric sabia que ele falava do vestido vermelho, os homens seguravam o riso a todo custo, o trabalho deles exigia que uma cara sisuda e postura de mal, mas aquele rapaz vestido de a pior travesti da cidade estava matando os seguranças por dentro.

– Vou mandar a sindicato de transformistas atrás de vocês. – Eric vestiu o personagem. – Não vou sofrer esse tipo de preconceito.

Com as mãos na cintura encarava os armários de terno que bloqueavam a entrada.

– Vocês têm um sindicato? – O loiro começou a rir e outro o acompanhou.

– Com licença, vou ir pegar meu carro. – Eric tentou passar entre os seguranças que riam como hienas.

– Opa, opa. Onde a senhorita pensa que vai? – O moreno segurou seu ombro.

– Vamos com você. – O segundo segurança disse secando uma lágrima.

Eric bufou.

– Que seja.

Todos no hotel olhavam para ele, olhares curiosos o seguiram até o estacionamento, não era todo dia que um tipo como ele aparecia no Royalton, os seguranças no seu encalço só tornava a situação mais interessante para os hóspedes. Eric nunca se sentiu tão envergonhado, queria poder apertar o pescoço de Summer até ela parar de respirar, ele estava realmente furioso com a situação que a garota o meteu.

O coverte estava em uma vaga próxima à saída. Eric colocou a mão sobre o bolso que não estava lá, suas chaves estavam em seu blazer. O que mais poderia dar errado? A resposta estava em seu carro sem rodas, o coração de Eric parou de bater por alguns segundos, como iria embora sem as rodas, Summer havia cuidado de todos os detalhes.

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– Eric? – A voz de Summer soou do rádio que o segurança entendia em sua direção, Eric pegou o aparelho. – Como está sendo o nosso encontro docinho?

A risada dela era irônica.

– Onde estão as rodas do meu carro? – O rapaz perguntou irritado.

– E seu celular e carteira, não se esqueça. – As mãos de Eric foram novamente para o bolso inexistente. – Não adiante procurar, está tudo aqui comigo, mas não se preocupe, prometo mandar seus pertences para sua casa.

– Como vou para casa? – Eric perguntou nervoso.

– Pouco me importa. Ah e gostaria de dizer que postei a sua linda foto na página da YALE, e já tem seiscentos likes, meu docinho é um sucesso.

O rosto de Eric adotou um tom vermelho.

– O que? Mas não fiz nada. – Imaginou seus amigos vendo aquela imagem comprometedora, iriam zombar dele para sempre.

– Achei que era uma pena que ninguém fosse ver uma foto tão linda. – Summer gargalhou.

– Agora posso me vingar. – Eric disse maldoso.

– Não, não pode, tenho as gravações das câmeras de segurança, aliás, estou te vendo nesse exato momento. – Eric se voltou para uma das câmeras de segurança e mostrou o dedo do meio. – Aiai, que menino mal. Se você vier atrás de mim vou postar esse vídeo em todos os sites possíveis, e vou mandar para a reitoria da YALE. Sabe o que dizem, um vídeo vale mais do que mil fotos.

– Não faça isso. – Choramingou, ameaçar não funcionaria mesmo.

– Pensarei em seu caso, adeus Eric. – Se despediu. - Raul, Fernando o coloque para fora. – Dessa vez falava com os homens de terno.

O segurança loiro tomou o rádio das mãos de Eric.

– Hora de voltar para o castelo, princesa. – Raul disse rindo.

Sem oferecer resistência Eric foi colocado para fora. Na rua os olhares curiosos o seguiam ainda mais do que dentro do hotel. A casa de Eric ficava a oito quadras dali, seria um logo caminho. O rapaz estava cansado daquela vida, talvez fosse hora de voltar para casa dos pais e ser o príncipe da batata doce, ser um garoto de programa fez da sua estadia em Nova York um inferno, e com aquela foto rodando pela internet seria difícil continuar na YALE. Estava decidido iria partir para o Arizona na manhã seguinte.

– Hey gatinha vem me dar uns beijinhos. – Um homem gritou de dentro do carro que passava do lado de Eric. Ele fez biquinho enquanto chamava o rapaz com as mãos, os amigos do brincalhão riam dentro do automóvel.

Definitivamente estava decidido que voltaria para casa.