Distante Terra dos Alpes

Capítulo 51: A história dos dois - Parte II


Capítulo 51: A história dos dois. –Parte II

– Arthur olhou para mim e naquele dia não conseguiu dizer mais nada. Tudo que ouvi sobre o ocorrido foi da boca dela. Depois de algumas semanas, ela voltou para casa. Meus pais insistiam em um casamento, mas ela sempre se esquivava dizendo que a criança não tinha pai.

A essa altura, Francis parecia frustrado contando aquela história. Mais taças transbordando com aquele líquido. Lili tinha a impressão de que ele teria que abrir outra garrafa logo.

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– Arthur não aceitou a situação. Não queria assumir. Disse que me amava, mas que considerava Françoise especial também, por isso quis saber uma vez como seria ficar com ela...acredito que a minha irmã tenha mesmo o convencido – riu melancolicamente- como ele disse, ela era encantadora, para não dizer sedutora. Sabia cativar qualquer homem, ainda mais um inseguro como ele, que não sabia bem dos próprios sentimentos.

– Mas...o que aconteceu com os dois? Você não disse ainda...

Uma última esperança. Lili acreditava que pudessem estar vivos, mesmo que não quisessem entrar em contato com ela.

A resposta foi cortante.

– Sua mãe faleceu no parto. Aquela foto...eu a consegui com uma enfermeira do hospital onde você nasceu. Foi um pedido de Françoise, mas só puderam tirá-la depois de sua morte –isso explicava porque na foto a mulher parecia mesmo sem vida - Essa mesma enfermeira atendeu a mais um capricho de minha irmã...e contou para nós que você não tinha sobrevivido.

Lili ficou em choque.

– A enfermeira prometeu que ia criá-la, mas não tinha condições. Dessa forma, você acabou crescendo num orfanato, não é?

– Sim, aos quatro anos... – admitiu Lili, sem conseguir olhar para o francês. Algumas coisas começavam a fazer sentido.

– E seu pai...ele faleceu por dirigir embriagado. Arthur nunca foi muito correto nessa parte, ainda mais quando ficava frustrado.

– Isso é...mesmo muito triste...

– Minha irmã não queria dar trabalho para os pais, não queria que eu largasse a faculdade, pois estava no último ano. E também sabia que não tinha renda para criar você e com a decisão de Arthur...antes de partir ela fez aquele pedido absurdo a uma estranha. Mas pelo menos a deixou com um endereço, senão dificilmente teria me encontrado.

– Ela foi procurá-lo? E depois de anos você soube que eu estava viva?

Os olhos de Lili estavam cheios de lágrimas. Ela se esforçava para não chorar, mas sentia-se triste demais.

– Ah, sim. Ela tentou entrar em contato comigo algumas vezes. Mas achei que fosse uma maluca. Não acreditei quando disse... “sua sobrinha está viva!!”. Eu a ignorei, tinha coisas mais importantes para fazer na época.

– Mas se me procurou agora deve ter um motivo, não?

– Meu pai...ele está bastante doente. Então me disse certo dia “a única coisa que não pude ter nessa vida foi um neto”...

E mais coisas fizeram sentido. O porquê de ele ter procurado ela depois de tantos anos.

– Então eu pensei “ E se aquela enfermeira estiver mesmo certa?”. Decidi encontra-la. É essa a história.

– E-Eu...

– Mais alguma pergunta, petit?

Silêncio.

Lili estava arrasada. Tantas informações e em tão pouco tempo. Ainda não conseguia acreditar no que tinha ouvido.

Ela sempre teve esperança de que os pais estivessem vivos, e agora...

– Não precisa dizer nada se não quiser... posso levá-la para casa daqui alguns dias. Mas quero que conheça seus avós antes de partir.

– S-Sim, eu vou...é...vou vê-los... –murmurou ela enquanto mais lágrimas caiam no vestido.

– E se quiser também posso passar o telefone da irmã de Arthur, Alice. Ela tem um gênio tão difícil quanto o dele, é bastante metódica, mas acho que pode concordar em falar mais com você sobre isso...

– M-Muito obrigada...

Em momentos como aquele, quando ficava deprimida, só queria estar em casa, sozinha, no seu quarto...

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Mas agora estava tão distante do lar...