Resident Evil: Revólver

Capítulo Único


Gritos, sangue, caos, choros, sangue, morte, pânico. Sangue, sangue, sangue. As pessoas desatavam a correr desesperadas para encontrar uma saída da universidade, já que todas pareciam trancadas. Pessoas gritando, pessoas mortas, pessoas devorando outras pessoas. A combinação de minha respiração pesada e os músculos dos meus braços queimando me incomodava, eu já não aguentava mais carregar Mika em meus braços, que tinha sido mordida no corpo todo e sangrava lentamente. Segurava o revólver que roubei do segurança morto com tanta força que meus dedos estavam doloridos. Não conseguia mais. Não havia saída. Não havia forças. Somente o caos.
Sentei em um corredor vazio, onde os gritos ecoavam ao fundo. Coloquei Mika sentada ao meu lado e nos abraçamos. Ela chorava compulsivamente e estava fraca.
– Shad, amor, eu não aguento mais, está doendo muito!
– Alguém vai vir nos ajudar, por favor, você tem que ser forte meu docinho! Lembra de quando fugimos aos quinze anos e fomos morar sozinhos? Lembra que você dizia para eu ser forte, que tudo daria certo?
– Mas agora é diferente meu amor... É diferente. Faça a dor parar...
– Não Mika, não me peça isso! Você tem que aguentar mais um pouco!
– Eu... Eu não consigo Shad!
Os choros ficaram descompassados. Lágrimas de dor e medo. Silenciosamente, eu também chorei. Era assim que acabaria? Estudar e passar madrugadas acordado, sonhar com o futuro. Tudo isso para terminar assim? Virando uma criatura que vaga sem alma em uma cidade? É para isso que lutamos? Para morrermos de uma forma tão ridícula?
– Amor... Faça isso parar, a dor, faça parar.
– Não Mika, por favor! – E não consegui esconder minha tristeza, chorei escandalosamente.
– Você sempre fez tudo por mim. Incentivou-me a fugir da nossa cidade rural para ter uma vida melhor. Você cuidou de mim... Protegeu-me nas noites em que dormimos na rua, deixou de comer para que eu não sentisse fome... Você sentiu dor para me fazer feliz e amada... Por favor, Shad, agora realize meu último desejo. Quero morrer por suas mãos, em seus braços... Pode fazer isso?
Soluçava tanto que não conseguia formular resposta alguma. Sequei o rosto com uma das mãos, mas me sujei mais ainda com o sangue de Mika. Eu sabia o que ela queria. Éramos assim, entendíamos um ao outro, quase que por telepatia. Mika era minha princesa, e eu faria de tudo para deixá-la feliz. Sempre fiz. Tentei conter o choro, e por fim disse:
– Tá, eu posso. Eu, eu vou fazer.
Encostei o cano da arma em sua cabeça e chorei mais ainda. Minha mão tremia de forma absurda, e ela, com suas mãos geladas que perdiam calor e vida, tocaram em minhas mãos me dando algum conforto. Ajeitei-a de modo que pudesse lhe dar um beijo.
– Você foi um namorado perfeito – ela disse. – Arriscou sua vida por nós, para que tivéssemos um futuro maravilhoso e feliz... Você vai ficar comigo Shad? Você vai vir junto comigo?
– Você... Você quer que eu vá? – questionei.
– Eu quero...
– Certo – e enxuguei meu rosto mais uma vez. – Eu vou.
– Shad, você me ama? Diz que me ama...
– Eu te amo Mika – disse, e ela sorriu. – Eu sempre te amei.
– Eu te amo Shad...
Fechei meus olhos com força, mais lagrimas desceram pelo meu rosto e mordi meus lábios. Após alguns segundos de relutância, o dedo de Mika pressionou o meu dedo, e meu dedo pressionou o gatilho. O som ecoou pelo corredor. O som da morte. Senti uma dor em meu coração que não se comparava a nenhuma dor física. Encostei o cano quente da arma em minha cabeça. Era minha vez.
– Eu estou indo Mika...
Muitos unem seu amor com alianças e declarações de amor, mas nós não. Nós selaríamos nosso amor de uma forma diferente, em um ritual cruel e doloroso. Um ritual necessário. Um revólver, ele uniria Mika e eu, ele nos manteria eternamente juntos. Selaríamos nosso amor assim, com a bala de um... Revólver.

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