Uma Década Depois...

Um cavaleiro e dois de seus colegas de trabalho receberam uma missão especial de enviar em segurança máxima um cavalo, que seria o presente de aniversário à princesa do continente que outrora era rival ao que habitavam. A rivalidade mudou devido a uma aliança que se estabeleceu por anos entre os monarcas e assim permaneceria até que houvessem fortes motivos para rompê-la.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A missão foi preparada e ordenada pela própria monarca de Arroway, Katherine Wildshade. O rapaz se sentia maravilhosamente honrado por ter obtido grande confiança da mulher durante aqueles anos, sendo este um dos motivos que contribuía para que continuasse vivo. Jamais iria decepcioná-la. Era extremamente grato e a obedeceria com total fidelidade.

O grupo conhecia inúmeros atalhos e caminhos no interior das florestas e matas de Hastryn do Norte que facilitariam o percurso e permitiram que chegassem mais rápido a Horgeon, mas não contavam com a ocorrência de um fato inesperado.

— Vocês estão ouvindo isso? — O rapaz perguntou e olhou ao redor, desejando saber em que local se encontrava a fonte daquela voz doce e misteriosa.

— Ouvindo o quê? — questionou um de seus colegas.

— Essa voz!

— Não há voz nenhuma! — O terceiro cavaleiro falou, mas se dispôs a ficar em silêncio e tentar entender o que incomodava o primeiro. — Além de nós e dos animais, não há mais ninguém por aqui.

Mas ele estava convicto de que era real. Desceu de seu cavalo e o amarrou com as cordas em uma árvore para que não corresse o risco de o animal escapar durante aquele curto espaço de tempo. Em seguida, escalou a mesma e observou do ponto mais alto que conseguiu os ambientes ao seu redor, mas realmente não havia sinal de nenhuma outra pessoa além dos guardas.

A voz parou.

Acreditando que estivera enganado, desceu em silêncio e voltou a montar em seu cavalo. Contudo, assim que o fez, tornou a ouvir o canto triste que o enlouquecia mais a cada segundo. Sentia um desejo insaciável de encontrar o ser ao qual ele pertencia. A voz encantadora parecia vir de todos os lados, o que o obrigou a fechar os olhos e se concentrar para descobrir qual seria a direção certa.

— O que está fazendo?! — O segundo homem segurou o seu braço, impedindo-o que continuasse a seguir o trajeto. — A Grande Ponte não fica nessa direção!

Mas o mesmo o largou assim que viu os seus olhos. Haviam adquirido uma tonalidade diferente, estando completamente brancos, como se o rapaz estivesse cego. Isso o assombrou e fez com que, acidentalmente, abrisse o caminho para que ele continuasse a procurar o que desejava.

— Nunca mais toque em mim desta maneira! — Aquela não era a sua real pessoa. Tornara-se agressivo devido à forte magia que tomava conta de seu corpo e de sua mente naquele instante. Empurrou o parceiro com força e correu pelas matas. Saltou por cima de troncos caídos, atravessou trilhas que tinham árvores em todos os cantos. Nada mais importava. Nada mais estava em seus pensamentos.

Os demais o chamaram, insistentes na tentativa de fazê-lo recobrar a consciência. Tentaram segui-lo e, por muitas vezes, o perderam de vista, mas não desistiram com facilidade. Resolveram parar de andar, para que conseguissem ouvir os passos do cavaleiro e voltarem a estar em seu encalço.

...

Exaustos, os dois ficaram para trás.

Encostaram-se sobre a madeira das árvores mais próximas, sem forças. Descansariam um pouco antes de prosseguir com o percurso. Iriam atrás do amigo e, se não o encontrassem, realizariam a missão sem ele. O homem parecia não se cansar, mantendo um ritmo que era incomum para qualquer ser humano, pois havia corrido por muitas horas e não se sentiu cansado.

A música se tornou mais alta em seus ouvidos, indicando claramente que estava seguindo pela direção certa e que era somente questão de tempo até que chegasse aonde queria. Ele seria capaz de sacar a lâmina de sua bainha e cravá-la em qualquer um que ousasse aparecer na sua frente e tentasse atrapalhá-lo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Subitamente, uma luz negra surgiu à sua frente, em uma distância aparentemente não muito longa. Parecia ter vindo do solo e emanava até os céus, penetrando as nuvens e tornando impossível descobrir onde terminava. Ele sentia que era o único capaz de enxergá-la. Como se fosse... selecionado.

Escolhido.

Reconheceu o ambiente. As Terras Desérticas de Durwin.

A canção não possuía uma letra concreta, pois se tratava apenas de um canto cujos tons se alteravam. Ao pisar pela primeira vez na areia, o som se tornou ensurdecedor e o guerreiro sofreu com os fortes efeitos, mas por pouco tempo. Somente o tempo suficiente para se adaptar.

Uma alegria explicável jamais sentida antes tomava conta de seu coração. Era como se toda a dor houvesse se esvaído e deixado apenas os bons sentimentos, as boas memórias. Como se o homem sofrido de antes tivesse sido deixado permanentemente para trás.

Quando finalmente a viu, arregalou os olhos.

Estava de frente para a sua amada, que havia falecido há dez anos. Os seus cabelos pareciam ter sido recentemente arrumados e as vestimentas eram as mesmas do dia em que morreu. Estavam intactas e bem conservadas. O cheiro forte de seu perfume ainda era o mesmo, o que fez com que as memórias se tornassem ainda mais presentes em sua mente.

— Como isso é real? — Era impossível a cena que acontecia diante de seus olhos. Aquilo desafiava todas as leis e regras às quais fora instruído a seguir e acreditar por toda a sua vida. — Você está aqui... Eu a estou vendo novamente!

— Acredite no poder da magia, jovem cavaleiro.

Ela se aproximou para beijá-lo e ele correspondeu. Todavia, assim que os seus lábios se uniram, a sensação do homem se alterou por completo. Toda a dor, a tristeza, o rancor, a mágoa, o luto e as memórias ruins vieram à tona. O seu corpo começou a formigar por dentro, em uma dor insuportável que piorava a cada instante.

Empurrou-a para longe, percebendo que a aparência da mesma se alterara por completo. A pele se tornou pálida. Os cabelos, em uma tonalidade vermelha rara de ser encontrada naquele continente. Os grandes olhos eram verdes e penetrantes, capazes de assombrar a qualquer um que os fitasse diretamente. As vestimentas eram brancas e os pés pareciam flutuar, de modo que o ser parecesse ser uma espécie de fantasma.

Imagens de construções antigas surgiram ao seu redor, como se estivessem uma época anterior à que vivia. A cor do solo variava entre o coral, pertencente à areia do deserto, e o verde, presente em um vasto gramado que parecia ter sido parte de uma Durwin completamente diferente da que todos conheciam.

Sentiu-se tonto.

Perdeu o equilíbrio e caiu sobre a areia quente, de barriga para cima. Sentia sede, muita sede. Não somente devido ao calor do deserto, mas por causa da destruição lenta de sua vida. Sem compreender o que ocorria, criou forças para olhar uma última vez para a mulher e perguntou:

— Quem é... você?

Aquilo não era um ser humano como os outros. A jovem se ajoelhou e seus rostos ficaram bastante próximos. Tinha um olhar de ódio, como se guardasse rancor por alguma atitude feita pelo homem, mas ele jamais a tinha visto antes. Iria se lembrar de alguém tão belo e tão diferente.

— O meu nome é Alyssa.

Ao dizer isso, a criatura sugou toda a energia de seu corpo e o invadiu, tomando-o inteiramente para si. Em seguida, quando a alma dele foi inteiramente separada e levada diretamente para a morte, Alyssa alterou a forma do corpo para a sua própria.

Respirou fundo, lutando para não desmaiar. Precisaria se recompor para ter as suas forças de volta. Havia acabado de conseguir se libertar do Mundo das Sombras e retornado a Hastryn para colocar em prática os seus planos: reerguer a sociedade mágica que, há muito, fora extinta.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.