Namorado "Inventado"

Capítulo três


A casa estava silenciosa quando eu voltei da faculdade. Como eu não morava exatamente na cidade universitária, eu demorava certo tempo pra voltar do campus – até porque tinha que ir e voltar de ônibus. E olha que, dessa vez, eu tinha ido de carro.

Abri a porta normalmente; se elas estivessem dormindo, melhor, mas se estivessem acordadas, eu também não veria problemas. Biologia me relaxava. Por isso eu sabia que tinha escolhido o curso perfeito. Não havia nada mais certo pra mim do que estudar o que eu estudo. Essa sempre foi a minha área, e era nela que eu deveria ficar. Apesar de sempre ter sido meio CDF, eu odiava exatas. Humanas até me deixavam menos raivosa. Mas as biológicas são as que me fascinam.

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Nossa, como eu enrolo!

Enfim, entrei em casa e estava subindo ao meu quarto quando passos me assustaram.

– Ah, é você! – Ouvi a voz de Abigail atrás de mim.

– Quem mais seria, Abby? – Tentei não soar tão grossa.

– Não sei, ué. Por isso vim ver correndo. Eu estava na sala, assistindo um filminho... Sozinha... – Ela disse e deixou a frase no ar. Arqueei uma sobrancelha em uma dúvida óbvia, mas deixei de lado. Não era algo que me interessasse, afinal.

Não disse mais nada e continuei subindo as escadas, em direção à minha doce e aconchegante cama, mas outro alguém me chamou.

– Emy? – Virei-me rapidamente ao ouvir a voz.

– O que você tá fazendo aqui? – Eu perguntei. – E por que tua camisa tá aberta, cara? – Perguntei quando notei os primeiros botões de sua camisa abertos, além do tecido estar levemente amassado. Olhei dele para Abby e algo se acendeu em minha mente, me fazendo ficar de queixo caído.

– Emy... Emy, querida! Tudo bom com você? – Ash tentou contornar a situação, ajeitando a camisa e chegando mais perto.

Eu ia agir normalmente, chamando ele de lerdo, rindo da cara dele e então iria, finalmente, pro meu quarto.

Mas lembrei que ele era meu namorado.

– Seu cafajeste! – Berrei e meti a mão na cara dele, num tapa que fez até minha própria palma arder. O rosto dele virou pro lado e ele ficou atônito, enquanto Abigail soltou um gritinho surpreso e veio até ele, abraçando-o.

– Não fala assim com ele, Emily! Ele não estava fazendo nada demais! – Enquanto ela dizia, eu ouvi portas se abrindo e passos no corredor. Minha mãe e George tinham acordado com meu berro.

– Nada demais? Ah, me engana que eu gosto! Ashton, você me enoja! – Eu estava tendo que me segurar pra não rir das feições de Gail e de Ashton, que estava tão confuso quanto ela.

Não falei mais nada e corri ao meu quarto. Pude ouvir certa discussão no andar de baixo, mas a única coisa que eu consegui fazer quando cheguei ao meu quarto foi fechar a porta e me tacar na cama, enfiando a cara no travesseiro.

Aí sim pude rir o quanto eu queria.

–x-x-x-

Ri por uns bons minutos. Ouvi passos, alguns gritinhos e outro estalo de tapa. Depois ouvi passos desesperados na escada e portas batendo. Então tudo ficou em silêncio, até alguém bater na minha porta.

Me levantei e destranquei o fecho. Quando abri a porta, Ash me encarava com certa raiva no olhar. Puxei-o para dentro do quarto e voltei a fechar a porta. Ri mais um pouco e cheguei a me exaltar, o que fez com que Ash cobrisse minha boca. Ele me puxou pela mão até estarmos sentados na minha cama, um de frente para o outro.

– Você tem muita merda na cabeça! – Ele disse, e eu só consegui rir mais.

– Olha quem fala! Ash, a gente tá namorando, esqueceu? A gente passa a tarde toda fazendo planos, pra eu chegar em casa e me deparar com você e Abigail se agarrando? Pelo amor de Deus, querido! – Eu disse, com uma feição séria, fingindo estar brava. Não aguentei e voltei a gargalhar, e dessa vez Ash me acompanhou.

Não demorou muito para que Ford fosse embora. Mas, antes disso, ele me contou que minha mãe havia dito para Abby que estávamos namorando, e George chegou até a dar bronca nela. Ashton levou um tapa da minha “meia-irmã”, que, depois de bater nele, saiu correndo e se trancou no quarto. Se eu soubesse que fingir um namoro com Ash seria tão divertido, eu teria começado a fingir antes.

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Assim que ele foi embora, eu capotei na minha cama. Estava morrendo de cansaço, e nada como uma boa noite de sono pra recompor as energias...

Certo?