Hora do Recreio. Isabelle, Cris e Mabel, como de costume faziam lanche juntos.

– Que droga! - disse Isabelle, indignada – Acho que a mamãe perdeu o juízo de vez!

– O que foi? - perguntaram Mabel e Cris, interessados.

– Ela colocou isso aqui na minha lancheira como sobremesa, no lugar do chocolate – respondeu a menina, mostrando uma maçã.

– Eu gosto de maçã, a vovó sempre coloca pra mim – disse Mabel.

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– Eu também – concordou Cris – E a mamãe sempre coloca – mostrando a dele dentro da lancheira.

– Agora que ela já está aqui, vou comer, fazer o que? - lamentou Isabelle, dando uma mordida na maçã – Ai! Maçã assassina – atirando longe e acertando a cabeça de um garoto.

– Quem jogou isso? - perguntou o garoto, olhando em volta.

– Fui eu! Algum problema? - perguntou Isabelle, levantando-se.

– Nenhum – respondeu o garoto, correndo, assustado.

– Essa droga dessa maçã arrancou meu dente! Tô com gosto de sangue na boca – reclamou a menina, segurando um pequeno dente de leite na mão.

– Mas já estava mole há dias – observou Mabel.

Cris começou a rir:

– Belinha tá banguela!

– Você também tem um dente mole e também vai ficar banguela – observou Isabelle.

– Mas você ficou banguela primeiro.

– Não por muito tempo – falou Isabelle, puxando o dente mole de Cris de uma vez, fazendo-o soltar um gemido de dor.

– Isso doeu Belinha! - reclamou o menino.

– Que bom! Fico muito feliz com isso. Adoro quando você sente dor. Quando precisar que eu arranque outro dente só avisar – ironizou Isabelle.

– Nem morto!

– Você ficou bem esquisitinho banguela – zombou Isabelle, rindo.

– Eu fiquei esquisitinho e você ficou muito feia – respondeu Cris.

O sinal bateu e Isabelle ficou parada sem reação. Cris se dirigiu à sala e Mabel foi atrás, mas ela voltou para falar com a prima:

– Você não vem Belinha? A aula vai começar.

– Já vou – respondeu Isabelle.

Mais tarde, no apartamento 13-B, Sam indagou à filha, enquanto a pequena a ajudava a arrumar a mesa para o jantar.

– Como foi a aula hoje querida?

– Legal – respondeu Isabelle, sem abrir muito a boca.

– Tem dever de casa?

Isabelle fez que não com a cabeça.

– Deixa eu ver a sua agenda – pediu Sam.

Isabelle foi pegar na mochila e mostrou pra mãe

– Belinha! Está com uma anotação por entrada tardia depois do recreio. O que ficou fazendo que não voltou pra aula?

Isabelle abaixou a cabeça e não respondeu. Sam ficou irritada:

– Quando eu falar com você, você olha pra mim e me responde – determinou a mãe.

Freddie chegou do trabalho e Isabelle correu para ele, abraçando-o e começando a chorar.

– O que houve minha princesinha? - perguntou Freddie, pegando a filha no colo.

Isabelle apontou para a mãe e Freddie falou:

– O que está fazendo com a nossa filha Sam?

– Não se mete Benson, pegou a história pela metade e já vai tomar o partido da Belinha que eu te conheço, por isso que essa menina tá mimada e malcriada. Não responde quando a mãe faz uma pergunta.

– Que pergunta? - quis saber Freddie.

– Ela entrou tarde na aula depois do recreio e eu quero saber por quê. Caso não me responda vai ficar de castigo até o resto da semana – ameaçou Sam.

– Por que entrou tarde na aula princesa? - perguntou Freddie, com carinho.

Isabelle começou a chorar mais ainda e comoveu o pai:

– Calma querida, não faz assim, conta pro papai o que aconteceu.

– Não vê que é golpe dela? Eu conheço esse jogo.

– Tá tirando base por você Sam? Porque desde pequena adora jogos.

– Assim fica impossível educar filhos com você me desautorizando e jogando na minha cara coisas de quando éramos crianças.

– Você faz cobranças demais à Belinha e se esquece que todo mundo erra, que você mesma errou demais e vai continuar errando, que não é gritando com ela que vai ser a mãe perfeita e fazer dela uma pessoa melhor que você.

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– Virou psicólogo agora Benson? Então deveria saber que não é saudável para uma criança quando o pai passa a mão na cabeça dela e diz que ela tá sempre certa.

– Eu não digo que ela está sempre certa, só não aprovo sua pressão psiológica totalmente desnecessária.

– PAREM AGORA! - gritou Isabelle, fazendo os pais se calarem – Não gosto quando brigam por minha causa.

– Olha só, ela está banguela! Aquele dentinho mole finalmente caiu – reparou Sam – Eu sabia que daria certo com a maçã.

– Não acredito que fez isso de propósito mamãe. Eu não gosto de frutas e ela fez meu dente cair na frente do Cris – reclamou Isabelle.

– E qual o problema? - perguntou Sam, sem entender.

– Você está linda princesa. O papai vai pegar a câmera pra tirar uma foto, temos que registrar esse momento – disse Freddie, empolgado, colocando a filha no chão.

– NÃO! - gritou Isabelle – Eu tô muito feia! Eu tô horrível! Não quero que tire uma foto papai! Não quero que ninguém me veja assim! - chorando e correndo para o quarto.

– O que foi que eu fiz? - perguntou Freddie, sentindo-se culpado.

– Depois sou eu que faço pressão psicológica na nossa filha – zombou Sam – Acho que quem não teve jeito agora não fui eu... - cantarolou – Vou lá falar com ela, fica de olho nos gêmeos.

Isabelle estava deitada na cama, chorando, quando Sam entrou.

– Vai embora mamãe! Se quer me deixar de castigo aqui no quarto eu não ligo.

– Eu só quero te mostrar uma coisa – disse Sam, ascendendo a luz e indo se sentar ao lado da filha com uma foto nas mãos – Olha só, sou eu, com a sua idade, banguela, com três dentes faltando na frente e rindo a toa, eu nem ligava, porque isso é normal e acontece com todo mundo. Belinha, você me acha feia nessa foto?

– Não mamãe, você era fofa, mesmo banguela.

– Nós duas somos parecidas. Todo mundo que olha pra você logo saca que você é minha filha. Então, por que acha que está feia?

– Porque o Cris falou – contou Isabelle.

– E desde quando se importa com o que Cris fala?

– Eu não sei. Só sei que doeu o que ele falou e eu fiquei um tempão chorando no pátio sozinha depois disso.

– Não dê tanta importância. Aposto que ele vai ficar banguela também. Vocês dois estão na idade.

– Ele já ficou, eu arranquei o dente mole dele.

– Você fez isso antes ou depois dele te chamar de feia?

– Antes.

– Então está explicado, você deve ter quase matado o moleque de dor e ele quis se vingar te xingando. Ele não acha você feia, na verdade, algo me diz que ele te acha muito bonita.

– Sério?

– Sim, agora para de chorar e vamos pra cozinha. A comida tá esfriando.

A família foi jantar e Freddie finalmente conseguiu tirar a foto de Isabelle sorridente com a sua “janelinha”.