Por que decidi escrever isso? Por que eu precisava falar com alguém, até mesmo sendo uma folha de papel... Nesses últimos dias não tenho falado com ninguém mesmo. A única coisa que ainda confirma a minha existência é a minha respiração que persisti em continuar.

Eu insisto em viver.

Viver pra quê?

Todo o universo que eu criei pra mim tinha sido destruído sem dó ou piedade. Anos construindo uma vida pra que?

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Senti uma tristeza tão grande se apoderou de mim quando eu recebi a notícia. A tristeza se transformou aos poucos em algo pior... medo. Medo de não me adaptar, de não ser bem vinda. O medo de odiar a vida que me aguardava...

Sinceramente achei a decisão da minha mãe precipitada e egoísta.

Ela conseguiu uma promoção ótima, tenho que admitir. Mas isso não significa que eu e meu pai tenhamos que abandonar tudo por causa dela.

Meu pai é economista então acredito que arranjar um novo emprego não seja umas das tarefas mais difíceis que ele já fez.

A oferta do sr. Paul, que é o chefe da mamãe, era inegável. Principalmente para a minha mãe que não tem achado trabalho com facilidade.

Talvez eu devesse parar de ser tão egoísta e parar de fazer bira. Pensar que vai ser bom para o futuro profissional dela e tal. Mas não consigo deixar de pensar em tudo que estou deixando para trás. Meus amigos, namorado, meus avós. Meus pais até queriam deixar o meu cachorro para atrás alegando que seria melhor ele ficar com os cuidados da vovó! Após eu gritar por dias seguidos e pedir pra que eles me deixarem morar com os meus avós eles permitiram que eu levasse o Donald, meu Samoieda.

Meu quartinho... Lembro quando meus pais decoraram ele ,quando eu tinha 8 anos, como presente de aniversário. As paredes cor de rosa baby, as cortinas rosada (eu amava quando o vento batia elas iam de um lado para o outro como se estivessem dançando em perfeita sintonia com as árvores que estavam no jardim, a cama enorme de casal branca (passei anos implorando por uma, até que o meu pai conseguiu aumentar o cargo na empresa e decidiu decorar o meu quarto... após anos prometendo), um lustre no lugar da antiga lâmpada que eu era tão acostumada, uns pufes. Mas nem é desse luxo todo que tinha no meu quarto que eu vou sentir saudade, e sim da janela do meu quarto... a minha janela. Incontáveis vezes eu sentei bem encolhida ali observando as nuvens, as estrelas, a lua... o céu.

Nossa como eu amo isso! Todas as vezes que me sentia triste eu olhava através daquela janela e apenas observava. Pensava. As vezes eu abria ela, raramente, apenas para sentir o vento bater suavemente no meu rosto. E pensar que eu nunca mais sentiria aquela sensação de completa segurança outra vez. Em pensar que outro alguém vai sentar perto da MINHA janela e não dar o mínimo valor que ela merece.

Naturalmente no dia que minha mãe disse que teríamos que nos mudar de cidade eu corri e me tranquei no meu quarto por horas(acho que passei umas quatorze horas lá dentro, no fim a fome me venceu e tive que descer para pegar qualquer coisa comestível e voltar para meu refúgio que tinha se tornado o meu quarto). Mas o tempo que eu passei trancada ali dentro eu fiquei chorando encolhida perto da minha janela. Eu olhava e gritava para o céu: "Porque?".

Meus olhos doíam no dia seguinte. Mas após quatorze horas chorando eu ainda queria chorar. Meu pai bateu várias vezes na porta pedindo para conversar e eu gritava "Vá embora!".

Só conseguia pensar que nunca mais veria minha melhor amiga Lily ou meu namorado Jack outra vez, isso partia o meu coração.

Então me obriguei a fazer a coisa mais inteligente a se fazer: Seguir em frente.

Continua...