Contrários.

Contrários.

Fogo e gelo. Gelo e fogo. Assim os dois eram. Há quem dissesse que não combinavam por serem contrários. E há quem dissesse que combinavam exatamente por serem contrários.

Mas, naquele momento, ela estava alheia a tudo isso. Wendy Kaori era uma reservada até demais. E realmente não sabia o que estava fazendo naquela festa. Maldita hora em que foi aceitar o convite de Kidou.

Sentiu um toque de leve nos ombros desprotegidos — porcaria de vestido de alcinhas! Nunca mais deixaria sua mãe escolher as roupas que iria comprar! —, voltando seus olhos para o rapaz que se encontrava em pé, ao seu lado.

— O que quer, Shuuya? — perguntou, pelo tom de voz usado a moça não estava nem um pouco contente.

— Nossa, — o maior esboçou um sorriso diante a postura dela. Só Wendy mesmo. — onde está seu espírito natalino? Enfiou-o em algum lugar?

— Quer mesmo que eu responda? — um arquear se sobrancelha fora mais que necessário para perceber o quão difícil seria declarar seus mais sinceros sentimentos. — Ora, Shuuya, por que não vai se divertir com seus amigos?

— Por que Endou foi embora com a namorada e Kidou está paquerando umas meninas. — sentou-se ao lado dela, ainda tentando encontrar as palavras certas. — E por que quero ficar contigo... — a última frase saiu completamente sozinha.

Uma chama se ascendeu no coraçãozinho da dama. Mas o que ele queria dizer com isso?

— N-não é isso o que está pensado! — droga! Gaguejar logo agora? — Bem... Wendy, eu...

— Hn. Acabou com a enrolação? — decepção. Nisso se resumia tudo o que Kaori sentiu no momento. Pôs-se em pé, pronta para sair. — Avise o Kidou que eu já fui, tenho um trem para pegar. Até outro dia, Shuuya. Tenha um feliz natal.

Deu um passo a frente, sendo impedida de prontidão. A pele dela era fria. A mão dele era quente. Um choque térmico. Um choque de sentimentos. Um choque de emoções.

Wendy não pode resistir a olhar. Castanho com castanho. Coração com coração. Rubor com rubor.

— Eu... Eu gosto de você! — disse de uma vez, sem coragem para encarar a menina. Esta que sentia algo revirar dentro de seu estômago.

Ela não conseguiu esperar, selou os lábios dele de uma vez, retribuindo tais sentimentos. Seu natal dessa vez seria completamente diferente. Por que estava ao lado de que mais desejaria estar.