– Não quero mais viver uma vida de mentiras

Não quero mais viver uma vida sem sentido...

– Me muda, me muda... Eu quero o primeiro amor, voltar ao primeiro amor. – Viro-me assustada e encontro o rosto de Thom me encarando. – Já perdi a conta de quantas vezes vi você cantarolando essa música essa semana enquanto balança essa lapiseira. – diz com seu sorriso divertido e sotaque inglês enquanto se debruça sobre a mesa.

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– Não é nada demais Thom, apenas uns probleminhas com meu colega de quarto. – Suspiro jogando a lapiseira dentro da bolsinha de lápis.

– Ah é mesmo! Você é a sortuda, diante o ponto feminino claro, - levantou as mãos defensivamente o que me fez rir – que divide o quarto com o gato do Enzo. – disse imitando uma voz gay.

Caímos juntos na gargalhada até que eu novamente suspirei cansada, cocei meu olho direito e joguei meu braço frustrada sobre a mesa.

– Anda me fala, o que está acontecendo? – disse me olhando com seus lindos olhos mel. Levantei minha sobrancelha e disse:

– Estou estudando para ser uma psicóloga, tenho que dar conta pelo menos dos meus problemas. – ele riu.

– Ninguém sempre está certo! Até mesmo os melhores psicólogos precisam de ajuda ás vezes, sabia? Pra não enlouquecer. Li isso num livro uma vez. – falou se endireitando na cadeira e cruzando os braços enquanto me olhava.

– Eu não sei o que anda acontecendo com o Enzo ultimamente. – disse brincando com as mangas do meu casaco.

– Desculpe, mas ainda não entendi me conte mais. – falou pegando o caderno a sua frente e uma caneta e fingindo fazer anotações.

– Para, seu palhaço! – resmunguei rindo e tomando o caderno de sua mão e colocando de volta na mesa. – Eu estou falando sério. – rimos juntos novamente.

– Ok, desculpe! Mas, o que ele fez pra você tirar essas conclusões?

– Eu e o Enzo nunca nos demos muito bem, só que chegou um tempo em que a gente começou a ser legal um com o outro e tal, mas aí ele voltou á forma estranha dele, mais estranho que o normal na verdade e me confundiu toda. Á duas semanas ele agiu de uma forma muito estranha no quarto, até me expulsou dele e depois... Bem, ele tá pior.

– Estou entendo. – falou sério enquanto me encarava. – Mas como assim pior? O que ele faz?

– Você conhece a fama dele aqui no colégio.

– Não me diga que ele leva as garotas pra lá? – Silêncio. – Esse garoto por acaso já ouviu falar em cimancou? – ele parecia realmente irritado quando falou isso.

– Não, sem problemas! Eu brigo com ele direto sobre isso, mas não adianta, ele sabe que eu não gosto, tem horas que eu acho que é pra provocar mesmo, só pode! – digo começando a me estressar também. – Mas a questão é que depois do ataque de pelanca, como eu chamo – ele soltou uma risadinha nasalada – ele tem estado pior em relação há isso, tipo, antes era no máximo três vezes por semana, agora é quase todo dia. – Vejo um olhar indignado e ao mesmo irritado em seu rosto. – Eu até vou pro quarto da Serena ás vezes, mas não dá pra ir todo dia, já vou incomodar.

– Entendo. Mas o que você faz nos dia que você não vai pro quarto dela?

– Eu fico numa pousada aqui perto, cinquenta por noite, mas eu não posso ficar gastando dinheiro direto então – suspiro, cansada – ás vezes eu faço umas caminhadas noturnas. – falei soltando uma risadinha.

– Bem que eu notei que você estava menos estressada esses dias, não era calma, era cansaço. – agora em seu olhar também havia um pouco de pena e sua mão veio ao encontro do meu cabelo para tirar um cacho do meu rosto. – Olha, eu acho que você não vai aceitar, mas meu quarto estará sempre disponível pra você, meu colega de quarto aparece de vez em nunca porque ele fica mais com o namorado então estou sempre sozinho.

– Desculpe Thom, mas... Pera ai! Namorado?

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– Hahaha não fui um dos mais sortudos também. Acabei ficando no mesmo quarto que um cara gay, mas ele tem namorado e nunca ficou me encarando enquanto troco de roupa, com exceção de uma vez – ri – então por mim sem problema, até porque como falei, ele quase não fica lá, é mais quando briga com o Roger.

– Ok – disse em meio às risadas – Eu agradeço o convite, mas irei recusa-lo por enquanto.

– Você que sabe. – deu de ombros e voltou a fazer a sua lição.

~*~

– Hoje a Briana vai vir pra cá. – falou tirando os tênis assim que entrou no quarto.

– Quando que vou poder dormir no meu quarto essa semana hein? Todo dia é uma puta diferente! Caralho eu preciso dormir sabia? – gritei cansada.

Ele pareceu um pouco assustado com minha reação já que ultimamente tem sido sempre “Quero é novidade” ou “Não me diga?!”, mas estou exausta e sei que se for pra ele notar sozinho vou acabar virando um zumbi. Não demorou muito pra que ele voltasse ao seu eu estúpido natural e se jogasse na cama.

– Pensei que dormisse no quarto da sua amiga. – falou deitado virado para o lado oposto ao meu.

– Eu não posso dormir todos os dias no quarto dela não ô demente! As pessoas também têm suas privacidades, embora eu não tenha a minha por causa de um babaca! – falo alto, mas não ao ponto de gritar revirando os olhos.

– Não é problema meu! – disse indiferente o que me fez ver o quão estúpido esse garoto é.

– Você é mesmo um grande babaca egoísta! – falo e escuto meu celular apitar.

“Oi senhorita zumbi, o que acha de a gente tomar um café? Dizem que ajuda a acordar ;) – Thomas Divoso”

Ri com sua mensagem e principalmente com a assinatura, pude perceber um movimento na cama ao lado, mas ignorei.

“Acho que estou precisando kk’ Não sabia que seu sobrenome era tão bonito kkkk - Diana”

“Detalhes que ainda não sabe sobre mim! u.u Me encontre daqui 20 minutos na cafeteria Julius Mendes – O Divoso.”

Ri novamente e fui colocar minhas botas e cachecol, pois estava frio lá fora.

– Aonde você vai? – perguntou Enzo com interesse enquanto me encarava.

– Não te interessa! – sai e fechei a porta.