I Need You

O Confronto


— Tia Gina, a senhora está muito quieta.

Gina saiu de seu devaneio. Sua gravidez foi tudo o que dominou sua mente nas últimas horas. Não conseguiu dormir, mesmo que seus olhos não aguentassem mais ficarem abertos. No café da manhã, nem mesmo a felicidade de Molly conseguiu erguer o ânimo de Gina. Tudo que ela pensava era “o que ela iria fazer?”.

Depois do almoço, pegou James na casa de Harry com Lilian e ficou tentada a contar a novidade à sua sogra, mas decidiu não contar a mais ninguém até Harry saber. Esperava que Luna, Angelina, Audrey e sua mãe fizessem o mesmo.

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Com James, já tivera sua seção diária de Quadribol com o garoto, mas resolveu encurtá-la por conta do vento frio que fazia. Agora, aquecidos diante da lareira na sala de estar da Toca, eles observavam o sol se pôr, enquanto jogavam o antigo Xadrez de Bruxo de Rony.

— O que foi, querido? – ela perguntou.

— Você está quieta – respondeu James – Não falou muito durante o dia, e está cancelando muitas aulas...

O garoto tinha uma voz sentimental, como se pensasse que Gina perderá todo o interesse nele.

— Ah, James... Eu... Estou passando por várias coisas, me desculpe, não estou dando toda a atenção que você merece.

— Tudo bem, é que... – ele olhou para o chão – Deixa para lá.

Ele se levantou para sair da sala, mas Gina o chamou.

— Ei, espere aí. Sabe que pode me contar tudo. O que está acontecendo?

James tinha um olhar depressivo, o que assustou Gina, que estava sempre acostumada com o grande sorriso do garoto.

— Ninguém mais tem tempo para mim – ele confessou, triste – Meu pai saiu na missão. Meus avós estão muito preocupados com o serviço e coisas da casa para me notarem, e você não quer nem conversar comigo.

O coração de Gina se partiu. Ela se levantou e foi até ele, colocando as duas mãos sobre os ombros do garoto.

— Não diga isso, eu sempre irei querer conversar com você. É que no momento, todos estamos passando por problemas... Problemas de adultos.

— Eu sei, com minha mãe de volta e tudo mais – ele completou.

— Exatamente. Isso faz com que nossas cabeças fiquem tão ocupadas pensando nesses problemas que acabamos nos esquecendo do que é importante... Ou quem é. Não significa que paramos de gostar deles.

James assentiu, encarando o chão.

— Ei, olha para mim – ele ergueu os olhos e Gina olhou bem no fundo daqueles olhinhos verdes – Eu amo você, baixinho, e sempre estarei contigo nunca se esqueça disso, está bem?

James a abraçou. Gina retribuiu com toda força que podia o abraço, enquanto ouvia o garoto sussurrar em seu ouvido “Eu também te amo, Tia Gina”.

Outra preocupação invadiu a cabeça dela: Como James reagiria quando soubesse que ganharia um irmão ou irmã? O garoto já estava muito carente e tristonho agora, que ainda era o único, o que aconteceria quando outra criança chegasse e roubasse sua atenção? Em sua mente, Gina bufou. Ela definitivamente não estava pronta para ter um filho.

Por fim, se separou de James e mandou ele subir para arrumar suas coisas, pois estava na hora de levá-lo para a casa. O garoto assentiu e subiu as escadas correndo, deixando Gina atolada em seus pensamentos. Ela decidiu tentar silenciar um pouco sua mente, ou acabaria se afogando em seu mar de pensamentos. Foi para a cozinha, preparar uma poção tranquilizante no velho caldeirão de sua mãe, já que ela não deixava ninguém preparar nada sem sua supervisão em suas panelas velhas, mas eficazes. Lembrar do chilique que ela deu quando Fred foi fazer uma poção de dever de casa em sua panela durante as férias, vários anos atrás, fez Gina sorrir e se esquecer um pouco dos problemas.

Até ela erguer os olhos e olhar para a janela.

Deixou o caldeirão cair com um enorme estrondo no piso da cozinha. Parado, bem no meio do quintal, um homem ruivo que ela nunca virá na vida á encarava. Mas não era preciso pensar muito para saber quem era a figura. Ele era seu pai, Arthur Weasley. Paralisada, Gina não conseguiu fazer outra coisa a não ser observar ele se aproximar e adentrar a cozinha.

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Era um homem que devia ter por volta dos cinquenta ou sessenta anos. Seus cabelos ruivos estavam se tingindo de branco, e ele tinha um olhar triste e uma aparência doentia, sintomas de anos em Azkaban. Vestia um enorme casaco de couro e botas de caminhada, e Gina reparou, não estava com a varinha em sua mão, o que significava que ele não queria matá-la ainda.

Ela ouviu passos pesados vindos da escada e a voz de sua mãe dizendo.

— Gina, acho melhor você ir ver o que aquele garoto está fazendo, ele está muito quieto para o meu gosto e...

E então ela adentrou a cozinha e viu Arthur. Sua expressão bondosa sumiu, sendo substituída por surpresa, logo depois confusão, depois um pouco de medo e por último uma expressão selvagem. Molly Weasley, a mãe bondosa e carinhosa, sacou sua varinha e apontou para Arthur, enquanto empurrava Gina, ainda em choque, para trás de suas costas.

— O que está fazendo aqui? – ela rosnou.

— Molly... – falou Arthur, com uma voz calma, carregada de emoção – Minha querida...

Ele ameaçou dar um passo para a frente, mas a Sra. Weasley ergueu mais o braço, de modo que a varinha ficou apontada diretamente para o coração de Arthur.

— Não ouse dar mais nenhum passo, ou eu juro que te mato, seu desgraçado.

— Vejo que continua a mesma mulher feroz de antes – falou Arthur, rindo.

— É o que eu preciso ser quando me caso com um homem que me dá quatro filhos, desaparece por anos e retorna como um criminoso procurado.

— Você Molly, mais do que todos, sabe que eu nunca quis isso. Eu só queria dar um futuro melhor aos nossos filhos. E vejo que consegui. O nome Weasley é muito respeitado e conhecido na comunidade bruxa hoje em dia, por conta de Percy e de você, Gina.

Gina piscou e conseguiu sair de seu transe. Ainda não conseguia acreditar que estava encarando frente a frente o seu pai criminoso. Queria dizer tantas coisas para ele, tantas coisas mal-educadas e desabafos que guardou por tanto tempo. Queria dizer que tudo que ela é hoje, não é graças a ele, queria humilhá-lo. Porém, tudo o que conseguiu dizer em uma voz rouca e baixa foi:

— É Ginevra para você.

Arthur riu. Seus olhos mostravam o enorme cansaço que sentia.

— E então, vai nos matar agora ou planeja nos dizer alguma coisa primeiro? – questionou a Sra. Weasley.

— Matar vocês? Por que eu mataria vocês? – perguntou Arthur, confuso.

— Você é um criminoso... – bradou Gina, baixinho – Um Fugitivo de Azkaban...

— Isso não quer dizer que eu queira matar vocês – respondeu ele – Veja bem, sou acusado de sequestro e roubo, e eu admito que fiz tudo isso, mas nunca em toda minha vida matei um ser humano.

— Isso não o torna nem um pouco melhor – argumento a Sra. Weasley.

— A única razão pela qual eu fugi de Azkaban é você, Gina – falou Arthur – Eu não suportava a ideia de ter te visto pela primeira vez em uma fotografia no Profeta Diário que surrupiei em Azkaban. Olhe só para você, está crescida, rica, está realizada. Eu tinha que te ver, pelo menos uma vez. Conhecê-la, se for possível. Depois disso, eu juro por Merlin, irei sumir da vida de vocês e nunca mais reaparecei.

Ele parecia tão sincero, tão cansado, que a armadura que o coração de Gina vestia ameaçou fraquejar. Ela não podia negar que sentia falta de um pai, e que estava morrendo de vontade de abraçá-lo e conversar com ele. Afinal, se ele quisesse matar ela e sua família, era ele contra duas bruxas, uma idosa e outra desarmada, ele já teria feito.

Gina abriu a boca, ainda incerta do que responder, quando novamente ouviu passos apressados na escada. James apareceu, com uma mochila nas costas. Ao vê-lo, a cor sumiu do rosto de Arthur.

— O que ele está fazendo aqui? – ele perguntou, pasmo.

— Você sabe o que – respondeu ríspida a Sra. Weasley, abaixando a varinha – Gina e Harry estão namorando, e James vem frequentemente para cá. Não haja como se não tivesse espionando a gente.

— Eu sei, mas... Não, não... Não, não, não – Arthur começou a dar voltas no mesmo lugar.

— Não o que? – quis saber Gina.

— Ele não deveria estar aqui – Arthur olhou para ela, triste e cansado – Em Azkaban, me juntei com outras quatro pessoas que assim como eu, tinham desejos profundos em seus corações. O meu era ver você, Gina. O de Lucio era passar um tempo com o filho, Draco. O de Snape é ter Lilian de volta, e o de Cho...

— É pegar o James, eu sei – respondeu Gina – Mais um motivo para ele ficar aqui, pois assim eu posso vigiá-lo. O que tem de mais?

— Eu e os demais combinamos de agir todos ao mesmo tempo. Agora mesmo, Lucio e Draco estão servindo como distração para Harry enquanto nós agimos. O problema é que, Cho e Snape foram juntos para a casa dos Potter em Godric’s Hollow pois eles esperavam que Lilian e James estivessem lá. Se Cho perceber que James, na verdade está aqui...

— Virá atrás dele – Molly concluiu seu pensamento – Por Merlin, Gina temos que protegê-lo.

— Minha mãe vai me pegar? – perguntou James, assustado.

— Não, não – Gina o abraçou – Enquanto eu estiver viva, aquela mulher nunca tocará em você.

— Temos que levá-lo para a Cho – falou Arthur.

— Nem que dragões comam minhas pernas – retrucou Gina, ainda abraçando James de forma protetora.

— Você não entende – Arthur parecia desesperado – Eu tive que lutar contra a Cho, lutar contra ela para convencê-la a não matar você. Se ela vir para cá, não tenho certeza de que conseguirei impedi-la.

— Você não precisa fazer nada, afinal de contas durante toda minha vida nunca esteve presente para fazer – Gina cuspiu essas palavras em Arthur, sentindo a raiva começar a florescer novamente em seu peito – Apenas ganhe algum tempo enquanto eu levo James para outro lugar e...

A porta da cozinha se abriu com um estrondo. Estava um breu do lado de fora, tudo na mais completa escuridão. Foi quando, do meio da escuridão, Cho apareceu, com um sorriso psicótico e a varinha na mão.

— Não vai a lugar nenhum com meu filho, Weasley – falou a criminosa.

+++

— Harry, pode ser uma armadilha – argumentou Hermione pela centésima vez.

— Eu sei – ele respondeu.

— E mesmo assim vai ir, não é mesmo?

— Exato.

Harry terminou de desmontar sua barraca no topo de uma montanha a encosta do vilarejo. Estava indo para a casa o mais rápido que podia. Chamou os outros aurores para levarem Lucio e Draco para o ministério, e já estava pronto para ir embora.

— Harry, por Merlin, pare para pensar na situação.

Harry irritou-se.

— Eu não tenho nada para pensar, Hermione – ele gritou – Minha namorada, meu filho e minha mãe estão em perigo, as três coisas mais importante da minha vida. Eu não vou parar para pensar enquanto eles correm perigo agora mesmo.

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— Harry tem razão – falou Rony – É a minha irmã e talvez a minha mãe que também estão em perigo. Nós vamos.

— Está bem, mas pelo menos vamos levar reforços – argumentou Hermione.

— O que quer dizer? – perguntou Harry.

— Quero dizer que levaremos outros bruxos conosco. Essa caçada e toda essa palhaçada dos fugitivos acaba hoje – disse ela, com um olhar determinado – Vamos.

+++

— Solte-o, Weasley – falou Cho, com a voz cheia de desprezo.

— Vai ter que me matar para pegá-lo – rosnou Gina.

O sorriso psicótico de Cho aumentou ao ouvir essas palavras.

— Pensei que nunca iria pedir isso – ela apontou a varinha para Gina, mas Arthur entrou na frente.

— Cho, espere, por favor, deixe-me falar com ela e convencê-la...

— Não há nada para convencer – gritou Cho – Ela é a única coisa que impede que eu tenha meu filho comigo. E eu vou matá-la se for preciso.

— Gina, por favor... – Arthur olhou para ela, desesperado.

O pânico em sua voz e o terror em seus olhos quase a fez desistir. Finalmente, tinha a chance de ter tudo que queria: Um pai. Tudo que precisava fazer era soltar James e depois viver sua vida. Então, lembrou-se do que disse á James alguns minutos atrás. “Eu estarei sempre com você”. Agora, ela também estava tendo a chance de ter outra coisa que sempre queria: um filho. A ironia da situação era enorme. A vida apresentava as duas coisas que Gina mais quis em toda a sua vida, e dava a oportunidade dela escolher apenas uma.

E ela já sabia quem ela escolheria.

— Você quer o James, Cho? – Gina perguntou, a voz calma – Como eu disse... Vai ter que me matar primeiro.

Arthur arquejou. Cho assentiu, os olhos ainda brilhando.

— Bem... Então está bem.

Cho abriu a boca para jogar um feitiço, porém a Sra. Weasley, que ainda estava com sua varinha na mão, foi mais rápida:

— A minha filha não, sua vadia.

Cho soltou um riso de deboche. E atacou.

— Não – Arthur entrou na frente, com um feitiço bloqueador. O feitiço de Cho acertou no escudo e ricocheteou, quebrando a janela.

Estupefaça – gritou a Sra. Weasley

Cho foi jogada de volta na neve. Gina correu, levando James consigo. Escondeu-o no banheiro do andar debaixo e deixou a janela quebrada para ele.

— James, não saia daqui até que eu mande, está bem? Você sabe contar?

Ele assentiu, o rosto branco, apavorado.

— Certo, conte até cem. Se eu não chegar aqui até você terminar a contagem, saía pela janela e vá para a casa de Luna, que fica na encosta daquele morro que eu te mostrei enquanto voávamos. James, você me entendeu?

Ele assentiu novamente.

— Estou com medo, Tia Gina.

Gina o abraçou.

— Não fique. Isso vai acabar logo, prometo. Amo você. Até cem, não se esqueça.

Gina saiu do banheiro e trancou a porta. Faria Cho se arrepender de ter apontado uma varinha para ela.

Enquanto isso, Cho se levantava, coberta de neve e gritando de frustração. Apontou a varinha para a senhora Weasley e ameaçou lançar o feitiço da morte nela, porém Arthur novamente entrou na frente.

— Saía da frente, Arthur – ela rosnou – Antes que eu mate você também. Está começando a me irritar.

— Não vou deixar você tocar em minha esposa ou em minha filha – respondeu Arthur, apontando a varinha de volta para ela.

— Eu realmente não quero te matar. Você me ajudou muito. Expelliarmus.

A varinha dele voou e se perdeu na neve.

— Agora saia da frente – Cho mexeu a varinha e Arthur foi jogado para o lado – Meu verdadeiro problema é com a Weasley.

Um grande confronto começou. Cho e a Sra. Weasley trocavam poderosos feitiços, que iluminavam todo o quintal. Cho lançou o feitiço de imobilizar o adversário, mas Molly se defendeu, revitando com um Levicorpus, que foi parado por Cho. Foi quando Arthur se levantou da neve.

— Você está me cansando, Weasley – Cho fingiu um bocejo – Expelliarmus.

A varinha da Sra. Weasley também foi jogada longe. Antes que Cho pudesse fazer qualquer coisa, Arthur se pôs na frente da Sra. Weasley novamente. Seu rosto estava machucado pelo feitiço de Cho, mas ele tinha um olhar determinado no rosto.

— Quantas vezes terei que te desarmar, Arthur? – perguntou Cho.

— Já lhe disse. Você não tocará em minha esposa ou minha filha.

Cho assentiu com um olhar frio.

— Está bem. Você não me deixa outra alternativa. Avada Kedavra.

O raio verde do feitiço da morte foi o que Gina viu quando olhou pela janela. Logo depois, viu o corpo de seu pai cair na neve, sem vida, enquanto a Sra. Weasley tapava a boca, horrorizada. Algo se quebrou dentro de Gina, libertando uma fúria mortal. Seu pai estava morto. Mal havia recuperado ele de volta, e agora ele estava morto. Não teve a chance de se despedir, ou perdoá-lo por se envolver com criminosos trouxas apenas para dar uma chance aos seus filhos. Nunca teria a chance de fazer isso. E tudo por conta de Cho.

A Sra. Weasley caiu de joelhos ao lado do corpo do ex-marido enquanto as lágrimas lavavam seu rosto.

— Ele escolheu isso – falou Cho, indiferente – Agora com licença, irei pegar meu filho.

— Não dê mais nenhum passo – rosnou Gina, saindo para o lado de fora, com a varinha em punho – Ou eu juro por Merlin, eu vou te torturar tanto que vai sentir saudades de Azkaban.

Por um momento, a frieza e a selvageria na voz de Gina fizeram Cho parar. Mas o momento passou, e ela riu da ameaça da ruiva.

— Você acha que você será capaz de me deter, Gina Weasley? Você, a Ex-Artilheira das Harpias?

— Experimente para ver – respondeu ela.

Um sorriso surgiu no rosto de Cho.

— Ah, acredite... Eu vou.

Cho atacou. Gina se defendeu e contra-atacou mais rápido do que Cho esperava. Ela quase não conseguiu bloquear o feitiço, e mal teve tempo de piscar quando Gina já lançava outro, e mais outro. Tudo o que Cho podia fazer era se defender. Gina estava possuída. Possuída por uma força feroz que estava cansada da vida sempre brincar com ela e fazer dela um bonequinho de pano. Acabará de perder seu pai, seu namorado estava desaparecido, e só Merlin sabia o que Lilian e Tiago poderiam estar enfrentando nesse exato momento. E havia James, trancado no banheiro, assustado. Gina não iria perdê-lo. Não iria decepcioná-lo.

Dessa vez, Cho conseguiu ser mais rápida. Defendeu e contra-atacou no mesmo segundo, e Gina se defendeu.

— Você é boa, Weasley – admitiu Cho – Mas não tão boa para me enfrentar.

Cho soltou mais um feitiço, mas dessa vez não na direção de Gina, mas sim de sua mãe, que ainda estava ajoelhada chorando pelo marido. O feitiço a atingiu e ela caiu na neve, Gina não sabia se desmaiada ou morta. Mal teve tempo de piscar quando Cho se jogou sobre ela, abandonando a varinha e partindo para o ataque com as próprias mãos. Ela sabia que Gina era uma bruxa poderosa e não conseguiria vencê-la com magia.

As duas rolaram na neve, trocando tapas e socos. Cho acertará um soco no olho e na boca de Gina, enquanto está, acertou um chute em suas costelas. Em um giro acrobata, Cho ficou por cima de Gina, prendendo seus braços usando uma das mãos e com a outra sacando uma faca.

— Agora, Weasley, é a hora que você implora pela sua vida – falou ela.

— Implorarei sim. Mas vou implorar ao Ministério para me deixar torturá-la quando te prenderem de novo.

— Tia Gina?

As duas olharam para a porta. James estava parado na soleira, com um olhar assustado enquanto observava sua mãe em cima de Gina com uma faca.

— James – a voz de Cho ficou terna, doce – Meu querido...

Gina aproveitou essa chance. Conseguiu rolar por cima dela e estava pronta para lhe distribuir uma série de socos quando Cho revidou mais rápido do que Gina achava que era possível, dando um forte chute em sua barriga.

Uma dor aguda atingiu todo seu corpo. Ela ficou sem ar e sua visão ficou turva. Sua mão foi rapidamente em direção ao local onde Cho chutará. Sua barriga, um pouco acima do umbigo. Sentiu algo se remexendo lá dentro. Seu filho. O chute fez alguma coisa com seu filho.

— James querido – Cho se levantou e começou a caminhar em direção ao garoto, enquanto Gina se contorcia de dor no chão – Venha aqui e dê um abraço em sua mãe, querido.

— James, não... – gemeu Gina.

— Não ligue para ela. Eu sou sua verdadeira mãe. Eu vou te amar e cuidar de você a partir de agora. Venha comigo querido.

Gina conseguiu se levantar, ainda com sua visão turva, cega pela dor. Acertou uma cotovelada na nuca de Cho, que caiu de cara na neve.

Gina correu para dentro da casa, puxando James com uma mão, enquanto ainda mantinha outra sobre a barriga.

— James – gemeu ela, quando eles adentraram a sala de estar – Lembre-se do que combinamos, você precisa ir para...

Cho apareceu novamente, puxando Gina pelo cabelo e jogando-a sobre a mesinha de madeira que havia no centro da sala. Ao cair, ela caiu sobre um pesado livro sobre Quadribol que James estava lendo mais cedo, e usou ele para acertar Cho na cabeça mais uma vez.

— A janela, James – Gina gritou desesperada indicando para James fugir, mas o garoto estava muito apavorado para se mexer. Cho acertou um chute nas costelas de Gina. Outra pontada de dor percorreu seu corpo. Ao cair, viu James correndo escadas acima, ao invés de fugir pela janela, como ela mandou.

— Não – ela gemeu.

— Ele é meio burrinho, não é? – perguntou Cho, se levantando. Tinha um corte no lábio, os cabelos bagunçados e as vestes cheias de neve. Ela pegou a longa pinça ao lado da lareira, usada para remexer o fogo e girou-o nas mãos – Olhe bem para isso, Gina, porque isso tirará sua vida.

Ela se postou na frente de Gina e ergueu a pinça. A ponta dela brilhava á luz da lareira. Gina percebeu que esse seria seu fim.

— Diga Adeus – falou Cho.

— Adeus – respondeu outra voz.

As duas olharam para a escada, onde James estava parado segurando diversas bombinhas na mão que ele provavelmente pegou no antigo quarto de Fred. Ele jogou uma delas na cara de Cho, uma bomba de bosta. Ela explodiu bem em seu nariz, fazendo-a cambalear e tossir. James correu e puxou Gina em direção à porta, mas a dor á cegava, ela não conseguia respirar e tinha certeza de que havia alguma coisa errada com seu filho.

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Cho se recuperou da bomba, e James acertou-a com outra.

— Tia Gina, precisamos sair daqui – ele falou, desesperado.

O pânico em sua voz talvez foi o combustível que acendeu Gina. Reunindo suas últimas forças ela se levantou e correu com ele para fora da casa. Do lado de fora, localizou sua varinha no meio da neve e entregou-a á James.

— Hora de fazer... Fogos de Artifício – gemeu ela, sorrindo.

James sorriu de volta. Ele atirou todas as bombinhas dentro Da Toca, que explodiram como tiros, tão altos que eram capazes de deixar uma pessoa surda.

— Cobringo – gritou James. Uma fagulha saiu da varinha e atingiu a casa, colocando fogo nela imediatamente.

Gina caiu de joelhos, cega de dor. O borrão de sua casa em chamas foi a última coisa que ela viu antes de desmaiar.

+++

Harry, Rony e Hermione aparataram bem no meio da rua em Godric’s Hollow, sem se importar com a discrição ou nos problemas que teriam caso um trouxa vissem eles. Mal haviam aparatado, e já corriam rapidamente em direção ao chalé de Harry. A porta estava escancarada. Encontraram todos os móveis da sala destruídos e revirados. Eles sacaram suas varinhas e adentraram o local, lentamente. Ao virarem o corredor em direção a cozinha, Harry fraquejou.

Tiago estava deitado no meio do corredor, o corpo ensanguentado. Seu sangue fazia uma enorme poça no chão, e ao ouvir o barulho de passos ele balbuciou.

— Pai – gemeu Harry, se ajoelhando no meio da poça – Pai, pode me ouvir?

Ele assentiu, fracamente.

— Ele perdeu muito sangue – observou Harry – O que aconteceu, Snape o esfaqueou?

— Não, esse é o feitiço especialidade de Snape – explicou Hermione – Sectusembra, faz seus inimigos sangrarem lentamente até a morte.

Hermione sacou a varinha e se ajoelhou do outro lado de Tiago. Ela começou a mencionar uma palavra antiga, desconhecida, que nem Harry e nem Rony sabiam o que significava, mas parecia que estava dando certo, pois lentamente todo o sangue do corredor foi sugado de volta para o corpo de Tiago.

Eles deram alguns minutos para se recuperar, e depois perguntaram o que havia acontecido.

— Cho e Snape – contou Tiago, com a voz fraca – Eles vieram até aqui. James estava na casa de Gina, e ao ver que ele não estava aqui, Cho foi imediatamente para lá. Mas não antes de desarmar Lilian. O ranhoso me desarmou, e mesmo depois de desarmado o desgraçado ainda me atingiu, maldito seja.

— Onde ele está? Onde está a mamãe? – perguntou Harry, se sentindo como uma criança.

— Devem ter ido para Hogwarts.

— Hogwarts? – perguntou Hermione, confusa – O que eles fariam em Hogwarts.

— Snape pretende prendê-la em algum lugar lá. Ouvi ele dizer a Cho – falou Tiago, tossindo.

— Isso é loucura, Dumbledore nunca deixaria.

— Dumbledore está fora – falou Harry, se lembrando de ter lido sobre isso no Profeta Diário – Talvez nunca saiba que minha mãe está presa lá, aquele castelo é enorme. Temos que ir. Hermione, chame Lupin, diga para ele ficar aqui com meu pai. Peça para ele mandar Sirius para a Toca e ver como está a situação por lá. Rony, vamos indo na frente.

— Acho melhor você e Hermione irem. Vai precisar dela – falou Rony.

— Está certo. Vamos.

E assim eles foram. Harry e Hermione deram as mãos e aparataram em Hogsmeade. Correram rapidamente pelo pequeno vilarejo em direção ao grande castelo sob o penhasco.

— Nunca pensei que voltaria aqui novamente – falou Hermione, admirada, olhando tudo ao redor quando eles estavam nos jardins do local.

— Sim, isso é ótimo, mas minha mãe, por favor...

— Sim, certo.

Eles adentraram o enorme saguão de entrada e foram para o Salão Principal. Nada.

— Onde acha que ele a esconderia?

— O que vocês fazem aqui? – perguntou uma voz.

Os dois se viraram e deram de cara com a Professora Minerva e Hagrid, descendo as grandes escadas em direção à eles. Harry contou tudo para eles o mais rápido que pôde.

— Isso é loucura – arquejou Hagrid.

— Isso é exatamente o que Snape é: Louco – falou Hermione.

— Sorte de vocês que boa parte dos alunos está em suas casas por conta das férias de natal e os demais estão em suas camas. Podemos procurar sem interrupções – falou Minerva.

— Essa é a questão, professora – bradou Harry – Onde ele poderia estar? O castelo é gigante.

Todos ficaram em silêncio, pensando em possibilidades.

— Sua antiga sala nas masmorras – falou Minerva, de repente – Desde que Snape foi preso, Dumbledore selou aquela sala. Disse que lá tinha coisas perigosas demais para o caso de algum estudante a encontrar por acaso.

— Ótimo, vamos lá.

Os quatro desceram rapidamente até as masmorras, encontrando um ou dois estudantes fora da cama nos corredores, que foram postos para correr com uma única palavra de Minerva. A temperatura nas masmorras era muito baixa. Mesmo com grossos casacos de peles, Hermione e Harry sentiam muito frio.

— Ali está – Minerva indicou uma porta. Ela sacou sua varinha e escancarou a porta.

E lá estavam eles, Snape, mais velho, mais magro e mais ranhoso, sentado em uma das mesas enquanto Lilian estava presa na parede por correntes.

— Solte-a, agora – gritou Harry, a varinha apontada para o coração do Mestre em poções.

— Você não entende, Potter. Ela deveria estar comigo. Comigo – respondeu Snape, um ar sonhador, distante e doentio.

— Severo, essa palhaçada acabou – anunciou Minerva – Você vai voltar para Azkaban.

— Não – gritou ele. Antes que qualquer um deles previsse o que ele faria, ele sacou a varinha e soltou as correntes de Lilian, segurando a por trás de seu pescoço enquanto apontava sua varinha para a cabeça dela – Lilian é minha. Diga para eles, diga para eles que você é minha, Lilian.

— Vou dizer – falou Lilian, sem fôlego – Vou dizer, sim... Vou dizer, Hermione agora.

Hermione disparou um feitiço que acertou a mão de Snape. Sua varinha caiu no chão, Lilian correu, e Hermione o acertou. Snape foi atirado para trás e caiu no chão, gemendo de dor. Harry correu e abraçou sua mãe, um peso saiu de seu peito. Havia acabado.

— Estou tão feliz que esteja bem – bradou ele, soltando-a. Fora alguns pequenos arranhões no rosto e um olhar um tanto abalado, Lilian estava bem.

— Seu pai... – ela falou de repente – Ele está...?

— Vivo – respondeu Harry – Se recuperando.

— Não – gemeu Snape no chão. Ele tentou se arrastar em direção à sua varinha, mas Minerva a pegou e a partiu em duas.

— Você não é digno de uma coisa como essa, Severo – discursou ela, jogando os pedaços no cesto de lixo da sala de aula – Você está preso. Mandarei aurores virem para sua captura. Hagrid, prenda-o por favor.

O gigante se adiantou e segurou Snape usando apenas uma de suas enormes mãos, arrastando-o para o lado de fora da sala. Ao passar por Lilian, ele tentou acertar um beijo em sua bochecha, porém Harry o acertou com um soco.

— Bem, finalmente está tudo acabado – Hermione suspirou.

— Como você sabia exatamente onde acertar o feitiço, Hermione? – perguntou Harry, curioso.

Ela lançou um olhar maroto para Lilian, como se as duas rissem de alguma piada interna entre elas.

— Lilian e eu andamos praticando – respondeu ela.

— Eu sabia que Snape mais cedo ou mais tarde faria isso – contou Lilian - Então, combinei direitinho com Hermione para ela estar preparada para quando acontecer. Ela só precisou do meu sinal.

— Harry, Hermione – eles ouviram uma voz desesperada vindo das escadas. Rony apareceu, a testa cheia de suor, o rosto branco e repleto de pânico na voz.

— Rony o que foi, aconteceu algo com meu pai? – Harry perguntou.

Rony se apoiou nos joelhos, sem ar.

— Gina... James... O Bebê – ele ofegava, tentando falar – A Toca... Em chamas... Sirius...

— O que ele está tentando dizer? – perguntou Lilian.

— Deixem comigo – Hermione lançou um feitiço em Rony. A cor voltou lentamente para seu rosto enquanto ele secava o suor e respirava.

— Rony, o que aconteceu? – perguntou Harry calmamente.

— É a Gina e o James.

Harry começou a se desesperar.

— O que foi, o que aconteceu com eles?

— James está bem, quando eu e Sirius chegamos lá ele estava ajoelhado ao lado de Gina tentando cobri-la para ela não sentir frio. A Toca está destruída, ardia em chamas quando chegamos. Meu pai e Cho estão mortos e minha mãe está com uma pequena contusão.

— E quanto a Gina? – perguntou Hermione.

— Durante a luta, James disse que Cho acertou vários golpes em sua barriga. Sirius levou ela para o St. Mungus imediatamente. Eu acho que ela perdeu o bebê.