A verdade sobre Johanna Mason

Capitulo 14 - Uma morte, um coração partido e uma culpada


Quando acordamos já é de tarde, mas continuamos na caverna. Nenhum dos dois queria ver o fim daquele conto de fadas.

Comemos todo o mantimento que tínhamos em nossas mochilas para não precisar caçar, o canhão não havia soado nenhuma vez ainda. Talvez os idealizadores achem que foram muitas mortes em apenas três dias e resolveram nos dar uma folga para estender os jogos por mais algum tempo.

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Já estava escurecendo quando saímos para buscar mais água, mas logo voltamos para o nosso acampamento. Como previsto não houve nenhuma morte no quarto dia.

No quinto dia acordei com o som do canhão e com os berros de Erick chamando meu nome.

– Calma – eu tento tranquiliza-lo – eu estou aqui, estou bem.

– Eu não quero te perder – ele pedia me dando um beijo.

Eu não sabia o que lhe falar nessas horas porque eu não queria perde-lo também, mas ambos sabíamos que uma hora ou outra ficaríamos sozinhos.

– Temos que caçar – digo ao notar que comemos tudo o que tinha em nossas coisas – e temos que achar os outros tributos antes que eles nos achem.

– Tudo bem – ele concorda comigo – você caça e eu busco água e frutas, nos encontramos aqui daqui a uma hora, pode ser?

– Pode – eu digo o beijando de novo.

Arrumamos nossas coisas e levantamos acampamento. Eu dei algumas facas para ele não ficar apenas com aquele pequeno machado que ele mal sabia usar que havia roubado dos carreiristas. Nos abraçamos e seguimos caminhos opostos para que eu pudesse pegar uma boa caça sem que o barulho dele procurando frutas me atrapalhasse.

Depois de meia hora eu havia matado apenas um coelho. Não era o suficiente para nós dois ainda mais que havíamos ficado um dia inteiro sem comer carne. Resolvo andar mais um pouco, colhi algumas laranjas que achei em uma arvore e quando eu descia dela quase que milagrosamente um filhote de porco do mato passou correndo por mim. Joguei meu machado que enterrou no crânio do animal. Ele tinha o tamanho de três coelhos, então o peguei pelas pernas e levei arrastando para o local onde eu e Erick iriamos nos encontrar.

Ainda não havia passado a uma hora e resolvi tirar a pele dos animais. Com o coelho nas minhas mãos eu ouço um grito.

Era Erick. Eu tinha certeza que era ele, parecia estar com a voz abafada ou engasgada mas eu reconheci.

– Johanna – ele gritava o meu nome – Johanna fuja, fuja agora.

Na hora fiquei tonta, haviam capturado ele, e ele ainda estava me protegendo em vez de pedir ajuda.

Ouvi passos rápidos na floresta a minha frente, devia ser eles. Os tributos que o pegaram, talvez fossem os carreiristas, mas eu não tinha certeza.

Com um machado em cada mão eu estava pronta para atacar, sem medo dos meus adversários eu ergui um deles no alto apenas esperando a hora que um deles saísse de trás das arvores correndo.

Antes mesmo do tributo me ver ao sair da floresta que o escondia o meu machado já voava a procura de seu pescoço, do mesmo jeito que eu fiz com o filhote de porco do mato mais cedo.

Meu machado o acertou em cheio no pescoço como eu sabia que acertaria e ele caiu para trás, mas ainda não estava morto. Corri em direção a minha vítima querendo que ele me falasse onde Erick estava. Foi quando meu mundo desabou.

O tributo que estava na minha frente não era nenhum dos carreiristas, ou outro tributo qualquer, quem estava ali na minha frente com um machado na garganta todo ensanguentado, era Erick.

O sangue jorrava pelo seu pescoço e eu desabei de joelhos ao lado dele sem saber o que dizer porque a essa altura nada que eu dissesse faria sentido. Meus olhos não derramaram uma lagrima, porque eu não estava triste. O que eu sentia, a dor dentro de mim era muito maior que tristeza.

Senti meu coração se partindo, e o peso do mundo todo em cima de mim. Os olhos castanho dele brilhavam para mim como se eu fosse a sua coisa preferida no mundo o que doía ainda mais em mim.

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Congelada tentando processar o que aconteceu vejo nos olhos dele a vida o deixando.

– Fu .. – ele tenta me falar algo

– Fuja – finalmente ele fala e logo em seguida o canhão soa anunciando sua morte.

Ele morreu, o garoto que eu amei, morreu. Eu matei ele. Tento falar a mim mesma que a culpa da morte dele não foi minha, que a capital e o presidente Snow é quem devem ser os culpados, mas nada ameniza a dor desse momento.