Everything's Better With You

16 - Um intruso no ensaio & Eu viro cupido


Prós e contras de bancar o cupido

PRÓS:

1- Ajudar os outros. Afinal, eu não sou aquele tipo de pessoa que tem ódio de todos os apaixonados e acho que o amor é uma droga só porque a minha vida amorosa não vai bem.

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2- Tentar reunir aquele casal que você sabe que vai dar certo. E quando consegue, fica feliz por ter feito parte daquilo.

CONTRAS:

1- Juntar um casal que não tem absolutamente nada em comum. E quando eles terminarem, vão reclamar com você por ter feito isso. Mesmo que a sua intenção tenha sido boa.

2- Foi a Kendy que resolveu juntar eu e Will. E vocês sabem como isso terminou.

3- Eu sou péssima nisso.

***

Pensei em várias desculpas para faltar ao ensaio. Estudar para uma prova, ataque de rinite, um imprevisto de uma última hora, esquecer que tínhamos combinado no domingo etc. Mas eu não poderia fazer isso.

E tudo isso não era porque eu não queria ver o Kendall. Ok, talvez um pouquinho... Mas não era o único motivo. Eu não estava muito animada para ensaiar hoje, não queria ter saído de casa, preferia ter ficado deitada na cama dormindo. Só que preciso honrar meus compromissos.

Cruzei os braços, tentando me esquentar, enquanto acelerava o passo até a casa de James. Era novembro e já estava assim frio! Imagina só quando realmente chegar o inverno e começar a cair neve? Argh, não quero nem pensar nisso agora. Apertei a campainha várias vezes seguidas e fiquei andando de um lado para o outro na varanda na tentativa de me esquentar um pouco.

— Olá, gat... O que você está fazendo? — James me olhou estranho quando abriu a porta. Parei imediatamente.

— Ah... Só estava tentando me aquecer — dei de ombros e entrei na sua casa. Estava tão quentinho aqui dentro!

— Era só ter botado mais casacos.

— Eu não tenho mais casacos! Caso não se lembre, eu venho da Califórnia e lá é calor.

— Então você deveria comprar mais — James riu.

— Acredite, o meu salário está indo praticamente para comprar roupas quentes — respondi, empurrando a capa do violão para ele e tirei o meu casaco. Escutei risadas vindas da garagem. — Os meninos já chegaram? Que milagre é esse?

Eu estava uns cinco minutos adiantada, o que era bem difícil de acontecer. Eu sempre vinha andando, já que Avery se recusava a me dar carona por sermos “concorrentes no Show de Talentos e ela não poder me ajudar em nada”. O pessoal daqui leva esses eventos da escola muito a sério.

— Ah, o Carlos se confundiu no horário, achou que era às 2 — James explicou. Havíamos marcado para as 3 da tarde. — E o Logan chegou agora a pouco. Por falar nisso, ele trouxe o primo junto. Tem algum problema para você?

— Não, tudo bem. Desde que não atrapalhe o ensaio — respondi. — O que houve? Logan está de babá do priminho? — dei uma risada.

— Bem, vamos dizer que o primo dele não precisa mais de babá faz algum tempo — ele botou as mãos nas minhas costas, me empurrando. ­— Vamos.

— Oi, meninos. — falei ao entrar na garagem. — O que vocês estão faz...

Mas eu não terminei a frase. Os três garotos, que estavam rindo no sofá, pararam quando eu cheguei. Carlos, Logan e o terceiro definitivamente não era uma criança. E eu o conhecia.

­— Uau! Carlos havia me dito que a banda tinha arrumado uma cantora muito gata. E ele não estava exagerando — o garoto se levantou e veio na minha direção. Pegou a minha mão e a beijou — Oi, Fanie.

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— Oi, Nick — respondi, um pouco perplexa. E talvez um pouco vermelha pelo elogio.

— Espera... Vocês se conhecem? — James perguntou, logo atrás de mim, com uma expressão confusa no rosto.

— Sim, da festa de Hockeyween — respondi. — Não sabia que vocês eram primos — falei para Nick, dando um olhar na direção de Logan.

Ok, eu havia escutado que a família Crawford era parente de alguém do time do Hóquei, por isso que conseguiram a casa emprestada para a festa. Só que eu não imaginava que essa pessoa era o Logan.

— Todo mundo diz que somos parecidos. Mas ele não tem covinhas fofas e um QI tão alto quanto eu — Logan deu de ombros.

— Mas eu tenho um topete melhor que o seu — Nick comentou olhando para o primo, que só bufou em resposta.

— Vem, senta aqui conosco! — Carlos chamou, indo mais para o lado no sofá. ­ — Cabe mais um.

— Ok... ­ — respondi. Sentei-me entre Carlos e Nick no sofá.

Ficamos conversando por um tempo. Carlos ficou contando suas piadas idiotas que sempre me faziam rir. James saiu da garagem para ir pegar a pizza, o que era a única coisa que comíamos quando estávamos aqui. Não que eu esteja reclamando, eu adoro pizza.

— Oi, pessoal. Desculpem o atraso, eu... — Kendall estava entrando na garagem, mas parou do nada, fazendo James quase derrubar as pizzas atrás dele.

— Oi, Kendall — Nick sorriu.

Oi — ele não parecia muito contente.

— Você estava demorando tanto que pensei em pegar o seu lugar no ensaio — Nick brincou sorrindo.

Kendall riu sem humor, colocando o seu violão de qualquer jeito no canto da parede.

— Eu me preocuparia se você soubesse cantar. O que não é o caso.

Se fosse outra pessoa, tipo eu, teria rebatido a provocação. Mas Nick nem se deixou abalar.

— Ok... — James falou, quebrando o clima pesado que tinha ficado no ar, e colocou as pizzas em cima da mesinha — Vamos comer logo para depois ensaiarmos.

James e Kendall sentaram no chão, já que havia apenas um sofá na garagem. Em poucos minutos, as pizzas foram devoradas. Acho que esses garotos não têm comida em casa, não é possível.

Assim que terminamos de comer, começamos o ensaio. A música não estava 100% pronta, por isso que nos reuníamos tanto. Ficávamos testando melodias, mudando frases, mas parecia que nunca ficava bom o suficiente. Quer dizer, para os garotos. Eu achava que a canção estava ótima desse jeito, mas eles queriam que ficasse perfeita. Estavam dispostos a ganhar o primeiro lugar no concurso. Algo relacionado com terem ficado em terceiro lugar no ano passado. Como eu disse antes, eles levam o Show de Talentos muito a sério aqui em Minnesota.

Nick deu algumas sugestões boas que os garotos também gostaram. Bem, exceto Kendall. Ele não falou nada, mas a expressão em seu rosto demonstrava que ele não estava contente. Não sei se o problema era realmente com o Nick – o que eu achava bem provável, já que ele não ficou feliz ao vê-lo aqui – ou se ele só não gostava de “intrusos” dando opiniões.

Terminamos o ensaio um pouco mais cedo do que o normal. Afinal, os garotos levaram mais a sério hoje e não ficaram de gracinhas.

Como ainda era cedo, resolvi voltar sozinha para casa. Nick até me ofereceu um carona, mas eu disse que não precisava. Então, ele levou apenas Logan. Kendall estava de skate, o que explicava ele ter chegado tão atrasado. Aquela coisa não deve andar muito rápido. E Carlos estava de bicicleta.

Despedi-me dos garotos e fui embora.

Durante o trajeto para casa, fiquei pensando como estava aliviada por Kendall não ter tentando falar comigo nem sequer uma vez. Ele ficava apenas me olhando de soslaio. Talvez porque tínhamos uma plateia. Mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele tentaria falar comigo sobre o que eu disse ontem. E, sinceramente, eu esperava que esse dia demorasse muito para chegar.

Por mais que isso fosse um pouco difícil, já que ele teria muitas oportunidades de me encontrar sozinha, vagando pelos corredores da Masterson High School.

***

Na segunda-feira eu tinha Álgebra, junto com Logan. Ele sentava na primeira carteira e não conversava com ninguém. Estava sempre atento a tudo que o professor dizia e anotava várias coisas durante a aula. Enquanto que eu sentava lá atrás e me concentrava para não cochilar, afinal era a primeira aula da manhã. Assim que a aula acabou, guardei o meu material e fiquei esperando pelo Logan no lado de fora, já que ele havia parado para falar com o professor. Coisa que ele fazia toda aula.

Ele saiu distraído da sala e não me viu. Então fui atrás dele.

— Ei, Logan! ­— disse andando ao lado dele agora. — Posso falar com você rapidinho?

— Claro, Stef .

Eu sabia que ele era a pessoa ideal para me dar essa resposta. Afinal, ele conhecia os dois muito bem.

— O Nick se dá bem os meninos? — perguntei.

— Claro! — ele riu. — Por que você está perguntando isso?

— Por nada — dei de ombros. — Só achei um clima meio pesado ontem.

— Impressão sua. Olha, o meu primo é o tipo de pessoa que se dá bem com todo mundo.

— Ah, é? Então por que parecia que o Kendall não estava muito contente ao vê-lo ontem? — fui direto ao ponto que eu queria saber.

— Ah... aquilo — Logan tinha uma expressão pensativa no rosto, mas não disse mais nada.

— Tem certeza que não aconteceu nada entre eles? — Apoiei as costas nos armários.

— Tenho — afirmou, com a mão pousada sobre o trinco do seu armário. — Por enquanto.

— O que você quer dizer com isso? — questionei cruzando os braços.

— Você quer mesmo que eu te diga, Stef? — Logan ergueu uma sobrancelha.

— Se eu não quisesse, não estaria te perguntando isso. Dã.

— Acho que você sabe muito bem a resposta — foi tudo que ele disse, abrindo o seu armário.

Eu ia abrir a boca para protestar, mas algo caiu do armário e chamou a nossa atenção. Era um disco de Hóquei. E tinha um papel preso nele.

Logan se abaixou e pegou o disco. Ele fez uma cara de espanto após ler o que estava escrito.

— O que foi? — perguntei. — Você ficou branco.

Ele não disse nada, só me entregou o disco. No papel estava escrito:

Eu + Você = Baile (?)

— Hm... Parece que alguém está a fim de você — cantarolei, batendo o braço nele de brincadeira.

— Espera... Você acha que uma garota realmente me mandou isso?

— Claro. Quem mais seria?

— Talvez algum garoto do time. Eles gostam de fazer pegadinhas.

— Por favor, quantos anos eles têm? Sete? — revirei os olhos. — É uma garota, confie em mim.

— Como você sabe?

— Pela caligrafia. É bonita demais para ser de um garoto — expliquei. — Sem ofensas.

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Ele deu ombros, como se concordasse comigo.

— Mas como eu vou saber de quem é? — ele perguntou. — Não tem assinatura.

Rodopiei o disco na mão, pensando sobre isso. Parei ao perceber que tinha mais alguma escrita no papel, só que no outro lado.

— Espera! ­— desprendi o papel do disco e virei a folha. — Potássio, Cério, Ítrio.

— Elementos químicos? — ele soltou uma risada nervosa. — Isso não ajudou muito!

— Acho que um código para decifrar — chutei.

— Código? — ele colocou a mão no queixo pensando. Depois de uns segundos, estalou o dedo, como se tivesse tido uma ideia. — Já sei! Talvez seja os números atômicos desses elementos. Vejamos... 19, 58 e 39 respectivamente.

— Hm... Isso não faz muito sentido.

— Tem razão — ele suspirou derrotado. — Bem, acho melhor eu ir para a aula. Não posso me atrasar. Enquanto isso... Eu vou tentar decifrar o que isso significa.

— Ok. Se eu descobrir também, te conto. Tchau.

Logan assentiu. Devolvi o disco para ele, que guardou no armário, pegou o seu livro de Física e fechou a porta.

—Tchau, Stef — ele acenou e foi para a direita.

— Hm... Logan? — o chamei. Ele parou e olhou para mim. — A aula de Física fica para o outro lado.

— Ah! Claro! — ele riu, batendo na própria testa. — Tchau de novo.

— Tchau — eu ri, vendo ele ir para a direção certa dessa vez.

***

Após o almoço, convidei Maddie para ir comigo à biblioteca com a desculpa de me ajudar a procurar um livro. Mas eu sabia onde ele estava, afinal, era o mesmo livro que andei lendo no dia da detenção. Eu só queria ficar sozinha com ela para ter a oportunidade de botar a minha mais nova ideia em prática. Sim, eu tenho um plano e acho que vai dar certo dessa vez.

— Então... — comecei. — Você vai ao baile de natal?

Era uma pergunta meio retórica. Afinal, eu já sabia que Maddie não perderia esse baile por nada. Por dois motivos. Um: ela adorava festas. Dois: adorava o natal.

— Claro — ela respondeu, passando o dedo pelas lombadas dos livros, concentrada. — E eu sei que você também vai.

Achamos o Madame Bovary rápido. Infelizmente. Mas, por sorte, ela resolveu procurar algum livro para ler. Então, estávamos fazendo um tour pela biblioteca.

— É, sou obrigada. Faço parte do comitê de organização. Além disso, a Avery me mataria se eu não aparecesse para ajudar.

— E com razão — ela riu.

— Sim — concordei. — E você vai convidar alguém?

— Acho que não — deu de ombros. — Sem falar que nem saberia quem convidar.

E é aí que eu entro!

— Por que você não vai com o Gabe? — sugeri casualmente. — Ele não tem par.

Ela deu uma gargalhada.

— E por que eu iria com o meu melhor amigo? As pessoas iriam achar que temos algo.

— E desde quando você liga para o que os outros pensam de você? — questionei.

— Eu não ligo, mas... Sei lá, seria estranho. Eu gostaria de ir ao baile com algum garoto que eu gostasse.

— E você não gosta dele?

— Claro que gosto! — respondeu. ­— Mas como um irmão.

Ui! Essa doeu até em mim.

— Mas ele não é seu irmão de verdade — eu disse.

— Eu sei disso — suspirou. — Mas ele é melhor para mim do que os meus próprios irmãos. Aqueles gêmeos manés.

Eu não imaginava que unir esses dois seria tão difícil! Talvez o problema seja comigo. Acho que não sou um bom cupido.

Mas a Maddie também não colaborava! Como que ela ainda não havia se tocado sobre o Gabe? Isso ficou bem visível para mim logo na primeira semana. Talvez seja por causa da convivência, ela olha para ele como um amigo, um irmão, por isso não consegue enxergar a verdade. Mesmo que ela esteja bem diante de seus olhos.

Acho que ela só entenderia se eu dissesse fosse bem clara e dissesse com todas as letras que o Gabe gostava dela. Ou talvez ela só começasse a rir e falasse que sou muito engraçada. Isso seria bem a cara dela.

— Não achei nenhum legal aqui — Maddie disse, me tirando dos meus pensamentos. — Vou procurar no outro corredor.

— Ok — respondi.

Comecei a andar pela biblioteca sem rumo. Precisaria mudar de tática: convencer o Gabe a dizer o que sentia para ela. Por mais que eu soubesse que isso seria extremamente difícil. Afinal, ele era tímido demais.

E isso tinha que acontecer logo. Faltava um pouco mais de um mês para o baile. E a maioria das garotas da escola já tinha convidado os seus pares.

Enquanto passava na frente de um corredor, vi uma garota loira sentada no chão com um livro na mão. Resolvi ir até lá.

— Oi, Kacey.

— Ah! Oi, Stef! — ela sorriu.

— O que você está fazendo aqui? E sozinha? — perguntei. Era difícil de vê-la sem a Avery.

— Eu sempre venho aqui depois do almoço para ler um pouco. Não tenho muito tempo em casa... Quando não estou estudando, tenho que cuidar da minha irmã — ela suspirou.

— Mas sua irmã não deve incomodar muito, não é? — perguntei.

Eu não conhecia Wendy pessoalmente, só por fotos. Mas ela era linda. Tinha 7 anos. O cabelo loiro bem claro, os olhos azuis, parecia uma bonequinha. Igual a Kacey. Não dava para negar que eram irmãs.

— Não se deixe enganar por aquela carinha angelical. Ela é uma pestinha ­ — ela forçou um riso.

Kacey estava estranha. Eu já tinha percebido isso de manhã, quando estávamos no carro. Ela não estava cantando junto com Avery, como sempre fazia. Só ficava olhando para a janela, parecendo preocupada com algo.

— O que houve? — perguntei, sentando ao lado dela. — Você parece apreensiva.

— Ah — ela colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha — É que convidei o garoto que eu gosto para o baile hoje. Mas ainda não recebi uma resposta.

No mesmo instante, uma ideia passou pela minha cabeça.

— Foi você! — exclamei. — Caramba! Como eu não desconfiei disso antes? — falei a última parte mais para mim mesma.

— Do que você está falando, Stef? — ela me olhou confusa.

— Eu tenho 99% de certeza de que você convidou o Logan.

— Po-por que você acha isso? — ela perguntou nervosa. — Ele te falou alguma coisa? Ai meu Deus! Ele falou!

Ok, agora eu tenho 100% de certeza após o “mini surto” dela.

— Ei! Calma — toquei o seu braço. — Eu estava conversando com ele na hora que abriu o armário.

— Ah, claro... — ela baixou a cabeça. — Como foi a reação dele?

— Bem, ele ficou um pouco nervoso no começo. Achou que podia ser uma brincadeira dos amigos. Mas depois que percebeu que era de verdade, queria saber quem era.

— E ele descobriu?

— Não sei... Ele estava meio nervoso e saiu correndo para a próxima aula — expliquei. Ela assentiu triste. — Mas você juntou as três coisas que ele mais adora: Hóquei, Matemática e Química. Foi uma ótima ideia!

— Obrigada — ela sorriu. — Eu fiquei dias pensando em como convidá-lo. Não queria perguntar diretamente, achei que ele poderia sair correndo.

— Isso seria bem provável — eu ri. Ela acabou rindo também.

— Espero que ele tenha conseguido decifrar o enigma dos elementos químicos. Caso contrário, nunca vai saber que era eu...

Eu não tinha conseguido decifrar. Confesso, não sou muito fã de Química. Mas pensando bem, fazia sentido. Os símbolos de potássio, cério e ítrio são, respectivamente K, Ce e Y. Ou seja... Kacey.

— Acho que ele conseguiu. Logan é muito inteligente.

— Sim, ele é — ela disse isso com os olhinhos brilhando. — Obrigada, Stef.

— Pelo quê?

— Por ter conversado comigo, me deixou mais calma. E eu estava precisando disso — ela apertou minha mão gentilmente, em sinal de agradecimento.

— De nada. Quando precisar... Estou aqui — respondi. Ela assentiu.

— É melhor eu ir — ela se levantou com o livro na mão. — Avery deve estar me procurando.

Levantei-me também. Caminhamos lado a lado, em direção à entrada da biblioteca, sem falar nada.

No lado de fora, encostado na parede ao lado dos banheiros, estava Logan com as mãos no bolso. Ele olhava para os lados, parecendo distraído.

— Olha quem está te esperando... — disse sorrindo. Kacey arregalou os olhos azuis quando o viu e parou de andar, como se seus pés tivessem criado raízes no chão. — Vai lá falar com ele! — incentivei.

— Stef, eu... Eu estou com medo — ela confessou, olhando para mim com uma expressão triste. — E se ele não aceitar?

— E se ele aceitar? — rebati.

— Certo — ela respirou fundo. — Você consegue, Kacey, você consegue — ela disse para si mesma.

Tive que dar um empurrãozinho, literalmente dizendo, para ela sair do lugar. Ela foi andando devagar até a porta de entrada. Olhou por cima do ombro para mim, como se pedisse ajuda. Fiz sinal de positivo para ela com as duas mãos e sorri, a encorajando. Ela assentiu e voltou a olhar para frente. Logan percebeu que ela estava indo em sua direção e se endireitou. Não sabia dizer qual dos dois estava mais nervoso.

Eles trocaram algumas palavras. E eu não entendi nada. Droga! Saber leitura labial cairia muito bem agora!

— Tá aí uma cena que não se vê todos os dias... — Maddie apareceu ao meu lado do nada. Tive que reprimir um gritinho. Por que as pessoas gostavam de me assustar? Não era legal! — Te assustei? Desculpa.

— Imagina — ironizei.

Voltei a olhar para os dois. Kacey estava sorrindo e Logan tinha uma cara de bobo no rosto. Isso só pode significar uma coisa...

— Ele aceitou! — bati palminhas, animada.

— Quem é você e o que fez com a Stefanie? — Maddie me olhou estranho, como se estivesse brotando um terceiro olho na minha testa.

— Eu agi igual a Avery agora, não foi? — perguntei, ela assentiu. — Acho que é a convivência.

— Pode ser — ela riu. Depois ela voltou a olhar para frente. — Awn! Eles fazem um casal bonitinho...

— Também acho — concordei.

Olhei para Maddie que abraçava dois livros contra peito. Ela tinha um sorriso contido no rosto. Parecia feliz por Kacey e Logan, por mais que não fosse muito próxima a eles.

No fim das contas, eu não era um cupido tão ruim assim. Ok, eu sei que não tinha juntado os dois, mas eu havia ajudado. E isso que importava.

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Talvez eu só precisasse de uma pontaria melhor. Quem sabe o próximo casal a se formar não fosse Maddie e Gabe?