Daniel Alexander
O Show tem que Continuar
Manhattan, Nova York.
Percy estava no sofá, enquanto Annabeth tinha ido para o seu lado, fazendo carinho na cabeça do jovem rapaz.
— Você me perdoa Annie? — Percy choramingava. — Me perdoa? Eu devia entender o porquê do Nico ser assim, do Jason, todos eles... Isso faz sentido, todo sentido.
— Calma, Perseu, calma. — Annabeth falou estranhando o namorado, por chama-lo pelo nome. — Tudo vai se ajeitar. Você não tinha como imaginar que o Nico era realmente apaixonado, mas devia ter passado isso em algum momento na sua cabeça, e você ter perguntado. Todos esses anos, todos os trabalhos que ele já fez pra você, relegando as próprias coisas, Percy.
— Eu sou um ser horrível. — Percy chorou mais um pouco. — Me aproveitei de um sentimento de confiança que o Nico tinha em mim, e mesmo com ele sendo usado, e achando que era eu, continuou a me tratar bem, a querer o meu bem, e a estar apaixonado por mim. — O jovem se levantou e foi encarar Manhattan. — Sou horrível, e Jason, com certeza, viu esse beijo. Tudo que ele está fazendo contra todos, são respostas mais violentas e pesadas aos momentos bons que tivemos. O Primordial começou com o Nico anos atrás, e não vai parar até acabar com a Thalia, especialmente, se Jason tiver algumas das cartas que eu trocava com ela, enquanto éramos namorados.
— O que tinha nas cartas, Percy? — Annabeth ficou curiosa. — O que pode ser tão terrível para o destino dela?
— Juras de amor eterno adolescente. “Até que a morte nos separe” e coisas do gênero. — Percy suspirou. — Se ele levar isso aos extremos, Thalia se casa e é morta logo em seguida.
— E se ele não conseguir? — Annabeth abraçou Percy mais uma vez.
— Ele vem atrás do nosso filho, tenho certeza. — Percy comentou com ela, que ficou pálida, e Perseu a impediu de cair no chão, desmaiada.
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Hazel despertou com a visão de sua mãe dormindo no sofá, e Nico em pé, saindo do banheiro do quarto. Ao notar que ela despertara, ele correu e chegou do lado da cama, beijando a garota na testa.
— Hazel... — Nico sorriu para a irmã recém-descoberta. — Feliz ano novo! Como você está?
— Nico, você aqui? Que noite terrível foi a última. — Hazel não conseguia se mover nem falar muito. — Quando cheguei em casa eu desmaiei. Foi muito forte pra mim.
— Eu imagino minha irmã... — Nico fez uma pausa e sorriu, enquanto Hazel corava um pouco, apesar de não mudar a expressão de cansaço. — Você vai melhorar. Agora que descobrimos isso, quem sabe se eu, ou Bianca, podemos doar medula pra você. Você vai sair dessa Hazel, vai sair!
— Deus te ouça, meu irmão, Deus te ouça... — Hazel sussurrava, enquanto piscava forte, os olhos.
— Volte a dormir, daqui a pouco eles vem com algo para você se alimentar, mas agora é a hora de descansar. — Nico beijou a testa da irmã novamente. — Descanse, vão ser momentos mais difíceis, mas que vamos superar. Tudo vai acabar bem, confie em mim.
— Ok, eu confio... — Ela sorriu de leve, e voltou a fechar os olhos para descansar mais um pouco. Nico resolveu então sair do quarto, e passou a andar pelo hospital.
Desceu e subiu escadas, até que entrou no corredor do quarto de Annabeth, de onde a mesma estava sendo levada para outro lugar, e Percy estava sendo orientado a ficar no quarto com o recém-nascido.
— Calma! Senhor Jackson, logo, logo estaremos com ela aqui de volta! Fique com o seu filho, por favor! — O médico falava com ele, tentando impedi-lo com o corpo de sair.
— Mas eu preciso estar com ela! — Percy falava aflito.
— Mas também precisa defender seu filho. — Nico interviu. — Entra no quarto, precisamos ter uma conversa, primo...
Percy ficou atônito, o que permitiu ao médico acompanhar Annabeth no caminho para um exame.
— Nico, eu não esperava que você viesse aqui... — Percy foi interrompido.
— Já vim, antes, quando você não estava, e seu irmão conversou comigo. Agora é a sua vez, precisamos acertar algumas coisas, Perseu. — Nico foi categórico, entrando no quarto, junto do primo, enquanto os policiais faziam cara feia. — E vamos logo, pois depois tenho que ir a missa.
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Reyna, Frank e Leo estavam comendo no carro da delegada. O jovem sino-canadense tinha acabado de saber o que tinha ocorrido com Hazel, a garota por quem ele se apaixonara, mas que não conseguia se declarar.
— Eu só queria ir vê-la no hospital, Hazel iria se fosse eu, era a única pessoa que poderia fazer isso, ficou do meu lado quando minha mãe morreu. — Frank falou para Reyna que ouvia atentamente.
— Calma, ursão, você vai vê-la, ela ainda tem muito pra viver. — Leo falou antes da delegada. — Tudo vai acabar bem, meu amigão, ainda mais que estamos mais perto de saber algo sobre o Jason do que imaginamos, tenha certeza disso! — Leo sorriu confiante para Frank que sorriu em troca.
Nisso, Phobos e Deimos entraram no carro, um por cada porta lateral, esmagando o irmão entre seus corpos. Estavam eufóricos.
— Encontramos o sujeito. — Phobos arfou.
— Michael Yeca. — Deimos completou.
— Yew, besta — Phobos o corrigiu.
— Yew, isso. — Deimos concordou.
— Mora no outro quarteirão, de acordo com as pessoas há comportamentos suspeitos no seu apartamento. — Phobos continuou.
— Tem um outro loiro que sempre vai lá conversar com ele. — Deimos falou se animando um pouco mais e mexendo fortemente as mãos.
— Ele tem sinais de que pode se mudar a qualquer momento. — Phobos informou. — Melhor agir o mais rápido possível, se for para capturar ele.
Reyna absorveu outras coisas também ditas pela dupla de criminosos que prometeu não prender, por conta de Frank e do auxílio que eles estavam prestando a investigação.
— É señorita, vamos ter que agir, o mais rápido possível. Senão, babau... Leo complementou para Reyna, que o interrompeu.
— Vamos, uma vírgula, a polícia vai, senhor Valdez... — Reyna corrigiu o assistente improvisado.
— Ok, ok... — Bufou o hispânico.
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Will estava subindo a escada quando Michael Yew abriu a porta apressado e saiu com uma mochila nas costas. Ele estava com a face desesperada e cheia de olheiras.
— Michael, volte. — Will ordenou, sendo ignorado quando o outro loiro esbarrou nele. — Yew, eu não estou brincando, irmãozinho. — Will segurou o irmão, que o encarou assustado. — Precisamos conversar antes de qualquer tentativa de fuga sua.
— Eu vou ser preso por ter te ajudado. — Michael falou temeroso. — Eu não quero ir pra prisão, não quero. Por que comigo?
— Você não vai ser preso, você só deu uma pista por mim, é só falar isso pra polícia, eu inclusive, vou para a delegacia falar tudo o que sei. Meu Nico não pode sofrer mais. —Will encarava o irmão. — Me ajude, conte que eu lhe dei as ordens do que você deveria falar. Queria que Jason nunca tivesse me convencido disso no passado, mas achei que seria bom para o Percy tomar um susto, até que ele saiu do controle...
— Vai pra delegacia então de uma vez, eu não quero esse povo todo atrás de mim! A polícia é um povo que eu sempre mantive distância, você sabe disso. — Michael jogou raiva na voz. — Você sabe muito bem de tudo que eu tento evitar, e ainda sim, me meteu nessa fria. Eu sei que já tem gente rondando aqui a área, já pegaram meus dados no Empire State! À merda, todos eles!
Will olhou receoso para o irmão.
— Me desculpe, de verdade, não imaginei que você tivesse tanto medo de guardar uma informação importante. Eles só estão vindo atrás de você, porque você sabe de algo. Não vão te prender, e mais, quando eu conseguir ir contar, nem vão lembrar de que você existe, maninho. — Will tentou sorrir, o que foi recebido com uma careta de Michael.
— Eu estou me recuperando e você me apronta uma dessas, Solace, mas ainda sim, a mamãe sempre preferiu você. — Michael bufou. — Se eles descobrem meus vícios, aí que nunca me deixarão sair de lá.
— A mamãe tem outra identidade, Michael. E nunca vão descobrir, vim aqui para te acalmar, mas você tem que confiar em mim. Eu delatarei tudo o que sei. Thalia será salva, Jason será preso, e você continuará o seu processo de recuperação. A polícia nunca entrará aqui. — Will explicou seu plano.
— Vai então, corra atrás deles, seja um herói de uma vez. Pra salvar o garotinho lá tu vai mover o mundo, mas seja rápido, porque ele já não vai gostar do que ele vai falar. — Michel voltou a andar na neve, apressadamente.
Will encarou o irmão, tendo ciência de que Nico di Angelo fosse sofrer um puco com seu depoimento.
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Jason preparava o show que só existia em sua cabeça. Sabia o que e como faria, e o país inteiro iria ver sua grande estrela jovem chegar a eternidade antes de entrar para o clube dos vinte e sete.
O estúdio clandestino que montara estava quase pronto, e o menino enlouquecido nos próprios delírios estava a um passo da realização que sonhara nos últimos meses.
Quando conseguiu acender as luzes dos refletores, Thalia acordara do desmaio, cada vez num estado pior, sem conseguir saber o tempo que corria no mundo em que a grande preocupação com certeza não era com a sua vida.
— O que você vai fazer? — Thalia mantinha os olhos fechados por conta da intensidade da luz.
— Você verá maninha, você verá, será um show muito explosivo! — Jason riu de canto de boca, e ligou os monitores de retorno, para ver sua própria imagem diante das câmeras. — Em breve, tudo isto terá acabado, e espero que você não seja a vítima final, e sim, aquele do qual vou expor todos os segredos e todas as traições que me causou! Percy será cancelado por todos, não terá mais vida, será um pária no meio de toda sociedade nova-iorquina! E voltarei a glória, as pessoas reconhecerão o meu valor, nosso pai vai me ver como ele nunca viu antes! Vai reconhecer quem sou eu de verdade! Vai me amar como o seu verdadeiro filho!
Thalia começou a chorar. Lembrou do motivo que fez Jason ir a Nova Roma, e tudo pareceu bem mais claro na sua cabeça.
— Jason, você ainda pode parar, e esquecer tudo que o babaca do nosso pai fez com você! — Thalia gritou.
— Ele vai me amar, Thalia, por bem ou por mal. Mas agora, preciso de silêncio para terminar aqui, se não quiser ficar igual a Piper, melhor calar a boca até a hora do show! — Jason ameaçou a irmã, que fechou os olhos, e se virou para o lado oposto da luz.
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