Capítulo único

Quando eu era pequeno, tinha uma garota que eu achava linda na sala, e ela era bem divertida. Eu gostava dela, ou pensava que gostava dela. Eu não sei direito.

Ela acabou por se tornar minha companheira de time, mas mesmo eu sempre tentando conquista-la, ela me recusava.

Talvez sua admiração, não, paixão pelo Uchiha fosse a causa disso. Acho eu que ela é do tipo de garota que não ficaria com ninguém mais do que a pessoa de que ela gosta, como se ela estivesse traindo, e o pior é que ela está com seus próprios sentimentos.

Eu realmente gostei durante muito tempo dela, mas ela nunca me proporcionou borboletas no estômago, calafrios, ou nada do tipo. Quando ela disse que gostava de mim, eu fiquei surpreso por não ter tido nem uma grande sensação com aquilo. Eu pensava que o porquê era de eu saber que era mentira, mas nem um pequeno arrepio foi causado ao pensar se realmente fosse verdade.

Descobri a razão disso agora, finalmente. Talvez esses pequenos amores que todos já tiveram uma vez na vida não causem tanta diferença em nossas cabeças por ter alguém que no futuro será muito mais especial. Sendo capaz de nos fazer rir, nos fazer chorar, nos fazer pular e cantarolar, além de outras coisas sem nem pensarmos direito.

Eu encontrei alguém desse porte, depois de tanto tempo só pensando nessa minha amiga de cabelos rosados.

O que eu posso pensar? Se não que a amo. O que posso sentir? Sem ser o sentimento de paixão, daquela que enche sua barriga de borboletas ao ver o sorriso da pessoa amada e que lhe aperta o coração quando este alguém está triste ou longe de você. O que posso fazer? Com certeza não será fugir disso...

Quando eu era criança era olhado com ódio e pena por todos, mas ela foi a única que não seguiu os outros. Ela me olhou como se eu fosse uma criança como qualquer outra, e eu era. Ela falou comigo sem medo de seja lá o que, que eu possuía, sem medo dos outros a olharem com os mesmos olhos que me encaram todos os dias, sem medo de ter alguma punição por isso. E eu sempre serei grato por isso.

Ela sempre foi muito tímida, e eu nunca saberia se ela sentiria algo por mim, mas talvez esteja aí o motivo dela sempre ficar vermelha e mal conseguir me dizer um “oi” sem gaguejar e em alto e bom som.

Lembro-me de grandes partes de minha infância e muitas dessas memórias ela estava lá, mesmo que não dissesse nada.

Mas não somos mais crianças... E mesmo assim ela mantém a mesma característica de tímida, ficando com a face rubra de vez em quando. E uma vez convidei-a para comer um ramen em minha casa, ela fugiu toda envergonhada.

E foi um pouco antes desse convite que eu fui percebendo o quanto ela era uma mulher linda e gentil. E forte, não no sentido de força física como uma grande amiga de infância que consegue destruir tudo no caminho, mas forte no sentido de... Bem, não posso explicar. Mas penso que ela é forte em um exemplo: por ter encarado um inimigo tão poderoso sem medo, eu podia ver a coragem e determinação em seu olhar naquele dia, naquele momento. Forte por isso. Por ser determinada e corajosa quando preciso.

Com o tempo eu percebi que ela era muito especial para mim, e ela disse que todo esse tempo, eu sempre fui alguém que sempre tomaria conta de sua mente. Eu não saberia expressar minha felicidade ao ouvir aquilo em palavras. Mas foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Isso eu posso ter certeza.

Ao ver o sorriso dela toda manhã sou incapaz de não sorrir também. Ao ver que ela está triste, fico inconscientemente inseguro.

E eu passei longos e longos anos sem saber que ela seria tão importante assim. Eu desperdicei tempo, mas irei valoriza-lo agora.

- O tempo que passei sem perceber o quanto você é especial nunca se comparará ao tempo que passarei ao seu lado, Hinata...