Alleine In Die Nacht

Capítulo 22 - Eu gosto de você


-Por que quer tanto saber? – levantei uma de minhas sobrancelhas – Você gostaria de ser minha namorada?

-Não foi isso que perguntei! Responda minha pergunta! – desviou seus olhos dos meus e me empurrou de leve com o ombro rindo baixinho.

-Não, eu não tenho namorada. – eu também ria quando lhe respondi.

-Por que? – parecia curiosa, mas era uma curiosidade diferente da de todos aqueles repórteres que me entrevistavam. Quando Arabella perguntava você nunca tinha vontade de mentir.

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-Por que quando você é famoso a espontaneidade é excluída de sua vida. Você dificilmente conhece gente nova, e quando conhece tem medo delas se aproximarem de você com segundas intenções. Você não confia, não conhece... Tem sorte de não ter me conhecido lá fora, sabia?

-Por que? Você não ia confiar em mim se nós estivéssemos lá fora?

-Sabe... Eu provavelmente ia. – sorri. – È um pouco difícil não confiar nesses seus grandes olhos verdes brilhantes. – Arabella sorriu orgulhosa do elogio. – Mas talvez você é quem não confiaria em mim... Fora desses muros, no mundo que você não conhece, eu sou uma pessoa completamente diferente.

-Diferente como?

-Eu usava roupas diferentes, um cabelo diferente, maquiagem...

-Que nem a enfermeira Cecília?! – arregalou os olhos. Eu ri alto ao lembrar da sombra azul turquesa, batom vermelho e delineador torto que a enfermeira Cecília usava. Todos os dias.

-Não! Uma maquiagem diferente... – esclareci. – Tinha sempre uma câmera me filmando e um monte de meninas gritando meu nome.

-Eu quero te ver assim... Eu quero te ver com roupa e cabelo diferentes, quero te ver de maquiagem, sendo filmado e cantando pra um monte de gente. – engatinhou para mais perto e se jogou em meu peito, aconchegando sua cabeça em meu pescoço. – Eu quero saber tudo. Quero conhecer você, de todos os jeitos.

-Por que? – sussurrei. Lá dentro, meu coração batia um pouco mais forte ansiando pela resposta que tanto queria ouvir.

-Eu acho que gosto de você, Bill. Que nem as mulheres dos filmes. – o sorriso enorme no meu rosto indicava que ela havia pronunciado a resposta certa para minha pergunta.

-Então quer dizer que uma criança é capaz de amar como uma mulher? – me afastei um pouco e segurei em seu queixo, direcionando seu rosto de frente para o meu.

O corpo de Arabella se tencionou de leve, ainda sobre o meu, á medida que minha mão escorregava graciosamente até sua cintura. Podia sentir sua respiração quente tocando meu rosto, cada vez mais acelerada devido ao nervosismo. Se beijá-la estarei beijando uma mulher ou uma criança? O pensamento surgiu em minha cabeça, mas eu optei por simplesmente ignorá-lo. Não me importava se ela era uma criança ou uma mulher, eu ia amá-la dos dois jeitos de qualquer maneira.

-Eu também gosto de você, minha menina-mulher. – sussurrei antes de beijá-la.

O beijo começou como um teste, devagar e cuidadoso. Primeiro um selinho, e então aos poucos entreabri a boca esperando que ela fizesse o mesmo. Senti sua boca se movimentar sobre a minha, se abrindo, encaixando nossos lábios com cuidado. Deixei que minha língua deslizasse para dentro de sua boca, puxando seu corpo para mais perto e aprofundando o beijo. Nossas línguas se tocavam de maneira confusa e desincronizada, aos poucos se acostumando com o movimento e a experiência, tornando-se um beijo harmonioso e carinhoso. Seu peito pulsava com as batidas de seu coração, quase em sintonia com o meu.

-Isso é gostoso. – sussurrou me arrancando um riso. – Podemos fazer mais vezes?

-Quantas vezes quiser.

-E você vai me mostrar como você é de verdade? Quero dizer, lá fora?

-Você quer mesmo? E se você deixar de gostar de mim?

-Eu gosto de você por que seu sorriso é bonito, por que você tem olhos tristes que eu quero deixar felizes... Eu gosto de você por que você ama sua família, e me carrega em suas costas, me dá flores e foge comigo para o jardim á noite. Isso não vai mudar, vai?

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-Você quer mesmo saber como era lá fora? – Arabella assentiu que sim com a cabeça. – Lá fora eu cantava... Você já me ouviu cantar? – balançou a cabeça negativamente. – Quer ouvir?

-Aham! – sorriu, me ajeitei e aqueci limpei minha garganta rapidamente. Antes que pudesse pronunciar qualquer palavra Arabella selou meus lábios com seu dedo indicador. Tinha um sorriso travesso nos lábios. – Mas antes você pode me beijar de novo?

Passamos o resto da madrugada cantando e nos beijando. O sol começava a nascer quando voltamos para nossos respectivos quartos. O gosto de sua boca, seu cheiro e sua voz encheram meus sonhos nas poucas horas de sono que tive.