Alleine In Die Nacht

Capítulo 11 - Arabella


Dormi a tarde inteira, quando voltei a abrir os olhos a luz alaranjada do sol poente enchia o quarto. Levantei e me arrastei até o banheiro, meus olhos estavam inchados e abaixo deles aquelas grandes olheiras pareciam ficar mais arroxeadas toda vez que dormia. Faltava 1 hora para a hora da janta, tomei um banho quente e demorado e vesti um velho jeans preto e uma camiseta também preta com detalhes em vermelho, calcei os tênis e deixei meus cabelos caírem lambidos pelo meu rosto.

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Deixei o quarto sem um pingo de maquiagem no rosto, não me importava com a minha aparência naquele lugar. O cardápio da janta era em muitos quesitos igual ao do almoço, uma massa, vegetais, carnes, arroz e salada. Aliás, tudo parecia assustadoramente igual ao almoço, o mesmo nutricionista, os mesmos funcionários servindo nossa comida, as mesmas pessoas com olhares e aparência doentes.

Provavelmente pelo fato de ter passado o dia inteiro dentro do quarto todos pareciam intrigados com a minha pessoa. Encaravam sem vergonha, faziam comentários e apontavam. Sentia como se fosse a aberração da escola novamente.

-Olá! – ela se sentou ao meu lado sorridente. – Você é o cara novo de quem todos estão falando?

-Quem é você? – não respondi sua pergunta, mais interessado em saber a resposta da minha.

-Arabella – estendeu sua mão. Seus olhos eram extremamente verdes.

-Bill. – apertei sua mão, ela era extremamente quente e macia.

Não pude deixar de notar que, diferente das outras pessoas daquele lugar, Arabella usava roupas coloridas, com estampas floridas e jeans ao invés de moletons cinzas. Comi em silêncio ao lado daquela estranha menina, que comia com entusiasmo e vontade, outra coisa rara naquele lugar. Eu olhava disfarçadamente em sua direção me perguntando o que havia de errado com ela para estar ali. Ela sorria, não parecia estar passando por algum tipo de depressão. Nem ao menos parecia insatisfeita de estar ali!

-E então, Bill? – se virou para mim. Seu prato já estava vazio. Pelo jeito também não sofria de distúrbios alimentares, apesar de ser magra. – Por que está aqui?

-Eu... – me senti incomodado em falar aquilo para uma completa estranha. – Eu só sinto falta do meu irmão.

-E onde ele está? – estreitei os olhos, algo nela parecia estranho. Eu só não conseguia identificar o que exatamente.

-Não quero falar sobre isso. – disse seco, enfiando mais uma folha de salada na boca.

-Está vendo o Patrick? – ela apontou para um senhor de meia idade sentado do outro lado do refeitório, comia devagar olhando ao redor de maneira entediada. – Ele está aqui há mais de 5 anos! Diz que foi abduzido por alienígenas e agora sonha com eles e pode ouvir mensagens em uma língua desconhecida que ficam ecoando em sua cabeça... – arregalei os olhos, tirando a parte dos alienígenas e da língua desconhecida, o problema dele não era tão diferente do meu. Será que eu também teria que ficar aqui por mais de 5 anos?! – Sua família está cogitando a possibilidade de mandá-lo logo para um hospício por que acham que ele não tem cura. – baixou a cabeça e fez um bico enorme, como se de repente estivesse extremamente triste. – Eu acho isso errado. Todo mundo tem cura!

Era isso! Esse bico é idêntico ao bico que meu primo de 6 anos Adolph faz quando minha tia lhe nega alguma coisa! Ela agia como uma criança!

-E por que você está aqui?

-Eu não tenho certeza... Minha irmã nos deixou aqui. O médico diz que é por que eu não quero crescer.

-Nos deixou aqui?

-Sim. Eu e a Annie, mas a Annie sempre dorme na hora do almoço e na hora da janta. – deu de ombros. Olhei ao redor confuso com o que ela me falava. Quer dizer o problema dela era que ela... Ainda era uma criança? – Genevieve me disse que você é famoso lá fora! È verdade?

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-Sim.

-E o que você faz? – parecia entusiasmada sentando mais próxima á mim, me olhava com seus grandes olhos verdes repletos de interesse e inocência.

-Eu canto. Que dizer, cantava. – me corrigi imediatamente. Como voltaria a cantar sem o Tom? – Há quanto tempo está aqui? Como sabe sobre o Patrick e seu problema com alienígenas? – algo nela me intrigava, talvez fosse sua felicidade e bom humor. A inocência da criança que ela realmente era não combinava com um lugar como esse.

-Estou aqui a 2 anos. Eu acho... Parei de contar. Mas eu gosto daqui, é melhor do que o outro lugar. – baixou a cabeça e ficou em silêncio por alguns poucos segundos. - E eu sei sobre o Patrick por que ele mesmo me contou. Nós conversamos bastante, sabe? Ele conhece tudo por aqui! Todos os segredos.

-Que segredos? – ela rolou os olhos.

-São segredos, isso significa que não posso contar. – riu e de alguma maneira eu fui obrigado a morder meu lábio inferior para não rir junto. Sua risada era sonora e divertida, apesar de ser um pouco aguda, confesso. Quase uma perfeita réplica da risada de uma criança de 6 anos.