Capítulo 42

Uma semana antes das férias de julho nós iriamos apresentar a peça de Rick.

Fomos antes dos nossos pais para o teatro. As meninas e eu fomos para o banheiro feminino. Tris, que não ia participar da peça em si, nos ajudou com as roupas e a maquiagem.

A história era basicamente de duas garotas que se correspondiam somente pelo computador e que um dia conseguiram se encontrar. No desenrolar, a primeira garota (Hermione) já tinha um namorado, mas ele a trai e ela fica com outro (meu irmão). A outra garota (eu) foi a que viajou para a cidade da outra e lá conheceu o personagem de Percy, mas teve que voltar e tudo mais. No final eu, personagem, termina os estudos e vai estudar numa faculdade que fica a vinte quilômetros da cidade dos outros personagens. Imagine tudo isso misturado com dramas adolescentes e humor. Sim, a peça era original de Rick, nosso professor. Ele era um gênio pra mim.

Acabada a peça, nós seis saímos para uma pizzaria. Acho que vocês ficariam surpresos se eu lhes contasse que a doce e adorável Tris quase derrubou um garçom com uma bandeja cheia de copos, que Percy deixou seu copo virar na mesa duas vezes e que Tobias quase se matou com o garfo quando ele Hermione estavam brincando de bater a mão no garfo.

– Ron, agora é oficial, nós não fizemos companhias muito boas por aqui.

– Nem vem, ok? O único que eu conhecia daqui era o senhor Perseu ai. O resto foi culpa sua.

– E você tá arrependido disso? – Hermione perguntou.

– Nem um pouco – ele respondeu beijando-a.

Pagamos e fomos embora. Não havia uma praça ali por perto para darmos uma volta, então fomos para a praça do condomínio mesmo. As meninas e os meninos dormiriam lá em casa, então poderíamos ficar lá até a hora que quiséssemos.

Era uma e meia da manhã quando voltamos para minha casa. Cada um foi para seu quarto (eu e as meninas para o meu e os meninos para o de Ron) nos trocar e fomos para a sala ver filme. Nós dormimos no sofá e os meninos no chão.

A peça do Rick marcou o fim das aulas. A partir de agora, até eu dizer o contrário, tudo o que aconteceu foi durante as férias. A primeira coisa que aconteceu foi que nós seis, eu, Ron, Percy, Hermione, Tris e Tobias fomos pra praia. Vou explicar a situação: minha família e eu íamos a praia nas férias e como nenhum deles ia viajar, convidamos eles para ir conosco. Nossos pais combinaram tudo e, no segundo dia de férias, fomos de avião para o Rio de Janeiro.

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Chegamos no Rio e fomos para uma casa que meus pais acharam para alugar. Ela era feita para abrigar várias pessoas pelo que percebi, pois tinha cama para todos nós.

Descrição da casa: sala, cozinha, banheiro e lavanderia lá embaixo. Subindo as escadas haviam três banheiros e dois quartos. Um com uma cama de casal e os outros dois com dois beliches cada um. Obviamente meus pais ficaram com o quarto da cama de casal, nós meninas com outro e os meninos em outro.

Nesse primeiro dia, só nós seis fomos pra praia. Meus pais e as crianças foram para um parque de diversões ali perto e só iriam no outro dia. Pegamos cadeiras e guarda-sóis para nós e fomos andando até a praia que era ali perto.

Chegando na praia, arrumamos as coisas na areia (fizemos os meninos ajudarem porque se não eles iriam correr direto pra água). Depois de pronto, eu, Tris, Tobias e Ron fomos pra água. Mione e Ron, a pedido de Mione, iriam depois.

Devo dizer como nós, crianças, nos divertimos na água? Então, nós nos divertimos na água. Pra caramba.

Quando começou a escurecer, voltamos pra casa e minha mãe disse que esse ano uma feirinha estava na cidade e ia ficar ai até a próxima semana e que poderíamos ir lá na próxima noite.

Nessa noite, que ficamos em casa, todos foram dormir cedo, mas eu, inclusão, não estava com sono. Peguei um livro e fui sorrateiramente para a sala ver se ficava com sono se lesse um pouco. Desci as escadas e acendi um luz na sala. Me deitei no sofá e comecei a ler. Depois de dez páginas, escutei um barulho na escada e pensei ser meu pai ou minha mãe pra me mandarem ir dormir. Mas eu estava enganada.

– Hey, Sabidinha. Você não devia estar dormindo?

– Estou sem sono, Cabeça de Alga. E você? Não devia estar dormindo também?

– Pra sua sorte, eu também estou sem sono.

– Então vem cá – bati a mão no sofá ao meu lado. Meu livro foi esquecido, coitadinho.

Ele se sentou e deitou a cabeça no meu colo. Comecei a fazer carinho na cabeça dele.

– O que vai querer fazer amanhã? – ele perguntou.

– Não sei, Cabeça de Alga. Acho que vou levar meu caderno pra desenhar enquanto vocês vão na praia. Estou me sentindo inspirada pra amanhã.

– Isso é bom. A noite nós vamos no parque?

– Vamos, meu bebê. Nós vamos no parque se você quiser – apertei suas bochechas.

– Obrigado. Você faz essa criança aqui feliz.

Sorri e lhe dei um beijo. Escutamos passos na escada e nos separamos. Olhei para Percy e ele se jogou no chão. Peguei meu livro e fingi ler. Hermione desceu as escadas e quando me viu parou subitamente, me olhando assustada.

– Annie? – ela disse meio alto. Escutei um baque na escada. – O que está fazendo aqui?

– Estou lendo – mostrei pra ela meu livro. – E o que a senhorita está fazendo?

– Nada, só estou indo ali fora dar uma volta.

– Sozinha? – levantei uma sobrancelha pra ela.

– É claro.

– Ok. Pode ir.

Ela saiu e eu esperei. Olhei para baixo e dei um olhar de “fique ai” para Percy. Me levantei e fui ao banheiro, fazendo um pouco de barulho no caminho. Deixei a porta entreaberta e fiquei espionando lá fora. Como suspeitava, meu irmão desceu a escada correndo, seguindo Hermione. Quando tive certeza que ele já estava lá fora, sai do banheiro e chamei Percy para subirmos. Dei um beijinho nele de despedida e fui para meu quarto. Deitei e, antes que pudesse dormir, vi uma certa Hermione entrando no quarto com um sorrisinho bobo no rosto.

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No segundo dia acordamos com uma Dany gritando loucamente.

– Meninas! Acordem! A gente vai na praia! A gente vai na praia!

Me levantei e olhei para as meninas.

– Acordadas?

– Sim, senhora.

– Então vamos.

Nos levantamos e fomos nos trocar. Saímos do quarto prontas e descemos pra tomar café. Depois do almoço, fomos os dez para a praia.

Meus pais levaram uma daquelas barracas grandes pra poder caber todo mundo. Como havia dito ontem, fiquei desenhando por um bom tempo, depois fui um pouco na água com as meninas. Os meninos haviam ido comprar comida e só ficamos nós três na água.

– Então, Mione, fez uma boa caminhada ontem? – perguntei.

– Caminhada? – Tris perguntou.

Mione me olhou como se fosse me fuzilar com os olhos, mas ela pareceu lembrar alguma coisa e sorriu de repente.

– Ah, minha caminhada foi ótima, Annie. Mas sabe o que eu reparei? Quando eu estava saindo do quarto pra caminhar, vi que a senhorita não estava na cama e meu namorado me disse que ontem viu o senhor Perseu sair à noite. Você tem algo pra admitir?

– Olhem aqui, vocês duas. Podem parar com essas gracinhas de saírem a noite com seus namorados e me abandonar sozinha com Dany.

– Desculpa, Tris – dissemos juntas.

– Desculpadas, mas com uma condição: quero saber dessas histórias ai.

Contamos cada uma sua versão. A versão de Mione foi que: Ron havia ido chama-la lá no quarto pra eles darem uma volta. Então, depois de escaparem de mim, eles foram lá fora, mas não caminharam, porque se sentaram num banco e ficaram namorando. Contei que estava inocentemente lendo e que Percy apareceu e eu não pude manda-lo embora.

Quando fomos embora, umas cinco e meia, fomos direto pra casa tomar banho pra poder ir no parque de diversões. Coloquei um vestido branco que tinha a muito tempo e nunca usara. Minha mãe devia ter posto na minha mala.

– Meninas, vamos!

Nós descemos as escadas. Os meninos estavam lá embaixo nos esperando. Nos juntamos a eles e entramos na van que meus pais haviam alugado.

Foi um desastre total. Foi um desastre no sentido maturidade por parte de alguns componentes dos casais (vide Percy, Tris e Ron). Chegando no parque, ninguém segurou essas três crianças que pareciam nunca ter ido em um parque de diversões.

Voltando do parque, estávamos todos sujos e suados e precisávamos tomar outro banho. Depois de tomado, as três crianças não aguentaram e dormiram imediatamente enquanto o restante de nós (eu, Mione e Tobias) desceu para ver um filme.

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Nosso terceiro dia na praia foi basicamente como o segundo, só com a pequena diferença de que nossos pais nos acompanharam. Um pequeno detalhe vergonhoso para mim e para meu irmão foi que nossos pais, mais especificamente nossa mãe, ficava a cada meia hora nos chamando para passar protetor. Teria sido menos vergonhoso se ela tivesse chamado só a mim e aos meus irmãos, e talvez Percy, por convivência, mas não todos os outros ali presentes. Sério, se houvesse um buraco bem fundo ali, eu e meu irmão teríamos posto a cabeça lá.

Saindo da praia, fomos direto pra casa. Já era noite isso e as meninas tinham que arrumar suas malas. Como a minha estava praticamente intocada, perguntei a Percy se ele queria dar uma volta pela praça. Ele aceitou e nós fomos pedir pra minha mãe.

– Ok, vocês dois podem ir, mas voltem antes das nove, ok?

– Sim, senhora.

Saímos de casa e fomos até a praia. Tiramos os chinelos (que, apesar de nossos esforços continuavam a ficar presos na areia) e fomos caminhando, sem um destino aparente.

– Então Annie, gostaria de dar um mergulho?

– Nem pense nisso, Percy. Está tarde e nós podemos ficar resfriados.

– Pare de ser tão racional por um tempo, por favor.

– Não dá. Se eu não fosse racional, nós já teríamos morrido, Cabeça de Alga.

– Quer saber?

Ele me pegou, como um saco de batata e me levou em direção ao mar. Embora estivesse brava com ele, comecei a gritar e dar risada. Ele nos jogou na água, contra uma enorme onda e depois me beijou. Embora houvesse um leve gosto salgado em seus lábios, continuava maravilhoso. Saímos da água e eu consegui convence-lo a ir direto pra casa.

Chegando lá, minha mãe disse a mesma coisa que eu havia dito.

– Eu tentei avisar, mãe. Mas alguém não quis me escutar.

– Vão os dois trocar de roupa porque nós vamos dormir cedo hoje pra pegar o avião amanhã.

Obedecemos sem hesitação. Na manhã seguinte, estávamos dentro de um avião voando de volta para nossa casa.