Em branco. Perfeitamente em branco.

Sasuke confessava ter acreditado que seria fácil, confessava não ter sequer cogitado que doeria.

Só que doera. E muito, aliás.

Cada mísera palavra lhe esfaqueara a alma com memórias do passado.

Sakura, escrevera no papel há – droga! – uma hora, doze minutos e quatro segundos. E parara por aí porque o que ele escreveria, de fato? Começaria falando sobre seu irmão? Se atreveria a contar quem eram os reais responsáveis pelo Massacre Uchiha? Quem sabe se limitaria a confessar que, no fundo, o que lhe irritava nela era que ela o fazia não se irritar?

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Foi aí que a agonia toda começou. Sasuke se lembrou de tudo. Tudo e ao mesmo tempo. O que era verdadeiramente impossível de suportar para alguém como ele, tão treinado a remoer um problema por vez. Imóvel, ouviu a voz do irmão falhando instantes antes de morrer. Imóvel, tragou involuntariamente o perfume dos cabelos da mãe misturado com o odor do sangue. Imóvel, viu os olhos de Sakura sendo eclipsados pela tristeza não uma, duas, ou mesmo três vezes. Ele a magoara tanto, tanto, tanto.

No entanto, admitia ter feito o certo. Fora o único meio que encontrara para poupá-la.

E ele não pediria por desculpas. Não mesmo. Não por mantê-la viva.

Obrigado, foi a segunda e penúltima coisa que escreveu no bilhete que antes tivera a pretensão de uma carta.

Um obrigado por tê-lo feito sorrir a contragosto, por tê-lo feito se apaixonar por cor-de-rosa, por tê-lo feito se sentir amado. Um obrigado por lhe fazer sentir inveja da perícia dela em não se deixar enganar por genjutsus e por lhe fazer sentir inveja de Naruto pela proximidade dele com ela ser tão mais simples que para Sasuke. Um obrigado por ela ter amadurecido, ter se tornado forte e independente. Um obrigado pelo que ocorrera na Floresta da Morte como um todo – ainda que ele confessasse ter perdido o controle quando a vira tão machucada, quando notara seu cabelo tão terrivelmente repicado.

Sasuke tremeu, as gotas de seu próprio sangue, que ele decidira usar como tinta, respingando minimamente e borrando suas míseras duas palavras.

Retalhada.

Arrancada impetuosamente do próprio leito.

Ferida.

Destroçada.

Sakura (ele não ousaria a mesmo pensar nela com o pronome possessivo sua antecedendo o nome. Ela merecia algo melhor. Algo que não a tivesse contundido tanto. Não que Sasuke não fosse tentar tê-la. Ele nunca fora tão nobre e nem detinha de tal estúpida pretensão) fora como uma flor de cerejeira mesmo. E ele quisera tanto pousá-la em seu travesseiro, e ele quisera tanto contemplá-la; fazê-la se sentir amada. Entretanto, obrigara-se a sufocá-la, amassá-la, jogá-la na lama em pleno inverno apenas para ter a certeza de que um outro não faria pior.

Obrigado era tudo o que ele poderia dizer. Obrigado por ela nunca ter desistido dele.

Finalizou aquilo com um simples assinar de seu próprio nome e com o sangue fervilhando em ácido. Gostaria de ter escrito mais porque ela merecia, todavia, não era capaz.

Porque mesmo escrever eu te amo já doía.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.