Lovezone
Solidão nunca mais.
Eu estava no chão. Sem forças. Sem vontade de viver. Com medo. É engraçado pensar que tudo que sentimos não passa de coisas do cérebro. Você pode controlar sua dor. Basta ter força, a única coisa que estava me faltando.
Eu nunca gostei da minha família. Nunca pensei que ia sentir tanta falta de um homem que só tinha olhos para a pior mulher do planeta, ele foi morto, mas... Será que ele morreu ainda amando ela?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Pense em metade da escola. Pense que tudo isso passou pelo meu quarto para dar os pêsames mais falsos que possa imaginar. Pense que eu me sentia pior a cada pessoa que me lançava um olhar de pena. Pena é a última coisa que eu preciso nesse momento. Pena é desnecessária.
Eu sei que pode parecer rude da minha parte, mas eu não quero ver mais ninguém hoje. Eu só quero ficar na escuridão, por sinal, é a única que me entende. Castiel disse que me amava. Não preciso de uma gota de compaixão. Eu só queria ter uma vida onde a morte não fosse um problema.
Eu tinha a permissão de sair da escola para ir ao enterro e ao funeral, que iam acontecer às 19h30min. Não vou ir, se quer saber. Não estou nem um pouco a fim de sair de onde me sinto confortável para ver uma pessoa morta, uma pessoa má, uma traidora e várias pessoas idiotas. Não interessa se é minha família. Na verdade não são. Deixou de ser uma família quando minha mãe foi embora. Não sinto mais nada por eles.
– Christie abra a porta, eu sei que está aí. – Era a voz de Castiel.
– Não. Não estou bem. Pode ir embora, por favor?
– Não pretendo sair então.
– Castiel – suspirei –, me deixe em paz, apenas.
– Não. Não precisa de mais tempo sozinha. Eu entendo como se sente. Eu passei minha vida toda morando sozinho, isso é a última coisa de que precisa. Agora, abra essa porta.
Relutante, eu abri.
– Eu odeio minha vida. – Disse chorando de novo.
– Não diga isso. Tudo vai melhorar.
– Espero que pela primeira vez esteja certo. – Mais uma lágrima correu pela minha bochecha.
– Não se preocupe, eu estou. Eu vim aqui dizer que estão te procurando na secretária...
– Quem?
– Não sei ao certo. Quer que eu vá com você? Parece importante...
Eu pensei em negar. Podia ser um parente, mas eu tive a sensação de que definitivamente ia mudar o curso das coisas facilmente, então assenti.
Descemos as escadas e acabamos no escritório grande de paredes beges e duas senhoras atendendo telefonemas.
– Hum, senhora? – Chamei a primeira.
– Senhora é minha avó! – Respondeu indignada.
– Por favor, MOÇA, pode me levar até a pessoa que gostaria de me ver? – Corrigi.
– Claro, querida. – Sorriu azedamente.
Ela nos levou até uma sala que se conectava ao portão principal, onde os pais entravam.
Já de relance, vi cabelos negros, lisos e longos atrás de outra senhora.
Claro que imaginei tudo, menos ver olhos vermelhos-rubi grandes e expressivos ao se virar para mim. Parecia que estava olhando um espelho.
– Caralho – Soltei sem querer quando vi a moça, e logo depois associei tudo e fiquei boquiaberta.
– Christie...? AH MEU DEUS, MINHA FILHA! – Ela saltou em cima de mim com um sorriso gigante no rosto.
– VOCÊ É MINHA MÃE? AJHDAJNDAUHBSUAABS – Soltei um som louco de felicidade.
– SOU!
Ficamos abraçadas por um tempo, até cair a ficha de que ela havia me abandonado.
– Por que me abandonou? Eu não sei nem seu nome... – Perguntei simplesmente.
– Foi para seu próprio bem... Acredite.
– Há uma justificativa para isso?! Sabe quanta coisa eu passei?!
– Eu sei por que estive presente em tudo. Eu te observei durante anos, para ver se estava bem. Pretendia fazer isso até tomar sua própria consciência e aceitar tudo que aconteceu... Mas isso... Isso foi a gota d’água. Vicky passou de um limite muito alto, até para ela...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Eu quero ficar com raiva, mas... Eu não consigo... – Quase chorei novamente.
– A única coisa que importa é que agora sabe que não está sozinha. Nunca estará... Até porque esse rapaz bonito parece gostar bastante de você. – Ela sussurrou a última parte no meu ouvido, se referindo á Castiel.
– Pffff, que mau gosto!
– Eu consigo ver em seus olhos que gosta dele... – Continuou sussurrando.
– Nem de longe!
– Prefere que ele chegue perto, então? – Ela vez uma cara de tarada.
– Não! Esqueça...
– Como poderia esquecer o meu genro?
– MÃE! – Reparei que pela primeira vez eu falei a palavra que mais queria citar no mundo.
Rimos e conversamos mais um pouco, até ela dizer uma coisa que eu não queria ouvir:
– Eu sinto muito, mas... Eu tenho que ir. – Seus olhos se encheram de lágrimas.
– Não vai nem me dizer seu nome antes de ir?
– É Dahlia. – Sorriu por uma última vez e depois apenas se retirou da sala sem nem se despedir. Agora eu sei pra quem puxei...
– Vai ficar bem agora? – Castiel perguntou.
– Melhor que antes, tomate.
Pode ter certeza de que nunca mais vou me sentir sozinha.
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