– Vicki? O que você tá fazendo aqui? - perguntou Pedro, confuso.

– Ué, já disse. Eu moro aqui. Moro aqui desde que me mudei de São Paulo. Coincidência, né?

– Ô... ótima.

– Pê, essa caixa aqui é mais pesada. Cê me aju... que que essa vagabunda tá fazendo aqui? - perguntou Karina, já preparando-se pra avançar nela.

– Calma, meu amor. Esquece que ela existe. Vem, vamos continuar a mudança da NOSSA casa. - disse o guitarrista, acalmando a lutadora esquentada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Pedro Ramos, pode ir me explicando o que aquela piranha tá fazendo aqui! - gritou K, quando seu namorado a empurrou pra dentro de casa.

– Você não vai gostar se eu te falar.

– Não interessa. Vamos, fala!

– Aparentemente, ela é a nossa vizinha.

– O quê?! - gritou a lutadora, fazendo de tudo para atravessar o portal mas tendo Pedro segurando seu corpo.

– Esquentadinha, você não vai lá. Esquece essa garota e vamos continuar a mudança.

– Pedro, como é que você po...

– Então vamos fazer assim: trazemos todas as caixas e móveis pra cá e aí podemos conversar o quanto você quiser sobre ela, ok?

– Tá, tá certo.

Com a ajuda que recebiam, não foi muito difícil de trazer o que sobrava e em cinco minutos todas as caixas estavam lá e os entregadores seguiram seu rumo. Cada um sentou em uma caixa e, finalmente, começaram a conversar sobre o que aconteceu.

– Pedro, me diz exatamente o que aconteceu. - pediu Karina.

– K, não foi nada demais. Eu tava trazendo uma das nossas caixas e ouvi uma voz que reconheci. Quando eu virei, vi a Vicki. Só isso.

– O que ela falou contigo?

– Ah, esquece isso.

– Pedro, você escolhe. Ou ei arrebento ela, arrebento você ou arrebento os dois juntos.

– Tem a opção "não arrebentar o Pedro e encher ele de amor e carinho pra todo o sempre"?

– Tem. No céu, que é pra onde vou te mandar se não me disser. Fala!

– Tá, tá bom, K. Ela disse "Nossa, meu novo vizinho é um gato". Aí me virei e vi ela. Só.

– Ah, mas eu vou acabar com essa menina. - disse Karina, já se levantando.

– Não vai acabar com ninguém. Você vai ficar aqui comigo e me ajudar a arrumar a casa, ou você prefere dormir no chão?

Reconhecendo que o namorado estava certo, a lutadora acalmou-se um pouco. Ajudou-o a levantar e o casal foi ao que seria o quarto deles, junto do que viria a se tornar a cama. Como nenhum dos dois possuí paciência para ler o manual de instruções, o serviço demorou a sair. Quando finalmente encaixaram o colchão e ficaram cara-a-cara com uma cama nova em folha, jogaram-se, exaustos, para poder desfrutar do leito recém-adquirido.

– Preparado pra toda noite dormir cheirando meus cabelos, guitarrista? - perguntou Karina, com um jeito provocativo no olhar.

– Só se você tiver preparada pra sempre ter que dividir o banheiro comigo. - respondeu Pedro.

– Eca, que nojo, Pê.

– Ué, são fatos da vida. Mais cedo ou mais tarde vai acontecer.

– Vem que ainda falta montar bastante coisa.

A partir dali, decidiram só arrumar as coisas que seriam realmente essenciais. Colocaram, sem muitas dificuldades, a geladeira na cozinha e guardaram um local especial para o microondas. Aquilo ainda seria muito usado. A preguiça falou mais alto e o casal decidiu deixar o fogão para outra hora. Viveriam de comida congelada e entrega até terem disposição para fazer mais coisas. Com a cozinha quase toda montada, resolveram deixar o resto para outro dia e aproveitaram para desempacotar as caixas que continham roupas. Quando acharam que a arrumação havia sido o suficiente, deitaram-se na cama e ali ficaram, apenas curtindo a presença um do outro, vez ou outra se beijando.

– Sabia que eu te amo? - perguntou Pedro, acariciando os cabelos loiros da garota.

– Sabia que tô com fome? - respondeu a lutadora, com um sorriso travesso no rosto.

– Se depender de mim cê vai morrer de fome enquanto não falar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Pê, você sabe que não sou melosa. Você sabe que sim, então pra que o drama? - perguntou K, subindo por cima do corpo do rapaz e sentando em sua barriga.

– Eu gosto de saber, ué. Algum problema com isso?

– Mas cê é chato, hein. - disse a loira, aproximando-se do ouvido dele e sussurrando, enquanto preparava o bote para sua orelha. - Te amo, meu maluco.

– Mas que coisa linda. Merece recompensa.

– Qual? Comida?

– Ia dizer essa, mas mudei de ideia. Que que cê acha de... cosquinha! - disse Pedro, atacando a garota com cócegas.

– Ai, Pê, para, para, por favor.

– Quem é o melhor namorado do mundo?

– Você, você, agora para.

– Ok. Deixa eu te dar seu verdadeiro prêmio. - disse o guitarrista, puxando Karina para um beijo.

Logo depois do beijo, Pedro finalmente decidiu pedir comida. Ligou para a pizzaria onde geralmente pediam e pediu uma metade aliche e metade calabresa. Enquanto aguardavam a chegada da pizza, engajaram-se em uma sessão de amassos de tirar o fôlego. Cada vez mais iam perdendo as amarras, até que ouviram o som da campainha.

– K, atende você? Já pedi ela.

– Tá, tá, tô indo. - disse a garota, enquanto colocava seu short que havia voado no meio da confusão.

Quando abriu a porta, no entanto, Karina não encontrou um entregador. A garota encontrou, na sua frente, Vicki, trajando apenas uma blusa simples de pijama e uma calcinha.

– Ah, será que você podia chamar o Cabeludinho? Queria tirar uma dúvida com ele sobre a Ribalta, sabe? - perguntou a cantora.

– Primeiro de tudo, garota, você não tem que querer nada, ouviu? E outra, vaza da minha frente agora ou eu acabo com a sua raça. Hoje foi um dia cansativo, foi um dia estressante e eu quero guardar o que me sobrou de energia pra aproveitar com o meu namorado e não batendo na minha nova vizinha piriguete, sacou? Agora você vai voltar pra sua casa e eu vou voltar pro meu quarto, estamos entendidas? Passar bem. - disse a garota, fechando a porta na cara de Vicki.

No meio do caminho para o quarto, enquanto dava passos pesados no chão, ouviu a porta mais uma vez ser batida. Voltou à toda para lá e gritou um sonoro:

– O que que eu te falei, sua lambisgóia?!

– Hã... aqui que pediram a pizza? - perguntou o entregador, confuso.

– Ah... desculpa. É, foi aqui sim. Pera, deixa eu pegar o dinheiro.

Depois de pagá-lo, pegou o refrigerante e a pizza e levou-os ao quarto.

– K, que gritaria foi aquela? - perguntou Pedro, assustado.

– Não foi nada. Vai lá na cozinha, na caixa de louça e pega os pratos e copos.

– Podexá.

O guitarrista levantou-se num pulo e, alguns segundos depois voltou trazendo dois pratos e, para a surpresa de Karina, taças e champanhe.

– Pra que que é isso aí? - indagou a lutadora.

– Sei que pizza e champanhe não combinam muito, mas isso aqui é pra comemorar. - disse o rapaz enchendo as taças e a oferecendo uma. - À nossa felicidade, Esquentadinha.

– À nossa felicidade, meu guitarrista. - disse Karina, brindando junto do namorado.

O resto da noite foi bem tranquila, com os dois conversando, bebendo e aproveitando a pizza. Quando conferiram as horas, já passava da meia-noite.

– Pê, tenho que dormir. Tem a facul amanhã. - disse K, beijando o garoto.

– Tá, tá bom. Deixa só eu jogar essa caixa fora e eu já venho.

Enquanto Pedro ia jogar fora o lixo, a mente de K mais uma vez a fez pensar em Vicki e o ódio tomou conta dela novamente. Porém, quando o guitarrista voltou, um sorriso abriu-se em seu rosto e o abraçou, preparando-se para dormir. Pedro a tomou nos braços e os dois deitaram de conchinha na cama. O rapaz acariciava os cabelos da loira e cheirava o doce perfume que ela usava, até que disse:

– Te amo, Esquentadinha.

Ao não obter resposta, percebeu que a garota estava dormindo, o que o fez sorrir e aconchegou-se no corpo dela.