Merry Christmas Arabella

Merry Christmas Arabella


Merry Christmas Arabella

Dia vinte e quatro de dezembro de dois mil e treze. Eu caminhava em direção a um bar. Um bar, que frequentava regularmente todas as sextas-feiras, mesmo hoje sendo uma empolgante quarta de Natal, estava a procura de uma bebida que aquecesse o meu coração frio, nesta data tão comemorativa e feliz. Bebidas foram feitas para celebrações enquanto nossas mentes trazem vulnerabilidade à nossa alma, com lembranças e mais lembranças. Acredito que tudo pode ser superado com uma boa dose e companhia de um copo de Whisky, talvez mais alguns pois hoje é para festejar e se alegrar. Mas por que eu não estava com meus familiares e amigos, reunidos ao redor de uma grande árvore de Natal com luzes piscantes e presentes coloridos sobre o tapete vermelho, sentido o aconchego de uma lareira acesa com todos que eu amo ? Simples, a reposta é que não possuo.

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Poderia nevar a noite inteira que isso não afetaria a minha homeostasia interna, porque para quem possui um coração congelado o que está fora não afeta mais.

O bar não estava muito enfeitado por fora, já que todos que entrarem só perceberão uma única coisa: O Barman. Para todos os botequeiros o mais importante é o barman, e ele tem a importância de não perder um bom cliente, todos estamos em suas mãos. Como se fosse uma dança, a mulher chega deslumbrante atraindo atenção de todos os homens, mas apenas o que lhe for mais convidativo e atraente será a quem ela dará a oportunidade de tira-la para dançar. É assim que acontece quando um botequeiro chega ao bar, o barman olha e lhe sorri convidativo a tomar uma bebida, sendo atraente a te servir de modo como que queira. Quando começa a dança, o homem conduz a mulher, a domina à sua maneira, a incentiva e a reprime, de forma cativante conversa ao seu ouvido deixando-a a vontade. O botequeiro é conduzido a beber, mais ou menos, conta seus segredos sendo seduzido pelo encante de um barman.

Como de costume, me sentei ao banco alto de madeira escura, apoiei meus cotovelos e dedilhei meus dedos sobre o balcão mogno, na espera de me servirem. Havia um pequeno grupo sendo atendido, e mais três pessoas estranhas e isoladas nos cantos daquele bar. Enquanto isto, o barman se aproximava em direção a minha garrafa preferida. Pegou a garrafa de Whisky, e veio em minha direção. Me deu um belo sorriso, e colocou dois copos sobre o balcão. Franzi o cenho, não entendendo o segundo copo. Será que, finalmente, iria beber comigo ?

– Hoje eu irei beber com você, você sempre me convida, me paga bebidas e eu nunca tive oportunidade de aceitar. Mas hoje é Natal. E eu quero celebrar com alguém. - respondeu firmemente me olhando com estes par de olhos sedutores.

– Por que quer celebrar comigo ? Poderia estar com sua família ou amigos. E deixar a bebida para o ano que vem. - perguntei de forma sutil e cômica.

– Por te ver toda sexta-feira, te acho mais importante do que minha família ou amigos. - sorriu de canto para mim, não pude conter e lhe sorri abertamente de volta.

– Eu agradeço sua gentileza, e fico ainda mais feliz por ter aceitado beber um Whisky comigo. - falei enquanto éramos servidos.

Me entregou o copo e erguemos nossas mãos em função de um irônico brinde natalino. ''Tim Tim''. Sorvia lentamente o líquido que descia queimando e aquecendo, me tirando de uma frieza total. E que me deixasse em uma embriaguez tão aconchegante quanto uma lareira. Era o que eu esperava.

– Er... de fato, prefiro o gosto de uma tequila. - falou com uma cara de quem ''comeu e não gostou''.

– Não seja por isso, nosso próximo brinde será com tequila então, já que não gosta de Whisky. - soltei uma risada travessa. – Posso te oferecer um cigarro ou estou de corrompendo muito por hoje ?

– Para a sua lista de coisas sobre mim, sabia que eu também fumo. Vamos lá fora. -disse caminhado por de trás do balcão até a porta de saída.

Levantei-me e segui a minha companhia, que pela primeira vez não era um copo de Whisky, mas alguém que de alguma forma eu já conhecia. Não somente pelas regulares sextas-feiras. Talvez de outras vidas. De outros mundos ou outras galáxias. A partir do momento que vi aquelas costas, cobertas por um casaco preto, parada na soleira da porta. Me desejando ao seu encontro. Me esperando e me olhando já com o cigarro na boca, naqueles lábios, senti um calor me invadindo de dentro para fora, ao som da minha música preferida. Arabella do Arctic Monkeys.

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Quando já estávamos lá fora, acendíamos o cigarro e tragávamos nos interrogado mentalmente. ‘’ O que deve estar pensando ? ‘’ Antes que eu pudesse quebrar o gelo, já ouvia o som daquela voz sendo proferida.

– Essa música é boa, não né ? - me indagou com certa seriedade.

– Demais ! Eles arrasaram com esse som. - respondi soltando a fumaça que consumia meus pulmões, demonstrando um certo entusiasmo na resposta.

– Eu sabia que você gostava. Era tão óbvio quanto saber que amanhã o sol vai aparecer. - dizia me encarando, me penetrando vagarosamente com sua aura sexy.

– Como assim ? O que você quer dizer com isso ? - perguntei querendo ouvir sua voz de novo.

– Porque toda vez que escuto essa música é o seu rosto que vem em minha mente. - falou ficando totalmente de frente à mim. - Seu modo peculiar de ser... - tocava meus cabelos carinhosamente, e se aproximava fixando seus olhos em meus lábios – A curiosidade de beijar esses lábios de outra galáxia, provando um universo paralelo. Se você soubesse em cada vez que eu te sirvo, que te vejo bebendo um copo de Whisky... - suas palavras saiam devagar na forma em que umedecia os lábios – Oh, como eu queria ser o copo em que você esfrega os seus lábios e o Whisky que você suga.

E me beijou. Já havia me esquecido quão bom era beijar. Beijar com vontade. Beijar como se estivesse tomando meu Whisky ou tragando um cigarro. Beijar era quente, molhado e incandescente. Diferente do meu coração que há poucas horas se encontrava frio, seco e sem vida. Sentir aqueles lábios contrastava com todo o meu ser. Os movimentos me conduziam, me incentivavam, me incendiavam e me consumiam. Suas mãos estavam em minha nuca e me trazia mais para si. Instintivamente, eu fazia o mesmo com seus cabelos de forma necessitada de mais. Porque eu queria mais. Queríamos mais. Entretanto, sem eu entender e querer, o beijo cessou. Abri meus olhos interrogativos, vendo seus lábios inchados projetarem um sorriso de satisfação, retirando algo do bolso, pronunciou:

– Feliz Natal ! Tome, é pra você - me entregou ansiosamente um cartão.

Sem entender nada, apenas assenti pegando o cartão. O abri e estava escrito.

'' Merry Christmas, Arabella ''

Sem evitar, dei uma risada e lhe sorri.

– Feliz Natal para você também, Sasuke...

E o beijei com intensidade aproveitando o melhor Natal que eu poderia ter em anos.

Afinal, Sasuke, você será meu amanhã ou somente esta noite ?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.