O anjo da Noite

Último Capitulo


(Mac Narrando...)

Quem realmente somos? Onde pretendemos chegar?
Hoje faz cinco meses desde o incêndio onde perdi parte dos meus cabelos e adquirir cabelos brancos... Foram tantas preocupações pra uma tarde só.
Mas deixem-me contar um pouco mais do que aconteceu no decorrer desses dias que foram tumultuados e de aflição para mim e para os novos futuros papais.
Me agarrei a todas as expectativas de que Stella se recuperaria sem precisar se submeter a nada, e que teríamos outra lua de mel, mas não foi bem o que aconteceu.
Quanto a Jessica e Flack eu fico feliz em presenciar o quanto o amor deles é forte apesar de todas as brigas e separações que duram no máximo uns três minutos (risos) Eles descobriram que Jess tem pressão alta e que por isso a gravidez seria de risco caso ela não fizesse tudo que o médico recomendara, mas com amor, creio eu, tudo é possível.
Lindsay e Danny viajaram para o Caribe mês passado para curtir as férias tão desejadas e merecidas, há dois meses Lindsay descobriu que esperava outro filho, e foi uma felicidade só. A família Messer é mesmo abençoada.
Caleb está num acampamento de férias, desde o incêndio ele tem pesadelos todas as noites, e anda muito nervoso, o acampamento caiu como uma luva, lá ele irá se distrair e gastar toda energia.
Bem, voltando um pouco a mim e a Stella, posso dizer que esses meses foram cruciais em nossa vida de casados, hoje está nevando aqui e ela ama neve, decidir então colocar o sofá bem perto da janela para ficarmos olhando a neve cair, ela nesse momento esta deitada na cama, os cabelos presos e o rosto magro a deixam quase irreconhecível, mas seu olhar e suas mãos delicadas ainda me remetem a Stella saudável e cheia de energia que conheci.
Resolvi lhe escrever uma carta e a coloquei no bolso enquanto a pego no colo e a levo ao sofá, ela mal consegue andar, mês passado lhe comprei uma cadeira de rodas e apesar da dor que senti em vê-la sentada nela, a minha esposa sorriu pra mim e acenou positivamente, ela foi forte.
Diferente de mim que passei meia hora chorando no banheiro enquanto ela dormia, mas acho que ela no fundo sabe de tudo isso, pois na manhã seguinte me olhou e disse: “Ainda sou eu.” E me beijou nos lábios. Ela não é incrível?
A sentei no sofá e lhe enrolei num lençol de seda azul, me sentei ao seu lado e a envolvi em meus braços, ela estava pequena e magra, parecia uma garotinha, podia sentir sua respiração descompassada e ela sorria olhando a neve cair além da janela.

– Mac? – sua voz estava rouca.
– Sim?
– Estou tão feliz.
– Eu também. – sorrir e tirei a carta do bolso.
– O que é isso?
– Pra você. – me senti corar.
– Pode ler pra mim? – foi seu pedido
– Será um prazer. – comecei a desdobrar a carta, e nela dizia:

“ Minha querida Stella,
Talvez eu não consiga expressar tudo que sinto, pois sou péssimo em escrever o que sinto, ou até em falar.
Talvez você me desvende só com o olhar, como sempre faz, quando você me olha me sinto nu, nu de medos, de reservas, de tristeza, aos seus olhos eu sou o que eu realmente quero ser sempre, mas com você é mais fácil ser.
Quando eu ti vi pela primeira vez eu pensei que tudo fosse acabar ali mesmo, mas você me mostrou que tudo é possível.
Você me tornou um homem mais feliz e vivo, eu vivi quando te beijei a primeira vez e quando você disse que me amava, e assim que você disse “sim” a mim naquele altar eu fui e sempre serei o homem mais especial que já existiu.
Não posso negar que todos os dias me sinto frustrado e fraco ao te ver dessa forma, mas daí eu penso que te tive em meus braços por horas a fio e que em algum lugar, algum dia, nos encontraremos de novo, e então te beijarei e te amarei com mais intensidade, e que você dirá que me ama e que nunca mais nos deixaremos... E quando esse dia chegar eu estarei liberto e serei para sempre seu.
Então baby, quero que saiba que cuidarei de tudo pra quando você voltar, pra quando eu te ter de novo em meus braços eu puder me sentir inteiro novamente.
Sou só metade sem você.
Lamento que não ter podido te curar, mas lamento mais ainda não ter te entendido logo de começo e ter te apoiado com deveria, como você merecia.
Lamento não poder esticar o tempo e ouvir sua risada novamente, Lamento não poder guardar cada detalhe seu, pois no futuro a memória me irá falhar, lamento não poder ser a cura para seu mal, sendo que você foi a cura na minha vida, Lamento não ter forças suficientes para não chorar e estar sempre tão forte quanto você... Lamento não ter te agarrado com tanta força que nem Deus pudesse te arrancar de mim...
Mas, eu quero que saiba que até o último momento de todas as minhas vidas eu vou te amar, pois em todas as minhas vidas restará em meu coração um pedaço de você, pois não existe vida sem você.”

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Quando acabei de ler a carta, Stella enxugava pela terceira vez ou mais os olhos, ela se juntou mais a mim e deixou que o silêncio trouxesse todas as respostas aos nossos corações feridos e solitários, passamos os últimos cinco minutos assim: calados, fungando, pois as lágrimas não deixavam de cair, e quando enfim nos recuperamos ela disse:

– Sempre pensei que teria mais tempo...
– Sempre quis que você tivesse.
– Mas fomos muito felizes, não é? – ela me olhou e meu coração parou
– Sim, muito... - minha boca estava seca.
– Eu acho que a vida é boa Mac... – ela olhava para a janela
– Eu acho que ela ficou boa quando você apareceu. – sorrir a encarando.

Ela virou para mim.

– Mac?
– Sim?
– Você acredita em vida após a morte?
– Sim. – sorrir de canto
– Eu voltarei pra você... Serei aquela mulher chata e que te desafiará sempre – sorriu
– Me apaixonarei por você a primeira vista.

A beijei na cabeça e ela tremia, a enrolei e continuamos a observar a neve, ela caia lenta e despreocupada, parecia não haver pressa em seu mundo, nem problemas, era sua obrigação cair mas isso não a fazia parecer triste ou monótona, ela se reinventava, e eu aprendi que essa é a lei da vida.
Então a resposta para a pergunta “Quem realmente somos?” É que somos aquilo que amamos, somos a vida, somos a paz, somos aquela música boa que perpetua sendo a trilha sonora de nossas vidas, somos Deus, somos o paraíso, somos aquele sorriso, aquela respiração calma de quando dormimos.
Eu sou parte de Stella Bonasera.
Conseqüentemente a resposta para a pergunta “Onde pretendemos chegar?” É que chegaremos onde aquilo que amamos chegar, a musica chega na alma, a paz na nossa vida, o sorriso chega quando pensamos em coisas boas, e para mim, o amor chega quando vejo Stella e chegarei onde ela chegar, por que sou dela e ela é minha.
A neve continuava a cair quando as mãos de Stella que seguravam as minhas afrouxaram num suspiro cansado e ela adormeceu.
Escondi a face nas mãos e deixei que tudo viesse, ela continuava ao meu lado e a neve, assim como ela, caia sem problemas, sem interrupções, sem medo... Era puro.
O cheiro de hortelã estava empreguinado na minha vida, na sala, nas roupas de cama e nas minhas roupas...
Deixei que o tempo passasse mais um pouco e a enrolei novamente, a neve caia e parecia me olhar, estava desabando, não sei quem desabava mais, ela ou eu.
Ela era branca e frágil, tinha traços leves e verdadeiros, era fria e adormecida quando caia, podia fazer pessoas felizes, mas naquele momento eu estava inerte.

Dez anos depois...

( Narrador)

Mac terminava de embalar algumas coisas que levaria para seu novo lar, agora a casa parecia muito grande, desde que Caleb fora para a universidade.
Ele parou em frente a janela, a alguns anos atrás ele mal podia chegar até ali, suas mãos estavam trêmulas, a idade já o contemplava com sua chegada e ele não conseguia mais guardar muitas lembranças, mas o rosto de Stella naquela madrugada uma semana antes do natal jamais lhe sairia da mente.
Enquanto ela lacrava a última caixa, um garotinho de uns nove anos entrou e correu até ele.

XXx: - Tio?! – O menino era magro e tinha olhões azuis que chamavam a atenção, seu rosto angelical remetia a imagens de anjos que encontramos nas igrejas.

Mac: - Steve! – Mac se sentou na poltrona e o garoto se sentou em seu colo.

Steve: - Papai me disse pra te ajudar.

Mac: - Flack precisa entender que não estou tão velho quanto pareço. – reclamou sorrindo

Steve: - Mamãe disse que você anda muito triste...

Mac: - Você também acha isso? – ergueu uma sobrancelha

O menino o estudou por alguns segundos e falou:

Steve: - Acho que sente falta da tia Stella.

Mac: - É, ela faz muita falta...

Steve: - Como ela era? – O menino perguntou, ele sempre perguntava isso, e sempre Mac lhe contava as mesmas coisas, era assim há anos, eles passavam horas a fio conversando.

Mac: - Perfeição a Definiria muito bem. – falou

Steve: - É verdade que ela era um anjo? – seus olhos azuis estavam arregalados.

Mac: - Sim, um anjo.

Steve: - Queria ter conhecido ela...

Mac: - Pode ter certeza que muita gente merecia tê-la conhecido. – deu um sorriso triste.

Mac se levantou e colocou Steve no chão, nesse momento Flack e Jessica, Danny e Lindsay entraram na casa.

Danny: - Então você vai mesmo embora? – olhou ao redor

Mac: - Sim, eu preciso.

Lindsay: - Boa Sorte. – o abraçou

Flack: - Iremos te visitar, se quiser...

Mac: - Claro que sim, semana que vem Caleb irá com Lucy me visitar, desde que estão namorando não se desgrudam mais... – sorriu

Danny: - Só deixando claro que ainda não me conformei – falou com cara feia.

Lindsay: - Você é mesmo um velho chato. – lhe deu uma cotovelada.

Danny: - Velho? Eu? Ontem andei com a Stella nas costas por horas!

Lindsay: - E vai passar o resto da vida reclamando das costas – falou e todos riram.

Stella era a filha deles, hoje com oito quase nove anos, a menina tem os olhos verdes e a pele branca como uma boneca.

Mac: - Precisa levá-la para me visitar.

Lindsay: - Levaremos sim.

Flack: - Então é isso? Você já vai?

Mac: - Sim.

Jessica: - Não deixaremos de te visitar. – o abraçou

Steve: - vou sentir falta, mas também irei te visitar – abraçou o tio e o beijou

Mac: - Promete?

Steve: - Prometo.

Quando chegaram do lado de fora do prédio, Mac olhou para trás e lembrou de toda uma vida vivida ali, passou as mãos pelo cabelo e sorriu.

Mac: - Adeus... – sussurrou.

Enquanto a neve caia sem preocupações como há dez anos atrás Mac entrou no taxi e entregou a chave do apartamento a Flack, sorriu e acenou para os amigos, teria uma outra vida, mas as lembranças de Stella estavam cravadas em seu peito.

~ Flash back

Stella caminhou até o marido e se deitou em seu colo, seus olhos verdes estavam iluminados.

Stella: - Eu amo você. – seu sorriso era largo
Mac: - Mas que tudo?

Stella: - Além de tudo.

Mac: - que bom...

Stella: - Ei! – lhe deu um tapa

Mac: - O que? – se fez de desentendido

Stella: - Não vai dizer que me ama?

Mac: - Não está óbvio? – sorriu – Stella, eu te amo mais que tudo! – gritou

Stella: - Pra sempre?

Mac: - Pra sempre.

~ Flash back Off

Mac sorriu e sentia o vento bater em seu rosto, ele sabia que ainda não tinha acabado, mas seguindo rumo ao cemitério ele queria que tudo voltasse, e quando se sentou no túmulo de sua amada, o cheiro de hortelã invadiu sua narinas e ele podia jurar que ouviu asas bater.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.