“Uma última caminhada antes de partir”.

É assim que defino o que estou fazendo agora. Estou andando por uma última vez pela minha cidade natal, antes de sumir daqui para sempre. Ok, pode não ser para sempre, mas será por um longo tempo...

Já é meia-noite? Deve ser. Andando e olhando para as estrelas pela última vez, assim como eu fazia cinco anos atrás, quando fazia faculdade de letras e voltava tarde da noite para casa. Meu namorado, Sasuke, às vezes me buscava, preocupando-se com meu bem estar com minha segurança. No entanto, eu sempre preferi correr o risco de ser assaltada só para ficar olhando para as estrelas e, certas vezes, ficar evitando pisar nas rachaduras das calçadas.

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Tudo isso eram coisas tão simples para mim, mas serão caminhos que eu sentirem falta de fazer, como essa magnífica última volta que estou dando por minha cidade natal, uma última vez. Magnífica por que... Eu estou andando pelo mesmo caminho que já fiz centenas de vezes, só que dessa vez, eu não estou cansada ou querendo voltar logo para casa. Quero ficar aqui sentindo que é para sempre... Mas apenas sentindo mesmo.

Faróis acendem; faróis se apagam; carros passavam ali me distraia, com as mãos dentro de minha curta jaqueta de couro marrom, que por sua vez estava por cima do meu vestido rosa que ia à um palmo abaixo do joelho. Entre toda essa distração, eu finalmente dou um passo em falso e caio no chão junto ao salto que se quebrou. Faróis acesos param, se apagam e ouço a voz doce de uma moça a me chamar...

— Querida, você está bem?! — disse a moça preocupada, que quando eu me virei no chão para olhá-la, percebi que ela poderia ter uns cinquenta anos apesar da voz.

— Estou senhora, obrigada.

— Há algo que eu possa fazer por você, querida? Alguém que eu possa telefonar?

Dei um sorriso de conforto para a mulher, tirando os dois saltos dos pés e ficando de pé.

— Não obrigada. Na verdade... Eu não estou perdida — a senhora me olhou com uma face confusa — eu estou apenas... Vagando por aqui.

A dona se demonstrou confusa com minhas palavras, mas nada mais disse além de um: “tudo bem. Só não fique muito tempo “vagando””, antes de retomar seu caminho pela estrada de cimento e pedra que havia por ali...

Qualquer um que me visse por aqui há essas horas acharia estranho. Eu mesmo acharia estranho se me visse por aqui caindo no chão e recusando ajuda ontem. Mas hoje eu estou dando adeus à minha cidade, e não há melhor forma de fazê-lo do que vagando, rodando essa gloriosa cidade natal, aonde somente o cheiro da brisa, do ar espesso e opaco, daqui, é capaz de manter minhas memórias frescas. De braços abertos e andando entre faróis que acendem e apagam, eu faço mais do que ver minha gloriosa cidade natal. Eu sinto-a por uma última vez, com os olhos fechados e as memórias frescas outra vez.

Lembro-me das saias curtas, shorts e calças que eu via passando por esse mesmo pavimento que eu passo agora. Lembro-me de todas as nossas lutas para não aguentarmos mais coisas ruins em nossas vidas, para manter nossa união e nossa amizade entre almas e espíritos de juventude eterna. Foram lutas bem válidas e das quais eu não me arrependo.

E outra coisa pela qual não me arrependo... É Sasuke. Meu amor por ele só cresceu dia após dia, e tudo o que eu amo continuará aqui juntamente com a metade do coração que eu guardarei aqui. Mas das coisas que eu mais sentirei saudade, Sasuke e as centenas de noites que passamos enrolados nos cobertores de minha cama enquanto assistíamos os mais diversos e maravilhosos filmes, trocando beijos quentes e selos de lábios macios e simples.

...

No entanto tudo isso passou. O amor foi embora, e agora eu quero viver minha vida, mesmo que isso signifique sair do pavimento que andará a pouco para entrar em meu carro recém-comprado, com as malas que possuem todas as minhas coisas dentro e, em seguida, dirigir sem rumo. No final das contas, eu sou apenas mais uma jovem “vagando”.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.