Papercuts

XVI - Uchiha


“Meu plano tinha funcionado perfeitamente, eu estava livre de Ino e com o dinheiro do meu irmão e eles pareciam estar resolvendo o problema do vazamento de informação. Mais uma vez, ser um Uchiha era glorioso.

Encarei Haru dormindo do meu lado e por algum motivo, fiquei satisfeito por ter contado o que estava acontecendo para alguém. Eu não sabia que estava fazendo uma cumplice, nem que ela seria acusada. Na verdade, eu não sabia que seríamos pegos para começo de conversa. Nunca imaginaria que estaríamos aqui contando essa maldita história.

Quando ela acordou e me encarou com seus olhos verdes, eu não senti a necessidade de sair correndo como da última vez.

– Que horas são? – foi a primeira coisa que ela perguntou. Ela já estava levantando-se e se trocando, quando puxei seu pulso e a beijei para acalmá-la.

– Ainda é cedo. – disse. - A primeira aula começa daqui uma hora.

Ela suspirou aliviada e sentou na cama.

– Você realmente sabe os horários das aulas ou está chutando? – perguntou, achando graça e eu fingi uma risada irônica.

– Você quer ver minhas notas? Sou um aluno exemplar, Haru.

– Cobrando favores e subornando os professores, até Ino seria. – ela provocou e eu peguei o meu laptop. Entrei na página da faculdade e mostrei-lhe meu histórico.

– Você acredita que todos esses professores são manipuláveis? – vi sua expressão mudar e sorri orgulhoso. Eu era um aluno bom de verdade. Não fazia trabalhos e lição de casa, mas para mim, prestar atenção na aula já era mais o que o suficiente para saber a matéria. Eu sempre insistia para Naruto que prestar atenção era mais fácil, mas ele preferia fazer tudo da maneira mais difícil e se matar de estudar.

– Se você tem noções de história e ética, como pode ser tão incrivelmente idiota?

– Você já conversou com o nosso professor de ética? Seus pensamentos beiram ao retardo mental. – retruquei.

– É verdade. – ela riu. – Mas isso não responde minha pergunta. Eu acho que você só finge.

– Isso daria muito trabalho.

Haru deu um sorriso debochado e mudou de assunto, sem saber o quão certa ela estava. A sociedade universitária beira ao patético, não podemos nos esforçar muito nos estudos ou somos considerados perdedores, mas se não conseguimos um bom emprego e boas recomendações, somos mais perdedores ainda.

Eu sou um cara incrivelmente inteligente, e apesar de meus amigos saberem disso, a maioria não sabe o quanto eu prestava atenção nas aulas ou ia em quase todas que eu fingia não ir. Até fazia alguns trabalhos de vez em quando.

Quando finalmente deu o horário da aula, saímos juntos da Taka, recebendo olhares julgadores dos meus amigos, especialmente de Naruto, que me puxou de lado, inventando uma desculpa burra para que Haru não percebesse.

– O que você está fazendo? Nós combinamos que Haru é território proibido! – ele exclamou, alto demais. O puxei mais para dentro da casa, enquanto ela esperava na porta e respondi:

– Eu prometi que não ia machucá-la. E não vou. Agora cai fora.

Naruto revirou os olhos e soltou meu braço, dando um último olhar de aviso. Até parece que ele poderia me ameaçar com qualquer coisa.

– O que foi isso? – Haru perguntou quando a encontrei.

– Naruto sendo o Naruto. – me limitei em dizer e ela soltou minha mão imediatamente. Por um instante achei que tinha dito alguma coisa errada e estava prestes a me defender, mas ela explicou:

– Ino.

É claro. Eu tinha acabado de terminar com Ino, não podia simplesmente sair por ai sendo visto com a sua melhor amiga, ia pegar mal para ela. Óbvio que eu não me importava, mas Haru parecia estar começando a entrar em pânico.

– Como eu sou burra! Todas aquelas pessoas da Taka nos viram, daqui a pouco todo mundo vai saber! Ai sim que ela nunca mais falar comigo! – ela começou a surtar.

Segurei os ombros dela.

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– Relaxa. Os caras da Taka nunca falam da minha vida, nós temos um acordo. Ninguém vai saber, seremos discretos. – tentei acalmá-la. – Acredite, eu entendo disso.

Ela respirou fundo e me encarou com confiança. Era raro alguém confiar nas minhas palavras assim de primeira. Mas era verdade, os membros da Taka não podiam falar da vida amorosa de outro membro, era a regra mais importante da nossa fraternidade, já que muitos de nós gostávamos de aproveitar muito todos os tipos de mulheres, às vezes várias de uma vez só.

– Ok. Então eu vou primeiro e você chega atrasado, como sempre. – ela disse.

– Ah, então quer dizer que você repara no horário que eu chego? – provoquei e recebi um dedo do meio de resposta, enquanto ela se afastava. Era estranho, porque diferente de todas as outras minas que eu tinha pegado, eu não estava feliz quando vi Haru ir embora e pronto para outra.

Eu realmente queria ter passado mais tempo com ela e isso era tão extremamente novo para mim, que por um momento eu quis ir em um strip-club só para me sentir mais homem.

Meu celular tocou e interrompeu meus pensamentos de dondoca. Era Itachi, então eu demorei para atender, não queria ter que falar sobre política e coisas ilegais com ele, estava cansado de toda a história da empresa e da Akatsuki.

– Sasuke? – ele perguntou, quando finalmente atendi, depois de um longo suspiro.

– Fala.

– Nós podemos ter te salvado aquela vez, mas você ainda não está completamente seguro. Os homens Yamanaka vão continuar indo atrás de você. – ele disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Então cuide disso. Só me meti nisso por culpa sua. – respondi com rancor. Apesar de não querer contar a verdade, também não estava afim de apanhar mais, estragava o meu rosto.

Ouvi Itachi suspirando.

– Já estamos cuidando. Eu quero que você fale uma coisa para eles da próxima vez. Invente que você só estava fazendo o trabalho sujo de alguém, que não sabia de nada que estava acontecendo e roubou o documento porque mandaram você roubar.

– Bom, isso meio que é verdade, não é? E eles não vão acreditar em mim. – respondi, virando os olhos. Meu irmão podia ser burro às vezes.

– Vão se você mencionar o nome de nosso tio.

– Madara? O que ele tem a ver com isso? – perguntei.

– É melhor você não saber. Mas é importante que você fale que foi ele, entendeu? Nós vamos cuidar para que eles parem de te perseguir, mas caso aconteça...

– Já entendi. – interrompi e desliguei o celular.

Tentei pensar em como jogar a culpa no meu tio adiantaria alguma coisa, mas preferi não investigar dessa vez, já tinha me metido muito em toda a sujeira. Então, não, eu não sabia do envolvimento de Madara em toda a história e nem fiquei sabendo até ver o anúncio na televisão e ser preso logo depois.

E se eu não sabia, obviamente Haru também não. Depois de alguns dias juntos, eu acabei contando para ela muito da empresa e como tudo funcionava, além de explicar com detalhes o que tinha acontecido com os Yamanaka.

Insisto em dizer que ela só soube de tudo depois dos acontecimentos, impossibilitando a sua participação. Por isso interrogá-la é inútil.

De qualquer forma, depois de muitos encontros íntimos, acabei contando-lhe coisas que ninguém mais sabia e que não são relevantes para esse caso e a vi sendo minha confidente, coisa que eu não tinha por muito tempo. Era engraçado como eu me sentia confortável compartilhando lembranças que nem eu mesmo gostava de lembrar.

Haru acabou se tornando uma amiga e parceira e eu me sentia cada vez mais culpado por manter toda a aposta e a verdade sobre os livros em segredo. Mesmo assim não contei, porque achei que esse segredo estaria salvo.

Os caras da Taka foram percebendo pouco a pouco que Haru era a única mulher que eu levava para casa e começaram a questionar meu compromisso com a aposta. Faltavam cerca de 15 mulheres para eu finalmente ganhar aquela maldita aposta e ganhar meu dinheiro.

Mas, apesar de termos combinado que estaríamos em uma relação aberta, eu não sentia vontade de ficar com mais ninguém, o que acabou sendo um fato muito estranho para mim, e até me forcei a encarar outras minas na faculdade, procurando por alguém que me atraísse.

Todas que eu conheci se provaram ser extremamente ignorantes, plásticas e vulgares, como a Ino. Percebi que a maioria das que eu peguei antes de Haru eram assim e me senti traindo a mim mesmo por não gostar mais disso.

Ela tinha me estragado. Tinha feito eu perder um dos melhores prazeres da minha vida: mulheres burras e descartáveis.

Depois de algumas semanas juntos, comecei a me preocupar de verdade. Por que ainda estávamos saindo? Por que estava dando certo? O que raios ela tinha feito comigo?

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– Sasuke? – ela chamou um dia, quando me viu pensando sobre isso. – Você parece o Naruto com essa expressão.

– Me respeita. – respondi e ela riu, enquanto fazia seu trabalho. – Aquele idiota daria tudo que ele tem para ser como eu.

– Ah, claro. Porque você é o sonho de consumo de todas as mulheres e o cara que todos os homens querem ser.

A encarei para ver se estava falando sério, mas Haru estava com sua expressão de ironia e zombaria, que usava tantas vezes.

– Sim. É exatamente isso.

Ela me deu um soquinho patético e eu peguei a caneta de sua mão, o que fez ela finalmente me encarar.

– Violência é proibido nessa fraternidade, Haruno. Pede desculpas.

– Ah, por favor, outro dia peguei Kiba e Naruto brincando de luta livre na sala. Devolve a caneta. – Haru pareceu séria de repente, mas eu sabia que ela estava só fingindo estar brava para que eu ficasse com medo.


O que ela não sabia é que eu nunca, nem uma vez, tive medo de suas ameaças. Bom, só tive uma vez, mas vou deixar ela contar essa parte.

– Pede desculpas. – insisti, erguendo a caneta.

– Sasuke. Me dá a minha caneta. Agora. – ela falou, agora me encarando com a testa franzida.

– Devolvo. Se você pedir desculpas. – vi ela se inclinando rapidamente para pegar a caneta e rolei, resultando em seu corpo caindo em cima do meu, que bateu com tudo no chão do meu quarto.

Ela me encarou nervosa, mas não conseguiu se conter e começou a gargalhar, enquanto eu me movia estrategicamente para ficarmos confortáveis.

– E você continua me violentando. – comentei, fazendo-a rir mais. Os olhos verdes de Haru somem completamente quando ela ri e seus cabelos balançam de forma engraçada, coisa que, de certa forma, era até agradável de ver. Quer dizer, suportável, não agradável.

– Você é ridículo. – ela tentou se desvencilhar, mas eu a segurei em cima de mim.

Encarei seus olhos e entendi um pouco porque eu não conseguia ficar com nenhuma outra mulher e porque esqueci completamente do dinheiro que eu iria ganhar se completasse a aposta.


Eu entendi e foi horrível. Foi assustador, foi como se desafiasse toda a minha existência. Então resolvi guardar meu entendimento nas profundezas da minha mente e nunca mais ter que pensar naquilo.

– Que inconveniente. – comentei, mais para mim mesmo do que para ela, que estava feliz da vida com a sua ignorância.”